quarta-feira, 21 de agosto de 2024

 

INTRODUCAO AO ANTIGO TESTAMENTO.

Começamos com a afirmação de que a Bíblia é a Palavra de Deus. Mas não podemos parar neste ponto. Os crentes precisam fazer algo mais do que simplesmente louvar a Bíblia. Precisam estar preparados para se haverem com sérias interrogações a respeito da Bíblia. Estas interrogações são feitas não apenas por céticos e cínicos; são feitas também por estudantes devotos e aplicados da Bíblia.

Empenhar-se em um estudo assim aplicado acarreta a necessidade de enfrentar todas as interrogações válidas a respeito da natureza e da autoridade da Bíblia, e uma mente aberta para avaliar a validade de suas declarações e a integridade de seu testemunho. Não temos razão para evitar essas interrogações. A Bíblia não está correndo o perigo de embaraço ou de extinção!

Os crentes também precisam tornar-se mais conscientes dos questionamentos realistas, mas frequentemente hostis e céticos do mundo incrédulo e secular a respeito da Bíblia. Esses questionamentos exigem respostas, que são dadas por um conhecimento exato e profundo da Bíblia e por uma fé reverente, nutrida por uma compreensão inteligente desse Livro. Uma opinião acerca da Bíblia que não sofreu ataques da ignorância do preconceito, da incredulidade ou do orgulho humanista, pode não ser de confiança, porque não foi testada. Uma fé que não faz perguntas dificilmente é fé, porque não procura significado nenhum.

Apropriadamente, perguntamos a respeito da Bíblia: Qual é a sua natureza? Como chegou até nós? Qual é a base de sua autoridade? Qual é a sua importância e qual o seu significado? Ao considerarmos estas perguntas, é essencial termos em mente o que é a Bíblia. Mais do que qualquer outra coisa, ela é um registro e uma interpretação da auto-revelação de Deus ao homem: é a narrativa autêntica da revelação de Deus em Jesus Cristo, para a redenção do homem. É a história da salvação:1 o propósito salvador, os atos salvadores, a graça salvadora e o poder salvador do Senhor; a missão salvadora do povo de Deus; e a consumação da obra salvadora de Deus através do senhorio de Cristo. Este conceito sobre que é a Bíblia é a perspectiva básica, da qual este artigo procurará explorar interrogações importantes a respeito da Bíblia.

Origem, Ambiente Formativo e Cultura

Antes de tudo, que seja observado que a Bíblia é de origem antiquíssima. Os primeiros capítulos falam a respeito da criação do Universo e do homem, a respeito de Deus e de sua maneira de agir para com o homem, desde o começo do mundo, e a respeito de acontecimentos que precedem uma identificação histórica exata. E, em seguida, a narrativa começa a contar a história de Abraão e seus descendentes, estando estes fatos localizados em cerca de 2000 a.C. O relato escrito da história contínua de Deus e seu povo se estende até cobrir o primeiro século da era cristã. Desta forma, a Bíblia precisa ser entendida como um livro muito antigo.

Além disso, a Bíblia chegou a nós a partir de um cenário semita, isto é, o cenário do Oriente Próximo antigo. A Bíblia tem a ver especialmente com os descendentes de Abraão, o povo escolhido de Deus, que habitou a terra de Canaã, uma faixa estreita ao longo do litoral oriental do Mediterrâneo. Essa pequena área era uma espécie de ponte ou via de contato entre o povo da região do vale do Tigre-Eufrates, a leste, e o povo do vale do Nilo, a sudoeste. O próprio Abraão representava o povo semita que vivia no sudoeste da Ásia: babilônios, assírios, arameus, cananeus e fenícios.

Reconhecemos também que o povo da Bíblia expressa a cultura que era a sua herança e o seu ambiente formativo. O Velho Testamento reflete o ambiente agrícola e a experiência vivencial do povo de Israel, mas revela também a crescente influência do desenvolvimento urbano.

A maneira de o povo pensar em Deus em termos antropomórficos, como intimamente associado com as coisas da natureza, como vingador e como sendo parcial, em favor do povo de Israel, expressa o impacto de sua herança cultural.

E a maneira como esse povo pensava a respeito da família — da figura autoritária do marido e pai, da subserviência e inferioridade das mulheres e da importância de ter filhos — era também influenciada pela sua cultura. O seu conceito da ordem material como expressão imediata da presença e do poder de Deus e as suas fortes tendências para a idolatria mostram o impacto entre os conceitos culturais e a prática. As formas de pensamento e conceitos que aparecem no decorrer da Bíblia são a expressão natural da experiência desse povo.

 

FORMAÇÃO DO CÂNON DO AT

A palavra cânon deriva do grego kanõn ("cana, régua"), que, por sua vez, se origina do hebraico kaneh, palavra do Antigo Testamento que significa "vara ou cana de medir" (Ez 40.3). Mesmo em época anterior ao cristianismo, essa palavra era usada de modo mais amplo, com o sentido de padrão ou norma, além de cana ou unidade de medida. O Novo Testamento emprega o termo em sentido figurado, referindo-se a padrão ou regra de conduta (Gl 6.16).

A existência de um cânon ou coleção de escritos autorizados antecede o uso do termo cânon. A comunidade judaica coligiu e preservou as Escrituras Sagradas desde o tempo de Moisés.

Escrituras Sagradas. Um dos conceitos mais antigos de cânon foi o de escritos sagrados. O fato de os escritos de Moisés serem considerados sagrados se demonstra pelo lugar santo em que eram guardados, ao lado da arca da aliança (Dt 31.24-26). Depois de o templo ter sido edificado, esses escritos sagrados foram preservados em seu interior (2Rs 22.8). A consideração especial dada a esses livros especiais mostra que eram tidos como canônicos, ou sagrados.

Escritos autorizados. A canonicidade das Escrituras também é designada autoridade divina. A autoridade dos escritos mosaicos foi salientada perante Josué e perante Israel (Js 1.8). Todos os reis de Israel foram exortados a esse respeito: "Quando se assentar no trono do seu reino, escreverá para si num livro uma cópia desta lei [...]. Conservará a cópia consigo, e a lera todos os dias de sua vida, para que aprenda a temer ao Senhor seu Deus, e a guardar todas as palavras desta lei..." (Dt 17.18,19). Visto que esses livros vieram da parte de Deus, vieram revestidos de sua autoridade. Sendo escritos dotados de autoridade, eram canônicos, i.e., normativos, para o crente israelita.

Livros proféticos. Determinado livro só era considerado inspirado se escrito por um profeta, ou porta-voz de Deus. As obras e as palavras dos falsos profetas eram rejeitadas e jamais agrupadas e guardadas num lugar santo. De fato, segundo Josefo (Contra Ápion, 1,8), só os livros que haviam sido redigidos durante o período profético, de Moisés até o rei Artaxerxes, podiam ser canônicos. Assim se expressou Josefo: "Desde Artaxerxes até a nossa época tudo tem sido registrado, mas nada foi considerado digno do mesmo crédito das obras do passado, visto que a sucessão exata de profetas cessou". Foram, canônicos apenas os livros de Moisés a Malaquias, pois só esses foram escritos por homens em sucessão profética. Do período de Artaxerxes (século IV a.C.) até Josefo (século I d.C), não houve sucessão profética; por isso, não faz parte do período profético. O Talmude faz a mesma afirmação, dizendo: "Até esta altura [século IV a.C] os profetas profetizavam mediante o Espírito Santo; a partir desta época inclinai os vossos ouvidos e ouvi as palavras dos sábios". Portanto, para ser canônico, qualquer livro do Antigo Testamento deveria vir de uma sucessão profética, durante o período profético.

