quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Definições de Liderança Cristã

Podemos aplicar as seguintes definições de liderança, vamos começar com  Coty missionário da JOCUM desde 1988, para ele “ O líder vem antes da liderança”[1], Coty acredita que liderança é amizade ( pg 31) , pois para ele não se pode ter uma liderança se não houver uma submissão, mas que esta submissão acontece e se revela  no campo do respeito e voluntariedade, pois sem elas a submissão desaparece, revelando que o que existe é desconfiança e inimizade.
O Pastor batista Ed Rene Kivitz acredita que “O exercício da liderança é um privilégio e uma responsabilidade de poucos. Líderes são responsáveis pela eficácia (fazer as coisas certas) e a eficiência (fazer as coisas da maneira certa) da organização. Quando você tem um problema de liderança, você tem um problema de líderes, e não de liderados”[2]. Neste mesmo artigo para o Pastor Kivitz o líder precisa aprender com três situações: A capacidade de conviver coma solidão, capacidade de tomar decisões impopulares e a capacidade de viver com as críticas.
Em um livro interessantíssimo ‘Liderança Cristã Transformadora’ no seu capítulo 3, e quem escreve estas paginas é Juarez Marcondes Filho, pastor da Igreja presbiteriana de Curitiba, cujo título Fundamentos Para uma Liderança Contemporânea, para uma definição de líder e liderança, Juarez apresenta que o líder é alguém que vai a frente, alguém que toma iniciativa, alguém que puxa a corda, este líder também devem estar atentos às transformações, e respondendo corretamente e de prontidão as necessidades que as mudanças trouxeram, sem com isto venha a ferir os valores fundamentais das doutrinas e ética bíblica.
Queremos agora trabalhar uma definição de liderança segundo um dos maiores nomes da fé cristã neste século John Stott assim ele defini liderança “ir adiante, mostrar o caminho e inspirar outras pessoas para que o sigam”[3]. Stott  examina a autodescrição de Paulo, mostrando que não há mais apóstolos hoje em dia, pois eles formavam um grupo único com três características principais: tinham sido pessoalmente escolhidos por Jesus Cristo; foram testemunhas do Jesus histórico e de Sua ressurreição (At 1.21,22); foi-lhes prometida uma inspiração especial do Espírito (Jo 16.12-15), de modo que eles escreveram o Novo Testamento (1Ts 2.13).
Para  John Stott a liderança é exercida entre poder e fraqueza, e para isto apresenta esse assunto em três partes. Primeiro, ele examina o poder por meio da fraqueza no próprio evangelho, em 1.18-25. Ele afirma que, assim como naquele tempo, ainda hoje a cruz é um escândalo para todos os que adoram o poder, loucura para os que são intelectualmente arrogantes, mas o poder e a sabedoria de Deus para o Seu povo. Em segundo lugar, ele apresenta o poder por meio da fraqueza nos convertidos de Corinto, em 1.26-31. Eles eram em si mesmos loucos, fracos e humildes, para que nenhum deles se orgulhasse, mas Cristo Jesus se tornou para eles sabedoria, que é a justiça (salvação passada), santificação (salvação presente) e redenção (salvação futura). Em terceiro lugar, Stott fala do poder por meio da fraqueza no evangelista Paulo, em 2.1-5. Paulo não pregou o evangelho com sabedoria (filosofia humana), mas com Jesus Cristo e este crucificado. Ele também não pregou o evangelho com ostentação de linguagem (retórica humana), mas em fraqueza, temor e grande tremor. Em resumo, a sua pregação foi demonstração de Espírito e de poder em meio à fraqueza.
Por fim Stott apresenta alguns modelos de ministério. Em primeiro lugar, os pastores são os ministros de Cristo (4.1a), cuja ideia é de subordinação a Cristo. Desse modo, eles são responsáveis perante Cristo por seu ministério. Em segundo lugar, os pastores são os despenseiros de Cristo (4.1b,2). A ideia é que aos pastores foram confiadas as verdades antes ocultas, mas agora reveladas. Assim, os pastores são essencialmente professores, devem ensinar apenas o que foi confiado por meio das Escrituras e devem ser fieis. Em terceiro lugar, os pastores são a escória de todos (4.8-13), onde Paulo fala sobre o sofrimento do ministério. Em último lugar, os pastores são os pais da família da Igreja (4.14-21), não no sentido de terem a autoridade de um pai (Mt 23.9), mas a afeição de um pai (1Ts 2.7)[4].
Continuando nosso tema, uma definição interessante de liderança vem do teólogo Roger L. Smalling, em seu livro ‘Liderança Cristã: Princípio e Prática’, para Roger liderança é simples, isto não significa para ele que ela é fácil, assim ele se explica “Por simples quero dizer que os princípios essenciais são fáceis de compreender e simples de aplicar se temos a coragem moral para fazê-lo”[5]. Pois para ele tudo que um líder precisa saber sobre liderança pode ser encontrada na Bíblia basta este procura-lo e realiza-lo.
