INTRODUCAO AO ANTIGO TESTAMENTO.
Começamos
com a afirmação de que a Bíblia é a Palavra de Deus. Mas não podemos parar neste
ponto. Os crentes precisam fazer algo mais do que simplesmente louvar a Bíblia.
Precisam estar preparados para se haverem com sérias interrogações a respeito
da Bíblia. Estas interrogações são feitas não apenas por céticos e cínicos; são
feitas também por estudantes devotos e aplicados da Bíblia.
Empenhar-se
em um estudo assim aplicado acarreta a necessidade de enfrentar todas as interrogações
válidas a respeito da natureza e da autoridade da Bíblia, e uma mente aberta
para avaliar a validade de suas declarações e a integridade de seu testemunho.
Não temos razão para evitar essas interrogações. A Bíblia não está correndo o
perigo de embaraço ou de extinção!
Os
crentes também precisam tornar-se mais conscientes dos questionamentos realistas,
mas frequentemente hostis e céticos do mundo incrédulo e secular a respeito da
Bíblia. Esses questionamentos exigem respostas, que são dadas por um conhecimento
exato e profundo da Bíblia e por uma fé reverente, nutrida por uma compreensão
inteligente desse Livro. Uma opinião acerca da Bíblia que não sofreu ataques da
ignorância do preconceito, da incredulidade ou do orgulho humanista, pode não
ser de confiança, porque não foi testada. Uma fé que não faz perguntas
dificilmente é fé, porque não procura significado nenhum.
Apropriadamente,
perguntamos a respeito da Bíblia: Qual é a sua natureza? Como chegou até nós?
Qual é a base de sua autoridade? Qual é a sua importância e qual o seu
significado? Ao considerarmos estas perguntas, é essencial termos em mente o
que é a Bíblia. Mais do que qualquer outra coisa, ela é um registro e uma interpretação
da auto-revelação de Deus ao homem: é a narrativa autêntica da revelação de
Deus em Jesus Cristo, para a redenção do homem. É a história da salvação:1 o
propósito salvador, os atos salvadores, a graça salvadora e o poder salvador do
Senhor; a missão salvadora do povo de Deus; e a consumação da obra salvadora de
Deus através do senhorio de Cristo. Este conceito sobre que é a Bíblia é a
perspectiva básica, da qual este artigo procurará explorar interrogações importantes
a respeito da Bíblia.
Origem, Ambiente Formativo e Cultura
Antes de
tudo, que seja observado que a Bíblia é de origem antiquíssima. Os primeiros
capítulos falam a respeito da criação do Universo e do homem, a respeito de
Deus e de sua maneira de agir para com o homem, desde o começo do mundo, e a
respeito de acontecimentos que precedem uma identificação histórica exata. E,
em seguida, a narrativa começa a contar a história de Abraão e seus descendentes,
estando estes fatos localizados em cerca de 2000 a.C. O relato escrito da história
contínua de Deus e seu povo se estende até cobrir o primeiro século da era
cristã. Desta forma, a Bíblia precisa ser entendida como um livro muito antigo.
Além
disso, a Bíblia chegou a nós a partir de um cenário semita, isto é, o cenário
do Oriente Próximo antigo. A Bíblia tem a ver especialmente com os descendentes
de Abraão, o povo escolhido de Deus, que habitou a terra de Canaã, uma faixa
estreita ao longo do litoral oriental do Mediterrâneo. Essa pequena área era
uma espécie de ponte ou via de contato entre o povo da região do vale do
Tigre-Eufrates, a leste, e o povo do vale do Nilo, a sudoeste. O próprio Abraão
representava o povo semita que vivia no sudoeste da Ásia: babilônios, assírios,
arameus, cananeus e fenícios.
Reconhecemos
também que o povo da Bíblia expressa a cultura que era a sua herança e o seu
ambiente formativo. O Velho Testamento reflete o ambiente agrícola e a
experiência vivencial do povo de Israel, mas revela também a crescente influência
do desenvolvimento urbano.
A maneira
de o povo pensar em Deus em termos antropomórficos, como intimamente associado
com as coisas da natureza, como vingador e como sendo parcial, em favor do povo
de Israel, expressa o impacto de sua herança cultural.
E a
maneira como esse povo pensava a respeito da família — da figura autoritária do
marido e pai, da subserviência e inferioridade das mulheres e da importância de
ter filhos — era também influenciada pela sua cultura. O seu conceito da ordem
material como expressão imediata da presença e do poder de Deus e as suas fortes
tendências para a idolatria mostram o impacto entre os conceitos culturais e a
prática. As formas de pensamento e conceitos que aparecem no decorrer da Bíblia
são a expressão natural da experiência desse povo.
FORMAÇÃO DO CÂNON DO AT
A
palavra cânon deriva do grego kanõn ("cana, régua"), que, por sua
vez, se origina do hebraico kaneh, palavra do Antigo Testamento que significa
"vara ou cana de medir" (Ez 40.3). Mesmo em época anterior ao
cristianismo, essa palavra era usada de modo mais amplo, com o sentido de
padrão ou norma, além de cana ou unidade de medida. O Novo Testamento emprega o
termo em sentido figurado, referindo-se a padrão ou regra de conduta (Gl 6.16).
A
existência de um cânon ou coleção de escritos autorizados antecede o uso do
termo cânon. A comunidade judaica coligiu e preservou as Escrituras Sagradas
desde o tempo de Moisés.
Escrituras
Sagradas. Um dos conceitos mais antigos de cânon foi o de escritos sagrados. O
fato de os escritos de Moisés serem considerados sagrados se demonstra pelo
lugar santo em que eram guardados, ao lado da arca da aliança (Dt 31.24-26).
Depois de o templo ter sido edificado, esses escritos sagrados foram
preservados em seu interior (2Rs 22.8). A consideração especial dada a esses
livros especiais mostra que eram tidos como canônicos, ou sagrados.
Escritos
autorizados. A canonicidade das Escrituras também é designada autoridade
divina. A autoridade dos escritos mosaicos foi salientada perante Josué e
perante Israel (Js 1.8). Todos os reis de Israel foram exortados a esse
respeito: "Quando se assentar no trono do seu reino, escreverá para si num
livro uma cópia desta lei [...]. Conservará a cópia consigo, e a lera todos os
dias de sua vida, para que aprenda a temer ao Senhor seu Deus, e a guardar
todas as palavras desta lei..." (Dt 17.18,19). Visto que esses livros
vieram da parte de Deus, vieram revestidos de sua autoridade. Sendo escritos
dotados de autoridade, eram canônicos, i.e., normativos, para o crente
israelita.
Livros
proféticos. Determinado livro só era considerado inspirado se escrito por um
profeta, ou porta-voz de Deus. As obras e as palavras dos falsos profetas eram
rejeitadas e jamais agrupadas e guardadas num lugar santo. De fato, segundo
Josefo (Contra Ápion, 1,8), só os livros que haviam sido redigidos durante o
período profético, de Moisés até o rei Artaxerxes, podiam ser canônicos. Assim
se expressou Josefo: "Desde Artaxerxes até a nossa época tudo tem sido
registrado, mas nada foi considerado digno do mesmo crédito das obras do
passado, visto que a sucessão exata de profetas cessou". Foram, canônicos
apenas os livros de Moisés a Malaquias, pois só esses foram escritos por homens
em sucessão profética. Do período de Artaxerxes (século IV a.C.) até Josefo
(século I d.C), não houve sucessão profética; por isso, não faz parte do
período profético. O Talmude faz a mesma afirmação, dizendo: "Até esta
altura [século IV a.C] os profetas profetizavam mediante o Espírito Santo; a
partir desta época inclinai os vossos ouvidos e ouvi as palavras dos
sábios". Portanto, para ser canônico, qualquer livro do Antigo Testamento
deveria vir de uma sucessão profética, durante o período profético.
