terça-feira, 27 de fevereiro de 2018


Teologia Pos-Liberal

A teologia pós-liberal designa um tipo de teologia cujos defensores principais estavam ativos nas últimas décadas do século XX. É chamado de pós-liberal devido à insatisfação de seus proponentes com a teologia liberal clássica e porque é uma resposta às afirmações teológicas liberais. Os representantes incluem Hans Frei, George Lindbeck, David Kelsey e Stanley Hauerwas. William Placher e Kathryn Tanner também são às vezes considerados teólogos pós-liberais.

A teologia pós-liberal surgiu em conjunto com a filosofia pós-moderna, ambos descansam no reconhecimento que o ideal da verdade universal é absolutamente ilusório. Para teólogos pós-liberais, esse o reconhecimento significou rejeitar a suposição de que a teologia cristã pode ser avaliada e interpretada em termos de algum outro discurso filosófico ou científico. Eles acreditam que a teologia liberal clássica retratou as crenças e práticas cristãs como instâncias particulares de verdades nos fenômenos religiosos. O Deus revelado nas escrituras, por exemplo, foi pensado para ser idêntico ao Deus descoberto pela investigação filosófica, ao procurar correlacionar reivindicações cristãs com reivindicações filosóficas ou científicas, argumentos pós-liberais, os teólogos liberais abandonaram a autonomia e verdade da teologia cristã. Eles haviam submetido à teologia a uma autoridade fora de a fé cristã.

É questionável se essa acusação se aplica a todos os teólogos liberais. No entanto, a preocupação de Pos-liberais mostra-nos por que eles abraçam a teologia de Karl Barth. Como Barth insistiu que a verdade e a norma da fé cristã podem ser encontradas somente dentro da revelação; todas as tentativas de compreender a teologia cristã fora da revelação distorce a teologia. Eles também apreciam Barth's em que a revelação de Deus é sempre particular e não geral. Este visão concorda com os seus ceticismo pós-moderno sobre a possibilidade da verdades gerais e formas de experiência universais. Para eles não há religião em geral ou experiência religiosa universal, no contrário, a teologia cristã se baseia na particularidade histórica da revelação e no particular caráter da comunidade cristã. A ênfase na particularidade e na rejeição do universal, A verdade absoluta mostra o caráter pós-fundacionalista da teologia pós-liberal com pensadores pós-modernos em geral, rejeitam a possibilidade de um fundamento absoluto e inabalável de conhecimento.

A postura pós-fundacionalista explica por que a narrativa é uma categoria central dessa teologia, Narrativa, argumenta-se, é o gênero preferido da Bíblia e também o modo de discurso mais apropriado para a revelação de Deus, uma vez que a narrativa se adapta melhor à particularidade da revelação do que a filosofia. A narrativa da Bíblia, no entanto, apesar de seu caráter realista, não é uma descrição de eventos históricos. Em vez disso, a verdade da narrativa reside no seu poder de atrair o leitor para o mundo da narrativa e remodelar a vida do leitor de acordo com a história e os personagens da narrativa. Os teólogos pós-liberais, portanto, afirmam a ressurreição de Jesus como um elemento essencial do evangelho narrativo; No entanto, eles têm pouco interesse em discutir a historicidade da ressurreição, similarmente, eles afirmam que a verdade das doutrinas cristãs não tem nada a ver com sua precisão ao descrever estados de coisas de forma objetiva. A sua verdade está em sua capacidade de sustentar as crenças, práticas e caráter da igreja, doutrinas, em outras palavras, não são descrições de fatos objetivos; eles são princípios que mantêm a integridade da vida cristã.

domingo, 4 de fevereiro de 2018

UMA PROPOSTA TEOLÓGICA: SERIA ESTE O CAMINHO?