Para o teólogo Smalling “Os paradigmas administrativos do mundo dos negócios mudam constantemente. As organizações cristãs com frequência publicam ou recomendam livros baseados nestes paradigmas. Por quê? Porque os cristãos falham em perceber o paradigma bíblico” (Smalling Pg 8). Na sua simplificação, mas entusiástica afirmação, que concordamos, Smalling acredita que “A Bíblia ensina a ÚNICA[6] filosofia de liderança cristã, a que Cristo resumiu e moldou em Mateus 20. Os princípios de serviço e sofrimento são a base da relação do líder com seus subordinados, desde que o líder mostre respeito para com seus colegas de ministério, considerando-os como iguais” ( Smalling pg 10).
Para o pastor John MacArthur Jr. em sua definição de liderança se faz necessária devido as enormes mudanças, que se apresentam de forma equivocadas, é o paradigma do exercício pastoral, onde para ele segundo suas palavras  “ Alguns líderes modernos de igrejas imaginam-se a si mesmos como homens de negócios, personalidades da mídia, promovedores de entretenimento, psicólogos, filósofos ou advogados. Essas ideias e conceitos se contrastam, nitidamente, em todos os seus detalhes, com o tom da simbologia que as Escrituras utilizam para descrever os líderes espirituais”[7].
Assim para MacArthur Jr. “Liderar a igreja (estou falando sobre todos os aspectos da liderança espiritual, não somente da função do pastor) — não é um manto de status a ser conferido à aristocracia da igreja. Não é obtido pela idade avançada, comprado com dinheiro ou herdado por laços de parentesco. O ministério de liderar não recai necessariamente sobre aqueles que são bem-sucedidos em seus negócios ou em suas finanças. Liderar a igreja não é distribuído com base na inteligência ou no talento. As exigências para a liderança são pureza de caráter, maturidade espiritual e, acima de tudo, disposição de servir com humildade”[8].
Em sua conclusão MacArthur Jr. Chega a seguinte declaração “Filipenses 2.3-4 nos dá as prescrições para uma igreja saudável: ‘Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, con­siderando cada um os outros superi­ores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros’. Como devemos ministrar? Procurando honrar as outras pessoas e satisfazer as necessidades delas. Se as pessoas de uma igreja estão brigando por posições e autoridade, ali haverá o mesmo tipo de caos que houve entre os discípulos, quando perguntava a Jesus qual deles era o maior (Mt 20.20-21, Mc 9.33-35, Lc 22.24)...Temos de liderar com humildade o nosso povo. Os pastores determinam a direção do rebanho. Nenhuma igreja será bem-sucedida, se os seus líderes falharem em sua tarefa. E nenhum rebanho sobreviverá e prosperará, se os seus pastores tentarem barganhar seu ministério por tronos”.
Para o pastor brasileiro batista Isaltino Gomes liderar é “Basicamente, é capacidade de aglutinar pessoas ao redor de um fim comum”. Esta definição nos abre muitos horizontes.
(1) É aglutinar pessoas e não coagir pessoas ou obrigar pessoas. É ser um agregador de pessoas. Um líder ajunta pessoas e não as dispersa. O maior exemplo é Neemias. Sacerdotes, militares, sitiantes e perfumistas trabalharam como construtores dos muros de Jerusalém.
(2) É ao redor de um fim comum. Um projeto comum. O manipulador usa as pessoas para projetos pessoais. O líder cultiva um projeto comum com a equipe. Não necessariamente ao redor de si. Ele é secundário. O projeto é de todos e continua sem ele. O maior exemplo é Jesus. Seu projeto continua sem ele. E, contraditoriamente, o projeto é ele.
(3) Se é comum, os demais participam de sua confecção. No caso de uma igreja, o pastor que é líder sabe que não é o dono, mas coordenador. E se souber ser líder, será um coadjuvante, deixando que os outros emerjam e opinem. Os outros podem direcionar e ele se sente seguro. Como dizia meu amigo Dewey Mulholland: “As grandes cabeças correm na mesma direção. Um grupo bem liderado ganha uma identidade “[9].
Um das maiores autoridade que desenvolveu recentemente uma teologia pastoral Eugene Peterson, nos deixou um legado enorme de literatura sobre ministério e liderança cristã, para ele oque está acontecendo é uma vertiginosa transformação de comportamento pastoral “Os pastores estão abandonando seus postos, desviando-se para a direita e para a esquerda, com frequência alarmante. Isso não quer dizer que estejam deixando a Igreja e sendo contratados por alguma empresa. As congregações ainda pagam seus salários, o nome deles ainda consta no boletim dominical e continuam a subir ao púlpito domingo após domingo. O que estão abandonando não é o posto, mas sim o chamado”[10].
Para Peterson “Existem três atividades pastorais tão básicas, tão críticas, que determinam a forma de todas as outras: oração, leitura da Bíblia e orientação espiritual. Além de básicas, essas tarefas são silenciosas, não chamam a atenção, de modo que, muitas vezes, são negligenciadas”[11].