Os três passos mais importantes no
processo de canonização
Há
três elementos básicos no processo genérico de canonização da Bíblia: a
inspiração de Deus, o reconhecimento da inspiração pelo povo de Deus e a
coleção dos livros inspirados pelo povo de Deus. Um breve estudo de cada
elemento mostrará que o primeiro passo na canonização da Bíblia (a inspiração
de Deus) cabia ao próprio Deus. Os dois passos seguintes (reconhecimento e
preservação desses livros), Deus os incumbiria a seu povo.
Inspiração
de Deus. Foi Deus quem deu o primeiro passo no processo de canonização, quando
de início inspirou o texto. Assim, a razão mais fundamental por que existem 39
livros no Antigo Testamento é que só esses livros, nesse número exato, é que
foram inspirados por Deus. É evidente que o povo de Deus não teria como
reconhecer a autoridade divina num livro, se ele não fosse revestido de nenhuma
autoridade.
Reconhecimento
por parte do povo de Deus. Uma vez que Deus houvesse autorizado e autenticado
um documento, os homens de Deus o reconheciam. Esse reconhecimento ocorria de
imediato, por parte da comunidade a que o documento fora destinado
originariamente. A partir do momento que o livro fosse copiado e circulado, com
credenciais da comunidade de crentes, passava a pertencer ao cânon. A igreja
universal, mais tarde, viria a aceitar esse livro em seu cânon cristão. Os
escritos de Moisés foram aceitos e reconhecidos em seus dias (Êx 24.3), como
também os de Josué (Js 24.26), os de Samuel (1Sm 10.25) e os de Jeremias (Dn
9.2). Esse reconhecimento seria confirmado também pelos crentes do Novo
Testamento, e principalmente por Jesus (v. cap. 3).
Coleção
e preservação pelo povo de Deus. O povo de Deus entesourava a Palavra de Deus.
Os escritos de Moisés eram preservados na arca (Dt 31.26). As palavras de
Samuel foram colocadas "num livro, e o pôs perante o Senhor" (1Sm
10.25). A lei de Moisés foi preservada no templo nos dias de Josias (2Rs
23.24). Daniel tinha uma coleção dos "livros" nos quais se
encontravam "a lei de Moisés" e "os profetas" (Dn
9.2,6,13). Esdras possuía cópias da lei de Moisés e dos profetas (Ne
9,14,26-30). Os crentes do Novo Testamento possuíam todas as
"Escrituras" do Antigo Testamento (2Tm 3.16), tanto a lei como os
profetas (Mt 5.17).
Formação Canônica Fragmentária.
Origem
do Desenvolvimento da Teoria Documentária
Alguns movimentos como o Deísmo e
Racionalismo forneceram o cenário, e contribuíram para o surgimento da Teoria
Documentária. Estas duas correntes de pensamento, embora diferentes, concordam
numa coisa: a negação de uma relação sobrenatural de Deus com o homem.
Negando
a premissa sobrenatural, não se pode sustentar a doutrina da inspiração,
profecias, a providência divina, etc. A Bíblia torna-se um livro meramente
humano. Foi quando começaram a questionar a autoria mosaica, e a sua data de
escrita, como também a veracidade de seu conteúdo.
Thomas Hobbes em sua obra Leviathan
(1651) afirmou que o Pentateuco havia sido editado por Esdras a partir de
fontes antigas.
Benedicto Spinoza declarou em
Tractatus Theologico-Politicus (1670) que Esdras havia editado o Pentateuco com
interpolação de Deuteronômio, questionando a autoria mosaica.
Teoria
Documentária Primitiva
Jean Astruc, médico francês, foi o
primeiro a dar expressão literária a essa teoria (em 1753). Limitou suas
dúvidas apenas a autoria de Gn 1. Sua tese era que Moisés havia compilado o
livro de Gênesis a partir de duas memórias (memoires), e outros documentos
menores. Astruc identificou 2 fontes principais: Fonte A, com o uso da palavra
Elohim, e fonte B, o uso da palavra Yahweh. Todavia, aceita Moisés como autor
do livro todo. Alegava ter encontrado em Gênesis mais de dez fontes e outras
interpolações textuais!
Johann G. Eichorn em sua Einleitung
(1780-1783), expandiu as idéias de Astruc a todo o Pentateuco e não apenas a
Gênesis. Negou a autoria mosaica. Dividiu Gn e Êx 1-2 em fontes designadas J e
E, e afirmou que estas foram editadas por um autor desconhecido.
Teoria
Fragmentária
Alexander Geddes, padre católico
escocês, investigou as “memoires” de Astruc. Em 1792-1800 desenvolveu a teoria
fragmentária. Segundo a Teoria Fragmentária o Pentateuco consiste em fragmentos
lendários, desconexos entre si e de muitos autores desconhecidos, mas possuindo
apenas um redator. Foi o primeiro a sugerir a existência de um Hexateuco.
Segundo Geddes o Pentateuco foi compilado por um redator desconhecido a partir
de numerosos fragmentos que tiveram sua origem em círculos diferentes, um elohístico,
e o outro javístico. A data da composição final do “Hexateuco” teria ocorrido
em Jerusalém, durante o reinado de Salomão.
J. Vater (1802-1805) fez a divisão
do Pentateuco em 39 fragmentos. A data da composição final do Pentateuco foi no
exílio babilônico, sendo que nesta época adquiriu a forma que hoje conhecemos.
A.T. Hartmann foi o primeiro a
dizer que a escrita era desconhecida no tempo de Moisés entre os israelitas
(1831). Segundo ele, o Pentateuco era constituído de um grande número de
pequenos documentos pós-mosaicos, a que foram feitas adições, de tempos em
tempos, até se tornarem nos cinco livros. Considerava o Pentateuco como lenda e
mito.
Teoria
suplementar
Wilhelm M. L. De Wette (1780-1849)
em 1805 escreveu um livro, acerca de Deuteronômio, dando este livro como
pertencente ao tempo de Josias e escrito um pouco antes da sua reforma
religiosa, em 621 a.C.
Heinrich
Ewald (+1875) rejeitou a autoria mosaica. Segundo ele o Pentateuco é composto
de muitos documentos, mas enfatizando o documento E como sendo básico. Tuch foi
quem deu expressão clássica à teoria. Deu ênfase a dois documentos básicos, o E
e o J, tendo datado o E no tempo de Saul, e o J no tempo de Salomão.
Representa
uma volta a Teoria Documentária primitiva. Segundo essa teoria, o documento
básico, original era um só, o documento E (elohista), combinado com um
suplemento principal que era o documento J (jeovísta) formavam a base para o
Pentateuco. No decorrer dos séculos novas adições foram feitas a estes
documentos, terminando na cristalização do atual conjunto de cinco livros.