Os três passos mais importantes no processo de canonização

Há três elementos básicos no processo genérico de canonização da Bíblia: a inspiração de Deus, o reconhecimento da inspiração pelo povo de Deus e a coleção dos livros inspirados pelo povo de Deus. Um breve estudo de cada elemento mostrará que o primeiro passo na canonização da Bíblia (a inspiração de Deus) cabia ao próprio Deus. Os dois passos seguintes (reconhecimento e preservação desses livros), Deus os incumbiria a seu povo.

Inspiração de Deus. Foi Deus quem deu o primeiro passo no processo de canonização, quando de início inspirou o texto. Assim, a razão mais fundamental por que existem 39 livros no Antigo Testamento é que só esses livros, nesse número exato, é que foram inspirados por Deus. É evidente que o povo de Deus não teria como reconhecer a autoridade divina num livro, se ele não fosse revestido de nenhuma autoridade.

Reconhecimento por parte do povo de Deus. Uma vez que Deus houvesse autorizado e autenticado um documento, os homens de Deus o reconheciam. Esse reconhecimento ocorria de imediato, por parte da comunidade a que o documento fora destinado originariamente. A partir do momento que o livro fosse copiado e circulado, com credenciais da comunidade de crentes, passava a pertencer ao cânon. A igreja universal, mais tarde, viria a aceitar esse livro em seu cânon cristão. Os escritos de Moisés foram aceitos e reconhecidos em seus dias (Êx 24.3), como também os de Josué (Js 24.26), os de Samuel (1Sm 10.25) e os de Jeremias (Dn 9.2). Esse reconhecimento seria confirmado também pelos crentes do Novo Testamento, e principalmente por Jesus (v. cap. 3).

Coleção e preservação pelo povo de Deus. O povo de Deus entesourava a Palavra de Deus. Os escritos de Moisés eram preservados na arca (Dt 31.26). As palavras de Samuel foram colocadas "num livro, e o pôs perante o Senhor" (1Sm 10.25). A lei de Moisés foi preservada no templo nos dias de Josias (2Rs 23.24). Daniel tinha uma coleção dos "livros" nos quais se encontravam "a lei de Moisés" e "os profetas" (Dn 9.2,6,13). Esdras possuía cópias da lei de Moisés e dos profetas (Ne 9,14,26-30). Os crentes do Novo Testamento possuíam todas as "Escrituras" do Antigo Testamento (2Tm 3.16), tanto a lei como os profetas (Mt 5.17).

Formação Canônica Fragmentária.

Origem do Desenvolvimento da Teoria Documentária

            Alguns movimentos como o Deísmo e Racionalismo forneceram o cenário, e contribuíram para o surgimento da Teoria Documentária. Estas duas correntes de pensamento, embora diferentes, concordam numa coisa: a negação de uma relação sobrenatural de Deus com o homem.

Negando a premissa sobrenatural, não se pode sustentar a doutrina da inspiração, profecias, a providência divina, etc. A Bíblia torna-se um livro meramente humano. Foi quando começaram a questionar a autoria mosaica, e a sua data de escrita, como também a veracidade de seu conteúdo.

            Thomas Hobbes em sua obra Leviathan (1651) afirmou que o Pentateuco havia sido editado por Esdras a partir de fontes antigas.

            Benedicto Spinoza declarou em Tractatus Theologico-Politicus (1670) que Esdras havia editado o Pentateuco com interpolação de Deuteronômio, questionando a autoria mosaica.

Teoria Documentária Primitiva

            Jean Astruc, médico francês, foi o primeiro a dar expressão literária a essa teoria (em 1753). Limitou suas dúvidas apenas a autoria de Gn 1. Sua tese era que Moisés havia compilado o livro de Gênesis a partir de duas memórias (memoires), e outros documentos menores. Astruc identificou 2 fontes principais: Fonte A, com o uso da palavra Elohim, e fonte B, o uso da palavra Yahweh. Todavia, aceita Moisés como autor do livro todo. Alegava ter encontrado em Gênesis mais de dez fontes e outras interpolações textuais!

            Johann G. Eichorn em sua Einleitung (1780-1783), expandiu as idéias de Astruc a todo o Pentateuco e não apenas a Gênesis. Negou a autoria mosaica. Dividiu Gn e Êx 1-2 em fontes designadas J e E, e afirmou que estas foram editadas por um autor desconhecido.

Teoria Fragmentária

            Alexander Geddes, padre católico escocês, investigou as “memoires” de Astruc. Em 1792-1800 desenvolveu a teoria fragmentária. Segundo a Teoria Fragmentária o Pentateuco consiste em fragmentos lendários, desconexos entre si e de muitos autores desconhecidos, mas possuindo apenas um redator. Foi o primeiro a sugerir a existência de um Hexateuco. Segundo Geddes o Pentateuco foi compilado por um redator desconhecido a partir de numerosos fragmentos que tiveram sua origem em círculos diferentes, um elohístico, e o outro javístico. A data da composição final do “Hexateuco” teria ocorrido em Jerusalém, durante o reinado de Salomão.

            J. Vater (1802-1805) fez a divisão do Pentateuco em 39 fragmentos. A data da composição final do Pentateuco foi no exílio babilônico, sendo que nesta época adquiriu a forma que hoje conhecemos.

            A.T. Hartmann foi o primeiro a dizer que a escrita era desconhecida no tempo de Moisés entre os israelitas (1831). Segundo ele, o Pentateuco era constituído de um grande número de pequenos documentos pós-mosaicos, a que foram feitas adições, de tempos em tempos, até se tornarem nos cinco livros. Considerava o Pentateuco como lenda e mito.

Teoria suplementar

            Wilhelm M. L. De Wette (1780-1849) em 1805 escreveu um livro, acerca de Deuteronômio, dando este livro como pertencente ao tempo de Josias e escrito um pouco antes da sua reforma religiosa, em 621 a.C.

Heinrich Ewald (+1875) rejeitou a autoria mosaica. Segundo ele o Pentateuco é composto de muitos documentos, mas enfatizando o documento E como sendo básico. Tuch foi quem deu expressão clássica à teoria. Deu ênfase a dois documentos básicos, o E e o J, tendo datado o E no tempo de Saul, e o J no tempo de Salomão.

Representa uma volta a Teoria Documentária primitiva. Segundo essa teoria, o documento básico, original era um só, o documento E (elohista), combinado com um suplemento principal que era o documento J (jeovísta) formavam a base para o Pentateuco. No decorrer dos séculos novas adições foram feitas a estes documentos, terminando na cristalização do atual conjunto de cinco livros. Todos estes críticos negaram a autoria mosaica do Pentateuco.