[1] ibdem
[2] http://batistapianco.blogspot.com.br/2014/01/ser-lider-nao-e-pra-qualquer-um.html
[3] STOTT, John. O chamado para líderes cristãos. São Paulo: Cultura Cristã, 2005
[4] http://teologia-vida.blogspot.com.br/2014/12/resenha-o-chamado-para-lideres-cristaos.html
[5] Smalling, Roger L. LIDERANÇA CRISTÃ Princípios e Prática; acessado em monergismo.com/wp content/uploads/lideranca-crista_smalling.pdf de RRL Smalling - ‎2005 - ‎Artigos relacionados.
[6] Ênfase do autor.
[7]  MacArthu Jr, John. Pastorado, um Plano-Mestre para a Liderança da Igreja. Publicado em português na Revista Fé para Hoje, n.24, ed. Fiel.
[8] Ibdem.
[9]http://www.isaltino.com.br/2006/07/um-enfoque-sobre-lideranca-pastoral/
[10] Peterson,  Eugene H. Um pastor segundo o coração de Deus, Ed Mundo Cristão
[11] Ibdem.
AS LEIS NA EPÍSTOLA AOS ROMANOS
1 Lei de Moisés (2.12; 3.19; 7.12).
2 Lei da natureza (2.14,15).
3 Lei da fé (3.27; 4.3-5,11-24).
4 Lei da mente (7.16,21,23).
5 Lei do pecado (w. 23,25; 8.2).
6 Lei da justiça (9.31).
7 Lei de Deus (7.22,25).