Todos estes críticos negaram a autoria mosaica do Pentateuco.
Teoria Documentária Modificada
Esta teoria defende que de três a
quatro documentos principais e contínuos foram combinados por um redator.
Hermann Hupfeldt, em 1853, ensinou
que, além do Deuteronômio, havia três documentos contínuos que eram J,E1 e E2,
combinados por um único redator. E.
Riehm (1854) defendeu que os documentos contínuos eram quatro e não três. Foi o
primeiro a apresentar um quarto documento principal, chamado D. A forma dos
documentos seria E1, E2, J, D.
Teoria
Documental em seu Estado Final
Segundo esta teoria, quatro ou
cinco documentos principais, mais outros documentos secundários foram
combinados por quatro redatores principais e mais outros redatores secundários.
Reuss (1850) acreditava em cinco documentos principais J, E1, E2, d, P. Foi o
primeiro a sugerir o documento P como sendo documento básico e também como
sendo o último deles. Atribuiu ao tempo de Esdras como data final da redação do
Pentateuco.
Karl H. Graff, em 1865, afirmou a
literatura de Êxodo, Levítico e Números, não pertencia ao período de Josias,
mas ao cativeiro babilônico. Rejeitou o documento E1 como sendo um documento
independente. Para ele o E1 é igual ao P, um documento procedente do período do
reinado de Josias. Para Graff a ordem dos documentos seria P–histórico, E, J,
D, P-legal.
Abraham Kuenen (1869-1870)
desenvolveu a teoria de Graff e a difundiu, principalmente na Alemanha. Em sua
obra “A Religião de Israel” (1869) argumentou que o P-histórico não poderia ser
separado do documento P-legal. Sua teoria resultou em J, E, D, P.
Julius Wellhausen foi quem deu uma
popular formulação literária à teoria, em sua obra Die Composition dês
Hexateuchs, em 1876. Com ele a teoria adquiriu o nome de
Graff-Kuenen-Wellhausen. Causou um grande impulso ao criticismo moderno.
Teoria
Documentária no Século XX
Herman Gunkel (1862-1932) e Hugo
Gressmann (1877-1927) posicionaram-se contra as tendências do wellhausenismo
clássico. Os grandes expoentes na crítica das fontes. Defendiam a necessidade
de se descobrir o Sitz im Leben (contexto vital). Comparação com a mitologia
antiga.
Otto Eissfeldt em sua Einleitung in
das Alte Testament (1934) defendia a classificação da literatura do AT em
vários gêneros e categorias. Tenta traçar o desenvolvimento (a influência
pré-história literária) dos diferentes documentos. Propõem a existência de um
documento L (fonte leiga). Não possui uma concepção adequada da revelação,
considera a literatura do AT como de origem meramente humana.
R.H. Pfeiffer em Introduction to
the Old Testament (1941) mostra erudição e apologia, basicamente anti-cristã.
Ensinou a existência de um documento S (Sul ou Seir), mas obteve aceitação
popular. Nega a revelação, milagres, etc., segundo Pfeiffer estas são cousas
subjetivas, sem prova científica.
Gerhard Von Rad (1934) defendeu a
existência de mais dois documentos Pa e Pb. Propôs a teoria do Hexateuco.
Aage Bentzen publicou em 1941 uma
obra que esposa o método histórico-crítico que presta dedicada atenção ao
estudo das supostas formas da literatura do AT.
Características
dos “supostos” documentos
Resumidamente, segue abaixo um
resumo sobre os supostos documentos que compõe o Pentateuco, segundo os adeptos
da teoria documentária.
Documento
J (Jeová, Jeovista)
1.Data:
950 ou 850 a.C.
2.Local
escrita: Judá
3.Autoria:
é atribuído a um historiador desconhecido, pertencente ao reino do Sul
4.Conteúdo:
começa com a criação e vai até o fim do reino de Davi (Gn 2 a Nm 22-24).
5.Natureza:
uma coleção de literatura épica, demonstrando forte sentimento nacionalista.
Contém dramatização vívida, apresentações antropomórficas de Deus, em que Deus
é descrito em termos humanos. Prefere usar o nome Yahweh para Deus. Ressalta a
continuidade do propósito de Deus desde a criação, passando pelos patriarcas,
até o papel de Israel como seu povo. Essa continuidade leva ao estabelecimento
da monarquia com Davi.
Documento E (Elohista)
1.Data:
850 ou 750 a.C.
2.Autoria:
atribuída a um sacerdote desconhecido de Betel (Reino do Norte), ou a um
profeta, sob a influência de Elias.
3.Local
escrita: Efraim
4.Conteúdo:
começa com Abraão e termina com Josué
5.Natureza:
Usa-se a história na forma épica. Este documento possui uma variedade de
detalhes, grande interesse no ritual e uma teologia mais abstrata, que evita
antropomorfismo e usa visões e anjos como meios de revelação. É a narrativa da
tradição de Israel (reino do Norte) em paralelo com documente J. Prefere Elohim
como nome de Deus até a revelação de seu nome Yahweh a Moisés (Êx 3), depois
disso passa a empregar ambos os nomes de Deus.
Documento D (Deuteronomista)
1.Data:
650 a.C.
2.Autoria:
atribuída a um sacerdote desconhecido.
3.Local
escrita: Jerusalém
4.Conteúdo:
é o material núcleo do livro de Deuteronômio
5.Natureza:
tem interesse teológico pelo Templo de Jerusalém, e forte oposição contra a
idolatria. O estilo literário é prosaico, prolixo, paranético (repleto de
exortações ou conselhos). Seria o tal livro descoberto no reinado do rei Josias
no ano 621 a.C.
Documento P (do inglês Priestly [Sacerdotal])
1.Data:
525 ou 450 a.C.
2.Autoria:
desconhecida
3.Conteúdo:
composto de tradições mosaicas antigas depois do Exílio.
Uma avaliação crítica da Teoria Documentária.
Devemos
considerar algumas implicações da Teoria Documentária em afirmar a formação
final do Pentateuco num período pós-exílico (entre 500-400 a.C.), quando a
religião de Israel já estava bem desenvolvida.
1. A
Teoria Documentária não prova a não autoria de Moisés. Falando francamente,
esta teoria nem sequer conseguiu provar a sua própria veracidade científica,
para tirar sobre si o estigma de “teoria” a que está vinculada durante todos
esses séculos.
2.
Mesmo entre os adeptos desta teoria não há concordância acerca da identificação
e classificação dos textos e dos grupos documentais a que eles supostamente
pertencem.
3.
Aceitar a teoria JEDP anula a credibilidade do Pentateuco. Segundo a Teoria
Documentária a história bíblica é forjada. O Deuteronômio foi inventado pelos
profetas para reforçar a ideia da centralização. O uso do nome de Moisés no
Pentateuco, era simplesmente para dar autoridade ao texto, mas ele nada tinha a
ver com a composição histórica do mesmo. O documento P, composto para assegurar
a aceitação do sistema sacerdotal por parte do povo, fora baseado em lendas e
crendices folclóricas. Como observa Stanley A. Ellisen “rejeitar a autoria de
Moisés é rejeitar o testemunho universal dos escritores bíblicos e solapar a
credibilidade do Pentateuco e do resto da Bíblia. É da autoria de Moisés, e não
apenas um ‘mosaico’ de diferentes”.