 Teoria Documentária Modificada

            Esta teoria defende que de três a quatro documentos principais e contínuos foram combinados por um redator.

            Hermann Hupfeldt, em 1853, ensinou que, além do Deuteronômio, havia três documentos contínuos que eram J,E1 e E2, combinados por um único redator.  E. Riehm (1854) defendeu que os documentos contínuos eram quatro e não três. Foi o primeiro a apresentar um quarto documento principal, chamado D. A forma dos documentos seria E1, E2, J, D.

Teoria Documental em seu Estado Final

            Segundo esta teoria, quatro ou cinco documentos principais, mais outros documentos secundários foram combinados por quatro redatores principais e mais outros redatores secundários. Reuss (1850) acreditava em cinco documentos principais J, E1, E2, d, P. Foi o primeiro a sugerir o documento P como sendo documento básico e também como sendo o último deles. Atribuiu ao tempo de Esdras como data final da redação do Pentateuco.

            Karl H. Graff, em 1865, afirmou a literatura de Êxodo, Levítico e Números, não pertencia ao período de Josias, mas ao cativeiro babilônico. Rejeitou o documento E1 como sendo um documento independente. Para ele o E1 é igual ao P, um documento procedente do período do reinado de Josias. Para Graff a ordem dos documentos seria P–histórico, E, J, D, P-legal.

            Abraham Kuenen (1869-1870) desenvolveu a teoria de Graff e a difundiu, principalmente na Alemanha. Em sua obra “A Religião de Israel” (1869) argumentou que o P-histórico não poderia ser separado do documento P-legal. Sua teoria resultou em J, E, D, P.

            Julius Wellhausen foi quem deu uma popular formulação literária à teoria, em sua obra Die Composition dês Hexateuchs, em 1876. Com ele a teoria adquiriu o nome de Graff-Kuenen-Wellhausen. Causou um grande impulso ao criticismo moderno.

Teoria Documentária no Século XX

            Herman Gunkel (1862-1932) e Hugo Gressmann (1877-1927) posicionaram-se contra as tendências do wellhausenismo clássico. Os grandes expoentes na crítica das fontes. Defendiam a necessidade de se descobrir o Sitz im Leben (contexto vital). Comparação com a mitologia antiga.

            Otto Eissfeldt em sua Einleitung in das Alte Testament (1934) defendia a classificação da literatura do AT em vários gêneros e categorias. Tenta traçar o desenvolvimento (a influência pré-história literária) dos diferentes documentos. Propõem a existência de um documento L (fonte leiga). Não possui uma concepção adequada da revelação, considera a literatura do AT como de origem meramente humana.

            R.H. Pfeiffer em Introduction to the Old Testament (1941) mostra erudição e apologia, basicamente anti-cristã. Ensinou a existência de um documento S (Sul ou Seir), mas obteve aceitação popular. Nega a revelação, milagres, etc., segundo Pfeiffer estas são cousas subjetivas, sem prova científica.

            Gerhard Von Rad (1934) defendeu a existência de mais dois documentos Pa e Pb. Propôs a teoria do Hexateuco.

            Aage Bentzen publicou em 1941 uma obra que esposa o método histórico-crítico que presta dedicada atenção ao estudo das supostas formas da literatura do AT.

Características dos “supostos” documentos

            Resumidamente, segue abaixo um resumo sobre os supostos documentos que compõe o Pentateuco, segundo os adeptos da teoria documentária.

 Documento J (Jeová, Jeovista)

1.Data: 950 ou 850 a.C.

2.Local escrita: Judá

3.Autoria: é atribuído a um historiador desconhecido, pertencente ao reino do Sul

4.Conteúdo: começa com a criação e vai até o fim do reino de Davi (Gn 2 a Nm 22-24).

5.Natureza: uma coleção de literatura épica, demonstrando forte sentimento nacionalista. Contém dramatização vívida, apresentações antropomórficas de Deus, em que Deus é descrito em termos humanos. Prefere usar o nome Yahweh para Deus. Ressalta a continuidade do propósito de Deus desde a criação, passando pelos patriarcas, até o papel de Israel como seu povo. Essa continuidade leva ao estabelecimento da monarquia com Davi.

Documento E (Elohista)

1.Data: 850 ou 750 a.C.

2.Autoria: atribuída a um sacerdote desconhecido de Betel (Reino do Norte), ou a um profeta, sob a influência de Elias.

3.Local escrita: Efraim

4.Conteúdo: começa com Abraão e termina com Josué

5.Natureza: Usa-se a história na forma épica. Este documento possui uma variedade de detalhes, grande interesse no ritual e uma teologia mais abstrata, que evita antropomorfismo e usa visões e anjos como meios de revelação. É a narrativa da tradição de Israel (reino do Norte) em paralelo com documente J. Prefere Elohim como nome de Deus até a revelação de seu nome Yahweh a Moisés (Êx 3), depois disso passa a empregar ambos os nomes de Deus.

Documento D (Deuteronomista)

1.Data: 650 a.C.

2.Autoria: atribuída a um sacerdote desconhecido.

3.Local escrita: Jerusalém

4.Conteúdo: é o material núcleo do livro de Deuteronômio

5.Natureza: tem interesse teológico pelo Templo de Jerusalém, e forte oposição contra a idolatria. O estilo literário é prosaico, prolixo, paranético (repleto de exortações ou conselhos). Seria o tal livro descoberto no reinado do rei Josias no ano 621 a.C.

Documento P (do inglês Priestly [Sacerdotal])

1.Data: 525 ou 450 a.C.

2.Autoria: desconhecida

3.Conteúdo: composto de tradições mosaicas antigas depois do Exílio.

 Uma avaliação crítica da Teoria Documentária.

Devemos considerar algumas implicações da Teoria Documentária em afirmar a formação final do Pentateuco num período pós-exílico (entre 500-400 a.C.), quando a religião de Israel já estava bem desenvolvida.

1. A Teoria Documentária não prova a não autoria de Moisés. Falando francamente, esta teoria nem sequer conseguiu provar a sua própria veracidade científica, para tirar sobre si o estigma de “teoria” a que está vinculada durante todos esses séculos.

2. Mesmo entre os adeptos desta teoria não há concordância acerca da identificação e classificação dos textos e dos grupos documentais a que eles supostamente pertencem.

3. Aceitar a teoria JEDP anula a credibilidade do Pentateuco. Segundo a Teoria Documentária a história bíblica é forjada. O Deuteronômio foi inventado pelos profetas para reforçar a ideia da centralização. O uso do nome de Moisés no Pentateuco, era simplesmente para dar autoridade ao texto, mas ele nada tinha a ver com a composição histórica do mesmo. O documento P, composto para assegurar a aceitação do sistema sacerdotal por parte do povo, fora baseado em lendas e crendices folclóricas. Como observa Stanley A. Ellisen “rejeitar a autoria de Moisés é rejeitar o testemunho universal dos escritores bíblicos e solapar a credibilidade do Pentateuco e do resto da Bíblia. É da autoria de Moisés, e não apenas um ‘mosaico’ de diferentes”.