8 Lei do Espírito de vida, ou seja, o Espirito Santo que age pela redenção de Cristo para libertar da lei do pecado e da morte e para cancelá-la em todos os que estão em Cristo(8.2).
A DOUTINA DO VOTO BIBLICO




 O voto é um compromisso ou juramento de caráter religioso, e uma transação entre o homem e Deus, nos quais o homem dedica a si mesmo ou seu serviço ou algo valioso para Deus. Era uma das características muito comum nas religiões antigas, ele também é um exercício freqüente na vida religiosa entre os israelitas. Embora geralmente uma promessa fosse feita na expectativa de um favor divino ansiosamente procurado, também havia votos de autodisciplina voluntariamente impostos para a realização de caráter, e da auto-dedicação para a obtenção de certos objetivos. Não encontramos uma recomendação no Novo Testamento ao voto, a Igreja via esta conduta mais para uma prática dos santos do A.T. do que para ela, posteriormente o voto foi encontrando prática, principalmente no clero, como na conduta monástica, como o voto do celibato, que não possui apoio bíblico.
Não foram ordenados votos no AT, mas aqueles que eram feitos eram cuidadosamente regulamentados. Não era pecado deixar de fazer um voto (Dt 23.22), mas uma vez feito estava obrigado solenemente (Dt 23.21,23; Ec 5.4). Por isto havia advertências contra os votos feitos de forma imprudente (Ec 5.5,6; Pv 20.25); e para segurança contra votos não feitos responsavelmente, ou feitos de forma imprudente, eles poderiam ser desaprovados pelo pai de uma filha na sua menoridade (Nm 30.5), ou pelo marido por uma declaração temerária da sua esposa (Nm 30.8).
O cumprimento dos votos foi fortemente enfatizado no AT, e estabelecidos como importante indicação da piedade e fidelidade do povo de Deus (SI 22.25; 50.14; 56.12; 76.11; Is 19.21; Jr 44.25; Jn 2.9; Nn 1.15). Apenas aquilo que pertencia ao devoto poderia ser prometido a Deus; primogênitos e dízimos eram considerados como já pertencentes a Deus (Lv 27.26-30). Os sacrifícios ou ofertas maculadas dados em pagamento de votos eram proibidos e severamente censurados (Ml 1.14), e o “salário de prostituição, nem preço de sodomita” era uma abominação a Deus e não podiam ser usados em pagamento (Dt 23.18).

 I. As Palavras Utilizadas
1. Nadar«voto»., ou NEDER ( oferta votiva) podendo ser encontrados e diversos texts como se segue, em Gên. 28:20; 31:13; Lev. 27:8; Núm. 6:2,21;30:2,3,10; Deu. 12:11,17; Juí. 11:30,39; I Sam. 1:11; II Sam. 15:7,8; Sal. 76:11; Ecl. 5:4,5; Isa. 19:21; Jer. 44:25; Jon. 2:9; Mal. 1:14. Lev. 7:16; 22:18,21; Núm. 6:2,5; 15:3,8; 21:2; 29:39; 30:2-9; 11-14; Deu. 12:6,11,17,26; 23:18,21; Juí. 11:30,39; I Sam. 1:21; II Sam. 15:7,8; Jó 22:27; Sal. 22:25; 50:14; 56:12; Pro. 7:14; Ecl. 5:4; Isa. 19:21 ;Jer. 44:25; Jon. 1:16; Naum 1:15.

2. Euché, «oração», «voto». Com o sentido de oração, esse vocábulo grego aparece somente em Tg. 5:15; com o sentido de voto, aparece por duas vezes, isto é, em Atos 18:18; 21:23.

A base da doutrina do voto de abstinência  Nm 30 com ICo. 7.1-6.
Paulo trata deste assunto como concessão, ou seja, por não possuir de Deus uma lei sobre este assunto, ele permite, mas em acordo matrimonial. Nenhum casal pode realizar um voto sem acordo mútuo.

Muitos dos votos eram feitos sob a condição de favores a serem devolvido por Deus, são aqueles feitos por Jacó, que  jurou fazer de Betel um santuário e dar um dízimo a Deus, se este suprisse suas necessidades e lhe desse proteção (Gn 28.20-22); por Jefté, que prometeu como sacrifício a Deus qualquer coisa que ele encontrasse primeiro no seu retomo, se Deus lhe concedesse vitória sobre os amonitas (Jz 11.30,31) e que, em aflição, ofereceu sua única filha que foi ao seu encontro (há muita polêmica neste texto, na verdade por causa do sacrifício, a filha foi viver sem poder se casar)  (v vs. 34-40); por Ana, que jurou consagrar seu filho ao serviço de Deus caso este lhe desse um (1 Sm 1.11,27,28).