A teologia surge nas Escrituras, em seu registro nas tensões entre a realidade humana, pós queda, e o caráter de Deus. Ao denunciar a condição humana, após a queda, vem imediatamente a manifestação do caráter divino ora reprovando, ora abençoando, o padrão de comportamento humano, e nesta manifestação encontramos embutidos os atributos divinos. Pois é no caráter divino que encontramos os princípios norteadores de nossa prática e da nossa ética.
Foi assim com Moisés na longa e difícil viagem a terra da promessa, o primeiro teólogo a deixar registrada as tensões homem e Deus, iniciado no primeiro casal, depois com Abel e Caim e assim por diante. Mas a sua experiência real se dá no seu confronto com a resistência egípcia de libertar o seu povo de origem, depois a obrigação de executar a condenação das nações Cananeia, que estavam destinados a serem extintos, por sua prática idólatra completamente condenada por Deus. E por fim os próprios hebreus que saíram do Egito, que não conseguiram completar sua jornada, pois desafiavam e desacreditavam deles poderem cumprir tais promessas. Posteriormente foram os profetas, que começam a denunciar o comportamento humano dos israelitas de suas épocas, já nas terras que ‘mana leite e mel’.
O mesmo pode-se verificar nas epístolas paulinas, petrinas e joaninas, que confrontava a realidade do evangelho, o que eles haviam ensinado e com o comportamento destes membros a estes ensinamentos.
Jesus mesmo revela a contradição dos religiosos de sua época, com os princípios da TANAKE que deveria ser o modelo de todo princípio do judeus.
Assim por meio de uma fórmula sistemática começamos a elaboração do que conhecemos como Teologia, por isto acrescentamos o termo Sistemática. Crendo que isto é uma elaboração eficiente de tentar conhecer aquilo que Deus nos apresentou de si, conforme nossa leitura das Escrituras. Alguns entendendo que esta é a melhor de todas as formulas de compreender tudo que é possível de Deus, torna-se o nosso pensamento teológico, e nasce a dogmática cristã.
Sendo que esta dogmática não é perfeita para alguns, que começa a refutá-la, e apresentar equívocos encontrados e desta forma surge outros argumentos, que encontra quem a concorde e assim nasce outro dogma. Como exemplo pode encontrar no período da reforma, que foi o embrião da teologia ortodoxa contemporânea. Calvino refuta Lutero, Armínio refuta a predestinação. Assim nasce a teologia, ou teologias reformada.
Mas sempre no campo teológico há aqueles que irão discordam do posicionamento do outro, até o século XIX os debates teológicos ficavam no campo argumentativo, mas mantendo os princípios que os identificava.
Com o surgimento do iluminismo alguns teólogos ousam se distanciar dos princípios reformadores, e nasce o que Barth vai denominar Teologia Liberal, uma tentativa de contextualizar o pensamento teológico com a nova fórmula de pensamento da época, e que perdura até os dias de hoje.
Surge também com este fenômeno o termo ‘Fazer Teologia’, pois viam que cada um pode elaborar uma teologia conforme seus pensamentos, e com a divulgação da  tolerância de ideias, alguns começam a desenvolver suas teologias em outras fontes, sem necessariamente ser as Escrituras, estas novas teologias engendradas conforme o sistema filosófico que adere em suas pesquisas e leituras.
Com isto a teologia, que é reproduzida através de seu meio, vai ganhando novos contornos, a princípios o aspecto da práxis teológico absorve de Kant seus suprimentos de abordagem. No século XX, insatisfeitos com o rumo da teologia, pois esta ainda não atendia o anseio pessoal, ou contextual da realidade de algumas nações, substituem uma ética Kantiniana por Marx.
Pois para Tillich a teologia deve cumprir uma postura dupla, a de  enunciar a verdade da mensagem cristã e a reinterpretar para cada geração. Com este princípio norteador de se fazer teologia, há uma fuga das Escrituras como fonte primária, para um torna-se um princípio circunstancial de base teológica.
Nesta substituição veio a surgir Teologia da Esperança de Moltmann, mas utilizando Marx de forma indireta, pois o pensador inspirador de Moltmann é Ernest Block. Em sua releitura de Moltmann, Rubem Alves transporta para Marx de forma mais direta seu ensaio teológico, que vai com outros nomes desenvolver oque denominamos Teologia da Libertação, uma teologia para as américas pobres.
Recentemente, devido o catolicismo ter empossado, pelo menos aqui no Brasil, da Teologia da Libertação, possivelmente por ter as igrejas compactado com o regime militar, pois a TL nasce neste momento histórico da América Latina, quando surge diversos regimes de cunho militar, numa tentativa de impedir a disseminação marxista. As igreja já estabelecidas, e não querendo passar por constrangimento numa possível interpretação de oposição ao sistema, tomam um posicionamento de distanciamento da proposta TL, e se mantido na sua ortodoxia que era mais neutra nas questões sociais.