4. Retira todo o caráter normativo do Pentateuco. Não teria qualquer valor para o povo da época, já que nada acrescentaria ao judaísmo. Se o Pentateuco fosse apenas um produto de uma religião tardiamente desenvolvida, e não o princípio regulador, não faria sentido chamá-lo de “a Lei”. Se ele não foi o princípio regulador para os primeiros leitores, não teria valor algum para os crentes de outras épocas, uma vez que os conceitos humanos mudam e o que não foi normativo para um povo, pode não ser para outro.

5. Invalida o esforço de composição. O relato do Pentateuco é rico em detalhes e informações. Possui informações das origens e desenvolvimento dos povos, em especial do povo de Israel. Os supostos autores teriam se dado a um imenso trabalho de imaginação para simplesmente manter uma ordem que já estava estabelecida.

6. Devemos considerar a ausência de evidências histórica, ou manuscritológicas, de que estes supostos documentos (JEDP) tenham circulado em algum período soltos uns dos outros.

7. Considera o autor mal-intencionado. A Teoria Documentária implica que um autor (ou autores), com um sentimento profundamente religioso e com o intuito de conduzir o povo diante de Deus, tenha se rebaixado a abandonar valores que quer ensinar e redigir uma mentira, colocando na boca de Deus, o que Ele não disse, inventando “estórias” e fazendo com que todos a considerassem como verdadeiras!

8. Impossibilidade do sobrenatural no AT. Consequentemente a intervenção divina é negada: revelação, inspiração, encarnação, milagres, etc.

9. Negação da revelação especial. A Bíblia torna-se meramente uma referência literária semítica. Um livro antigo como outro qualquer, deixando de ser a autorrevelação proposicional de Deus.

 Argumentos em favor da Autoria Mosaica do Pentateuco

            Não há no Pentateuco uma declaração objetiva de que Moisés tenha escrito o Pentateuco. Todavia, há um testemunho suficiente, que apóia a sua autoria.

            A ausência do nome do autor harmoniza-se com a prática do AT em particular, e com as obras literárias antigas em geral. No antigo Oriente Médio, o “autor” era basicamente um preservador do passado, limitando-se ao uso de material e metodologia tradicionais, conforme já foi observado.

 Evidências Internas

1.         Êx 17:14 indica que Moisés estava em condições de escrever.

2.         Êx 24:4-8 refere ao “Livro da Aliança” (Êx 21:2-23,33).

3.         Êx 34:27 pela segunda vez a ordem de escrever. Refere-se a Êx 34:10-26, o 2º Decálogo.

4.         Nm 33:1-2 Moisés anotou a lista das paradas desde o Egito até Moabe (caminhada pelo deserto).

5.         Dt 31:9,24 referência aos 4 livros anteriores do Pentateuco.

6.         Dt 31:22 refere-se a Dt 32.

7.         Narra detalhes de uma testemunha ocular. O número de fontes e palmeiras (Êx 15:27), a aparência e paladar do maná (Nm 11:7-8).

8.         Em Gn e Êx, o autor exprime um detalhado conhecimento do Egito, e do percurso do êxodo.

9.         Conhecimento de palavras e nomes egípcios. O autor possuí uma noção estrangeira da Palestina. Os termos usados para as estações, tempo, fauna, flora são egípcios, não palestinos. O autor estava familiarizado com a geografia egípcia e sinaítica. Menciona quase nada sobre a geografia palestina, o que evidencia seu pouco conhecimento da região.

 

 Evidências Externas

1. Livro de Josué repleto de referências a Moisés como autor do Pentateuco Js 1:7-8; 8:31; 22:9; 23:6; etc.

2. Jz 3:4 declara “...por intermédio de Moisés.”

3. Expressões frequentes nos livros históricos: “lei de Moisés”, “livro da lei de Moisés”, “livro de Moisés”, etc. 1 Rs 2:3; 2 Rs 14:6; 21:8; Ed 6:18; Ne 13:1; etc.

 Evidências do NT

1.  Cristo menciona passagens do Pentateuco como sendo de Moisés. Mt 19:8; Mc 10:4-5.

2. O texto sobre a circuncisão (Gn 17:12) mencionado no NT (Jo 7:23) como fazendo parte da Lei de Moisés.

3.  Restante do NT em harmonia com Cristo. At 3:22-23; 13:38-39; 15:5,21; 26:22; 28:23; Rm 10:5,19; 1 Co 9:9; 2 Co 3:15; Ap 15:3.

Moisés Era Qualificado Para Escrever o Pentateuco

 Alguns críticos questionam não somente a autoria de Moisés, mas inclusive até mesmo a sua historicidade. Acham inconcebível como tamanhos desastres puderam atingir um povo tão desenvolvido e organizado, como eram os egípcios, e ainda assim não existir nenhum registro desses fatos? Respondemos mencionando a contribuição do arqueólogo Alan Millard que declara os faraós, e isso não é surpresa, não apresentam descrições das derrotas sofridas diante dos seus vassalos ou sucessores. Se os monumentos reais não podem ajudar, os distúrbios vividos pelo Egito com as pragas e a perda da mão-de-obra poderiam ter gerado mudanças administrativas. Como qualquer estado centralizado, o governo do Egito consumia grandes quantidades de papel (papiro), e boa parte da documentação era arquivada para consulta. Mas isso também não ajuda, pois, como já vimos, praticamente todos os documentos pereceram, e a probabilidade de recuperar algum que mencione Moisés ou as atividades dos israelitas no Egito é risível.          

Moisés é reconhecido como o homem erudito na antiguidade bíblica. Nos dias de Moisés o Egito era a maior civilização do mundo, tanto em domínio, construções e conhecimento. Moisés teve a oportunidade de ter sido educado na corte real egípcia, recebendo a instrução de disciplinas acadêmicas que no Egito já eram tão desenvolvidas. Incluindo a arte da escrita, que há muito tempo era usada, de comum uso dos egípcios, inclusive entre os próprios escravos.

Como historiador, soube coletar as informações da rica tradição oral de seu povo. Mas além da tradição oral, Moisés dispôs, enquanto esteve no palácio real egípcio, do seu acervo literário.

Era possuidor de um vasto e detalhado conhecimento geográfico. O clima, vegetação, a topografia, o deserto tanto do Egito como do Sinai, e os povos circunvizinhos lhe eram familiares.

O modo como o autor do Pentateuco descreve os eventos e lugares, indica que ele não era palestino. Alguns fatos contribuem para esta conclusão 1) conhecia lugares pelos nomes egípcios, 2) usa uma porcentagem maior de palavras egípcias do qualquer outra parte do AT, 3) as estações e tempo que se mencionam nas narrativas são geralmente egípcias e não palestinas, 4) a flora e a fauna descritas são egípcias, 5) os usos e costumes relatados que o autor conhecia e eram comuns em seus dias.

