quinta-feira, 7 de julho de 2016

O PENTATEUCO
O nome judeu:  TORAH (Instrução ou Direito). Torá (hebraico) raiz yara, "lançamento" ou "disparar", os meios de palavras "Direção", "lei", "instrução" ou "ensino".  A Torá não era conhecido como cinco livros, A Torá era conhecido como uma única entidade.
Nome judaico no Antigo Testamento
 A lei: Jos.8: 34; Esd.10: 3; Neh.8: 2,7,14; 10: 34,36; 00:44; 13: 3; 2Cr.14: 4; 31:21; 33: 8; O Livro da Lei: Jos.1: 8; 08:34; 2Re.22: 8; Neh.8: 3; O Livro da Lei de Moisés: Jos.8: 31; 23: 6; 2Re.14: 6; Neh.8: 1;  O Livro de Moisés: Esd.6: 18; Neh.13: 1; 2Cr.25: 4; 35:12; A Lei do Senhor: Esd.7: 10; 1Cr.16: 40; 2Cr.31: 3; 35:26;  A Lei de Deus: Neh.10: 28,29; O Livro da Lei do Senhor: 2Chr.17: 9; 34:14; O Livro da Lei do Senhor seu Deus: Neh.9: 3; A Lei de Moisés, servo de Deus: Dn.9: 11; Mal.4: 4.
Nome judaica no Novo Testamento, o Pentateuco é chamado em uma maneira similar que o A.T:
 O Livro da Lei: Gal.3: 10; O Livro de Moisés: Mc.12: 26;  A lei: Mat.12: 5; Lc.16: 16; Jo.7: 19; A Lei de Moisés: Lc. 2:22; Jo.7: 23; A Lei do Senhor: Lc. 2: 23,24.
"Pentateuco" de pentáteuchos gregos de dois termos: (Penta = "cinco"; teuchos = "volume"). A palavra pode ser traduzida como "(Livro) de cinco volumes" ou "composto por cinco rolos". A Septuaginta (250 aC) introduziu a ideia de dividir a Lei de Moises em cinco livros.  Nos manuscritos originais já havia cinco seções (não livros separados, embora):  "No princípio" (Gênesis)  "Estes são os nomes" (Êxodo)  "E o Senhor chamou" (Levítico)  "E o Senhor falou a Moisés no deserto" (Números)  "Estas são as palavras que Moisés falou" (Deuteronômio)  Orígenes (Origenes Adamantius 185-254) foi creditado com o primeiro uso da palavra "Pentateuco", quando ele fala sobre "Pentateuco de Moisés".  O nome Pentateuco apela para a unidade desses 5 livros
LIVRO TEMA LIÇÃO
GÊNESE A eleição de Israel;  A salvação é Essencial
ÊXODO A Redenção de Israel; A libertação é Essencial
LEVITICUS A santificação de Israel; santidade é Essencial
NÚMEROS A Disciplina de Israel; perseverança Essencial
DEUTERONÔMIO A Instrução de Israel; A obediência é Essencial.
O Pentateuco como base de todo pensamento teológico bíblico As escrituras judaicas estão divididas em três partes: 1 º Torá ou Pentateuco. 2 º Naviim ou profetas. 3 º Ketubiim ou escritos. A primeira divisão chamada de Torá é a base do pensamento teológico de todas os autores bíblicos do VT. e do NT. e mesmo de Jesus. Nos momentos de apostasia todos recomendavam um retorno a Moisés, uma volta aos estatutos e leis dadas pelo Senhor. Nos momentos de acusar os pecados e a apostasia também a lei era citada. Neemias faz isto em Ne.9.13-17. Esdras refere-se a Moisés e a outros grandes homens do tempo de Moisés como os profetas servos do Senhor que profetizavam sobre a terra prometida,Ed.9.11-14. Ele prega que os israelitas desfaçam seus casamentos e voltem aos moldes éticos da Torá. Ed.10. A pregação dos profetas é, em geral, contra as injustiças sociais e econômicas, contra a idolatria e contra os que se afastam de Deus. Mesmo que Moisés não seja citado, a volta à pratica da justiça, das boas obras, do abandono do pecado é conforme o que determinou Moisés no Pentateuco. Jr.5.1,2,25-28;6;19; Ezequiel denuncia que Israel afastou-se dos juízos e estatutos do Senhor,Ez;20;11-16; faz críticas as opressões que a lei prescrevia que não se fizesse, Ez.18.11-18.
Daniel diz que por ter o povo se desviado da lei e por não ofender a voz do Senhor, a maldição e o juramento que está escrito na lei de Moisés se derramou sobre Israel. Dn.9.10-13; Lv.26.14; Dt.28.15 Amós denuncia a terrível exploração social que ocorria em seus dias. A lei proibia veementemente a exploração aos pobres. Am.4.1, Ex.22.20-24 Miqueias combate as medidas injustas registradas na lei, Mq.6.10, Dt.25.13-16. A violência dos ricos a mentira e a língua enganosa. Mq.6.12. Habacuque salienta com muita ênfase a questão da violência, do ímpio que persegue o justo. “Por está causa a lei se afrouxa e a sentença nunca sai.” Hc.1.1-4. Sofonias, profeta que viveu nos dias do rei Josias, denuncia a opressão, a violência, as injustiças e a idolatria. Em seus dias e nos dias de Josias achou-se um livro da lei no templo o que proporcionou uma grande reforma religiosa em Judá,2 Rs.22.8-13. A profetisa Hulda, nesta mesma época, profetizou os males que viriam sobre Jerusalém conforme estava profetizado na Torá. 2 Rs.22.14-20. Ageu, profeta da restauração, estimula a justiça de acordo com Moisés e a volta ao Senhor antes de começarem a reconstrução do templo e profetiza bênçãos conforme determina a lei,Ag.2.10-23. Zacarias exorta o povo à verdade, ao juízo, a não praticar o mal com seu próximo, ao não juramento falso, ao amor a verdade e a paz. Isso retirará de entre eles as maldições e trará as bênçãos da constituição mosaica, Zc.8.13-19.
Moisés como a base do pensamento teológico do NT
No NT todos pensam Moisés. O povo, At.13.15; Jesus, Lc.14.5; Jo.5.46; os apóstolos, Jo.1.17; os inimigos de Jesus, Jo.19.7; Paulo, Rm.4.3,17; 10.5-8. Para Jesus Moisés fala literalmente dele, Jo.5.46; os redimidos da tribulação cantam o cântico de Moisés e do cordeiro, Ap.15.3. O nome desse profeta e seu código de leis está semeado por todo o NT: Mt.17.3;19.8; Mc.9.4;10. 4;Lc.9.30; 16.29; 24.27; Jo.1.17; 3.14; 5.46; 6.32; 9.29; At.3.22; 7.22; 21.21; Rm.5.14; 10.5; 1 Co.10.2; 2 Co.3.7; 3.15; 2 Tm.3.8; Hb.3.2; 7.14; 9.19; 11.23; Jd.v.9; Ap.15.3.
De que trata o Pentateuco De acordo com Moisés Maimônides, eminente filósofo judeu do século XII, a lei de Moisés é um código de leis com 613 mandamentos dados a Moisés no percurso da caminhada dos quarenta anos no “barmidbar Sinai” ou no deserto do Sinai, desde o sopé do monte sagrado até a planície de Moabe. Encontramos no prefácio de uma de suas principais obras chamada de “Os 613 Mandamentos” o seguinte dizer: “Esta obra monumental intitulada “torah” ou “a Lei” é a primeira constituição escrita distribuída a um povo para lhe servir de estatuto e guia. Contém 613 artigos de lei. Estes preceitos são divididos em duas grandes secções: os preceitos positivos ou “Farás”e os negativos ou “Não farás”. São 248 os preceitos positivos e 365 os negativos, pois usará as 248 partes que compõem seu corpo para fazer os seus deveres para com Deus e seu próximo e se recusará a fazer o mal os 365 dias do ano”.
Sistema Cultual Judaico A Torá especifica um complexo sistema cultual em torno do tabernáculo (Mishekan) Ex.37 e 38. As sete principais peças desse complexo tinham ampla representação no culto. 1-O Altar dos Holocaustos (mizbah Olah)Ex.38.1.Uma peça feita de madeira e coberta de cobre. Sobre esse altar eram feitos os sacríficos rituais que testificavam a redenção de Israel e por extensão de todo o mundo. 2-A Pia de Cobre, (kiyyõr) Ex.38.8.Lugar onde o sacerdote se lavava após o sacrifício. Dá ênfase a questão da santificação. 3-A Mesa dos Pães da Proposição, (shulhan welehem panim) Ex.37.10. Coberta de ouro. Aponta para a comunhão com Deus e com os irmãos. 4-O Castiçal de Ouro Puro, (menorah) Ex.37.17.ênfase na iluminação que traz a fé em Jeová. 5-O Altar do Incenso, (mizbah miqtar) Ex.37.25. Símbolo da adoração e a oração a Deus. 6-A Arca (aron habberit) Ex.37.1.Uma caixa feita de madeira de 1mx1m e revestida de ouro. 7-O Propiciatório, (kapporet) Ex.37.6.Uma tampa de ouro puro que fechava a arca do concerto. Sobre ele estavam os dois querubins, símbolos da presença de Deus. O sistema cultual estabelecido pela lei tinha certa hierarquia inflexível e que não podia ser quebrada ou substituída a sua liturgia. Nadabe e Abiu, filhos de Arão, por apresentarem uma liturgia diferente da estabelecida, foram mortos dentro do tabernáculo, Lv.10.1,2.