As consequências vieram, percebemos atualmente que ensinamos uma verdade, que cremos ser a correta, como a Inspiração divina das Escrituras, e de sua inerrância, que esta Bíblia é a Palavra de Deus. Não negociamos esta convicção. E praticamos outra.
Percebe-se que estes valore transformados em princípios teológicos se distanciam da vida cotidiana dos cristãos, a práxis cristã está em crise, pois ensinamos corretamente, cremos corretamente, mas não praticamos o que cremos, não consegue-se transformar estas verdades como conduta diária.
Cremos em uma coisa e praticamos outra, o distanciamento é abissal, vergonhoso, estúpido, pecaminoso, degradante, só conseguimos produzir dúvidas de nossa comunidade. Como uma sociedade pode crer nas mensagens do evangelho, se quem a prega não as crer, a as nega por meio de suas práticas?
Recentemente tem surgido a Teologia do Contexto, ou conhecida como Missão Integral, uma nova releitura marxista do evangelho, neste caso uma construção de pensadores protestante, teólogos honestos que querem fazer do cristianismo relevante a sociedade, mas continua caindo na mesma arapuca, pois pensam que é na formulação da teologia que este membro, ou pastor vai mudar de atitude, vai conseguir mobilizar e sensibilizar esta comunidade.
Não há necessidade de se lançar mão de teóricos para formular uma teologia contextual, principalmente as de linha que criticam nossas cosmovisão, como no caso o marxismo, unir marxismo e cristianismo e paganizar a verdade, é sacrilégio do sagrado, é secularizar o religioso. Como podemos ter a coragem de criticar movimento, como o neopentecostalismo de  secularizar o sagrada, que este o faz por fútil ganância, o outro o faz por esvaziamento teológico, ambos se perdem na caminhada. O teólogo na arrogância intelectual, o outro na prepotência da ganância.
O grande problema entende-se que está na interpretação cognitiva de teologia, pois há duas matrizes de relação com o conhecimento, na perspectiva grega, e a perspectiva hebraica. No grego o conhecimento fica no campo das ideias, enquanto no hebraico no campo da prática. Assim posso ter conhecimento de algo que nunca terá relevância prática, o segundo só há relevância se for prático.
Assim nas Escrituras conhecer Deus é praticar o que Ele deixou como valor teológico e ético, sem prática não existe teologia, teólogo não é quem elaborou uma obra, seja volumosa ou não, mas quem pratica corretamente os princípios deixados por Deus. E isto não é uma tarefa fácil.
Espiritualidade sem conexão e compaixão com o próximo, é engodo, demagogia, falsidade espiritual, equívoco, esta espiritualidade torna-se inócua, sem valor, não produz fruto, desenvolve uma esperança sem fé, torna-se uma prática sem amor, e o amor permanece fazendo permanecer este que por amor age.
Vive no cristianismo sem nunca ser cristão, não é formular novas teorias teológicas, mas sim transcender a teoria para a prática, e esta transcendência não pode ser, e nunca será, uma elaboração humana. E este tem sido isto o labor teológico.
Sem a presença, e sem a verdadeira ação do Espírito Santo, nunca conseguiremos esta transposição. O pentecostalismo corrompe, e sou pentecostal, o papel do Espírito Santo, ficando apenas no campo da exuberância de seus dons e manifestação miraculosa. Pode-se observar isto em muitos livros de Teologia de produção pentecostal, falam dos dons, mas não mencionam uma única vez como pessoa divina, transformando-O assim única e exclusivamente uma fonte de poder, invertendo o papel, de servos, tornamos proprietário d’Ele, a fim de atender necessidade em uma manipulação metafísica, ficando a nosso dispor, pois quando precisar e só acioná-Lo, e assim nos atenderá de imediato.
Por outro lado os cessionista, negam os seus dons para a atualidade, desenvolvem de forma magistral o caráter e a personalidade do Espírito Santo conforme as Escrituras. Mas Lhe rouba sua eficácia presente, uma elaboração de um cristianismo em que o Espírito Santo não tem oportunidade de se apresentar, agir, manifestar, mover. Tornam-se estéreis.
Só conseguiremos ser biblicamente corretos, se o Espírito Santo for Deus presente em nós, a verdadeira igreja é aquela que a Trindade não fica no campo teórico, mas no campo prático também.
A teologia necessariamente precisa ter relevância na minha escolha, nas minhas atitudes, nas minhas palavras ditas diariamente, e assim iremos gerar um confronto que nos expõe, nos vemos nada melhores, mas sim cheio de corrupção e pecado. Precisamos deste impacto, não para paralisarmos, mas sim entender quem sou eu, oque Deus fez por mim, e como posso reproduzir primeiro em mim e depois ao próximo toda bondade divina que eu experimentei.