Moisés como fundador da comunidade de Israel, também exerceu o papel de legislador, educador, juiz, mediador, profeta, libertador, sacerdote, pastor, historiador, entre outros. Possuía vários motivos, segundo as funções que exerceu, para prover ao seu povo alicerces morais concretos e religiosos, e era preciso registrar e distribuir a Lei entre o povo, de modo que ela fosse acessível a todos

Como escritor teve tempo mais que suficiente. O Êxodo durou quarenta árduos e longos anos de peregrinação pelo deserto do Sinai. Apesar de sua ocupação ativista, este seria um tempo mais do suficiente para que pudesse escrever todo o Pentateuco, e ainda se necessário alfabetizar todo o povo.

Ele mesmo reivindicou escrever sob orientação de Deus (Êx 17:14; 34:27; Dt 31:9, 24). Nenhum outro autor da antiguidade foi assim identificado.

O Que se Entende Por Autoria Mosaica?

1.  Não significa que Moisés tenha pessoalmente escrito originalmente cada palavra do Pentateuco. Certamente ele lançou mão da “tradição oral”;

2.   É possível que ele tenha empregado porções de documentos previamente existentes;

3.  Talvez, tenha usado escribas ou amanuenses para escrever;

4.  Moisés foi o autor fundamental ou real do Pentateuco;

5. Sob a orientação divina, talvez, tenha havido pequenas adições secundárias posteriores, ou mesmo revisões (Dt 34);

6. Substancial e essencialmente o Pentateuco é obra de Moisés. O Dr Wilson comenta “que o Pentateuco, conforme se encontra, é histórico e data do tempo de Moisés; e que Moisés foi seu autor real, ainda que talvez tenha sido revisado e editado por redatores posteriores, adições essas tão inspiradas e tão verazes como o restante, não existe dúvida.”

Literatura de Muitos Tipos e Formas

A Bíblia é muito mais do que uma coleção de obras literárias religiosas. Para ser entendida adequadamente, ela precisa ser considerada como literatura de diferentes espécies e formas. Se alguém analisa a Bíblia cuidadosamente, para distinguir várias formas literárias, encontrará exemplos das seguintes: história, lei, poesia, drama, profecia, literatura de sabedoria, literatura apocalíptica, hinos, sermões, discursos, cartas, epopeias, acrósticos, genealogias, listas estatísticas, parábolas, alegorias e histórias. Para fins práticos, não é essencial um conhecimento das distinções mais refinadas das formas literárias; mas, para uma compreensão madura da Bíblia, o reconhecimento de que ela é

Literatura de vários tipos é imperativo.

Os primeiros cinco livros da Bíblia vieram a ser chamados de “a Lei” . Mas o Pentateuco é muito mais do que Lei, como forma literária. O livro de Gênesis é histórico, biográfico e teológico. Há material semelhante nos quatro livros seguintes.

Mas nesses quatro livros temos a lei, que se tornou o mandato e o livro de texto para a adoração de Deus, para a conduta moral do homem, e para a vida do homem em comunidade e nas relações interpessoais. Inevitavelmente, muitas das leis refletem o impacto da situação cultural de Israel, a imaturidade do povo, em seu desenvolvimento espiritual e moral, e o esforço dos líderes divinamente chamados para cultivar fidelidade a Deus e justiça e retidão entre o povo. A parte seguinte, do Velho Testamento, é geralmente considerada como uma seção de livros históricos. Na Bíblia hebraica, os livros de Josué a II Reis eram conhecidos como os Profetas Antigos. Os Profetas Posteriores incluíam Isaías e Jeremias e os últimos doze livros do Velho Testamento. Estes dois grupos, comumente chamados de Profetas, como seção das Escrituras Hebraicas, desta forma incluíam a maior parte do material histórico do Velho Testamento, e quase todos os materiais proféticos — uma combinação de história e profecia.

A História — e isto incluiria livros que não os mencionados acima — conta a história desse povo e outros acontecimentos: de sofrimento, luta, sucesso, fracasso, apostasia, arrependimento e renovação, fidelidade e rebeldia. Os fatos da História eram recordados com realismo, mostrando o povo no que tinha de pior e de melhor, mostrando como ele entendera mal os propósitos de Deus e por vezes agira de maneira completamente estranha à natureza de Deus, embora dissesse estar fazendo a vontade de Deus, e mostrando como Deus agia para revelar-se, para executar juízo, para derramar misericórdia e bênçãos, para vencer a ignorância e a perversidade de seu povo e para levar avante o seu propósito em Israel.

A história de Israel não pode ser entendida à parte da profecia. È bom que seja lembrado que os profetas declararam a palavra de Deus ao povo em suas respectivas gerações. Profecia não é primordialmente uma predição dos eventos futuros, mas uma proclamação de julgamento ou consolação ou dever ou propósito em relação ao povo quanto à sua necessidade.

Entendemos melhor os escritos proféticos não como predições místicas de acontecimentos futuros, mas como declarações intemeratas do propósito de Deus para com o seu povo em sua situação imediata. Dado este fato, contudo, não podemos deixar passar despercebido que muitos dos profetas declararam a palavra de Deus com aplicação no futuro, indicando as direções do propósito de Deus para com o seu povo, a promessa iniludível de sua redenção para lodo o povo, e a consumação inarredável de seu reino de justiça e paz.

Grande parte do Velho Testamento é de poesia. Tirando-se os livros estritamente poéticos, poemas são encontrados nos livros da lei, nos históricos e nos proféticos. É importante reconhecer que a poesia precisa ser entendida como poesia, embora seja um veículo de revelação divina. Ela depende de imagens e figuras de linguagem. O elemento de sensações e emoção é dominante. A verdade é expressa imaginativamente, e precisa ser entendida através da imaginação. Um esforço para entender a poesia com base na redação literal ignora a natureza da poesia, e leva a um inevitável mal-entendido de seu significado.

A poesia da Bíblia, em consonância com a natureza da verdadeira poesia, é a expressão de intensos sentimentos, que incluem temor, tanto quanto confiança; ira, bem como bondade; concupiscência, assim como pureza; ódio, como amor; autopiedade, assim como autoconfiança; e desespero, como esperança. O indício para a interpretação exige aplicação de percepção poética. O livro de Jó é quase inteiramente poético. Mas ele é também um exemplo de drama. Daí, uma outra forma literária é usada para ensinar a necessidade de uma verdadeira compreensão do problema do sofrimento humano. A intensidade do sofrimento de Jó e a natureza do problema enfrentado fizeram do drama o meio mais eficiente da verdade, a verdade finalmente revelada a Jó através da auto-revelação de Deus, em sua soberania, sua justiça e sua grandeza.

Outro tipo de literatura é conhecido como literatura de sabedoria. Ele é representado especialmente por Provérbios e Eclesiastes, no Velho Testamento, e pela Epístola de Tiago, em o Novo Testamento. O livro de Jó também pode ser identificado como literatura de sabedoria.

As obras de sabedoria, embora adotando várias formas literárias, representam a sabedoria destilada da experiência humana e estabelecem os valores e virtudes, os princípios e discernimentos que podem compor a filosofia de vida de uma pessoa, particularmente em termos da escolha de alvos e do seguimento de padrões que contribuam para a integridade, harmonia, reverência, castidade, diligência, confiança própria e realização.