4. Retira
todo o caráter normativo do Pentateuco. Não teria qualquer valor para o povo da
época, já que nada acrescentaria ao judaísmo. Se o Pentateuco fosse apenas um
produto de uma religião tardiamente desenvolvida, e não o princípio regulador,
não faria sentido chamá-lo de “a Lei”. Se ele não foi o princípio regulador
para os primeiros leitores, não teria valor algum para os crentes de outras
épocas, uma vez que os conceitos humanos mudam e o que não foi normativo para
um povo, pode não ser para outro.
5.
Invalida o esforço de composição. O relato do Pentateuco é rico em detalhes e
informações. Possui informações das origens e desenvolvimento dos povos, em
especial do povo de Israel. Os supostos autores teriam se dado a um imenso
trabalho de imaginação para simplesmente manter uma ordem que já estava
estabelecida.
6.
Devemos considerar a ausência de evidências histórica, ou manuscritológicas, de
que estes supostos documentos (JEDP) tenham circulado em algum período soltos
uns dos outros.
7. Considera
o autor mal-intencionado. A Teoria Documentária implica que um autor (ou
autores), com um sentimento profundamente religioso e com o intuito de conduzir
o povo diante de Deus, tenha se rebaixado a abandonar valores que quer ensinar
e redigir uma mentira, colocando na boca de Deus, o que Ele não disse,
inventando “estórias” e fazendo com que todos a considerassem como verdadeiras!
8.
Impossibilidade do sobrenatural no AT. Consequentemente a intervenção divina é
negada: revelação, inspiração, encarnação, milagres, etc.
9.
Negação da revelação especial. A Bíblia torna-se meramente uma referência
literária semítica. Um livro antigo como outro qualquer, deixando de ser a autorrevelação
proposicional de Deus.
Argumentos em favor da Autoria Mosaica do
Pentateuco
Não há no Pentateuco uma declaração
objetiva de que Moisés tenha escrito o Pentateuco. Todavia, há um testemunho
suficiente, que apóia a sua autoria.
A ausência do nome do autor
harmoniza-se com a prática do AT em particular, e com as obras literárias
antigas em geral. No antigo Oriente Médio, o “autor” era basicamente um
preservador do passado, limitando-se ao uso de material e metodologia
tradicionais, conforme já foi observado.
Evidências Internas
1. Êx 17:14 indica que Moisés estava em
condições de escrever.
2. Êx 24:4-8 refere ao “Livro da Aliança”
(Êx 21:2-23,33).
3. Êx 34:27 pela segunda vez a ordem de
escrever. Refere-se a Êx 34:10-26, o 2º Decálogo.
4. Nm 33:1-2 Moisés anotou a lista das
paradas desde o Egito até Moabe (caminhada pelo deserto).
5. Dt 31:9,24 referência aos 4 livros
anteriores do Pentateuco.
6. Dt 31:22 refere-se a Dt 32.
7. Narra detalhes de uma testemunha
ocular. O número de fontes e palmeiras (Êx 15:27), a aparência e paladar do
maná (Nm 11:7-8).
8. Em Gn e Êx, o autor exprime um
detalhado conhecimento do Egito, e do percurso do êxodo.
9. Conhecimento de palavras e nomes
egípcios. O autor possuí uma noção estrangeira da Palestina. Os termos usados
para as estações, tempo, fauna, flora são egípcios, não palestinos. O autor
estava familiarizado com a geografia egípcia e sinaítica. Menciona quase nada
sobre a geografia palestina, o que evidencia seu pouco conhecimento da região.
Evidências Externas
1.
Livro de Josué repleto de referências a Moisés como autor do Pentateuco Js
1:7-8; 8:31; 22:9; 23:6; etc.
2. Jz
3:4 declara “...por intermédio de Moisés.”
3.
Expressões frequentes nos livros históricos: “lei de Moisés”, “livro da lei de
Moisés”, “livro de Moisés”, etc. 1 Rs 2:3; 2 Rs 14:6; 21:8; Ed 6:18; Ne 13:1;
etc.
Evidências do NT
1. Cristo menciona passagens do Pentateuco como
sendo de Moisés. Mt 19:8; Mc 10:4-5.
2. O
texto sobre a circuncisão (Gn 17:12) mencionado no NT (Jo 7:23) como fazendo
parte da Lei de Moisés.
3. Restante do NT em harmonia com Cristo. At 3:22-23; 13:38-39; 15:5,21; 26:22; 28:23; Rm
10:5,19; 1 Co 9:9; 2 Co 3:15; Ap 15:3.
Moisés
Era Qualificado Para Escrever o Pentateuco
Alguns críticos questionam não somente a
autoria de Moisés, mas inclusive até mesmo a sua historicidade. Acham
inconcebível como tamanhos desastres puderam atingir um povo tão desenvolvido e
organizado, como eram os egípcios, e ainda assim não existir nenhum registro
desses fatos? Respondemos mencionando a contribuição do arqueólogo Alan Millard
que declara os faraós, e isso não é surpresa, não apresentam descrições das
derrotas sofridas diante dos seus vassalos ou sucessores. Se os monumentos
reais não podem ajudar, os distúrbios vividos pelo Egito com as pragas e a
perda da mão-de-obra poderiam ter gerado mudanças administrativas. Como
qualquer estado centralizado, o governo do Egito consumia grandes quantidades
de papel (papiro), e boa parte da documentação era arquivada para consulta. Mas
isso também não ajuda, pois, como já vimos, praticamente todos os documentos
pereceram, e a probabilidade de recuperar algum que mencione Moisés ou as
atividades dos israelitas no Egito é risível.
Moisés
é reconhecido como o homem erudito na antiguidade bíblica. Nos dias de Moisés o
Egito era a maior civilização do mundo, tanto em domínio, construções e
conhecimento. Moisés teve a oportunidade de ter sido educado na corte real
egípcia, recebendo a instrução de disciplinas acadêmicas que no Egito já eram
tão desenvolvidas. Incluindo a arte da escrita, que há muito tempo era usada,
de comum uso dos egípcios, inclusive entre os próprios escravos.
Como
historiador, soube coletar as informações da rica tradição oral de seu povo.
Mas além da tradição oral, Moisés dispôs, enquanto esteve no palácio real
egípcio, do seu acervo literário.
Era
possuidor de um vasto e detalhado conhecimento geográfico. O clima, vegetação,
a topografia, o deserto tanto do Egito como do Sinai, e os povos circunvizinhos
lhe eram familiares.
O modo
como o autor do Pentateuco descreve os eventos e lugares, indica que ele não
era palestino. Alguns fatos contribuem para esta conclusão 1) conhecia lugares
pelos nomes egípcios, 2) usa uma porcentagem maior de palavras egípcias do
qualquer outra parte do AT, 3) as estações e tempo que se mencionam nas
narrativas são geralmente egípcias e não palestinas, 4) a flora e a fauna
descritas são egípcias, 5) os usos e costumes relatados que o autor conhecia e
eram comuns em seus dias.