Sistema Econômico A Torá prescreve um eficiente sistema econômico, com contribuições sistemáticas e dízimos para sustento da tribo sacerdotal (Levi) e os serviços da tenda da congregação. Ex.30.11-16, estabelece uma contribuição obrigatória do resgate da alma de “metade de um siclo como oferta ao Senhor. Em Números o Senhor ratifica para Arão que toda a arrecadação feita para a tenda da congregação pertence aos levitas para que nada faltasse a eles. Nm.18.8-24.
Sistema Governamental A Torá estabelecia um sistema de governo teocrático tendo Moisés como líder maior(pelo menos para os dias da peregrinação),o qual não podia ser questionado, pois falava em nome de Deus. Seus irmãos foram punidos por Deus por não aceitarem sua liderança,Nm.12.1-16.Coré, Datã e Abirão também foram punidos por questionarem o líder Moisés,Nm.16.1-50.
 Sistema Social A Torá continha um exigente sistema de leis para se aplicar na parte social da comunidade. São centenas de mandamentos voltados para as relações humanas e o respeito à vida comunal.Lv.19.9-37;24.17-20;25.6,7.
Sistema Moral A Torá estipula um severo código moral entre os membros da comunidade israelita os quais se quebrados trariam severas consequências sobre os transgressores. Ex.22.16;23.1-9.
É sabido que o Pentateuco nos fornece os principais fatos da revelação divina. Precisamente nos primeiros capítulos é que ficamos a saber que foi Deus o Criador do mundo onde vivemos. Segue-se a descrição da queda do homem, revolta da criatura contra o Criador, por meio da qual a humanidade, e com ela toda a criação, teve de suportar a maldição divina. Vem depois a promessa do Salvador ("a Semente da Mulher" em Gn 3.15), com a indicação das circunstâncias em que este Salvador aparecerá no mundo. Primeiramente há um quadro geral do universo, em que o pecado leva o Senhor a destruir o homem pelo dilúvio, fazendo-o desaparecer da face da terra. Depois desse dilúvio, de que só escapou a família de Noé, surge um período de apostasia, cujo cúmulo leva o homem a construir uma torre capaz de enfrentar as nuvens e o próprio Deus (Gn 11.4).
Deus, porém, na Sua bondade infinita, propõe-Se preparar um povo, de que há de sair o Salvador. De Ur dos Caldeus chama Abraão, um dos descendentes de Sem (Gn 11.26), e através dele promete a bênção a todas as famílias da terra (Gn 12.3). Os filhos de Jacó emigram para o Egito, onde após anos de tranquila estada, se transformam numa grande nação. Surge a escravidão e uma tentativa para restringir o progresso desse povo, mas o Senhor liberta-o e com ele realiza uma aliança no Monte Sinai. É a Lei mosaica, que lentamente vai sendo explicada. Mas a libertação do Egito, por meio de Moisés, não passa dum símbolo da obra redentora de Cristo (cfr. Jo 1.17; Cl 2.17). Narrações que não podem ser tomadas como mera representação dos acontecimentos históricos, pelo seu significado espiritual, que podemos e devemos atribuir-lhes.
LIVROS HISTÓRICOS DE JOSUÉ A ESTER
a) O Livro de Josué
O caráter da literatura histórica é determinado pelo lugar que ocupa nos planos da revelação de Deus para a redenção da humanidade. A finalidade é, portanto, revelar o que o Senhor, na Sua misericórdia determinou para salvar o homem. É deste modo que ao Pentateuco se pode chamar a base da revelação, desde a criação do mundo até ao estabelecimento duma aliança com Israel, em que se expõem as condições dessa aliança. O livro de Josué mostra como o Senhor leva o povo escolhido à Terra Prometida, em conformidade com aquela aliança. A história que se segue, todavia, vai dizer-nos que só pela Lei não é possível a salvação. Como então? A redenção dos pecadores só poderia ser efetuada pelo Filho de Deus encarnado. Os livros dos Juízes, de Samuel e dos Reis lembram a apostasia de Israel, a que já os últimos versículos de Josué fazem referência: "Serviu, pois, Israel ao Senhor todos os dias de Josué, e todos os dias dos anciãos que ainda viveram muito depois de Josué, e sabiam toda a obra que o Senhor tinha feito a Israel" (Js 24.31). Nestas palavras se resume a história da religião de Israel, que assim abandonava o seu Deus.
b) O Livro dos Juízes
A isto se pode resumir o livro dos Juízes: "Os filhos de Israel deixaram ao Senhor, Deus de seus pais, e prestaram culto aos deuses pagãos de Canaã, Baal e Astarote. Pelo que a ira do Senhor se acendeu contra Israel, e os deu na mão dos seus inimigos. Todavia levantou o Senhor juízes que os livraram desses inimigos. Mas quando morreu o juiz, voltaram à idolatria e de novo foram castigados e oprimidos" ( Jz 2.11-23). Assim, até Jz 15 sucedem-se com mais ou menos pormenores diferentes narrações da atividade dos doze juízes. Os últimos capítulos limitam-se a registrar o estado deplorável durante este período da história de Israel.
c) O Livro de Rute
A nossa Bíblia interrompe agora a história com o pequeno livro de Rute, e bem que a Bíblia hebraica o apresente na terceira e última parte do Velho Testamento, num grupo separado, a que os judeus dão o nome de "Escritos". O livro conta a história da moabita Rute, casada com um rico proprietário, de nome Boaz, um dos antepassados de Davi. A introdução duma gentia na sagrada descendência de Davi, de quem havia de nascer o Messias, vem demonstrar que a eleição de Israel não exclui os pagãos da salvação do Senhor. Donde se infere, que o Salvador será o grande Redentor não só de Israel, mas de todas as nações.
d) Os Livros de Samuel, dos Reis e das Crônicas
Os livros de Samuel e dos Reis contam o ressurgimento do país, sobretudo nos reinados de Davi e Salomão, e por fim o seu declínio após a morte deste último. Na divisão do país sob Roboão e Jeroboão, apresenta-se a história paralela dos reis de Judá e de Israel, terminando com a apostasia que levou à destruição do norte do país e depois à catástrofe final do exílio no ano 586 a.C. O cronista resume toda a história desde Adão em diante. Até à morte de Saul é, por assim dizer, uma breve genealogia; mas a partir daí segue quase a par e passo os livros de Samuel e dos Reis. Após a divisão do reino, limita-se quase só a descrever os acontecimentos relativos ao reino de Judá. Quando os livros das Crônicas, porém, se cingem a relatar os mesmos acontecimentos que os livros de Samuel e dos Reis, não os reproduzem literalmente. É o que se verifica com as narrações da vida de Jesus Cristo pelos quatro evangelistas. A "crítica" nem sempre é favorável ao autor das Crônicas. Mas o fato de mencionar certos acontecimentos que Samuel e os Reis passam em silêncio, ou então omitir outros que aqueles livros registram, leva-nos a colocá-los ao lado dos evangelistas, de cuja probidade ninguém duvida. Dum modo especial note-se como o cronista se interessa principalmente por tudo o que se relaciona com as cerimônias do culto, deliciando-nos com inúmeros pormenores interessantes, que os outros livros passam em silêncio.
e) Os Livros de Esdras e Neemias
A tomada de Jerusalém e o cativeiro dos seus habitantes em Babilônia, de modo algum frustrou o plano redentor de Deus; pois a nação, da qual havia de nascer o Salvador, não podia ser completamente abandonada. Dá-se então o regresso do exílio, como lembra o cronista no seu último capítulo, referindo-se ao decreto do rei da Pérsia, Ciro, que autoriza os cativos a voltarem à terra de seus pais, se assim o desejassem e a reconstruírem o templo do Senhor em Jerusalém. É o que podemos constatar nos livros de Esdras e Neemias, que vão ao ponto de relatar minuciosamente todos esses trabalhos, sem esquecer as dificuldades que tiveram de vencer os filhos de Israel, há pouco vindos do exílio. Estes livros demonstram claramente que, apesar dos revezes da Israel não prestaram o devido culto ao Senhor. Por isso aguardam a "plenitude dos tempos" em que Deus enviará o Seu Filho (Gl 4.4-5).
f) O Livro de Ester
Resta-nos agora considerar o livro de Ester. Trata-se duma maravilhosa exposição, habilmente descrita, do que parece ter sido a mais perigosa ameaça ao futuro de Israel a sua exterminação total, levada a efeito pelo monstruoso plano de Hamã. O Senhor, porém, preserva o Seu povo, assegurando assim o cumprimento da promessa Messiânica feita aos nossos primeiros pais no jardim do Éden. Muitos comentadores têm dúvidas da historicidade e do caráter religioso do livro, embora não haja motivo para duvidar dos fatos que nele são descritos. Há um pormenor, observado pelos entendidos, a salientar neste livro: é que o autor mostra um perfeito conhecimento dos costumes persas. Quanto ao crime hediondo planeado por Hamã, não nos parece incrível, se pensarmos nos massacres perpetrados durante a última guerra mundial pelos nazistas alemães contra os indefesos judeus. Embora não se cite o nome de Deus, não se pode negar que o livro proclama a intervenção providencial do Altíssimo. Quanto a estar o livro eivado dum nacionalismo exagerado, vingativo e fanático, o que se descreve é a pura verdade. Os fatos são relatados objetivamente, e a atitude dos judeus, que não quiseram tocar nos despojos dos inimigos, embora o pudessem fazer, fala por si. Quem, pois, ousará censurar o autor, por exprimir a sua satisfação no dia em que viu os inimigos opressores passarem a oprimidos?
