quarta-feira, 16 de setembro de 2015

A DOUTINA DO VOTO BIBLICO




 O voto é um compromisso ou juramento de caráter religioso, e uma transação entre o homem e Deus, nos quais o homem dedica a si mesmo ou seu serviço ou algo valioso para Deus. Era uma das características muito comum nas religiões antigas, ele também é um exercício freqüente na vida religiosa entre os israelitas. Embora geralmente uma promessa fosse feita na expectativa de um favor divino ansiosamente procurado, também havia votos de autodisciplina voluntariamente impostos para a realização de caráter, e da auto-dedicação para a obtenção de certos objetivos. Não encontramos uma recomendação no Novo Testamento ao voto, a Igreja via esta conduta mais para uma prática dos santos do A.T. do que para ela, posteriormente o voto foi encontrando prática, principalmente no clero, como na conduta monástica, como o voto do celibato, que não possui apoio bíblico.
Não foram ordenados votos no AT, mas aqueles que eram feitos eram cuidadosamente regulamentados. Não era pecado deixar de fazer um voto (Dt 23.22), mas uma vez feito estava obrigado solenemente (Dt 23.21,23; Ec 5.4). Por isto havia advertências contra os votos feitos de forma imprudente (Ec 5.5,6; Pv 20.25); e para segurança contra votos não feitos responsavelmente, ou feitos de forma imprudente, eles poderiam ser desaprovados pelo pai de uma filha na sua menoridade (Nm 30.5), ou pelo marido por uma declaração temerária da sua esposa (Nm 30.8).
O cumprimento dos votos foi fortemente enfatizado no AT, e estabelecidos como importante indicação da piedade e fidelidade do povo de Deus (SI 22.25; 50.14; 56.12; 76.11; Is 19.21; Jr 44.25; Jn 2.9; Nn 1.15). Apenas aquilo que pertencia ao devoto poderia ser prometido a Deus; primogênitos e dízimos eram considerados como já pertencentes a Deus (Lv 27.26-30). Os sacrifícios ou ofertas maculadas dados em pagamento de votos eram proibidos e severamente censurados (Ml 1.14), e o “salário de prostituição, nem preço de sodomita” era uma abominação a Deus e não podiam ser usados em pagamento (Dt 23.18).

 I. As Palavras Utilizadas
1. Nadar«voto»., ou NEDER ( oferta votiva) podendo ser encontrados e diversos texts como se segue, em Gên. 28:20; 31:13; Lev. 27:8; Núm. 6:2,21;30:2,3,10; Deu. 12:11,17; Juí. 11:30,39; I Sam. 1:11; II Sam. 15:7,8; Sal. 76:11; Ecl. 5:4,5; Isa. 19:21; Jer. 44:25; Jon. 2:9; Mal. 1:14. Lev. 7:16; 22:18,21; Núm. 6:2,5; 15:3,8; 21:2; 29:39; 30:2-9; 11-14; Deu. 12:6,11,17,26; 23:18,21; Juí. 11:30,39; I Sam. 1:21; II Sam. 15:7,8; Jó 22:27; Sal. 22:25; 50:14; 56:12; Pro. 7:14; Ecl. 5:4; Isa. 19:21 ;Jer. 44:25; Jon. 1:16; Naum 1:15.

2. Euché, «oração», «voto». Com o sentido de oração, esse vocábulo grego aparece somente em Tg. 5:15; com o sentido de voto, aparece por duas vezes, isto é, em Atos 18:18; 21:23.

A base da doutrina do voto de abstinência  Nm 30 com ICo. 7.1-6.
Paulo trata deste assunto como concessão, ou seja, por não possuir de Deus uma lei sobre este assunto, ele permite, mas em acordo matrimonial. Nenhum casal pode realizar um voto sem acordo mútuo.