Moisés
como fundador da comunidade de Israel, também exerceu o papel de legislador,
educador, juiz, mediador, profeta, libertador, sacerdote, pastor, historiador,
entre outros. Possuía vários motivos, segundo as funções que exerceu, para
prover ao seu povo alicerces morais concretos e religiosos, e era preciso
registrar e distribuir a Lei entre o povo, de modo que ela fosse acessível a
todos
Como
escritor teve tempo mais que suficiente. O Êxodo durou quarenta árduos e longos
anos de peregrinação pelo deserto do Sinai. Apesar de sua ocupação ativista,
este seria um tempo mais do suficiente para que pudesse escrever todo o
Pentateuco, e ainda se necessário alfabetizar todo o povo.
Ele
mesmo reivindicou escrever sob orientação de Deus (Êx 17:14; 34:27; Dt 31:9,
24). Nenhum outro autor da antiguidade foi assim identificado.
O Que
se Entende Por Autoria Mosaica?
1. Não significa que Moisés tenha pessoalmente
escrito originalmente cada palavra do Pentateuco. Certamente ele lançou mão da
“tradição oral”;
2. É possível que ele tenha empregado porções de
documentos previamente existentes;
3. Talvez, tenha usado escribas ou amanuenses
para escrever;
4. Moisés foi o autor fundamental ou real do
Pentateuco;
5. Sob
a orientação divina, talvez, tenha havido pequenas adições secundárias
posteriores, ou mesmo revisões (Dt 34);
6.
Substancial e essencialmente o Pentateuco é obra de Moisés. O Dr Wilson comenta
“que o Pentateuco, conforme se encontra, é histórico e data do tempo de Moisés;
e que Moisés foi seu autor real, ainda que talvez tenha sido revisado e editado
por redatores posteriores, adições essas tão inspiradas e tão verazes como o restante,
não existe dúvida.”
Literatura de Muitos Tipos e Formas
A
Bíblia é muito mais do que uma coleção de obras literárias religiosas. Para ser
entendida adequadamente, ela precisa ser considerada como literatura de
diferentes espécies e formas. Se alguém analisa a Bíblia cuidadosamente, para
distinguir várias formas literárias, encontrará exemplos das seguintes:
história, lei, poesia, drama, profecia, literatura de sabedoria, literatura
apocalíptica, hinos, sermões, discursos, cartas, epopeias, acrósticos,
genealogias, listas estatísticas, parábolas, alegorias e histórias. Para fins
práticos, não é essencial um conhecimento das distinções mais refinadas das
formas literárias; mas, para uma compreensão madura da Bíblia, o reconhecimento
de que ela é
Literatura de vários tipos é imperativo.
Os primeiros
cinco livros da Bíblia vieram a ser chamados de “a Lei” . Mas o Pentateuco é
muito mais do que Lei, como forma literária. O livro de Gênesis é histórico,
biográfico e teológico. Há material semelhante nos quatro livros seguintes.
Mas
nesses quatro livros temos a lei, que se tornou o mandato e o livro de texto para
a adoração de Deus, para a conduta moral do homem, e para a vida do homem em
comunidade e nas relações interpessoais. Inevitavelmente, muitas das leis
refletem o impacto da situação cultural de Israel, a imaturidade do povo, em
seu desenvolvimento espiritual e moral, e o esforço dos líderes divinamente chamados
para cultivar fidelidade a Deus e justiça e retidão entre o povo. A parte
seguinte, do Velho Testamento, é geralmente considerada como uma seção de
livros históricos. Na Bíblia hebraica, os livros de Josué a II Reis eram conhecidos
como os Profetas Antigos. Os Profetas Posteriores incluíam Isaías e Jeremias e
os últimos doze livros do Velho Testamento. Estes dois grupos, comumente
chamados de Profetas, como seção das Escrituras Hebraicas, desta forma incluíam
a maior parte do material histórico do Velho Testamento, e quase todos os
materiais proféticos — uma combinação de história e profecia.
A
História — e isto incluiria livros que não os mencionados acima — conta a história
desse povo e outros acontecimentos: de sofrimento, luta, sucesso, fracasso, apostasia,
arrependimento e renovação, fidelidade e rebeldia. Os fatos da História eram
recordados com realismo, mostrando o povo no que tinha de pior e de melhor,
mostrando como ele entendera mal os propósitos de Deus e por vezes agira de
maneira completamente estranha à natureza de Deus, embora dissesse estar
fazendo a vontade de Deus, e mostrando como Deus agia para revelar-se, para
executar juízo, para derramar misericórdia e bênçãos, para vencer a ignorância
e a perversidade de seu povo e para levar avante o seu propósito em Israel.
A
história de Israel não pode ser entendida à parte da profecia. È bom que seja lembrado
que os profetas declararam a palavra de Deus ao povo em suas respectivas gerações.
Profecia não é primordialmente uma predição dos eventos futuros, mas uma
proclamação de julgamento ou consolação ou dever ou propósito em relação ao
povo quanto à sua necessidade.
Entendemos
melhor os escritos proféticos não como predições místicas de acontecimentos
futuros, mas como declarações intemeratas do propósito de Deus para com o seu
povo em sua situação imediata. Dado este fato, contudo, não podemos deixar
passar despercebido que muitos dos profetas declararam a palavra de Deus com
aplicação no futuro, indicando as direções do propósito de Deus para com o seu
povo, a promessa iniludível de sua redenção para lodo o povo, e a consumação
inarredável de seu reino de justiça e paz.
Grande
parte do Velho Testamento é de poesia. Tirando-se os livros estritamente poéticos,
poemas são encontrados nos livros da lei, nos históricos e nos proféticos. É
importante reconhecer que a poesia precisa ser entendida como poesia, embora
seja um veículo de revelação divina. Ela depende de imagens e figuras de linguagem.
O elemento de sensações e emoção é dominante. A verdade é expressa
imaginativamente, e precisa ser entendida através da imaginação. Um esforço para
entender a poesia com base na redação literal ignora a natureza da poesia, e
leva a um inevitável mal-entendido de seu significado.
A
poesia da Bíblia, em consonância com a natureza da verdadeira poesia, é a expressão
de intensos sentimentos, que incluem temor, tanto quanto confiança; ira, bem
como bondade; concupiscência, assim como pureza; ódio, como amor; autopiedade,
assim como autoconfiança; e desespero, como esperança. O indício para a interpretação
exige aplicação de percepção poética. O livro de Jó é quase inteiramente poético.
Mas ele é também um exemplo de drama. Daí, uma outra forma literária é usada
para ensinar a necessidade de uma verdadeira compreensão do problema do sofrimento
humano. A intensidade do sofrimento de Jó e a natureza do problema enfrentado
fizeram do drama o meio mais eficiente da verdade, a verdade finalmente
revelada a Jó através da auto-revelação de Deus, em sua soberania, sua justiça
e sua grandeza.
Outro
tipo de literatura é conhecido como literatura de sabedoria. Ele é representado
especialmente por Provérbios e Eclesiastes, no Velho Testamento, e pela
Epístola de Tiago, em o Novo Testamento. O livro de Jó também pode ser identificado
como literatura de sabedoria.
As
obras de sabedoria, embora adotando várias formas literárias, representam a sabedoria
destilada da experiência humana e estabelecem os valores e virtudes, os princípios
e discernimentos que podem compor a filosofia de vida de uma pessoa,
particularmente em termos da escolha de alvos e do seguimento de padrões que
contribuam para a integridade, harmonia, reverência, castidade, diligência,
confiança própria e realização.