Desta natureza, sem dúvida, é a maioria dos votos tão freqüentemente mencionados nos Salmos, votos de ação de graças e sacrifícios pagos a Deus pelas orações respondidas e libertações concedidas (Sl 22.25; 50.14; 56.12; 65.1,2,8; 116.14,18). Um pouco relacionado é o voto de Absalão, de servir ao Senhor caso este lhe trouxesse novamente para Jerusalém, mas desvirtuado para uso conspirador em sua rebelião contra Davi (2Sm 15.7ss.). Os votos feitos pelos marinheiros, depois que Jonas foi lançado ao mar, foram talvez mais da natureza de uma tentativa pagã de propiciar uma deidade a quem eles “temiam excessivamente” (Jn 1.15,16).
Também havia votos feitos para disciplina da vida e propósito, em dedicação a Deus e para a realização de uma meta fixa. O principal voto nesta categoria era o de nazireu, o voto de alguém separado ou consagrado a Deus, e para o qual eram prescritos algumas austeridades e enunciações (Nm 6.1-8), dos quais a liberação poderia ser obtida após o cumprimento e os sacrifícios designados (6.13-21). Sansão, Samuel e João Batista aparentemente foram nazireus para o resto da vida. Outros votos breves deste compromisso maior eram como o de Davi, de não se dar descanso algum até que construísse uma casa para o Senhor (SI 132.2-5), a “escolha dos vossos votos” associado com a chamada de Israel para a obediência (Dt 12.11), os votos associados às ofertas voluntárias (Nm 29.39), a ligação solene da alma com Deus (Nm 30.2). Paulo e seus companheiros assumiram votos para mostrar conformidade com as leis judaicas, por amor à conciliação sem renúncia da consciência (At 18.18; 21.23,24). De caráter menos sábio ou digno é o juramento de Saul de não comer qualquer coisa até que a vitória fosse assegurada (ISm 14.24), e o voto dos inimigos de Paulo de se absterem de comida até que eles o tivessem matado (At 23.21).
Jesus censurou o pagamento de votos quando usado como um motivo para se escapar da obrigação para com os pais (Mt 15.3-9; Mc 7.9-13). A parte desta condenação dos votos pecaminosamente usados, não há evidência de que Jesus ou qualquer dos escritores do NT, faça referência significante a votos que são uma expressão tão proeminente da devoção do AT. O NT diz que a dedicação, a gratidão e o serviço estão no relacionamento mais profundo e mais rico de vida com a cruz de Cristo (Mt 16.24; Rm 12.1,2; ICo 6.20; IPe 1.15-19).
Dentro do contexto bíblico são mais importantes os votos religiosos. Mas a Bíblia dá-nos conta, igualmente, de votos ou compromissos atinentes a negócios e outras questões. Ver o voto que está envolvido na história de Judá e Tamar (Gên. 38:17,18,20). E o trecho de Deut. 24:10,11,13 alude a questões financeiras, ao falar sobre voto. Um acordo verbal podia ser considerado um voto; mas objetos de valor também podiam servir de penhor ou garantia de intenções.
Os trechos de Jó 22:6 e Prov. 27:13 falam sobre votos dentro de contextos econômicos, como também a passagem de Eze. 18:7. Nessas situações fazia-se questão da honestidade, de mescla com a misericórdia, a generosidade e a compaixão.

Pelo lado espiritual da questão, há uma palavra grega, arrabón, «penhor», «garantia», que indica que o Espírito Santo nos foi dado como garantia de nossa herança em Cristo. Ver Efé. 1:14. O próprio Espírito Santo é a garantia da nossa imortalidade em Cristo. O restante deste artigo aborda os votos o os compromissos espirituais.