OS MILAGRES
Uma vez que nos relatam a história do plano redentor de Deus, não admira que os livros históricos do Velho Testamento contenham um certo número de milagres, especialmente o Pentateuco e outros livros posteriores.
Sirvam de exemplo a travessia do rio Jordão, a queda dos muros de Jericó relatados em Josué, as façanhas de Sansão descritas no livro dos Juízes, e os milagres dos profetas Elias e Eliseu tão pormenorizadamente narrados nos livros dos Reis. Ainda que muitos críticos ponham em dúvida a historicidade de tais narrações, não passa de subjetiva a argumentação que apresentam. O Senhor é um Deus que "opera maravilhas", sem que por isso vá de encontro às leis da Natureza. Já que a redenção da humanidade é o Seu maior milagre, não seriam de esperar outros milagres para que se realizasse essa magnífica obra? Nada melhor para conhecermos Deus que esses sinais e manifestações do Seu poder, que se faz sentir, sobretudo, nas grandes crises da história do Seu povo. Em muitos casos, é possível que os acontecimentos resultassem de causas naturais; efetivamente, assim por vezes o indica a Bíblia. Mas, supondo que se apresentassem semelhantes explicações, há sempre a considerar o milagre da precisão do acontecimento.
 O ELEMENTO HUMANO
Um traço característico desta literatura histórica é o fato de não incluir qualquer alusão ao culto dos heróis, à divinização das criaturas. Os homens e as mulheres, desempenhando o simples papel de testemunhas (Hb 12.1), são apresentados tal como eram, com suas virtudes e seus defeitos, a sua fé e as suas dúvidas, a sua justiça e os seus pecados. Abraão é retratado não só como o homem que acreditou no Senhor (Gn 15.6), mas também como o homem que duvidou (Gn 17.17). Embora Davi fosse o homem "segundo o coração de Deus", não deixa de narrar-se o seu comportamento escandaloso com a esposa de Urias, (adultério e homicídio) que, sendo notório, desagradou aos homens e "pareceu mal aos olhos do Senhor" (2Sm 11.27).
O objetivo principal é dar-nos a entender, que a fé destas "testemunhas" não é fruto de méritos próprios, mas exclusivamente um dom de Deus. E assim como o Senhor fez destas criaturas arautos infatigáveis da fé, o mesmo fará conosco, não obstante a nossa fraqueza de espírito. Não há, pois, motivo para desespero.
O elemento humano verifica-se ainda na seleção dos escritores e no uso dos materiais existentes. Os livros históricos abrangem um período muito mais extenso do que a vida normal dum homem. Não admira que tenha de admitir-se a tradição oral ao lado de documentos escritos. Sabemos que foram várias estas fontes. Nos livros de Josué e de Samuel alude-se ao "livro do Reto" (Js 10.13; 2Sm 1.18). Os livros dos Reis referem-se uma vez a um "livro dos sucessos de Salomão" (1Rs 11.41), e frequentemente ao "livro das Crônicas dos reis de Judá" ou "dos reis de Israel". Não se confundam estas obras com os livros bíblicos das Crônicas, podendo considerar-se aquelas como uma espécie de anais da corte. O cronista cita um grande número de fontes, como, por exemplo, "as Crônicas do Rei Davi" (1Cr 27.24); "as Crônicas de Samuel, o vidente" (1Cr 29.29), que não se devem confundir com os livros de Samuel; "as Crônicas do profeta Natã" e "as Crônicas de Gade, o vidente" (1Cr 29.29); "as profecias de Aías, o silonita" (2Cr 9.29); "as visões de Ido, o vidente" (2Cr 9.29 e 2Cr 12.15) ou "a história do profeta Ido" (2Cr 13.22); "os livros de Semaías, o profeta" (2Cr 12.15); e, finalmente, uma obra do profeta Isaías, filho de Amós (2Cr 26.22), diferente do livro bíblico de Isaías. São ainda frequentes as alusões ao "livro dos reis de Judá e Israel", que não é o mesmo que o nosso livro bíblico dos Reis, mas pode ser a mesma fonte a que o autor dos Reis se refere frequentemente, isto é, aos anais da corte.
Em muitos casos, parte das fontes utilizadas foram copiadas literalmente e assim introduzidas na narração, como as seguintes passagens, que podem servir de exemplo: A distribuição das heranças das tribos de Israel em Canaã (Js 14-19); as listas dos heróis de Davi (2Sm 23.8 e segs.; 1Cr 11.11 e segs.) e dos que voltaram do cativeiro de Babilônia (Ed 2; Ne 7.6 e segs.); cartas de oficiais ao rei da Pérsia (Ed 4.11 e segs., Ed 5.6 e segs.) e do rei aos oficiais (Ed 6.6 e segs.).
Noutros casos recorrem os autores à sua experiência pessoal, sobretudo quando tomam parte na ação que estão descrevendo. Sirvam de exemplo Js 5.1 "até que passamos"; Js 5.6 "a terra... que jurara dar-nos"; e em especial Ed 7; 9, e a maior parte do livro de Neemias.
Tem-se afirmado, que a literatura semítica revela geralmente uma acentuada tendência para a formação de grandes unidades. É o que se observa na literatura histórica do Velho Testamento. Deste modo o Senhor utiliza esta predisposição natural do povo de Israel, que pertencia à raça semítica, para realizar o grande corpo de narrações de caráter histórico, que nos dá uma perspectiva de toda a obra da redenção desde o princípio do mundo até à restauração de Israel depois do exílio. Em virtude da finalidade e do caráter destes livros, admite-se que não apresentem uma narração pormenorizada de todos os acontecimentos duma determinada época. Temos, no entanto, todas as informações que o Senhor julgou necessárias para nos revelar a Sua obra redentora.
VALOR PRÁTICO
A finalidade dos livros históricos não é apenas a de demonstrar como Deus levou a cabo a Sua obra redentora. Esses acontecimentos não passavam de "figuras... escritas para aviso nosso" (1Co 10.11). A oração de Elias, por exemplo, é sinal de que "a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos" (Tg 5.16); e os castigos de Israel aconselham-nos a fugir do pecado (1Co 10.7-10).
Em conclusão, os livros históricos são a Palavra de Deus, que nos estimula através de exemplos edificantes a seguir o caminho do bem. Sigamo-lo, pois.

Livros poéticos e de sabedoria
Introdução
O leitor moderno, habituado ao Livro de Salmos, percebe certa semelhança ao ler alguns materiais egípcios ou babilónicos. Os atributos pelos quais a divindade é louvada, as questões que induzem à oração, as preocupações pessoais e coletivas e até mesmo o estilo de linguagem dão um tom de familiaridade. Em quaisquer das sociedades do antigo Oriente Próximo, os deuses eram considerados responsáveis pela manutenção da justiça e se ocupavam dela no âmbito da vida humana. Isso era frequentemente tema de louvor e a base das petições. Além disso, todos os povos compartilhavam da condição humana e buscavam alívio para o sofrimento comum provocado pelas doenças, opressão, desamparo e dificuldades da vida.
Hinos e orações
Apesar das semelhanças superficiais, pode-se perceber diferenças profundas entre a visão de mundo de Israel e a de seus vizinhos, a partir desse material literário. Quando são feitos pedidos por libertação e salvação, ou misericórdia e graça, ficam evidentes certos pressupostos acerca de como o mundo divino funciona e como interage com a humanidade. Tanto os israelitas como seus vizinhos acreditavam que sofriam pela falta de atenção da divindade. No mundo antigo, de modo geral, acreditava-se que a divindade estava desatenta porque tinha sido ofendida. Visto que o comportamento ético não desempenhava um papel muito significativo na maneira como os povos da antiguidade encaravam suas responsabilidades para com a divindade, geralmente, supunha-se que ela se ofendia por não ter recebido a devida atenção por parte do indivíduo afligido. O adorador tinha pouca esperança de discernir qual ritual havia sido omitido ou causara a ofensa. A única opção era tentar aplacar a ira da divindade, em vez de especificamente reparar o erro. Portanto, o indivíduo estava disposto a reconhecer sua culpa (de um erro desconhecido) e dirigir suas orações, encantamentos e rituais no sentido de amolecer o coração da divindade e tentar reconquistar o seu cuidado e a proteção.