O conteúdo do AT
Diferente
do NT, o cânon do AT possui diferenças de tamanho para várias igrejas cristãs.
As dúvidas giram, acima de tudo, em torno dos livros apócrifos (literalmente
“livros escondidos”). A Igreja Antiga os incluiu em torno de 400 d.C. Eram
livros que o judaísmo e os primeiros cristãos não incluíam nas escrituras
sagradas. Foram os reformadores no séc. XV que decidiram que todos os livros
sem fundamento hebraico não deviam ser utilizados nos cultos públicos, sendo
que, dessa forma, eles também não pertenciam ao cânon. A Igreja Católica ficou
com os apócrifos (Judite, Tobias, Baruque, Eclesiástico, Sabedoria de Salomão,
I e II Macabeus, além de adições aos livros de Ester e Daniel). Ela aceitou
esses livros como “livros deuterocanônicos” (= livros de um segundo cânon).
Entretanto, a Igreja Ocidental (Igreja Ortodoxa) decidiu, apenas em 1672,
incluir os livros Judite, Tobias, Eclesiástico e Sabedoria de Salomão.
A
tradição judaica desde o início se limitou para as escrituras hebraicas (ou
aramaicas; partes de Esdras e Daniel). Esta delimitação do conteúdo do cânon
(judaico) pode ser datada no tempo de Jesus.
O
cânon judaico reflete os tempos de origem e canonização dos vários livros da
coleção. Também podemos perceber uma hierarquia entre os livros – nenhum dos
livros tem a mesma autoridade que a Torá. Por isso a tradição rabínica colocou
um alto valor na “Torá Oral” que traz a maior parte da Torá do Sinai. Essa
tradição oral foi escrita na Mishná e outros livros. Esses textos nunca foram
continuados pela igreja cristã. A hierarquia é também visível nas leituras na
sinagoga.
A Torá
é lida inteiramente todos os anos. Vários textos dos profetas são lidos como
comentários da Torá. Entre as Escrituras, os Salmos e os Megilloth (“cinco
rolos”: Cântico; Rute; Lamentações; Eclesiastes; Ester) fazem parte da liturgia
- mas com uma função menos importante que a Torá. Os últimos são lidos nas
grandes festas do judaísmo: Os 5 Megilloth: Festa das semanas (Schavuot) - Rute; Festa da
páscoa (Pessach) - Cântico; Festa dos Tabernáculos (Sucot) - Eclesiastes; Festa
de comemoração da destruição do templo (Tishá BeAv) - Lamentações; Festa de
Purim – Ester.
A TEOLOGIA DO AT
I) O
desenvolvimento da teologia do A T
1) A
natureza da revelação
Em
contraste com os pontos de vista evolutivos e hegelianos que foram
predominantes nos estudos do AT por tanto tempo, mas que agora são cada vez
mais abandonados, o A T sempre retrata Deus como aquele que se revela ao homem.
Na longa linhagem de seus porta-vozes, os profetas canônicos, sempre é Deus que
toma a iniciativa. Em contraste com isso, Jr 23.21,22 deixa claro que os
profetas populares eram na verdade impelidos pelos seus próprios desejos e suas
percepções psíquicas.
Nunca
é dada uma explicação clara de como uma mensagem profética vinha ao profeta, embora
as circunstâncias paralelas, especialmente no chamado do profeta, às vezes sejam
fornecidas, e Ez 2.8—3.3 torna claro, o que deveria ser óbvio em todos os
casos, que o profeta deveria assimilar a mensagem divina. Ele não era um mero
megafone. E necessário destacar que todo o AT, com exceção da sua terceira
seção, os Escritos, era considerado de natureza profética, pois Moisés foi o
maior dos profetas.
A
revelação de Deus expressa-se em atos e palavras, que servem para se
interpretar mutuam ente. Isso explica por que a revelação falada quase sempre é
colocada em um quadro referencial histórico. Não existe uma doutrina da inspiração
formulada como tal, e aparentem ente se pressupõe que a Escritura escrita vai
transmitir convicção àquele que está preparado para ouvir tão certamente quanto
fizeram os atos poderosos e a Palavra falada aos que primeiramente os
experimentaram.
2) A
esfera da revelação
Como
já mencionamos, a mensagem de Deus foi dada num contexto histórico específico. Por
isso, em bora como revelação real continue a ter validade espiritual, nunca é
completam ente separável do seu contexto humano, ou, em outras palavras, ao se
revelar a si mesmo e à sua vontade, Deus o faz em um contexto humano, o que
torna isso também uma revelação da natureza e do comportamento humanos do ponto
de vista de Deus. Ele se limita àquilo que está na esfera da experiência e do
conhecimento possíveis ao homem. Assim, nenhum dos problemas que o filósofo
está preparado para levantar acerca da verdade absoluta é tratado, tampouco o
são os atos dos seres extraterrestres. Além disso, ele usa palavras e conceitos
humanos, que, como meios da transmissão da verdade divina, gradualmente
adquirem significados mais profundos. E significativo também que a revelação não
ocorre antes que a situação dos que a recebem a torne relevante.
3)
Revelação progressiva
O que
acaba de ser declarado toma o conceito de revelação progressiva incontornável. Além
disso, os dois títulos, Elohim e Javé, pelos quais Deus era adorado em Israel,
implicavam uma revelação contínua. O primeiro pode ser traduzido
apropriadamente como “o Todo-poderoso” (v. seção 5, item 1); isso pressupõe que
atos repetidos de demonstração de poder vão tornar seu caráter, natureza e
propósito cada vez mais claros. O segundo (v. seção 5, item 2) é explicado em
Ex 3.14, embora a melhor versão do hebraico seja “Eu serei o que Eu serei”.
Isso claramente sugere uma revelação contínua, que não contradiz o que fora
revelado anteriormente. Por isso, os profetas, em contraste com os sábios,
estavam menos preocupados com o que já tinha sido revelado, porém mais preocupados
com a expansão e o aprofundamento do que já tinha sido dado a conhecer. O
conceito veterotestamentário de revelação progressiva mantém o equilíbrio entre
impor compreensões posteriores de Deus aos primeiros tempos de Israel e a
rejeição da história primitiva como inútil para nossa reflexão espiritual.
4)
Deus como Criador
O uso
de Elohim como a única verdadeira fonte de poder no mundo trazia consigo de forma
inseparável o conceito de Criador, e Criador a partir do nada, pois era
impossível conceder existência própria e poder à matéria amorfa. Além disso,
implicava que qualquer poder que existe na natureza é derivado dele, e que ele
está fora e acima da sua criação, i.e., Deus controla a natureza, mas não é
controlado por ela. O uso singular de Javé Elohim em Gn 2 e 3 serve para
destacar que o Deus da criação e o da revelação são o mesmo.
5)
Monoteísmo
Esse
conceito de poder de Deus e de sua capacidade criadora em teoria já deveria
implicar monoteísmo. Aliás, há poucas indicações de especulação filosófica
acerca desse tem a, se é que há alguma. A aceitação do poder absoluto de Deus e
da sua graça demonstrados no Êxodo incluía para aqueles que aceitavam a sua
revelação a impossibilidade de reconhecer algum outro poder (monoteísmo ético).