Muitos dos votos eram feitos sob a condição de favores a serem devolvido por Deus, são aqueles feitos por Jacó, que  jurou fazer de Betel um santuário e dar um dízimo a Deus, se este suprisse suas necessidades e lhe desse proteção (Gn 28.20-22); por Jefté, que prometeu como sacrifício a Deus qualquer coisa que ele encontrasse primeiro no seu retomo, se Deus lhe concedesse vitória sobre os amonitas (Jz 11.30,31) e que, em aflição, ofereceu sua única filha que foi ao seu encontro (há muita polêmica neste texto, na verdade por causa do sacrifício, a filha foi viver sem poder se casar)  (v vs. 34-40); por Ana, que jurou consagrar seu filho ao serviço de Deus caso este lhe desse um (1 Sm 1.11,27,28).

Desta natureza, sem dúvida, é a maioria dos votos tão freqüentemente mencionados nos Salmos, votos de ação de graças e sacrifícios pagos a Deus pelas orações respondidas e libertações concedidas (Sl 22.25; 50.14; 56.12; 65.1,2,8; 116.14,18). Um pouco relacionado é o voto de Absalão, de servir ao Senhor caso este lhe trouxesse novamente para Jerusalém, mas desvirtuado para uso conspirador em sua rebelião contra Davi (2Sm 15.7ss.). Os votos feitos pelos marinheiros, depois que Jonas foi lançado ao mar, foram talvez mais da natureza de uma tentativa pagã de propiciar uma deidade a quem eles “temiam excessivamente” (Jn 1.15,16).
Também havia votos feitos para disciplina da vida e propósito, em dedicação a Deus e para a realização de uma meta fixa. O principal voto nesta categoria era o de nazireu, o voto de alguém separado ou consagrado a Deus, e para o qual eram prescritos algumas austeridades e enunciações (Nm 6.1-8), dos quais a liberação poderia ser obtida após o cumprimento e os sacrifícios designados (6.13-21). Sansão, Samuel e João Batista aparentemente foram nazireus para o resto da vida. Outros votos breves deste compromisso maior eram como o de Davi, de não se dar descanso algum até que construísse uma casa para o Senhor (SI 132.2-5), a “escolha dos vossos votos” associado com a chamada de Israel para a obediência (Dt 12.11), os votos associados às ofertas voluntárias (Nm 29.39), a ligação solene da alma com Deus (Nm 30.2). Paulo e seus companheiros assumiram votos para mostrar conformidade com as leis judaicas, por amor à conciliação sem renúncia da consciência (At 18.18; 21.23,24). De caráter menos sábio ou digno é o juramento de Saul de não comer qualquer coisa até que a vitória fosse assegurada (ISm 14.24), e o voto dos inimigos de Paulo de se absterem de comida até que eles o tivessem matado (At 23.21).
Jesus censurou o pagamento de votos quando usado como um motivo para se escapar da obrigação para com os pais (Mt 15.3-9; Mc 7.9-13). A parte desta condenação dos votos pecaminosamente usados, não há evidência de que Jesus ou qualquer dos escritores do NT, faça referência significante a votos que são uma expressão tão proeminente da devoção do AT. O NT diz que a dedicação, a gratidão e o serviço estão no relacionamento mais profundo e mais rico de vida com a cruz de Cristo (Mt 16.24; Rm 12.1,2; ICo 6.20; IPe 1.15-19).
Dentro do contexto bíblico são mais importantes os votos religiosos. Mas a Bíblia dá-nos conta, igualmente, de votos ou compromissos atinentes a negócios e outras questões. Ver o voto que está envolvido na história de Judá e Tamar (Gên. 38:17,18,20). E o trecho de Deut. 24:10,11,13 alude a questões financeiras, ao falar sobre voto. Um acordo verbal podia ser considerado um voto; mas objetos de valor também podiam servir de penhor ou garantia de intenções.
Os trechos de Jó 22:6 e Prov. 27:13 falam sobre votos dentro de contextos econômicos, como também a passagem de Eze. 18:7. Nessas situações fazia-se questão da honestidade, de mescla com a misericórdia, a generosidade e a compaixão.

Pelo lado espiritual da questão, há uma palavra grega, arrabón, «penhor», «garantia», que indica que o Espírito Santo nos foi dado como garantia de nossa herança em Cristo. Ver Efé. 1:14. O próprio Espírito Santo é a garantia da nossa imortalidade em Cristo. O restante deste artigo aborda os votos o os compromissos espirituais.