Os israelitas não estavam muito convencidos de que a desatenção de Yahweh era causada por ira. Eles prontamente reconheciam que, às vezes, mistificavam o porquê de Yahweh não vir em auxílio deles. Como indivíduos, nem sempre estavam dispostos a reconhecer a culpa, mas concentravam suas orações em pedidos de vingança. Eles necessitavam da retaliação porque o sofrimento naturalmente levaria os outros a concluir que Deus estava punindo-os por algum pecado. A resposta de Deus à oração demonstraria que Ele não estava irado com eles, e que não haviam cometido nenhuma ofensa grave. Quando pecavam, entendia-se como sendo um erro ético e não uma missão ritual. Eles esperavam que a graça de Deus resultasse de quem Ele era; não esperavam ser capazes de induzi-lo a agir com misericórdia, através de dádivas e agrados ou da invocação através de ritos mágicos.
Apesar dessas diferenças fundamentais, existe muito material, na literatura do antigo Oriente Próximo, que pode trazer compreensão aos salmos bíblicos. Muitas metáforas bíblicas originam-se do contexto cultural da época. Por exemplo, a imagem de Deus como um pastor, uma rocha ou um escudo encontra paralelos na literatura da Mesopotâmia. Expressões como "o desejo do teu coração", ser "tirado de um poço" ou usar o vento como mensageiro têm precedentes que ajudam a explicar o que os israelitas queriam dizer ao usá-las.
A Literatura de sabedoria do Antigo Testamento insiste em que somente o temor do Senhor (o princípio da sabedoria) pode trazer ordem ao caos da vida. Além disso, os rituais do templo também eram um meio de manter a ordem.
O material do antigo Oriente Próximo inclui provérbios, admoestações e instruções, debates filosóficos na forma de diálogos, monólogos e fábulas. Eles tratam de muitos dos temas da literatura de sabedoria israelita, inclusive, notavelmente, de diversos exemplos em que um sofredor está em busca das razões para seu sofrimento.
O problema subjacente a essa discussão que une todas essas obras dos "sofredores justos" é a teodicéia - a justiça da divindade. A tensão gerada entre a justiça divina e o sofrimento humano tem como base a crença no princípio da retribuição. Em poucas palavras, esse princípio afirma que o justo prosperará e o ímpio sofrerá; no entanto, se uma pessoa aparentemente justa está sofrendo e o princípio da retribuição é aceito, então a justiça de Deus é posta em dúvida. Essa tensão não era sentida tão intensamente fora de Israel porque não havia uma crença forte nas qualidades éticas da divindade. Além do mais, em um cenário politeísta, o comportamento de um indivíduo podia agradar a uma divindade, mas ofender a outra. O sofrimento humano, sem nenhuma razão aparente ou dúvidas concernentes à existência da justiça divina de forma compreensível, minava a habilidade de assegurar um mundo ordenado. Quando as coisas vão mal, as pessoas se sentem envolvidas pelo caos e não pela ordem. A literatura de sabedoria mesopotâmica tipicamente resolvia o problema afirmando que não existe nenhum sofredor justo. Eles também estavam dispostos a aceitar que os deuses eram inescrutáveis.
A literatura de instrução é mais proeminente no Egito, onde mais de uma dúzia de composições abarcam mais de dois mil anos (início do terceiro milênio até o final do primeiro milênio). Essas composições demonstram que a literatura de sabedoria israelita, assim como a encontrada em Provérbios, era parte de um gênero internacional (assim como o Livro de Reis afirma, 1 Rs 4.30). A literatura de instrução do antigo Oriente Próximo inclui afirmações concisas e incisivas como aquelas encontradas em Provérbios 10-29, e também, longas admoestações como em Provérbios 1-9. O paralelo mais próximo encontra-se na comparação de A Instrução de Amenemope (cerca de 1200 a.C.) em Provérbios 22.17-24.22, em que há um número relativo de temas e expressões bastante similares.
O tratado de Eclesiastes relaciona-se a uma subcategoria conhecida como a "literatura de pessimismo" que é exemplificada pelo Diálogo Acadiano do Pessimismo e pelos Cânticos Egípcios do Harpista e A Disputa entre um Homem e Seu Ba. Todos esses textos exibem um cinismo irônico a respeito da vida. O Diálogo do Pessimismo retrata uma conversação entre um senhor e seu escravo, na qual o senhor afirma sua intenção de engajar-se em diversas empreitadas. A cada sugestão, o escravo afirma os benefícios do curso de ação proposto, e em cada caso, o senhor muda de ideia e decide não concretizar seus planos. O escravo então replica, sobre a decisão, citando todas as desvantagens que determinada ação acarretaria. Os tópicos incluem: ir ao palácio, comer, caçar, formar uma família, liderar uma revolução, amar uma mulher, oferecer sacrifício, montar um negócio de crédito e fazer caridade pública. O texto termina quando o senhor finalmente pergunta ao escravo sobre determinada ação e ele responde: "Ter o meu e o seu pescoço quebrados e sermos lançados no rio é bom". A base desse tipo de literatura é mostrar que não é simples encontrar significado e propósito na vida e em suas atividades. Conseguir a ordem em meio ao caos raramente é alcançado de forma satisfatória.
O Cântico dos Cânticos também é incluído com frequência na literatura de sabedoria. Essa classificação pode ser sustentada pela percepção de que o Livro usa poesia de amor para ilustrar o ensino da sabedoria (8.6, 7). Outros exemplos do gênero poesia amorosa são conhecidos na literatura suméria mitológica concernente a Dumuzi, no terceiro milênio, mas os paralelos mais próximos são encontrados em um grupo de canções de amor egípcias do período dos juizes (19a e 20a Dinastias Egípcias, 1300-1150 a.C.). Essas canções de amor eram geralmente executadas em festas e compartilham muitas das características encontradas no Cântico dos Cânticos. Falta-lhes, porém, o ensino da sabedoria que o Livro bíblico considera crucial: romance, amor e sexo também podem ser forças do caos que precisam ser abrigadas sob a capa da ordem.
Em tudo o que foi dito acima fica evidente que, à medida que Deus incluiu os gêneros poético e de sabedoria em sua revelação a Israel, Ele não elaborou novos estilos literários, nem criou novos temas para abordar; ao contrário, Ele usou o que era familiar a qualquer habitante do antigo Oriente Próximo. Ele foi ao encontro de seu povo, onde eles estavam, e comunicou-se com eles de forma clara e poderosa. Aumentar nosso conhecimento da cultura e da literatura do antigo Oriente Próximo, portanto, pode somente ampliar nossa compreensão da Bíblia.
OS AUTORES DA SABEDORIA
Sabe-se, que surgiu entre os judeus uma classe de sábios, encarregados de transmitir a sua sabedoria de geração em geração, e que para isso possuíam escolas, onde os discípulos entravam em contato com as doutrinas dos mestres (Pv 1.6; Pv 22.17; cfr. Pv 24.23; Ec 9.17; Ec 12.11). Estes formavam um grupo aparte, como parece inferir-se de Jr 18.18: "Não perecerá a lei do sacerdote, nem o conselho do sábio, nem a palavra do profeta", onde se alude a três classes diferentes. Cada uma delas tinha uma missão diferente: o sacerdote interpretava a Lei, anunciava a vontade de Deus; quanto ao sábio, esse dava conselhos práticos sobre os problemas da vida quotidiana. Um era ritualista, outro teólogo e o terceiro moralista. É grande a diferença, pelo menos entre o segundo e o terceiro. Enquanto os profetas eram reformadores práticos e irradiavam a mensagem divina no âmbito da conduta individual e social, agindo deste modo, partiam dum nível de altos princípios para descerem à expressão de ideais de conduta moral. Os sábios, esses eram mais vulgares e partiam de princípios menos elevados, como eram os que se relacionavam com a vida de todos os dias. Aqueles eram críticos, estes moralistas.
Uns divulgavam a mensagem de Deus; outros, perante os acontecimentos da vida, e servindo-se da sabedoria humana, formulavam máximas e aforismos de grande profundidade moral. Assim poderíamos resumir as funções destes sábios ou autores da sabedoria:
a) Transcendem os limites do nacionalismo. Eram, por assim dizer, os humanistas do povo hebraico. Ao contrário dos sacerdotes e dos profetas não nutriam tendências para um particularismo racial. Somente nos livros de Sabedoria pós canônicos começa a aparecer esta ideia, e a Sabedoria quase sempre identificada com a Lei.
b) Tornam-se autores, desenvolvendo os seus conhecimentos literários e condensando-os em obras de notável valor.
c) Eram sobretudo práticos; filósofos, mas não por amor à filosofia; pensadores, mas visando sempre à vida de todos os dias; realizadores, não meros especuladores.
d) Continuaram a função da revelação, quando se calou a voz dos profetas e dos sacerdotes de Israel.

Livros proféticos
Introdução
Uma vez que, como cristãos, cremos que há um só Deus e entendemos que a profecia contém mensagens desse Deus, muitas vezes somos inclinados a pensar que a profecia bíblica é um fenômeno único. Embora se justifique pensar que toda profecia fora da Bíblia é falsa, permanece o fato de que a profecia bíblica está incluída em uma longa tradição de profecias no antigo Oriente Próximo. Até mesmo a Bíblia esclarece esse fato nas narrativas sobre Balaão e os profetas de Baal mantidos por Acabe e Jezabel.