Podem os encontrar isso já em Abraão. O pavor do exílio não era o medo de se
afastar do governo de Deus, mas de estar separado da terra que ele tinha dado.
Apesar
do uso que o judaísmo posterior fez de D t 6.4 como uma afirmação do monoteísmo,
primeiro contra o paganismo e depois contra o cristianismo popular triteísta, o
seu significado real provavelmente é “Javé é nosso Deus, Javé somente”.
A
menção frequente de “deuses” não é nenhum a contradição disso. Já que Elohim
significa o(s) poderoso(s), e assim é com frequência usado nesse sentido literal
de seres, reais ou imaginários, aos quais os povos atribuíam poder, sem que em
geral houvesse uma discussão da validade do título.
O
desprezo implícito no seu uso pode ser visto no seu emprego em hebraico para
Astarote em lR s 11.5,33, em vez de um feminino. Alguns estudiosos veem em
Salmos 82 uma medida de reconhecimento dos deuses pagãos, mas a expressão
título “filhos do Altíssimo”, “filhos de Deus” implica que qualquer poder que
os anjos tenham deriva do próprio Deus. Não há sugestão alguma de dualismo, nem
mesmo de forma modificada. Satanás (Jó 1.6- 12; 2.1-7; Zc 3.1,2; lC r 21.1) é
um servo de Deus, mesmo que seja um servo maligno, e qualquer poder que ele
exerce lhe é concedido por Deus. Da mesma forma, os espíritos maus (ISm 16.14)
ou mentirosos (lR s 22.22) estão a serviço de Deus. Todo o conceito de dualismo,
especialmente o que vem na forma do zoroastrismo, é completamente rejeitado em
Is 45.6,7. Embora haja o início do conceito das “hostes espirituais do mal nos lugares
celestiais” em Daniel, ele não é formulado em detalhes. Mesmo que possamos usar
algumas passagens para ilustrar a queda de Satanás, ela não é explicitamente
ensinada no AT, no qual a ênfase está no pecado humano, e não em eventos que o
precederam e influenciaram.
6) O
Deus da aliança.
Deus é
retratado não simplesmente como Criador, que mostra compaixão com todos os que
ele criou, mas como aquele que estabelece um relacionamento especial com eles.
Esse relacionamento é chamado de aliança e pode impor — ou não — condições
àqueles com quem foi estabelecido.
Quatro
alianças merecem destaque especial aqui.
a. A
aliança com Noé. Em Gn 8.20—9.17, temos uma aliança geral com Noé e os seus descendentes
e “todo ser vivente de toda carne que está sobre a terra”. Ela é essencialmente
uma garantia da fidelidade de Deus na preservação do lar terreno da vida e
proteção contra amplos desastres naturais ou contra reversões de fenômenos
naturais das quais a geologia dá testemunho.
b. A
aliança com Abraão (Gn 12.I; 13.14-17; 15.5,6,12-21; 17.1-14; 22.15,16). A
característica extraordinária dessa aliança é que foi selada com um indivíduo
com base na sua fé obediente; deveria estender-se a seus descendentes e, por
meio deles, à humanidade em geral. Tanto no A T como um todo quanto no pensamento
judaico em geral, ela tem um papel subordinado à aliança seguinte.
c. A
aliança do Sinai (Êx 19.3-8; 20.1-17; 24.1-11). Nesse caso, a aliança foi feita
com Israel como um todo sob a condição de que este viveria segundo o padrão do
decálogo. As condições foram violadas quase que imediatamente, e a história de
Israel foi conduzida sob as sombras de uma aliança violada (Jr 31.32: “Assim,
tive de mostrar-lhes quem é que mandava”), mas mesmo assim, Deus, por sua
graça, permaneceu fiel às suas promessas.
A nova
aliança de Jr 31.31-34 é uma renovação disso com o novo poder divino.
d. A
aliança davídica (2Sm 7.12-16). A promessa feita a Davi e a seus descendentes
tinha como alvo final o estabelecimento do governo perfeito de Deus e, com
isso, a concretização dos propósitos implícitos nas três alianças já
mencionadas. A maneira em que essa aliança seria cumprida e estabelecida dependeria
do comportamento dos reis davídicos, mas a consumação era certa.
Ao se
forçar as evidências em um molde preconcebido, é possível deduzir a ideia de uma
aliança que encampasse todas, mas não há indicação disso no AT; cf. Rm 9.4: “as
alianças”.
A RESTAURAÇÃO DE TODAS AS COISAS
O A T
é essencialmente a história dos preparativos da inversão dos efeitos da queda do
homem e do mal que ela causou. Essencialmente isso tem dois lados. O homem teve
de aprender a ineficiência dos seus próprios esforços e de seus deuses. Então
Javé teve de demonstrar seu poder, sua vontade e seus propósitos. Precisamos
observar que a revelação veterotestamentária da ação de Deus é limitada a este
mundo.
1) De
Adão a Abraão
Quando
o homem foi deixado por sua conta, chegou ao clímax da sua depravação. Por
causa disso, com exceção de oito pessoas, teve de ser exterminado da face da
terra. A memória desse julgamento variou bastante, mas parece ter deixado uma
marca universal no ser humano, que é o reconhecimento de que os seus deuses
colocaram limites a seu comportamento, e isso com frequência conduzia a um padrão
ético muito elevado, mas que raramente era observado por muito tempo.
Isso
não deve indicar que houve uma revelação primitiva muito anterior dada a Adão. Para
isso não temos evidência no AT. Não devemos ignorar o fato de que os ancestrais
dos patriarcas eram idólatras (Js 24.14,15).
2) Os
patriarcas
As
histórias de Abraão e de seus descendentes até a quarta geração não são meros
relatos de como Deus preparou um povo para ele; servem ainda mais para destacar
a importância da fé e da confiança no relacionamento com Deus. Pressuposições
cristãs a respeito do conhecimento teológico de Abraão acerca de Deus ou
judaicas de que Abraão guardou a Lei mosaica não encontram respaldo nos relatos.
A não ser o nascimento de Isaque, há poucos aspectos miraculosos nesses
relatos, pois a fé neles descrita está fundamentada nas promessas e na proteção
contínua de Deus, e não nos seus atos poderosos.
3) O
nascimento de um povo
Não se
deve esperar de um povo a mesma demonstração de fé em Deus que a de um
indivíduo ou pequeno grupo de famílias. Por isso Deus teve de se revelar a
Israel de uma forma diferente da que tinha usado para com os patriarcas.
Encontramos a maioria dos milagres do A T nas histórias do Egito, da peregrinação
no deserto e da conquista de Canaã. Nelas Deus demonstrou o seu controle sobre
a natureza e todas as forças naturais, fossem elas divinizadas ou não. Isso serviu
para dar a certeza, pelo menos à fé que encontramos nos profetas, de que todos
os sofrimentos de Israel, consequências de desastres naturais ou das vitórias
dos seus inimigos, eram necessariamente o resultado dos pecados do povo, e não
de alguma fraqueza por parte de Javé. A reação de Abraão ao chamado de Deus
poderia ser explicada e descartada, ao longo do tempo, como uma experiência
meramente subjetiva. O êxodo e a conquista da terra fornecem uma base factual
inesquecível e inegável para a história de Israel como o povo de Deus, na qual
o êxodo ocupa a mesma posição que a cruz e a ressurreição de Cristo na história
da igreja.