O conteúdo do AT

Diferente do NT, o cânon do AT possui diferenças de tamanho para várias igrejas cristãs. As dúvidas giram, acima de tudo, em torno dos livros apócrifos (literalmente “livros escondidos”). A Igreja Antiga os incluiu em torno de 400 d.C. Eram livros que o judaísmo e os primeiros cristãos não incluíam nas escrituras sagradas. Foram os reformadores no séc. XV que decidiram que todos os livros sem fundamento hebraico não deviam ser utilizados nos cultos públicos, sendo que, dessa forma, eles também não pertenciam ao cânon. A Igreja Católica ficou com os apócrifos (Judite, Tobias, Baruque, Eclesiástico, Sabedoria de Salomão, I e II Macabeus, além de adições aos livros de Ester e Daniel). Ela aceitou esses livros como “livros deuterocanônicos” (= livros de um segundo cânon). Entretanto, a Igreja Ocidental (Igreja Ortodoxa) decidiu, apenas em 1672, incluir os livros Judite, Tobias, Eclesiástico e Sabedoria de Salomão.

A tradição judaica desde o início se limitou para as escrituras hebraicas (ou aramaicas; partes de Esdras e Daniel). Esta delimitação do conteúdo do cânon (judaico) pode ser datada no tempo de Jesus.

O cânon judaico reflete os tempos de origem e canonização dos vários livros da coleção. Também podemos perceber uma hierarquia entre os livros – nenhum dos livros tem a mesma autoridade que a Torá. Por isso a tradição rabínica colocou um alto valor na “Torá Oral” que traz a maior parte da Torá do Sinai. Essa tradição oral foi escrita na Mishná e outros livros. Esses textos nunca foram continuados pela igreja cristã. A hierarquia é também visível nas leituras na sinagoga.

A Torá é lida inteiramente todos os anos. Vários textos dos profetas são lidos como comentários da Torá. Entre as Escrituras, os Salmos e os Megilloth (“cinco rolos”: Cântico; Rute; Lamentações; Eclesiastes; Ester) fazem parte da liturgia - mas com uma função menos importante que a Torá. Os últimos são lidos nas grandes festas do judaísmo: Os 5 Megilloth:  Festa das semanas (Schavuot) - Rute; Festa da páscoa (Pessach) - Cântico; Festa dos Tabernáculos (Sucot) - Eclesiastes; Festa de comemoração da destruição do templo (Tishá BeAv) - Lamentações; Festa de Purim – Ester.

A TEOLOGIA DO AT

I) O desenvolvimento da teologia do A T

1) A natureza da revelação

Em contraste com os pontos de vista evolutivos e hegelianos que foram predominantes nos estudos do AT por tanto tempo, mas que agora são cada vez mais abandonados, o A T sempre retrata Deus como aquele que se revela ao homem. Na longa linhagem de seus porta-vozes, os profetas canônicos, sempre é Deus que toma a iniciativa. Em contraste com isso, Jr 23.21,22 deixa claro que os profetas populares eram na verdade impelidos pelos seus próprios desejos e suas percepções psíquicas.

Nunca é dada uma explicação clara de como uma mensagem profética vinha ao profeta, embora as circunstâncias paralelas, especialmente no chamado do profeta, às vezes sejam fornecidas, e Ez 2.8—3.3 torna claro, o que deveria ser óbvio em todos os casos, que o profeta deveria assimilar a mensagem divina. Ele não era um mero megafone. E necessário destacar que todo o AT, com exceção da sua terceira seção, os Escritos, era considerado de natureza profética, pois Moisés foi o maior dos profetas.

A revelação de Deus expressa-se em atos e palavras, que servem para se interpretar mutuam ente. Isso explica por que a revelação falada quase sempre é colocada em um quadro referencial histórico. Não existe uma doutrina da inspiração formulada como tal, e aparentem ente se pressupõe que a Escritura escrita vai transmitir convicção àquele que está preparado para ouvir tão certamente quanto fizeram os atos poderosos e a Palavra falada aos que primeiramente os experimentaram.

2) A esfera da revelação

Como já mencionamos, a mensagem de Deus foi dada num contexto histórico específico. Por isso, em bora como revelação real continue a ter validade espiritual, nunca é completam ente separável do seu contexto humano, ou, em outras palavras, ao se revelar a si mesmo e à sua vontade, Deus o faz em um contexto humano, o que torna isso também uma revelação da natureza e do comportamento humanos do ponto de vista de Deus. Ele se limita àquilo que está na esfera da experiência e do conhecimento possíveis ao homem. Assim, nenhum dos problemas que o filósofo está preparado para levantar acerca da verdade absoluta é tratado, tampouco o são os atos dos seres extraterrestres. Além disso, ele usa palavras e conceitos humanos, que, como meios da transmissão da verdade divina, gradualmente adquirem significados mais profundos. E significativo também que a revelação não ocorre antes que a situação dos que a recebem a torne relevante.

3) Revelação progressiva

O que acaba de ser declarado toma o conceito de revelação progressiva incontornável. Além disso, os dois títulos, Elohim e Javé, pelos quais Deus era adorado em Israel, implicavam uma revelação contínua. O primeiro pode ser traduzido apropriadamente como “o Todo-poderoso” (v. seção 5, item 1); isso pressupõe que atos repetidos de demonstração de poder vão tornar seu caráter, natureza e propósito cada vez mais claros. O segundo (v. seção 5, item 2) é explicado em Ex 3.14, embora a melhor versão do hebraico seja “Eu serei o que Eu serei”. Isso claramente sugere uma revelação contínua, que não contradiz o que fora revelado anteriormente. Por isso, os profetas, em contraste com os sábios, estavam menos preocupados com o que já tinha sido revelado, porém mais preocupados com a expansão e o aprofundamento do que já tinha sido dado a conhecer. O conceito veterotestamentário de revelação progressiva mantém o equilíbrio entre impor compreensões posteriores de Deus aos primeiros tempos de Israel e a rejeição da história primitiva como inútil para nossa reflexão espiritual.

4) Deus como Criador

O uso de Elohim como a única verdadeira fonte de poder no mundo trazia consigo de forma inseparável o conceito de Criador, e Criador a partir do nada, pois era impossível conceder existência própria e poder à matéria amorfa. Além disso, implicava que qualquer poder que existe na natureza é derivado dele, e que ele está fora e acima da sua criação, i.e., Deus controla a natureza, mas não é controlado por ela. O uso singular de Javé Elohim em Gn 2 e 3 serve para destacar que o Deus da criação e o da revelação são o mesmo.

5) Monoteísmo

Esse conceito de poder de Deus e de sua capacidade criadora em teoria já deveria implicar monoteísmo. Aliás, há poucas indicações de especulação filosófica acerca desse tem a, se é que há alguma. A aceitação do poder absoluto de Deus e da sua graça demonstrados no Êxodo incluía para aqueles que aceitavam a sua revelação a impossibilidade de reconhecer algum outro poder (monoteísmo ético). Podem os encontrar isso já em Abraão. O pavor do exílio não era o medo de se afastar do governo de Deus, mas de estar separado da terra que ele tinha dado.