II. Voto Religioso
Um voto é um juramento ou um compromisso de caráter religioso, e também uma transação qualquer entre o homem e Deus, de acordo com a qual o indivíduo dedica a si mesmo ou o seu serviço ou alguma coisa valiosa a Deus. Essa era uma característica comum nas religiões antigas e um freqüente exercício religioso entre os israelitas. Deve ter sido esse costume a base daquilo a que, em nossa terra, dá-se o nome de «promessas», geralmente feitas a algum santo da devoção escolhida do indivíduo.
Mas, na antigüidade, embora houvesse promessas feitas com a expectativa do recebimento de algum favor divino intensamente desejado, também havia votos voluntariamente impostos, por motivo de autodisciplina, tendo em mira a obtenção de um caráter melhor formado, ou, então, por motivo de autodedicação, com vistas a certos alvos morais ou espirituais.

III. Voto como Promessa
Os votos do primeiro tipo, com freqüência, denominados “barganha” (pois eram feitos com a condição de Deus abençoar, em recompensa), são como aqueles feitos por Jacó, que, em Betel, votou que faria de Betel um santuário e que daria os dízimos do que ganhasse, a Deus, se Deus suprisse as suas necessidades e o protegesse (Gên. 28:20-22); por Jefté,  (Juí. 11:30,31); por Ana, que votou que se Deus lhe desse um filho, ela o consagraria ao serviço de Deus (I Sam. 1:11,27,28).
Sem dúvida, a essa natureza pertence a maioria dos votos, tão freqüentemente mencionados nos Salmos, como os de ação de graças e de sacrifício, feitos a Deus por orações respondidas e livramentos proporcionados (Sal. 22:25; 50:14; 56:12; 65:1,2,8; 116:14,18).
Existem votos de disciplina da vida, ou tendo em mira algum propósito, em dedicação a Deus, ou com a finalidade de ser atingido algum alvo, os «votos de escolha», associados ao chamamento do povo de Israel à obediência (Deu. 12:11); os votos associados às oferendas voluntárias Núm. 29:39) e a solene outorga da própria alma a Deus (Núm. 30:2).
De caráter de valor um tanto inferior, foi, por exemplo, o juramento de Saul de que ninguém deveria comer qualquer coisa enquanto não se obtivesse a vitória militar sobre o inimigo (ver I Sam. 14:24), bem como o voto dos adversários de Paulo, de que se absteriam de todo alimento, enquanto não lhe tirassem a vida (ver Atos 23:21).
Cabem aqui certas observações que parecem óbvias, mas que devem ser levadas em conta. O que já fosse obrigatório em Israel, por qualquer motivo, não podia ser objeto de um voto. Se havia votos de caráter condicional, isto e aqueles em que o indivíduo consagrava algo ou alguém a Yahweh ou ao templo (Gên. 28:20; Núm. 21:2; Juí. 11:30,31; I Sam. 1:11; II Sam. 15:7,8), também havia aqueles votos de caráter incondicional, de acordo com os quais o indivíduo abstinha-se de alguma coisa, a fim de obter do Senhor um favor desejado (I Sam. 14:24; Núm. 30). Acresça-se que os votos, geralmente, eram confirmados mediante algum juramento ou maldição (I Sam. 14:24), o que dificulta aos estudiosos distinguirem entre um voto e um juramento.
Cumpridos os votos, a pessoa salmodiava em sincera gratidão, pela ajuda recebida de Deus. Foi dessa forma que foram compostos certos salmos, como os de número 65, 66, 116 e o trecho de Jon. 2:39. E também há salmos (como o 61), em que na sua própria letra é formulado o voto.

