UMA
PROPOSTA TEOLÓGICA: SERIA ESTE O CAMINHO?
A teologia surge nas
Escrituras, em seu registro nas tensões entre a realidade humana, pós queda, e
o caráter de Deus. Ao denunciar a condição humana, após a queda, vem
imediatamente a manifestação do caráter divino ora reprovando, ora abençoando,
o padrão de comportamento humano, e nesta manifestação encontramos embutidos os
atributos divinos. Pois é no caráter divino que encontramos os princípios
norteadores de nossa prática e da nossa ética.
Foi assim com Moisés na
longa e difícil viagem a terra da promessa, o primeiro teólogo a deixar
registrada as tensões homem e Deus, iniciado no primeiro casal, depois com Abel
e Caim e assim por diante. Mas a sua experiência real se dá no seu confronto
com a resistência egípcia de libertar o seu povo de origem, depois a obrigação
de executar a condenação das nações Cananeia, que estavam destinados a serem
extintos, por sua prática idólatra completamente condenada por Deus. E por fim
os próprios hebreus que saíram do Egito, que não conseguiram completar sua
jornada, pois desafiavam e desacreditavam deles poderem cumprir tais promessas.
Posteriormente foram os profetas, que começam a denunciar o comportamento
humano dos israelitas de suas épocas, já nas terras que ‘mana leite e mel’.
O mesmo pode-se verificar
nas epístolas paulinas, petrinas e joaninas, que confrontava a realidade do
evangelho, o que eles haviam ensinado e com o comportamento destes membros a
estes ensinamentos.
Jesus mesmo revela a
contradição dos religiosos de sua época, com os princípios da TANAKE que
deveria ser o modelo de todo princípio do judeus.
Assim por meio de uma
fórmula sistemática começamos a elaboração do que conhecemos como Teologia, por
isto acrescentamos o termo Sistemática. Crendo que isto é uma elaboração
eficiente de tentar conhecer aquilo que Deus nos apresentou de si, conforme nossa
leitura das Escrituras. Alguns entendendo que esta é a melhor de todas as
formulas de compreender tudo que é possível de Deus, torna-se o nosso
pensamento teológico, e nasce a dogmática cristã.
Sendo que esta dogmática não
é perfeita para alguns, que começa a refutá-la, e apresentar equívocos encontrados
e desta forma surge outros argumentos, que encontra quem a concorde e assim
nasce outro dogma. Como exemplo pode encontrar no período da reforma, que foi o
embrião da teologia ortodoxa contemporânea. Calvino refuta Lutero, Armínio
refuta a predestinação. Assim nasce a teologia, ou teologias reformada.
Mas sempre no campo
teológico há aqueles que irão discordam do posicionamento do outro, até o
século XIX os debates teológicos ficavam no campo argumentativo, mas mantendo
os princípios que os identificava.
Com o surgimento do
iluminismo alguns teólogos ousam se distanciar dos princípios reformadores, e
nasce o que Barth vai denominar Teologia Liberal, uma tentativa de
contextualizar o pensamento teológico com a nova fórmula de pensamento da
época, e que perdura até os dias de hoje.
Surge também com este
fenômeno o termo ‘Fazer Teologia’, pois viam que cada um pode elaborar uma
teologia conforme seus pensamentos, e com a divulgação da tolerância de ideias, alguns começam a
desenvolver suas teologias em outras fontes, sem necessariamente ser as
Escrituras, estas novas teologias engendradas conforme o sistema filosófico que
adere em suas pesquisas e leituras.
Com isto a teologia, que é
reproduzida através de seu meio, vai ganhando novos contornos, a princípios o
aspecto da práxis teológico absorve de Kant seus suprimentos de abordagem. No
século XX, insatisfeitos com o rumo da teologia, pois esta ainda não atendia o
anseio pessoal, ou contextual da realidade de algumas nações, substituem uma
ética Kantiniana por Marx.
Pois para Tillich a teologia
deve cumprir uma postura dupla, a de enunciar a verdade da mensagem cristã e a
reinterpretar para cada geração. Com este princípio norteador de se fazer
teologia, há uma fuga das Escrituras como fonte primária, para um torna-se um
princípio circunstancial de base teológica.
Nesta substituição veio a
surgir Teologia da Esperança de Moltmann, mas utilizando Marx de forma
indireta, pois o pensador inspirador de Moltmann é Ernest Block. Em sua
releitura de Moltmann, Rubem Alves transporta para Marx de forma mais direta
seu ensaio teológico, que vai com outros nomes desenvolver oque denominamos Teologia
da Libertação, uma teologia para as américas pobres.
Recentemente, devido o
catolicismo ter empossado, pelo menos aqui no Brasil, da Teologia da
Libertação, possivelmente por ter as igrejas compactado com o regime militar,
pois a TL nasce neste momento histórico da América Latina, quando surge
diversos regimes de cunho militar, numa tentativa de impedir a disseminação
marxista. As igreja já estabelecidas, e não querendo passar por constrangimento
numa possível interpretação de oposição ao sistema, tomam um posicionamento de
distanciamento da proposta TL, e se mantido na sua ortodoxia que era mais
neutra nas questões sociais.