A adivinhação está relacionada a qualquer processo que busca obter mensagens que ultrapassam o mundo dos humanos. No mundo antigo, a adivinhação assumia muitas formas distintas (ver o comentário em Dt 18), mas a maioria delas era proibida em Israel porque envolviam uma visão inferior da divindade (manipulação). A profecia era uma forma de adivinhação praticada legalmente pelos israelitas. Não se tratava de adivinhação mântica que exigia conhecimento de livros especializados (p. ex., feitiços ou textos de presságios) ou o uso de rituais mágicos mas, sim, era resultado da comunicação direta com a divindade. Textos que falam de profetas e apresentam as mensagens deles estão espalhados em toda literatura do antigo Oriente Próximo. Em alguns desses textos os profetas usam outras formas de adivinhação para receber suas mensagens.
A coletânea mais importante de mensagens proféticas encontra-se em cerca de cinquenta cartas preservadas em tabletes encontrados nos arquivos reais da cidade de Mari. São datadas do início do segundo milênio a.C. (contemporâneas aos eventos do Gênesis). As cartas relatam aos reis profecias que tinham por objetivo chamar a atenção de oficiais locais. As profecias são provenientes de diversas divindades e orientam o rei em questões militares e outros assuntos da política governamental. Ocasionalmente elas determinam que certos rituais sejam realizados. _
Uma segunda coletânea de quase trinta oráculos provém do período neo-assírio (sétimo século). A divindade principal é Istar de Arbela e as profecias tipicamente preveem vitória e prosperidade para o rei em seus diversos empreendimentos. Alguns dos oráculos estão registrados em grandes tabletes que serviam como cópias de arquivo, enquanto outros são textos menores contendo oráculos individuais. Os oráculos são relativamente curtos, variando de uma frase a um parágrafo ou dois, no máximo.
Na literatura egípcia não existem textos que afirmam conter oráculos das divindades, mas obras tais como as Exortações de Ipuwer e As Visões de Neferti (ambas datadas do início do segundo milênio) de fato contêm observações relacionadas ao estado caótico da sociedade e avisos do julgamento vindouro. Elas também fazem algumas referências a uma iminente restauração da ordem. Esse material, portanto, inclui os mesmos tipos de mensagens encontradas na literatura profética de Israel. Apesar dessa semelhança, não há instituição profética comprovada no, Egito, como se encontra no restante do antigo Oriente Próximo. A razão mais óbvia para essa diferença é que no Egito a divindade estava encarnada na pessoa do faraó. Não havia, portanto, necessidade de um porta-voz que falasse em nome da divindade, visto que a divindade já estava no meio deles.
Os oráculos proféticos do antigo Oriente Próximo são semelhantes a uma fase inicial da profecia israelita. Os profetas escritores de Israel foram designados "profetas clássicos", e os primeiros deles aparecem no início do oitavo século. Antes desse período, profetas como Natã, Elias, Eliseu e muitos outros são mencionados na literatura histórica, mas não há compilações de seus oráculos. São chamados de "profetas pré-clássicos" e são eles que apresentam a maior semelhança com os profetas do restante do mundo antigo. Suas mensagens eram dirigidas ao rei e diziam respeito à política pública ou outras questões de importância nacional. Nesse sentido, os profetas eram conselheiros oficiais, e com mais frequência, não oficiais do rei. Em contraste, os profetas clássicos muitas vezes dirigem-se ao povo ao transmitir suas mensagens de caráter social e espiritual. Apesar de suas mensagens incluírem proclamações de bênção ou reprovação, eram dirigidas à sociedade como um todo e não exclusivamente ao rei. Como resultado, os profetas escritores transmitiam alertas em relação ao cativeiro, à destruição e ao exílio que eram novidade nesse período e para a instituição profética.
Os profetas com frequência eram considerados loucos - uma consequência do fato de que não era raro receberem suas mensagens em estado de transe ou êxtase. Um dos títulos usados na literatura acadiana para profeta é mubhu, que geralmente é traduzido como "extático". Não obstante, os profetas eram levados muito a sério. O próprio ato de proferir as palavras era considerado determinante na concretização de sua mensagem. Isso acontecia independente da posição que o profeta ocupava na sociedade. Alguns profetas faziam parte dos funcionários do templo ou do concílio de conselheiros do rei, mas não era raro haver profetas leigos ou plebeus. Na Babilônia ou na Assíria a palavra do profeta estava sujeita à confirmação feita através de procedimentos de adivinhação. Apresentava-se a pergunta se a mensagem profética deveria ou não ser aceita favoravelmente e o sacerdote adivinho buscava a resposta "escrita" nas entranhas do animal sacrificado.
Fica claro que todas as culturas do mundo antigo acreditavam que os deuses se comunicavam através de indivíduos escolhidos. Em grande parte do antigo Oriente Próximo parece que os profetas serviam como apoio à ideologia imperial. Já em Israel, eles representavam com mais freqüência um movimento de contracultura. Por causa disso, os profetas tendiam a aglomerar-se em períodos de grandes turbulências. Durante o período pré-clássico os profetas Moisés, Débora, Samuel, Elias e Eliseu cumpriram seu papel em tempos difíceis. Durante o período clássico, a atividade profética girou em torno de três momentos cruciais:
1. A crise assíria que provocou a queda do reino do norte e o cerco a Jerusalém (760700: Amós, Oséias, Miquéias e Isaías)
2. A crise babilónica que resultou na queda da Assíria e na queda de Judá e Jerusalém (650-580: Habacuque, Sofonias, Naum, Jeremias e Ezequiel)
3. O período pós-exílico com o governo persa e a crise de identidade (530-480: Ageu, Zacarias, Joel, Obadias, Malaquias; Daniel poderia ser incluído entre esses, embora tenha cumprido seu papel como profeta no exílio).
Os oráculos dos profetas escritores podem ser divididos em quatro categorias gerais. Os oráculos de acusação notificavam o povo quanto ao que haviam feito de errado. Os oráculos de juízo descreviam a ação que Deus pretendia tomar em resposta às ofensas do povo. Os oráculos de instrução (relativamente poucos até o período pós-exílico) diziam ao povo o que precisavam fazer e como deveriam agir e pensar. Os oráculos futuros informavam o povo sobre os planos de Deus após a vinda do juízo. Todos, exceto o último grupo, também estão representados nas profecias do antigo Oriente Próximo, embora não tenham sido nunca coletadas, "publicadas" e canonizadas como o foram em Israel.
Os livros dos profetas, formando quase um terço do Velho Testamento, contêm a doutrina e, em certos casos, a história pessoal dos profetas que apareceram isolados, a intervalos ou contemporaneamente, desde o séc. VIII ao séc. IV A. C. Este período é notável pelo largo desenvolvimento do pensar humano, e pelo aparecimento de ilustres orientadores do espírito em todos os países do globo.
Quando Sofonias previa a desgraça que devia cair sobre Jerusalém, e Naum descrevia a ruína de Nínive, Zoroastro, segundo um cálculo provável, empenhava-se a fundo na reforma da antiga religião iraniana. Quando Jeremias e Ezequiel insistiam na pregação do culto interior e puro a Deus, na conduta sincera e na responsabilidade pessoal, Confúcio dava à religião da China uma forma definitiva, enquanto Sidarta na Índia lançava os fundamentos do Budismo.
Na era dos profetas que surgiram depois do exílio, encontrava-se em elaboração a antiga religião grega, enquanto os filósofos da Jônia concebiam novos e elevados conceitos do universo e os dramaturgos da Ática representavam os mistérios da vida humana, sem esquecerem o espírito de justiça a que devia subordinar-se.
Atravessava-se, então, um período de grandes acontecimentos políticos: Israel, deixava de existir; a Assíria perdia a sua independência; Babilônia era submetida pelos persas; Jerusalém, após ter sofrido uma destruição total, vivia um período de ressurgimento nacional. A Grécia, depois de se libertar galhardamente do inimigo invasor, via-se a braços com a praga das lutas internas. Roma, a expandir-se avassaladoramente. Enfim, uma época brilhante em todos os ramos da ciência, da política e da estratégia, sem que todavia nenhum sábio, nenhum político, nenhum herói tenham superado esses homens de poder e de visão, que foram os profetas de Israel e de Judá.
Os pregadores do séc. VIII não foram os primeiros profetas, no sentido que normalmente lhe atribuímos. Vêm de longe, pois desde os tempos remotos de Abraão se vêm verificando esses testemunhos duma doutrina fixa, que, revelada gradualmente, se baseou, sobretudo, na pregação de Moisés. Os profetas, tal como este patriarca, foram "chamados" por Deus, que os encarregou duma missão altamente espiritual.
Os diferentes nomes que a Escritura atribui aos profetas dizem algo do caráter e da natureza da obra desses homens excepcionais. O que vinha a ser então o profeta? Primeiramente um "homem de Deus", quer dizer mais intimamente ligado a Deus do que os outros homens, e, portanto, mais reto e mais justo do que eles. Em segundo lugar o profeta é um "servo de Jeová", com uma missão especial a cumprir, a de entregar uma mensagem aos povos.