II. Voto Religioso
Um voto é um juramento ou um compromisso de caráter religioso, e também uma transação qualquer entre o homem e Deus, de acordo com a qual o indivíduo dedica a si mesmo ou o seu serviço ou alguma coisa valiosa a Deus. Essa era uma característica comum nas religiões antigas e um freqüente exercício religioso entre os israelitas. Deve ter sido esse costume a base daquilo a que, em nossa terra, dá-se o nome de «promessas», geralmente feitas a algum santo da devoção escolhida do indivíduo.
Mas, na antigüidade, embora houvesse promessas feitas com a expectativa do recebimento de algum favor divino intensamente desejado, também havia votos voluntariamente impostos, por motivo de autodisciplina, tendo em mira a obtenção de um caráter melhor formado, ou, então, por motivo de autodedicação, com vistas a certos alvos morais ou espirituais.

III. Voto como Promessa
Os votos do primeiro tipo, com freqüência, denominados “barganha” (pois eram feitos com a condição de Deus abençoar, em recompensa), são como aqueles feitos por Jacó, que, em Betel, votou que faria de Betel um santuário e que daria os dízimos do que ganhasse, a Deus, se Deus suprisse as suas necessidades e o protegesse (Gên. 28:20-22); por Jefté,  (Juí. 11:30,31); por Ana, que votou que se Deus lhe desse um filho, ela o consagraria ao serviço de Deus (I Sam. 1:11,27,28).
Sem dúvida, a essa natureza pertence a maioria dos votos, tão freqüentemente mencionados nos Salmos, como os de ação de graças e de sacrifício, feitos a Deus por orações respondidas e livramentos proporcionados (Sal. 22:25; 50:14; 56:12; 65:1,2,8; 116:14,18).
Existem votos de disciplina da vida, ou tendo em mira algum propósito, em dedicação a Deus, ou com a finalidade de ser atingido algum alvo, os «votos de escolha», associados ao chamamento do povo de Israel à obediência (Deu. 12:11); os votos associados às oferendas voluntárias Núm. 29:39) e a solene outorga da própria alma a Deus (Núm. 30:2).
De caráter de valor um tanto inferior, foi, por exemplo, o juramento de Saul de que ninguém deveria comer qualquer coisa enquanto não se obtivesse a vitória militar sobre o inimigo (ver I Sam. 14:24), bem como o voto dos adversários de Paulo, de que se absteriam de todo alimento, enquanto não lhe tirassem a vida (ver Atos 23:21).
Cabem aqui certas observações que parecem óbvias, mas que devem ser levadas em conta. O que já fosse obrigatório em Israel, por qualquer motivo, não podia ser objeto de um voto. Se havia votos de caráter condicional, isto e aqueles em que o indivíduo consagrava algo ou alguém a Yahweh ou ao templo (Gên. 28:20; Núm. 21:2; Juí. 11:30,31; I Sam. 1:11; II Sam. 15:7,8), também havia aqueles votos de caráter incondicional, de acordo com os quais o indivíduo abstinha-se de alguma coisa, a fim de obter do Senhor um favor desejado (I Sam. 14:24; Núm. 30). Acresça-se que os votos, geralmente, eram confirmados mediante algum juramento ou maldição (I Sam. 14:24), o que dificulta aos estudiosos distinguirem entre um voto e um juramento.
Cumpridos os votos, a pessoa salmodiava em sincera gratidão, pela ajuda recebida de Deus. Foi dessa forma que foram compostos certos salmos, como os de número 65, 66, 116 e o trecho de Jon. 2:39. E também há salmos (como o 61), em que na sua própria letra é formulado o voto.