V. Seriedade dos Votos
No Antigo Testamento não havia determinação para as pessoas fazerem votos, embora fossem cuidadosamente regulamentados. Não era considerado pecado deixar de se fazer um voto (ver Deu. 23:22); porém, uma vez feito, tornava-se solenemente mandatório (Deu. 23:21,23; Ecl. 5:4). Por essa precisa razão, havia advertências acerca dos votos precipitados (Ecl. 5:5,6 e Pro. 20:25).
Como tudo quanto é instituição humana, os votos também foram sujeitos a certos abusos. Aliás, os preceitos mosaicos já continham estipulações quanto a esses abusos, e os profetas também se manifestaram a respeito (ver Deu. 22:21-23; Núm. 30:2,3; Naum 2:1; Ecl. 5:1-6). E até mesmo nos livros apócrifos há menção e combate a esses abusos (ver Eclesiástico 18:22,23). Não se podia fazer ofertas de coisas sem valor (Luc. 22:21-23; Mal. 1:4) ou impuras (Deu. 22:19).
Ao que parece, as mulheres antigas de Israel propendiam por fazer votos com extrema facilidade, tendo sido necessário refrear e delimitar a feitura de votos, em vez de promovê-los. Como é natural, isso acabou por debilitar o senso de obrigatoriedade, que se via nos tempos mais antigos. Chegou-se mesmo a facilitar tanto a questão, que bastava ser feito o pagamento segundo a avaliação feita por algum sacerdote (ver Lev. 27). E, destarte, foi-se amainando o senso religioso dos votos, embora eles nunca tivessem sido descontinuados pelos judeus, até mesmo no caso dos apóstolos, conforme já ilustramos com Paulo. Deixando de lado o aspecto abusivo dos votos, nos dias do Antigo Testamento a obrigatoriedade dos votos era fortemente salientada, como uma significativa indicação da piedade humana e da fidelidade do povo de Deus (Sal. 25:25; 50:14; 56:12; 76:11; Isa. 19:21; Jer. 44:25; Jon. 2:9; Naum 1:15).

VI. Votos Perversos
Jesus Cristo combateu a hipocrisia de alguns homens que, a fim de escaparem de suas obrigações para com seus pais idosos e necessitados, votavam a Deus aquilo que poderiam (mas que deixavam de dar) a eles (Mat. 15:3-9; Mar. 7:9-13). A grande diferença entre os votos veterotestamentários e a dedicação cristã é que os primeiros eram uma obrigação passageira, que nunca envolvia a outorga do próprio coração e da alma aos cuidados do Senhor, ao passo que a dedicação cristã sempre envolve uma relação vital com Cristo e sua cruz (Mat. 16:24; Rom. 12:1,2; I Cor. 6:20; I Ped. 1:15-19). Cumpridos os votos feitos, a pessoa se sentia livre de qualquer compromisso; em contraste, o crente nunca se sente desobrigado de dedicar toda a sua vida, em todos os seus aspectos, ao Salvador. A dedicação cristã, pois, está muito mais próxima, do que os votos do Antigo Testamento, do espírito do mais importante dos mandamentos: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento” (Mat. 22:37,38).

Concluímos que Jesus ensinou que o ideal é não fazermos juramentos ou promessas: “Também ouvistes que foi dito aos antigos: Não jurarás falso, mas cumprirás rigorosamente para com o Senhor os teus juramentos. Eu, porém, vos digo: de modo algum jureis; nem pelo céu, por ser o trono de Deus; nem pela terra, por ser estrado de seus pés; nem por Jerusalém, por ser cidade do grande Rei; nem jures pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco ou preto.” Mateus 5:33-36. Hoje em dia, algumas pessoas tentam usar votos e promessas para barganhar com Deus, esquecendo-se do sentido original do voto: a consagração e gratidão a Deus.
1) O ideal, de acordo com Mateus 5:33-36, é não fazermos juramentos, promessas ou votos (principalmente os impossíveis de serem cumpridos);
2) Nossa palavra deve ser sim, sim; não, não. Devemos ser honestos em nossa vida e não necessitarmos de juramentos (Mateus 5:37);
3) Se você fez algum voto a Deus possível de ser cumprido, cumpra-o sem demora (Eclesiastes 5:4-5);

4) Se você fez um voto a Deus impossível de ser cumprido por causa da sua natureza, ele não tem legalidade, tornado assim impróprios, indevidos, e sem valor para Deus o seu cumprimento, devendo ser cancelado.

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