Daí ser o profeta o "mensageiro de Jeová". As suas palavras tinham uma autoridade e uma força que só podiam advir de Deus. Finalmente o profeta é um "homem de Espírito", no dizer de Oséias (Os 9.7). Isto no que se refere ao poder e à autoridade do profeta. Mas, se atendermos ao fato de que era esse homem que explicava aos povos a mensagem divina, podemos ainda acrescentar aos epítetos do profeta o de "intérprete".
Mais três nomes vêm-nos indicar como o profeta recebia a sua mensagem, e a seguir como a tornava conhecida. Dois deles roeh e chozeh significam "vidente". O profeta vê o que não é dado ver aos restantes homens, mas não por mérito próprio devido a uma excepcional perspicácia, ou a um poder de penetração, que são apanágio de inteligências agudas e experientes. Também não se trata do emprego de meios semelhantes aos que se utilizavam na adivinhação ou no ocultismo. A "visão" do profeta resulta exclusivamente dum dom sobrenatural, independente da vontade do mesmo profeta, pois o objeto dessa visão é revelado por Deus. Não vá julgar-se, porém, que tal submissão a Deus pode implicar uma passividade absoluta. O uso das faculdades normais do profeta não fica em suspenso, como se pode deduzir da palavra "vidente", já que, quando mais não seja, a visão exige não pequeno esforço da parte do profeta, preparando-se para ela, as mais das vezes, com oração e com rogos (Dn 9.3).
A terceira palavra em questão, mais frequente e que se traduz por profeta, é nabi, e dá a entender que a pessoa assim designada é um verdadeiro intérprete. Ao contrário de Elias e Eliseu, os últimos profetas não operavam muitos milagres. Confiavam inteiramente nas palavras escritas ou proferidas, e reforçadas de vez em quando por uma ação simbólica (Jr 28.10). Embora unidos ao passado, interessavam-lhes, sobretudo, as circunstâncias do presente. Por isso, as suas obras refletem a vida política, econômica, social, moral e religiosa da época em que viveram. Assim se explicam algumas das descrições de reinados sucessivos dos livros dos Reis e das Crônicas.
A DOUTRINA DOS PROFETAS
a) A natureza de Deus
Podemos considerar a religião como uma tentativa eficaz para estarmos de boas relações com o supremo Poder do Universo. O caráter e o valor dessas relações, dependem muito do conceito que formamos do objeto do culto. Ao tempo da morte de Josué, embora Israel já tivesse entrado na Terra de Canaã, os seus habitantes ainda não tinham sido completamente dominados. As grandes tribos e muitos outros grupos organizados continuaram a lutar por mais algum tempo, com mais ou menos êxito. Mas gradualmente os invasores estabeleceram-se lado a lado com as outras populações e, esquecendo as ordens de Jeová, com elas se misturaram em casamentos e começaram a adorar os seus deuses. Ainda mesmo quando conservavam pura a ideia do monoteísmo, os seus pensamentos começavam a deixar-se influenciar pelas opiniões que os vizinhos pagãos formavam das suas divindades. É muito possível que alguns adorassem o verdadeiro Deus, apenas enquanto era um dos muitos a quem podia prestar-se culto. Pensavam, por exemplo, que para obter o auxílio divino era suficiente transportar a arca para a batalha (1Sm 4.5), ou então oferecer sacrifícios, embora com a consciência manchada por uma conduta irregular (Os 8.12-13). Sendo estes os frutos da primeira apostasia, a missão dos profetas era a de tornar conhecida a natureza de Deus, ou antes dirigir de novo a atenção para ela e considerá-la melhor. Cada um utilizava um processo diferente, porque as mensagens dos profetas variavam conforme a sua experiência pessoal, as circunstâncias particulares de cada caso e a cultura daqueles a quem eram dirigidas. Mas há um conjunto de verdades primordiais, que mais ou menos constituem a doutrina dos profetas.
1) DEUS É O LEGISLADOR ONIPOTENTE DO UNIVERSO.
É o Deus ou o Senhor dos Exércitos (Am 5.27). Quanto ao significado original desse epíteto, não é fácil descobrirmos se se relaciona com o comando das tropas de Israel ou com os exércitos celestes. Nos últimos tempos, todavia, é possível que se refira a este último caso. As miríades de estrelas simbolizavam os exércitos dos céus, e o comando de tais estrelas implicava naturalmente a Onipotência (Is 40.26). A tradução da Septuaginta dá um equivalente exato: pantokrator. O poder de Deus não se manifestou só na criação. Todos os dias o podemos admirar espalhado pela natureza. Ele é o Criador dos confins da terra e não se esgota a Sua energia criadora (Is 40.28). Ele formou os corpos celestes e as massas rochosas das montanhas. Ele aciona os ventos, dirige a luz e orienta a chuva. O prado verdejante é um precioso dom de Deus. O míldio, os gafanhotos e outras forças ocultas de destruição obedecem às Suas ordens (Am 4). O poder do Senhor manifesta-se ainda, e em larga escala, em todos os acontecimentos da história humana. Foi Ele quem retirou os israelitas do Egito e os levou para além de Damasco; (Am 5.27), quem levouo povo da Síria para Quir, de onde o tinha retirado (Am 1.5; Am 9.7). A Assíria é a vara da Sua ira (Is 10.5). Foi Ele quem suscitou os caldeus para realizar os Seus desígnios, (Hc 1.6), e quem cinge Ciro para realizar o que Lhe agradar (Is 44.28; 45.5).
2) DEUS É QUEM GOVERNA MORALMENTE O MUNDO.
Ele é santo, reto, justo e misericordioso. A palavra "santo", referindo-se a Deus, atinge nos profetas um significado moral, enquanto O distingue do homem na sua existência e na sua essência como criatura. A intervenção de Jeová na vida dos homens e nas nações nada tem do capricho que frequentemente se atribui aos deuses pagãos. Tudo contribui para o desenvolvimento do plano que desde a eternidade tem em vista. Todos os homens são iguais perante Ele. Ele está presente em toda a parte a observar a conduta dos homens, cujos segredos conhece, mesmo os mais íntimos pensamentos (Am 4.13). Quando castiga um país ou um indivíduo, é porque existe uma causa grave e não por mera bagatela como sucedia com os deuses olímpicos, que por uma insignificância, dizia-se, se iravam contra os homens. Há sempre um motivo: a violação da lei da justiça, que é comum a Deus e aos homens.
3) É O DEUS DA ALIANÇA COM ISRAEL.
Enquanto criou e governa todas as criaturas Deus quis um parentesco especial e único com Israel e os seus habitantes. Vejamos: Escolheu-os de entre todas as nações da terra (Am 3.2); chamou-os do Egito e instruiu-os paternalmente (Os 11.1- 4); deu-lhes a Lei para os orientar (Os 8.12); exortou-os a obedecerem aos mandamentos (Jr 11.7), etc. Mas o Seu povo revoltou-se contra Ele, expondo-se a sofrer graves consequências. Mesmo assim não o abandonou e manteve firme o plano previsto (Is 6.13; Mq 5.7-8). Deus só deseja o bem do Seu povo. Por isso não o entrega nas mãos dos inimigos, senão após inúmeros conselhos (Jr 25.4,11).
O DEUS QUE PUNE O PECADO DA HUMANIDADE, MAS PRICIPALMENTE DE SEU POVO.
1) PECADOS DO CULTO DE ADORAÇÃO. Estes pecados incluem a idolatria e todas as práticas que com ela andam associadas, a negligência no cumprimento dos deveres do culto, ou então uma atenção meramente externa com prejuízo do espírito da Lei (Ml 1.13; Os 6.6), e a profanação do sábado (Jr 17.19).
2) PECADOS DE ORGULHO. Estes conduzem à descrença e à indiferença em relação às ordens de Jeová, originando nos tempos difíceis uma confiança ilimitada nos chefes políticos e no poderio das nações, com desprezo absoluto pelo poder que vem do alto (Jr 13; Is 9.9).
3) PECADOS DE VIOLÊNCIA E OPRESSÃO. Os profetas defendem a causa das classes desprotegidas: os pobres, os órfãos, as viúvas, os escravos, e falam contra as prepotências dos ricos e dos poderosos.
4) PECADOS DE LUXÚRIA E INTEMPERANÇA. Estes pecados, que por um lado levam ao não cumprimento dos deveres, por outro incapacitam os homens de os cumprir devidamente.
5) PECADOS DE MENTIRA E DE IMPUREZA. Pelo primeiro desaparece a confiança política, comercial e social; pelo segundo, arruinam-se os fins da vida familiar.
Segundo os profetas, as virtudes máximas do crente resumem-se a três: o arrependimento, a fé e a obediência a Deus. O arrependimento, que os profetas tanto pregam, implicando conhecimento do pecado, supõe um pesar por havê-lo cometido, que ao mesmo tempo obriga o homem a voltar-se para o bom caminho de Deus, enquanto se desvia do caminho da iniquidade. A confiança em Deus é a fonte de energias para o cumprimento do dever, é o guia nas horas incertas, o conforto nas horas tristes, a prosperidade da vida espiritual. O conhecimento de Deus como Aquele que executa a paz, a justiça e a bondade na terra e se compraz nessa execução, é o que se recomenda acima de tudo (Jr 9.24).