V. Seriedade dos Votos
No Antigo Testamento não havia determinação para as pessoas fazerem votos, embora fossem cuidadosamente regulamentados. Não era considerado pecado deixar de se fazer um voto (ver Deu. 23:22); porém, uma vez feito, tornava-se solenemente mandatório (Deu. 23:21,23; Ecl. 5:4). Por essa precisa razão, havia advertências acerca dos votos precipitados (Ecl. 5:5,6 e Pro. 20:25).
Como tudo quanto é instituição humana, os votos também foram sujeitos a certos abusos. Aliás, os preceitos mosaicos já continham estipulações quanto a esses abusos, e os profetas também se manifestaram a respeito (ver Deu. 22:21-23; Núm. 30:2,3; Naum 2:1; Ecl. 5:1-6). E até mesmo nos livros apócrifos há menção e combate a esses abusos (ver Eclesiástico 18:22,23). Não se podia fazer ofertas de coisas sem valor (Luc. 22:21-23; Mal. 1:4) ou impuras (Deu. 22:19).
Ao que parece, as mulheres antigas de Israel propendiam por fazer votos com extrema facilidade, tendo sido necessário refrear e delimitar a feitura de votos, em vez de promovê-los. Como é natural, isso acabou por debilitar o senso de obrigatoriedade, que se via nos tempos mais antigos. Chegou-se mesmo a facilitar tanto a questão, que bastava ser feito o pagamento segundo a avaliação feita por algum sacerdote (ver Lev. 27). E, destarte, foi-se amainando o senso religioso dos votos, embora eles nunca tivessem sido descontinuados pelos judeus, até mesmo no caso dos apóstolos, conforme já ilustramos com Paulo. Deixando de lado o aspecto abusivo dos votos, nos dias do Antigo Testamento a obrigatoriedade dos votos era fortemente salientada, como uma significativa indicação da piedade humana e da fidelidade do povo de Deus (Sal. 25:25; 50:14; 56:12; 76:11; Isa. 19:21; Jer. 44:25; Jon. 2:9; Naum 1:15).

VI. Votos Perversos
Jesus Cristo combateu a hipocrisia de alguns homens que, a fim de escaparem de suas obrigações para com seus pais idosos e necessitados, votavam a Deus aquilo que poderiam (mas que deixavam de dar) a eles (Mat. 15:3-9; Mar. 7:9-13). A grande diferença entre os votos veterotestamentários e a dedicação cristã é que os primeiros eram uma obrigação passageira, que nunca envolvia a outorga do próprio coração e da alma aos cuidados do Senhor, ao passo que a dedicação cristã sempre envolve uma relação vital com Cristo e sua cruz (Mat. 16:24; Rom. 12:1,2; I Cor. 6:20; I Ped. 1:15-19). Cumpridos os votos feitos, a pessoa se sentia livre de qualquer compromisso; em contraste, o crente nunca se sente desobrigado de dedicar toda a sua vida, em todos os seus aspectos, ao Salvador. A dedicação cristã, pois, está muito mais próxima, do que os votos do Antigo Testamento, do espírito do mais importante dos mandamentos: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento” (Mat. 22:37,38).

Concluímos que Jesus ensinou que o ideal é não fazermos juramentos ou promessas: “Também ouvistes que foi dito aos antigos: Não jurarás falso, mas cumprirás rigorosamente para com o Senhor os teus juramentos. Eu, porém, vos digo: de modo algum jureis; nem pelo céu, por ser o trono de Deus; nem pela terra, por ser estrado de seus pés; nem por Jerusalém, por ser cidade do grande Rei; nem jures pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco ou preto.” Mateus 5:33-36. Hoje em dia, algumas pessoas tentam usar votos e promessas para barganhar com Deus, esquecendo-se do sentido original do voto: a consagração e gratidão a Deus.
1) O ideal, de acordo com Mateus 5:33-36, é não fazermos juramentos, promessas ou votos (principalmente os impossíveis de serem cumpridos);
2) Nossa palavra deve ser sim, sim; não, não. Devemos ser honestos em nossa vida e não necessitarmos de juramentos (Mateus 5:37);
3) Se você fez algum voto a Deus possível de ser cumprido, cumpra-o sem demora (Eclesiastes 5:4-5);

4) Se você fez um voto a Deus impossível de ser cumprido por causa da sua natureza, ele não tem legalidade, tornado assim impróprios, indevidos, e sem valor para Deus o seu cumprimento, devendo ser cancelado.