4) A
lei de Moisés
A Lei,
ou mais precisamente a Instrução (TORAH) dada por intermédio de Moisés no Sinai
e durante a peregrinação no deserto, não tinha a intenção de ser um código
legislativo para cobrir todas as eventualidades daquela época ou de épocas
posteriores; seu propósito era ser um guia para o tipo de vida que se esperava
de um povo “santo”. O fundamento da aliança era o decálogo (E x 20.1-17), como
é demonstrado por seu lugar exclusivo na arca da aliança. Ex 20.22—23.33, que é
o restante do Livro da Aliança (Ex 24.7), deve ser considerado basicamente um
comentário do decálogo. Grande parte dele é a modificação da lei do Antigo
Oriente Médio, provavelmente trazida da Mesopotâmia por Abraão. O mesmo se
aplica às leis de Levítico e Deuteronômio; neste último, o decálogo é novam
ente considerado fundamental.
Se
compararmos esses códigos, será fácil descobrir que há áreas de comportamento
que não são explicitam ente tratadas.
Em
outras palavras, a Instrução (TORAH) não tinha o propósito de ensinar a Israel,
por meio de sua própria sabedoria, o que seria a vontade de Deus em cada
circunstância da vida, mas deveria ser uma luz no caminho do homem, que
possibilitaria a Deus conduzir tanto o indivíduo quanto o povo na direção
correta. Ela também teve a intenção de revelar a incapacidade do homem de
obedecer à vontade de Deus por suas próprias forças — não havia poder inerente
à Lei — e assim fazer que ele se voltasse em humildade a Deus para pedir ajuda.
Ao mesmo tempo, era um ponto decisivo na religião humana, pois pela primeira
vez fornecia um padrão completamente objetivo segundo o qual o homem poderia
fazer um julgamento acerca do seu próprio comportamento separado da voz não
confiável da consciência.
Como
no caso da lei civil, as regulamentações acerca dos rituais estão fundamentadas
nas que eram familiares aos patriarcas na Mesopotâmia e em Canaã. Aqui também precisamos
dizer que foram modificadas para aumentar a convicção do adorador tanto a
respeito da sua impureza e de não estar à altura dos padrões de Deus quanto a
respeito da disposição benevolente de Deus em restaurar a comunhão. Quando tudo
isso é observado do ponto de vista da obra de Cristo, é fácil perceber os seus
diversos aspectos profetizados nos sacrifícios e na organização do tabernáculo.
No entanto, visto que não há evidências de que alguém entendia a tipologia envolvida
em tudo isso, e que os profetas em grande parte demonstravam pouco interesse no
uso popular dos rituais, e às vezes até eram hostis a eles, as leis rituais
numa teologia do AT. Antes, devemos entendê-las como elementos que imprimiam em
Israel a certeza da inadequação dos esforços humanos para agradar a Deus, mesmo
que os detalhes do culto tivessem sido dados por ele.
5) De
Josué ao exílio na Babilônia
De um
ponto de vista, o final de Deuteronômio representa o clímax do AT. Deus tinha
formado o seu povo, revelado o seu poder a ele e o havia conduzido ao limiar do
cumprimento de suas promessas. A partir daí, é uma história de declínio, em que
os melhores episódios são no máximo uma interrupção, mas não a reversão da
tendência descendente. O pecado de Acã, que deixa uma marca duradoura na
história subsequente de Israel, em certo sentido faz um paralelo à Queda no jardim
do Éden. A escolha humana do rei e do templo no lugar do juiz e do tabernáculo
simplesmente tornou a cena final da perda de liberdade nacional e do exílio ainda
mais certa. O defeito inerente na escolha do rei e do templo foi que limitou a escolha
de um governante por parte de Deus, pois tornou a função hereditária, e limitou
também o lugar de culto, pois o templo não poderia ser transferido de
Jerusalém.
6) Os
profetas
Paralelamente
a esse declínio, veio a revelação crescente por meio dos profetas — embora tudo
já estivesse em essência presente na Lei — insistindo que as exigências principais
de Deus para o seu povo eram justiça, lealdade de aliança tanto a Deus quanto aos
outros homens e a aceitação inquestionável da vontade e dos padrões de Deus.
Sem
isso, todo o culto, não importava quanto fosse valorizado, era um insulto a
Deus. Isso ocorreu paralelamente a uma ênfase crescente no fato de que o povo,
como um todo, não seria capaz de atender a essas expectativas, mas, sim, apenas
um remanescente, e também só por meio da obra do rei perfeito de Deus. Com o
pano de fundo do exílio em mente, foi revelado ainda que os cumprimentos dos
propósitos de Deus incluiriam uma nova aliança (Jr 31.31-34), que entraria em
vigor som ente por meio do poder do Espírito de Deus em cada indivíduo (Ez
36.25ss) e da obra do Servo de Javé ao lidar com o problema do pecado.
Em
outras palavras, Deus estava usando o fracasso hum ano, demonstrado como sendo
fracasso pela simples existência da Lei do Sinai, para demonstrar tanto a
necessidade quanto os métodos da intervenção e da cura divinas. Para tudo isso,
as experiências do período pós-exílico eram necessárias para tornar
completamente clara a lição.
Os
profetas também foram usados para mostrar a importância do indivíduo dentro da
totalidade do povo. Nem mesmo no caso de Jeremias, o chamado para que não
confiasse em outro homem foi interpretado como estímulo para que se separasse
do seu povo, i.e., não há garantias para o individualismo.
7) O
Messias
O
termo Messias, pessoa ungida, alguém separado para o serviço de Deus, dificilmente
pode ser encontrado no A T como termo técnico, a não ser talvez em D n 9.25,26.
O desenvolvimento do termo pertence ao período intertestamental, mesmo assim o
conceito já existe claramente antes disso. Refere-se primeiramente ao Rei de
Deus, do qual até Davi e os seus melhores sucessores eram meras prefigurações.
Mas havia a expectativa de um profeta no mínimo tão grande quanto Moisés (D t
18.15, 18,19). Is 42.1 também mostra que o título poderia ser aplicado ao Servo
de Javé — colocar o Espírito de Deus sobre ele é equivalente a ungi-lo —,
embora ele nunca seja identificado com o Rei que estava por vir. A esperança
messiânica só poderia se tornar uma realidade para o povo como um todo depois
de ficar claro, após a morte de Zorobabel, que não haveria uma restauração m
eram ente natural da linhagem de Davi. Não há evidências claras de que a linguagem
como é empregada em Is 7.14; 9.6; M q 5.2 fosse compreendida em algum sentido
sobrenatural.
8) O
retomo do exílio
A
rejeição da independência nacional e de um rei davídico, combinada com a
remoção do esplendor do templo reconstruído e a falta da arca, o sinal da
presença de Deus, era a indicação exterior de que os propósitos de Deus não seriam
atingidos pelas expressões normais da nacionalidade ou do culto. Isso foi ressaltado
ainda pelo fato de que a maioria dos judeus vivia fora da sua terra. Os judeus tinham
se tornado “prisioneiros da esperança”, esperando pelo tempo divino da sua redenção.
Eles erraram foi na convicção de que poderiam apressar o dia da libertação por meio
de uma observância meticulosa da Lei de Moisés.
BIBLIOGRAFIA
RECOMENDADA:
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