Apesar do uso que o judaísmo posterior fez de D t 6.4 como uma afirmação do monoteísmo, primeiro contra o paganismo e depois contra o cristianismo popular triteísta, o seu significado real provavelmente é “Javé é nosso Deus, Javé somente”.

A menção frequente de “deuses” não é nenhum a contradição disso. Já que Elohim significa o(s) poderoso(s), e assim é com frequência usado nesse sentido literal de seres, reais ou imaginários, aos quais os povos atribuíam poder, sem que em geral houvesse uma discussão da validade do título.

O desprezo implícito no seu uso pode ser visto no seu emprego em hebraico para Astarote em lR s 11.5,33, em vez de um feminino. Alguns estudiosos veem em Salmos 82 uma medida de reconhecimento dos deuses pagãos, mas a expressão título “filhos do Altíssimo”, “filhos de Deus” implica que qualquer poder que os anjos tenham deriva do próprio Deus. Não há sugestão alguma de dualismo, nem mesmo de forma modificada. Satanás (Jó 1.6- 12; 2.1-7; Zc 3.1,2; lC r 21.1) é um servo de Deus, mesmo que seja um servo maligno, e qualquer poder que ele exerce lhe é concedido por Deus. Da mesma forma, os espíritos maus (ISm 16.14) ou mentirosos (lR s 22.22) estão a serviço de Deus. Todo o conceito de dualismo, especialmente o que vem na forma do zoroastrismo, é completamente rejeitado em Is 45.6,7. Embora haja o início do conceito das “hostes espirituais do mal nos lugares celestiais” em Daniel, ele não é formulado em detalhes. Mesmo que possamos usar algumas passagens para ilustrar a queda de Satanás, ela não é explicitamente ensinada no AT, no qual a ênfase está no pecado humano, e não em eventos que o precederam e influenciaram.

6) O Deus da aliança.

Deus é retratado não simplesmente como Criador, que mostra compaixão com todos os que ele criou, mas como aquele que estabelece um relacionamento especial com eles. Esse relacionamento é chamado de aliança e pode impor — ou não — condições àqueles com quem foi estabelecido.

Quatro alianças merecem destaque especial aqui.

a. A aliança com Noé. Em Gn 8.20—9.17, temos uma aliança geral com Noé e os seus descendentes e “todo ser vivente de toda carne que está sobre a terra”. Ela é essencialmente uma garantia da fidelidade de Deus na preservação do lar terreno da vida e proteção contra amplos desastres naturais ou contra reversões de fenômenos naturais das quais a geologia dá testemunho.

b. A aliança com Abraão (Gn 12.I; 13.14-17; 15.5,6,12-21; 17.1-14; 22.15,16). A característica extraordinária dessa aliança é que foi selada com um indivíduo com base na sua fé obediente; deveria estender-se a seus descendentes e, por meio deles, à humanidade em geral. Tanto no A T como um todo quanto no pensamento judaico em geral, ela tem um papel subordinado à aliança seguinte.

c. A aliança do Sinai (Êx 19.3-8; 20.1-17; 24.1-11). Nesse caso, a aliança foi feita com Israel como um todo sob a condição de que este viveria segundo o padrão do decálogo. As condições foram violadas quase que imediatamente, e a história de Israel foi conduzida sob as sombras de uma aliança violada (Jr 31.32: “Assim, tive de mostrar-lhes quem é que mandava”), mas mesmo assim, Deus, por sua graça, permaneceu fiel às suas promessas.

A nova aliança de Jr 31.31-34 é uma renovação disso com o novo poder divino.

d. A aliança davídica (2Sm 7.12-16). A promessa feita a Davi e a seus descendentes tinha como alvo final o estabelecimento do governo perfeito de Deus e, com isso, a concretização dos propósitos implícitos nas três alianças já mencionadas. A maneira em que essa aliança seria cumprida e estabelecida dependeria do comportamento dos reis davídicos, mas a consumação era certa.

Ao se forçar as evidências em um molde preconcebido, é possível deduzir a ideia de uma aliança que encampasse todas, mas não há indicação disso no AT; cf. Rm 9.4: “as alianças”.

 

A RESTAURAÇÃO DE TODAS AS COISAS

O A T é essencialmente a história dos preparativos da inversão dos efeitos da queda do homem e do mal que ela causou. Essencialmente isso tem dois lados. O homem teve de aprender a ineficiência dos seus próprios esforços e de seus deuses. Então Javé teve de demonstrar seu poder, sua vontade e seus propósitos. Precisamos observar que a revelação veterotestamentária da ação de Deus é limitada a este mundo.

1) De Adão a Abraão

Quando o homem foi deixado por sua conta, chegou ao clímax da sua depravação. Por causa disso, com exceção de oito pessoas, teve de ser exterminado da face da terra. A memória desse julgamento variou bastante, mas parece ter deixado uma marca universal no ser humano, que é o reconhecimento de que os seus deuses colocaram limites a seu comportamento, e isso com frequência conduzia a um padrão ético muito elevado, mas que raramente era observado por muito tempo.

Isso não deve indicar que houve uma revelação primitiva muito anterior dada a Adão. Para isso não temos evidência no AT. Não devemos ignorar o fato de que os ancestrais dos patriarcas eram idólatras (Js 24.14,15).

2) Os patriarcas

As histórias de Abraão e de seus descendentes até a quarta geração não são meros relatos de como Deus preparou um povo para ele; servem ainda mais para destacar a importância da fé e da confiança no relacionamento com Deus. Pressuposições cristãs a respeito do conhecimento teológico de Abraão acerca de Deus ou judaicas de que Abraão guardou a Lei mosaica não encontram respaldo nos relatos. A não ser o nascimento de Isaque, há poucos aspectos miraculosos nesses relatos, pois a fé neles descrita está fundamentada nas promessas e na proteção contínua de Deus, e não nos seus atos poderosos.

3) O nascimento de um povo

Não se deve esperar de um povo a mesma demonstração de fé em Deus que a de um indivíduo ou pequeno grupo de famílias. Por isso Deus teve de se revelar a Israel de uma forma diferente da que tinha usado para com os patriarcas. Encontramos a maioria dos milagres do A T nas histórias do Egito, da peregrinação no deserto e da conquista de Canaã. Nelas Deus demonstrou o seu controle sobre a natureza e todas as forças naturais, fossem elas divinizadas ou não. Isso serviu para dar a certeza, pelo menos à fé que encontramos nos profetas, de que todos os sofrimentos de Israel, consequências de desastres naturais ou das vitórias dos seus inimigos, eram necessariamente o resultado dos pecados do povo, e não de alguma fraqueza por parte de Javé. A reação de Abraão ao chamado de Deus poderia ser explicada e descartada, ao longo do tempo, como uma experiência meramente subjetiva. O êxodo e a conquista da terra fornecem uma base factual inesquecível e inegável para a história de Israel como o povo de Deus, na qual o êxodo ocupa a mesma posição que a cruz e a ressurreição de Cristo na história da igreja.