O DEUS DO FUTURO
A visão de futuro nas profecias bíblicas está inteiramente associada a vinda do Messias. Embora, por causa do pecado, o país tivesse de sofrer a perda do território nacional, do templo e da própria independência, não tardaria a oportunidade em que o povo seria purificado e enriquecido, após uma restauração vitoriosa, e iria instruir os outros povos no conhecimento do Senhor, orientando-os no caminho da justiça e da paz. Ora, o cumprimento de tais promessas vem quase sempre associado a uma Pessoa, apresentada sob diferentes formas, e ultimamente designada por Messias (Dn 9.25-26). Já tinha havido uma série de profecias relativas a essa Pessoa a começar pelas do Proto-evangelho (Gn 3.15), mas as que haviam de aludir mais diretamente ao Messias eram, sem dúvida, as dos profetas do séc. VIII em diante, que não se cansam de O apelidar Profeta, Sacerdote e Rei. É sobretudo nos últimos capítulos de Isaías que mais se desenvolvem os dons proféticos do Messias: É chamado desde o ventre (Is 49.1); a Sua boca é uma espada aguda, uma frecha limpa na aljava do Senhor (Is 49.2); Jeová dá-lhe uma língua erudita, para saber dizer a seu tempo uma palavra e todas as manhãs Lhe desperta o ouvido para que ouça, como aqueles que aprendem (Is 50.4); a Sua mensagem é dirigida aos mansos (Is 61.1), porque foi enviado a restaurar os contritos de coração e a proclamar a liberdade aos cativos, não só de Israel mas também dos gentios, pois levará a salvação até à extremidade da terra (Is 49.6); finalmente, confiado no braço do Senhor, o Messias prosseguirá tranquilamente a missão de que é incumbido, apesar do desprezo e das perseguições (Is 49.7; 50.5-7).
Depois do exílio, Zacarias fala dum sacerdote, que será ao mesmo tempo rei. É muito natural que se trate da mesma pessoa, embora os outros profetas não desenvolvam tão largamente esta ideia. Ela aparece, todavia, no Sl 110 e é o tema geral da Epístola aos Hebreus.
O rei Davi simboliza dum modo especial o Messias-Rei. Como? O Messias nasce dum dos ramos da árvore de Davi, embora em circunstâncias humildes (Is 11.1); é cumulado dos sete dons do Espírito, por isso só julga em conformidade com a conduta moral; como Juiz, é justo, reto e fiel; como Rei, subordinará as forças do mal, que irão sendo eliminadas à medida que o conhecimento de Deus se for espalhando pela terra; finalmente será o Salvador das nações e a Esperança de Judeus e de Gentios (Is 11). Ao contrário dos reis da terra, não usará da força para obter e defender o seu império. Não cavalgará sobre ginetes de luxo, nem utilizará carros imponentes. Montará um simples jumentinho e o Seu império estender-se-á de um mar a outro mar, e desde o rio até às extremidades da terra (Zc 9.9-10).

Muitos outros passos das obras dos profetas aludem às excelsas virtudes desse grande Legislador. Isaías chama-Lhe o Deus Forte (Is 9.6); Jeremias "O Senhor, Justiça Nossa" (Jr 23.6); Miquéias declara que as Suas saídas são desde os tempos antigos (Mq 5.2); Daniel vaticina-Lhe um domínio eterno, que não passará (Dn 7.14). Outros textos falam-nos da missão divina do Messias, sem que por isso impliquem uma realeza no sentido humano. Zacarias descreve-O como o companheiro do Senhor dos Exércitos (Zc 13.7) e Malaquias chama-Lhe o Anjo da Aliança que de repente virá ao Seu templo (Ml 3.1).
LIDERANÇA E ACONSELHAMENTO PASTORAL

LIDERANÇA CRISTÃ

INTRODUÇÃO.
Não há uma pessoa que não esteja de alguma forma sob a liderança de alguém, a presença de uma liderança é um ponto indiscutível, seja até mesmo no lar há a presença de alguém liderando ou conduzindo-a, em um grupo de pessoas alguém sempre se destacará na liderança, seja até em um passeio para se divertir. Em uma organização na sua formação, um líder será apresentado para representa-la, e até mesmo com validade jurídica.
Na Bíblia podemos também verificar que em cada época havia uma necessidade da existência de um líder, principalmente a situação em a nação de Israel se encontrava ou pelo problema que estava sofrendo, surge alguém para conduzi-la e a se organizar a fim de superar estes desafios que, de alguma forma, os estava prejudicando.
Existe um livro da Bíblia que caracteriza bem esta afirmação que estamos apresentando, é o livro de Juízes, a ausência de um líder era um sinal de seus declínios e de perdas, fosse político, militar e até mesmo espiritual. Na referência 2.10, diz assim “E depois toda aquela geração se reuniu a seus pais; após ela surgiu outra geração, mas esta não tinha conhecimento nem ao Senhor, nem à sua obra que ELE realizara em favor de Israel”, lemos também 21.25 “Naqueles dias não havia rei em Israel, porém cada um fazia o que parecia reto ao seus olhos.” Por isto DEUS levantou juízes mas isto não foi o suficiente, Jz2.16,17. “Então o SENHOR levantou juízes, mesmo assim eles não quiseram ouvir os juízes.” A falta ou ausência de liderança provocará uma ‘anarquia’ política , social e também religiosa.[1]
Com esta introdução queremos demonstrar em primeiro lugar que na igreja a liderança é algo pertinente como instituição e como organização espiritual também. Em segundo lugar o ofício de liderar não é uma tarefa fácil, mesmo com a aprovação divina, e por ELE chamado e qualificado para conseguir este exercício.
Atualmente existe um desejo de liderar ou ser líder na igreja por motivos que nos deixa assustados, alguns buscam a liderança pelo status, outros por vaidade, alguns o poder pelo poder, líderes sem propostas espirituais, líderes sem perspectiva de estabelecer algo que a igreja necessita e que ele tem ou possui os meios deste resgate. Não, pessoas desejam liderança para promover um continuísmo, a fim de impor seu autoritarismo egocêntrico, sem se preocupar em uma re-leitura da sociedade atual, do novo modelo cultural em que estamos inseridos, o propósito deste trabalho é firmemente denunciar este sentimento errado de se desejar liderar nossas igrejas, precisamos de uma liderança transformadora, renovada, resgatar a credibilidade espiritual de nossos cultos, trazer a relevância e a reverência de uma vida cristã atual, tornar a preocupar nossos membros a exercer uma espiritualidade bíblica, realizar a vontade de DEUS com amor e paixão pelas almas em pecado, resgatar uma utopia cristão, um idealismo evangelístico. E tantas outras coisas.
Uma liderança transformada e comprometida, com as questões bíblicas, conseguirá transformar a atual situação.
O Desenvolvimento da Autoridade nas Escrituras
Pode-se verificar que desde o AT, o princípio de autoridade já estava presente no meio do povo de Deus. Ela não foi uma invenção das comunidades cristãs. O AT reconhecia a autoridade de Profetas e Profetisas (Cf. Ex 14.10-14; 15.20; 17,1-7; Dt 18.15; 34.10; Jz 4.4; 1Sm 7.8; 2Rs 22.14; Is 6.8; 61.1-3; Jr 1.4- 7; Ez 2.1-5), Sacerdotes (Cf. Ex 28; Lv 8,1ss), Juízes (Cf. Ex 18.13-27[2]; Jz 2,16.18), Reis (Cf. 1Sm 8.5; 12.1; 15.1; 16.1.12-13; 2Sm 2,7; 1Rs 1.34,39,43,48), e todos instituídos por Deus com a missão de falar, conduzir e julgar o Seu Povo.
De fato, os reis e os sacerdotes assumiam um papel mais importante. Os reis recebiam a incumbência de apascentar o povo de Deus (Cf. 2Sm 5.2). Eles intercediam pelo povo perante Deus (Cf. 1Rs 8.30-54) e representavam Deus presente no meio do povo (Cf. Is 7.14) . Eles tinham o poder de abençoar o povo em nome de Deus (Cf. 2Sm 6.18; 1Rs 8.55). De acordo com Franz-Josef Nocke, a sua ordenação era entendida como uma ordem direta do próprio Deus, mediante atos simbólicos (Cf. 1Sm 10.1; 2Sm 2.4 – unção; Sl 110.1; 132.11 – entronização), em que Deus realizava a sua eleição (Cf. 1Sm 10.1; 16.13) [3].
Com efeito, os sacerdotes possuíam algumas funções semelhantes aos reis, como abençoar o povo em nome de Deus (Cf. Nm 6,22-27), mas, também, exerciam outras funções diferentes, a saber: oferecer sacrifícios (Cf. Lv 1-7); instruir o povo (Cf. Lv 10.11); observar as leis de purificação (Cf. Lv 13); realizar os serviços no santuário (Cf. Lv 24.3-9); e, até, as funções de juiz (Cf. Dt 17.8- 13). Porém, havia uma peculiaridade em relação ao ministério sacerdotal. Ele estava reservado apenas aos filhos de Aarão da tribo de Levi (Cf. Ex 28).