As consequências vieram,
percebemos atualmente que ensinamos uma verdade, que cremos ser a correta, como
a Inspiração divina das Escrituras, e de sua inerrância, que esta Bíblia é a
Palavra de Deus. Não negociamos esta convicção. E praticamos outra.
Percebe-se que estes valore
transformados em princípios teológicos se distanciam da vida cotidiana dos
cristãos, a práxis cristã está em crise, pois ensinamos corretamente, cremos
corretamente, mas não praticamos o que cremos, não consegue-se transformar
estas verdades como conduta diária.
Cremos em uma coisa e
praticamos outra, o distanciamento é abissal, vergonhoso, estúpido, pecaminoso,
degradante, só conseguimos produzir dúvidas de nossa comunidade. Como uma
sociedade pode crer nas mensagens do evangelho, se quem a prega não as crer, a
as nega por meio de suas práticas?
Recentemente tem surgido a
Teologia do Contexto, ou conhecida como Missão Integral, uma nova releitura
marxista do evangelho, neste caso uma construção de pensadores protestante, teólogos
honestos que querem fazer do cristianismo relevante a sociedade, mas continua
caindo na mesma arapuca, pois pensam que é na formulação da teologia que este
membro, ou pastor vai mudar de atitude, vai conseguir mobilizar e sensibilizar
esta comunidade.
Não há necessidade de se
lançar mão de teóricos para formular uma teologia contextual, principalmente as
de linha que criticam nossas cosmovisão, como no caso o marxismo, unir marxismo
e cristianismo e paganizar a verdade, é sacrilégio do sagrado, é secularizar o
religioso. Como podemos ter a coragem de criticar movimento, como o neopentecostalismo
de secularizar o sagrada, que este o faz
por fútil ganância, o outro o faz por esvaziamento teológico, ambos se perdem
na caminhada. O teólogo na arrogância intelectual, o outro na prepotência da
ganância.
O grande problema entende-se
que está na interpretação cognitiva de teologia, pois há duas matrizes de
relação com o conhecimento, na perspectiva grega, e a perspectiva hebraica. No
grego o conhecimento fica no campo das ideias, enquanto no hebraico no campo da
prática. Assim posso ter conhecimento de algo que nunca terá relevância
prática, o segundo só há relevância se for prático.
Assim nas Escrituras
conhecer Deus é praticar o que Ele deixou como valor teológico e ético, sem
prática não existe teologia, teólogo não é quem elaborou uma obra, seja
volumosa ou não, mas quem pratica corretamente os princípios deixados por Deus.
E isto não é uma tarefa fácil.
Espiritualidade sem conexão
e compaixão com o próximo, é engodo, demagogia, falsidade espiritual, equívoco,
esta espiritualidade torna-se inócua, sem valor, não produz fruto, desenvolve
uma esperança sem fé, torna-se uma prática sem amor, e o amor permanece fazendo
permanecer este que por amor age.
Vive no cristianismo sem
nunca ser cristão, não é formular novas teorias teológicas, mas sim transcender
a teoria para a prática, e esta transcendência não pode ser, e nunca será, uma
elaboração humana. E este tem sido isto o labor teológico.
Sem a presença, e sem a
verdadeira ação do Espírito Santo, nunca conseguiremos esta transposição. O pentecostalismo
corrompe, e sou pentecostal, o papel do Espírito Santo, ficando apenas no campo
da exuberância de seus dons e manifestação miraculosa. Pode-se observar isto em
muitos livros de Teologia de produção pentecostal, falam dos dons, mas não
mencionam uma única vez como pessoa divina, transformando-O assim única e
exclusivamente uma fonte de poder, invertendo o papel, de servos, tornamos
proprietário d’Ele, a fim de atender necessidade em uma manipulação metafísica,
ficando a nosso dispor, pois quando precisar e só acioná-Lo, e assim nos
atenderá de imediato.
Por outro lado os
cessionista, negam os seus dons para a atualidade, desenvolvem de forma
magistral o caráter e a personalidade do Espírito Santo conforme as Escrituras.
Mas Lhe rouba sua eficácia presente, uma elaboração de um cristianismo em que o
Espírito Santo não tem oportunidade de se apresentar, agir, manifestar, mover.
Tornam-se estéreis.
Só conseguiremos ser
biblicamente corretos, se o Espírito Santo for Deus presente em nós, a verdadeira
igreja é aquela que a Trindade não fica no campo teórico, mas no campo prático
também.