4) A lei de Moisés

A Lei, ou mais precisamente a Instrução (TORAH) dada por intermédio de Moisés no Sinai e durante a peregrinação no deserto, não tinha a intenção de ser um código legislativo para cobrir todas as eventualidades daquela época ou de épocas posteriores; seu propósito era ser um guia para o tipo de vida que se esperava de um povo “santo”. O fundamento da aliança era o decálogo (E x 20.1-17), como é demonstrado por seu lugar exclusivo na arca da aliança. Ex 20.22—23.33, que é o restante do Livro da Aliança (Ex 24.7), deve ser considerado basicamente um comentário do decálogo. Grande parte dele é a modificação da lei do Antigo Oriente Médio, provavelmente trazida da Mesopotâmia por Abraão. O mesmo se aplica às leis de Levítico e Deuteronômio; neste último, o decálogo é novam ente considerado fundamental.

Se compararmos esses códigos, será fácil descobrir que há áreas de comportamento que não são explicitam ente tratadas.

Em outras palavras, a Instrução (TORAH) não tinha o propósito de ensinar a Israel, por meio de sua própria sabedoria, o que seria a vontade de Deus em cada circunstância da vida, mas deveria ser uma luz no caminho do homem, que possibilitaria a Deus conduzir tanto o indivíduo quanto o povo na direção correta. Ela também teve a intenção de revelar a incapacidade do homem de obedecer à vontade de Deus por suas próprias forças — não havia poder inerente à Lei — e assim fazer que ele se voltasse em humildade a Deus para pedir ajuda. Ao mesmo tempo, era um ponto decisivo na religião humana, pois pela primeira vez fornecia um padrão completamente objetivo segundo o qual o homem poderia fazer um julgamento acerca do seu próprio comportamento separado da voz não confiável da consciência.

Como no caso da lei civil, as regulamentações acerca dos rituais estão fundamentadas nas que eram familiares aos patriarcas na Mesopotâmia e em Canaã. Aqui também precisamos dizer que foram modificadas para aumentar a convicção do adorador tanto a respeito da sua impureza e de não estar à altura dos padrões de Deus quanto a respeito da disposição benevolente de Deus em restaurar a comunhão. Quando tudo isso é observado do ponto de vista da obra de Cristo, é fácil perceber os seus diversos aspectos profetizados nos sacrifícios e na organização do tabernáculo. No entanto, visto que não há evidências de que alguém entendia a tipologia envolvida em tudo isso, e que os profetas em grande parte demonstravam pouco interesse no uso popular dos rituais, e às vezes até eram hostis a eles, as leis rituais numa teologia do AT. Antes, devemos entendê-las como elementos que imprimiam em Israel a certeza da inadequação dos esforços humanos para agradar a Deus, mesmo que os detalhes do culto tivessem sido dados por ele.

5) De Josué ao exílio na Babilônia

De um ponto de vista, o final de Deuteronômio representa o clímax do AT. Deus tinha formado o seu povo, revelado o seu poder a ele e o havia conduzido ao limiar do cumprimento de suas promessas. A partir daí, é uma história de declínio, em que os melhores episódios são no máximo uma interrupção, mas não a reversão da tendência descendente. O pecado de Acã, que deixa uma marca duradoura na história subsequente de Israel, em certo sentido faz um paralelo à Queda no jardim do Éden. A escolha humana do rei e do templo no lugar do juiz e do tabernáculo simplesmente tornou a cena final da perda de liberdade nacional e do exílio ainda mais certa. O defeito inerente na escolha do rei e do templo foi que limitou a escolha de um governante por parte de Deus, pois tornou a função hereditária, e limitou também o lugar de culto, pois o templo não poderia ser transferido de Jerusalém.

6) Os profetas

Paralelamente a esse declínio, veio a revelação crescente por meio dos profetas — embora tudo já estivesse em essência presente na Lei — insistindo que as exigências principais de Deus para o seu povo eram justiça, lealdade de aliança tanto a Deus quanto aos outros homens e a aceitação inquestionável da vontade e dos padrões de Deus.

Sem isso, todo o culto, não importava quanto fosse valorizado, era um insulto a Deus. Isso ocorreu paralelamente a uma ênfase crescente no fato de que o povo, como um todo, não seria capaz de atender a essas expectativas, mas, sim, apenas um remanescente, e também só por meio da obra do rei perfeito de Deus. Com o pano de fundo do exílio em mente, foi revelado ainda que os cumprimentos dos propósitos de Deus incluiriam uma nova aliança (Jr 31.31-34), que entraria em vigor som ente por meio do poder do Espírito de Deus em cada indivíduo (Ez 36.25ss) e da obra do Servo de Javé ao lidar com o problema do pecado.

Em outras palavras, Deus estava usando o fracasso hum ano, demonstrado como sendo fracasso pela simples existência da Lei do Sinai, para demonstrar tanto a necessidade quanto os métodos da intervenção e da cura divinas. Para tudo isso, as experiências do período pós-exílico eram necessárias para tornar completamente clara a lição.

Os profetas também foram usados para mostrar a importância do indivíduo dentro da totalidade do povo. Nem mesmo no caso de Jeremias, o chamado para que não confiasse em outro homem foi interpretado como estímulo para que se separasse do seu povo, i.e., não há garantias para o individualismo.

7) O Messias

O termo Messias, pessoa ungida, alguém separado para o serviço de Deus, dificilmente pode ser encontrado no A T como termo técnico, a não ser talvez em D n 9.25,26. O desenvolvimento do termo pertence ao período intertestamental, mesmo assim o conceito já existe claramente antes disso. Refere-se primeiramente ao Rei de Deus, do qual até Davi e os seus melhores sucessores eram meras prefigurações. Mas havia a expectativa de um profeta no mínimo tão grande quanto Moisés (D t 18.15, 18,19). Is 42.1 também mostra que o título poderia ser aplicado ao Servo de Javé — colocar o Espírito de Deus sobre ele é equivalente a ungi-lo —, embora ele nunca seja identificado com o Rei que estava por vir. A esperança messiânica só poderia se tornar uma realidade para o povo como um todo depois de ficar claro, após a morte de Zorobabel, que não haveria uma restauração m eram ente natural da linhagem de Davi. Não há evidências claras de que a linguagem como é empregada em Is 7.14; 9.6; M q 5.2 fosse compreendida em algum sentido sobrenatural.

8) O retomo do exílio

A rejeição da independência nacional e de um rei davídico, combinada com a remoção do esplendor do templo reconstruído e a falta da arca, o sinal da presença de Deus, era a indicação exterior de que os propósitos de Deus não seriam atingidos pelas expressões normais da nacionalidade ou do culto. Isso foi ressaltado ainda pelo fato de que a maioria dos judeus vivia fora da sua terra. Os judeus tinham se tornado “prisioneiros da esperança”, esperando pelo tempo divino da sua redenção. Eles erraram foi na convicção de que poderiam apressar o dia da libertação por meio de uma observância meticulosa da Lei de Moisés.

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA:

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