Os teólogos modernistas põem na teologia tradicional a culpa de uma ineficiência social, numa falta de engajamento dos membros de diminuir os desequilíbrio social, é verdade que falta nos nossas igrejas envolvimento com as causas sociais, mas a culpa não está na teologia, mas sim, e em muito casos com o discurso, não na teologia mas na consciência.
Igreja em lugares paupérrimo podemos observar cristão sem nenhuma consciência social, sem nenhuma consciência de seus direitos, aceitando pacificamente sua condição social e econômica, não percebendo serem vítimas de sistema de governo que lhe rouba o bem estar que deveriam proporcionar. Mas antes são assaltados de alguma consciência de direito de fato nas homílias sagradas.
Nossos sistemas teológicos precisam denunciar a verdade em toda sua dimensão, o erro não está nos fundamentos teológicos cristão, mas na sua elaboração deficiente, aquém da verdade doutrinária construída através do tempo. É correto afirmar que não conhecemos nenhuma obra teológica com esta envergadura. Muitas das vezes o contexto teológico de alguns obras fica restrito ao debate de heresias, e refutá-las, mas quase nunca aplicam aquela verdade teológica ao desafio social.
A TL veio aplicar uma esperança imediatista, e em muitos casos os seus precursores não creem numa escatologia literal futura na aparição real e verdadeiro de Jesus, gerando uma esperança nesta vida, e que o futuro é construído em um engajamento social marxista. Por outro lado a escatologia amilenista na sua ênfase que o evangelho prosperará para a chegada derradeira de Cristo, pouco se importa com estas questões, já os dispensacionalístas numa visão inversa, creem que o mundo vai piorando paulatinamente, até o arrebatamento da igreja, não vê motivação de tentativa de melhoria, pois é ineficiente já que tudo vai de mal a pior de qualquer jeito. Assim ficamos em um empasse forjando uma membresia alienada de sua condição.
Ainda que esperemos a vindo de nosso Senhor, nosso engajamento social deve ser ativo, e constante, até a aparição d’Ele.
O que precisamos não é de uma nova teologia mas de uma igreja independente politicamente, podemos apoiar políticas, ideologia mas nunca participação do governo, pois isto nos aprisiona, e por cota de participação de forma direta da administração, nos faz necessariamente coparticipante de uma política ineficaz. Em muitos casos o envolvimento político tem característica institucional, fortalecimento do sistema clerical, do que programa social.
Assim a igreja se prostitui se vende, se corrompe, se esquece do que ela realmente é, perde sua identidade profética. Virando as costas para o aflito, o desamparado, o renegado. Isto não é mais igreja, e não sabemos como a denominar.
Deus é um Deus da verdade, Deus jamais, por mais que me ame, irá ficar a nosso favor quando escondermos e manipularmos a verdade. Deus é Deus da justiça, nunca ficará ao lado de quem comete todo tipo de crime, que cause danos sérios ao homem. Ainda que não vejamos de imediato esta justiça sendo praticada, ela virá, e todos se apresentarão diante dele. E isto nos deve meter medo.
Deus é verdade, por isto devemos sempre ficar a favor da verdade, Deus é justiça, por isto sempre devemos ficar ao lado da justiça. Assim todos devem praticar a verdade, a justiça, o socorro do aflito. Não precisamos de Marx para denunciar todo tipo de atrocidades, tenho que ler melhor as Escrituras, no campo moral ela é elevadíssima. E entendendo que certas situações Deus espera que nós participemos desta verdade e da justiça, praticando-a quando lhes faltar, e não ficar orando para que Ele venha intervir na situação, quando assim o fazemos, é um duplo sinal, de quem esta a frente da liderança, não pratica a verdade e a justiça, e ou que aquele que deve por em prática a verdade e a justiça, se receia em fazê-lo, pois se acha incompetente, ou complacente, e também espiritualiza exacerbadamente sua prática, com isto começa a se corroer o ambiente e a teologia se estagna. E o erro começa a prevalecer.
Logo não precisamos de uma nova elaboração teológica, mas de uma inclinação diante da pessoa do Espírito Santo, e termos o sentimento de privilégio d’Ele querer nos usar neste santo e maravilhosa obra, melhor que todos os títulos, e devemos desejar obtê-los, é ser usados por ELE.
Muitos teólogos confiam na sua leitura, teólogo que é teólogo ora mais que lê.

Ame o Espírito Santo, fale com Ele, sinta Ele, seja seu templo. Que Ele habite abundantemente na nossa vida.