A teologia necessariamente
precisa ter relevância na minha escolha, nas minhas atitudes, nas minhas
palavras ditas diariamente, e assim iremos gerar um confronto que nos expõe,
nos vemos nada melhores, mas sim cheio de corrupção e pecado. Precisamos deste
impacto, não para paralisarmos, mas sim entender quem sou eu, oque Deus fez por
mim, e como posso reproduzir primeiro em mim e depois ao próximo toda bondade
divina que eu experimentei.
Os teólogos modernistas põem
na teologia tradicional a culpa de uma ineficiência social, numa falta de engajamento
dos membros de diminuir os desequilíbrio social, é verdade que falta nos nossas
igrejas envolvimento com as causas sociais, mas a culpa não está na teologia,
mas sim, e em muito casos com o discurso, não na teologia mas na consciência.
Igreja em lugares paupérrimo
podemos observar cristão sem nenhuma consciência social, sem nenhuma
consciência de seus direitos, aceitando pacificamente sua condição social e
econômica, não percebendo serem vítimas de sistema de governo que lhe rouba o
bem estar que deveriam proporcionar. Mas antes são assaltados de alguma
consciência de direito de fato nas homílias sagradas.
Nossos sistemas teológicos
precisam denunciar a verdade em toda sua dimensão, o erro não está nos fundamentos
teológicos cristão, mas na sua elaboração deficiente, aquém da verdade
doutrinária construída através do tempo. É correto afirmar que não conhecemos
nenhuma obra teológica com esta envergadura. Muitas das vezes o contexto
teológico de alguns obras fica restrito ao debate de heresias, e refutá-las,
mas quase nunca aplicam aquela verdade teológica ao desafio social.
A TL veio aplicar uma
esperança imediatista, e em muitos casos os seus precursores não creem numa
escatologia literal futura na aparição real e verdadeiro de Jesus, gerando uma
esperança nesta vida, e que o futuro é construído em um engajamento social
marxista. Por outro lado a escatologia amilenista na sua ênfase que o evangelho
prosperará para a chegada derradeira de Cristo, pouco se importa com estas
questões, já os dispensacionalístas numa visão inversa, creem que o mundo vai
piorando paulatinamente, até o arrebatamento da igreja, não vê motivação de
tentativa de melhoria, pois é ineficiente já que tudo vai de mal a pior de
qualquer jeito. Assim ficamos em um empasse forjando uma membresia alienada de
sua condição.
Ainda que esperemos a vindo
de nosso Senhor, nosso engajamento social deve ser ativo, e constante, até a
aparição d’Ele.
O que precisamos não é de
uma nova teologia mas de uma igreja independente politicamente, podemos apoiar
políticas, ideologia mas nunca participação do governo, pois isto nos
aprisiona, e por cota de participação de forma direta da administração, nos faz
necessariamente coparticipante de uma política ineficaz. Em muitos casos o
envolvimento político tem característica institucional, fortalecimento do
sistema clerical, do que programa social.
Assim a igreja se prostitui
se vende, se corrompe, se esquece do que ela realmente é, perde sua identidade
profética. Virando as costas para o aflito, o desamparado, o renegado. Isto não
é mais igreja, e não sabemos como a denominar.
Deus é um Deus da verdade,
Deus jamais, por mais que me ame, irá ficar a nosso favor quando escondermos e
manipularmos a verdade. Deus é Deus da justiça, nunca ficará ao lado de quem
comete todo tipo de crime, que cause danos sérios ao homem. Ainda que não vejamos
de imediato esta justiça sendo praticada, ela virá, e todos se apresentarão
diante dele. E isto nos deve meter medo.
Deus é verdade, por isto
devemos sempre ficar a favor da verdade, Deus é justiça, por isto sempre
devemos ficar ao lado da justiça. Assim todos devem praticar a verdade, a
justiça, o socorro do aflito. Não precisamos de Marx para denunciar todo tipo
de atrocidades, tenho que ler melhor as Escrituras, no campo moral ela é
elevadíssima. E entendendo que certas situações Deus espera que nós
participemos desta verdade e da justiça, praticando-a quando lhes faltar, e não
ficar orando para que Ele venha intervir na situação, quando assim o fazemos, é
um duplo sinal, de quem esta a frente da liderança, não pratica a verdade e a
justiça, e ou que aquele que deve por em prática a verdade e a justiça, se
receia em fazê-lo, pois se acha incompetente, ou complacente, e também
espiritualiza exacerbadamente sua prática, com isto começa a se corroer o
ambiente e a teologia se estagna. E o erro começa a prevalecer.
Logo não precisamos de uma
nova elaboração teológica, mas de uma inclinação diante da pessoa do Espírito
Santo, e termos o sentimento de privilégio d’Ele querer nos usar neste santo e
maravilhosa obra, melhor que todos os títulos, e devemos desejar obtê-los, é
ser usados por ELE.
Muitos teólogos confiam na
sua leitura, teólogo que é teólogo ora mais que lê.
Ame o Espírito Santo, fale
com Ele, sinta Ele, seja seu templo. Que Ele habite abundantemente na nossa
vida.