Aos profetas cabia a interpretação dos sinais, bem como, o anúncio das mensagens divinas. Não aqueles do templo, que eram pagos para profetizar, mas, os profetas de Deus que advertiam aos reis contra os enganos, às vezes, arriscando as suas próprias vidas (Cf. Is 8.18; Jr 16.1-13; 32.1-15). Contudo, profetizavam pela sua própria vocação divina (Cf. Jr 1.4-5; Am 7.14-15). E, por fim, os juízes, eram levantados por Deus em um período em que “cada um fazia o que queria” (Jz 17.6; 21.25), para livrar o povo de Israel das mãos dos seus opressores (Cf. Jz 2.16.18).
Assim como no AT, também no NT, o princípio de autoridade foi instituído por atos divinos, Jesus foi considerado profeta (Cf. Mc 6.4; Lc 24.19; Jo 6.14). Isso implica dizer que Jesus tinha como missão principal proclamar o Reino de Deus (Cf. Mc 1.14-15; Mt 4.12-17; Lc 4.14-15). Jesus recebeu todo poder no céu e na terra e o concedeu aos seus discípulos para cumprirem essa missão (Cf. Mc 16.15; Mt 28.18-20). De acordo com Millard Erickson, Cristo não somente concede, mas transmite essa autoridade aos seus discípulos e a Igreja, por intermédio do Espírito Santo [4]. Os discípulos não foram enviados por seu próprio poder. A partir dos Evangelhos (Cf. Mc 3.13-19; Mt 10.2-4; Lc 6.12-16) e também de Atos (Cf. 1.13), pode-se conferir a eleição dos discípulos feita por Cristo. Cristo os comissionou (Cf. Mt 28.18-20). Ele é o Senhor da Igreja, foi Cristo que a edificou para Si  (Cf. Mt 16.18). Ele instituiu a Igreja como o novo “Povo de Deus”, o “Corpo de Cristo”, o “Templo do Espírito”[5], através da nova aliança (Cf. Mc 14.22-25; Mt 26.27-28; Lc 22.15-20; 1Cor 11.23-25) [6]. Jesus Cristo confiou o governo da Igreja aos seus apóstolos a fim de que estes continuassem fazendo discípulos de todas as nações (Cf. Mt 28.18-20), e edificassem o seu Corpo (Cf. 1Cor 14.4.5.12; Ef 4.12). Cristo chamou para Si todos aqueles que Ele quis (Cf. Mc 3.13). De acordo com o evangelista Marcos, Jesus chamou os seus discípulos para estarem com Ele, aprenderem Dele e receberem Dele o poder para pregar a Boa Nova de salvação e a autoridade para expulsar demônios (Cf. Mc 3.14-15). De fato, parece que Cristo concedeu a Pedro supremacia em relação aos demais discípulos (Cf. Mt 16.18-19), pedindo-lhe que confirmasse a fé dos seus irmãos (Cf. Lc 22.32), e o mandando apascentar as suas ovelhas (Cf. Jo 21.15-17). Porém, conquanto se reconheça que na Igreja apostólica, houvesse uma hierarquia: Pedro, os Doze, os outros apóstolos, Paulo, e outros homens com diversas funções, e que exerciam ainda que em segundo plano, parte ativa no ministério hierárquico, não parece seguro afirmar que a hierarquia já estivesse instituída. Ele também delegou o mesmo poder a todos os discípulos e também a Igreja (Cf. Mt 18.17-18; Jo 20.23). Ou seja, não está claro que Jesus Cristo quisesse enfatizar a necessidade de um líder eclesiástico soberano acima de todos, o que caracterizaria um modelo de autoridade monárquico. Todavia, ao que parece, o modelo de autoridade pretendido por Jesus, apesar de conter o aspecto hierárquico, era um colegiado: “Como o Pai me enviou também eu vos envio” (Jo 20,21) e soprou sobre todos eles o Espírito Santo (Cf. Jo 20,22).
Dessa forma, entende-se que todos os apóstolos deveriam cooperar para o pastoreio da Igreja de Cristo. Ao que parece, Cristo enviou os seus discípulos a fim de que eles dessem continuidade à missão que o próprio Jesus recebera do Pai. A missão dos discípulos consistia, sobretudo, em proclamar a Boa Nova de salvação, pois “o Reino de Deus já chegou a vós” (Mt 12.28).
Todavia, Cristo sabia que os seus discípulos e, posteriormente, a sua Igreja jamais teriam condições de cumprir essa missão, sozinhos. Por isso, determinou que eles aguardassem em Jerusalém, a descida do Espírito (Cf. Lc 24.49; At 1.4). E, avisou-lhes de que receberiam o poder do Espírito (Cf. At 1.8). Com a descida do Espírito Santo, no Dia de Pentecostes (Cf. At 2.1-13), a promessa de Jesus Cristo aos seus apóstolos foi cumprida e, historicamente, a Igreja foi concretizada. Mais do que isso, todo poder e autoridade que haviam sido dados a Jesus no céu e sobre a terra (Cf. Mt 28.18) e transmitido aos seus discípulos, por conseguinte, foi estendido a toda Igreja de Cristo (Cf. At 15.23-29; 1Cor 6.2-4; 12.28; Ef 4.11-16).
Ademais, para que a missão fosse cumprida até que Jesus voltasse (Cf. 1Cor 1126), fazia-se necessário que outros apóstolos trabalhassem em conjunto com o grupo dos Doze. Isso pode ser comprovado no NT com o surgimento de outros homens que passaram a ser reconhecidos com o título de apóstolos: Paulo (Cf. 1Cor 15.9); Barnabé, Judas e Silas (Cf. At 14.14; 15.22); Silvano e Timóteo (Cf. 1Ts 1.1); Tiago de Jerusalém (Cf. Gl 1.19) Andrônico e Júnia (Cf. Rm 16.7). Com efeito, as Igrejas cristãs primitivas reconheciam a autoridade apostólica concedida por Cristo, a ponto dos apóstolos administrarem os bens na comunidade cristã (Cf. At 2.44-45; 4.34-35; 5.12-13). Dessa forma, foram surgindo vários líderes eclesiásticos com a responsabilidade de conduzir a comunidade que, historicamente, originou-se do povo de Israel e pertencia a Deus e Deus a ela; formada por aqueles que foram batizados em nome de Cristo, celebravam o seu corpo eucarístico e entendiam que Ele era a única Cabeça; e, que foram agraciados com os dons do Espírito, recebendo Dele poder para ser sinal de Deus na terra Seja como for, evidentemente, o princípio de autoridade nas Igrejas cristãs é imprescindível para que essa possa cumprir sua missão. Contudo, não se deve desprezar a realidade social que a cerca. Isso implica dizer que não cabe a hierarquia das Igrejas impor regras e normas, ou responder a perguntas que a sociedade não fez. Ao contrário, as hierarquias têm a responsabilidade de procurar respostas, juntamente com a sociedade, às crises e aos sofrimentos que a humanidade enfrenta. As Igrejas devem ser o sinal de Deus na história concreta.
Para tanto, elas devem considerar as realidades humana, social, política, teológica e espiritual que as cercam. Mais do que isso, uma eclesiologia que não atenta para um contexto histórico-social, teológico e para a ação do Espírito Santo, mediante a fé, deixa de ser sinal de Deus presente e atuante na terra, e o que é pior, perde a sua autoridade.
Todavia, o reconhecimento da autoridade eclesiástica, bem como, das hierarquias não deve restringir, limitar ou extinguir a ação do Espírito (Cf. 1Ts 5.19). Além disso, não se deve esquecer que Cristo é o Senhor da Igreja, que o Espírito Santo continua soprando sobre ela, e que a hierarquia é necessária para conduzir a Igreja de Cristo. A autoridade eclesiástica é proveniente de Cristo. E a ênfase recai sobre a comunidade de fé que existe concretamente pela ação do Espírito Santo

UMA CRISE DE AUTORIDADE.
Atualmente hoje estamos presenciando uma crise de diversos aspectos na liderança ou no nosso ofício nas igrejas, podemos destacar um princípio de que a nossa sociedade com sua atitude pragmática, tem influenciado profundamente esta liderança, permitindo o surgimento de aproveitadores da situação, pois hoje cada vez mais nas membresia busca-se um líder que lhe diga ou lhe ofereça resultados imediatistas, instantâneo, sem se preocupar com a verdade sobre quem o está liderando. Outro ponto são as chamadas membresia ‘órfãs’ o líder é um ausente nas vidas e nos processos de seus membros, ao ponto de lhe dar um ofício de não contrariedade aos seus membros, algo bem utilitário, abandonando o pastoreio pessoal e  personalizado.
Desta forma  o líder ou pastor abandona uma liturgia espiritual e direcionada a DEUS, para algo mais ao agrado de seu membro, ou do cliente religiosos, já que ele paga o dízimo, transformamos o nosso culto em ‘programas gospel’. Desta forma pastores se transformam em prestadores de serviço, antes o que era congressos de pastores está se transformando em palestras de tendência mercadológica, simpósio de marketing, tudo a fim de agradar seus consumidores. Também como conseguir aumentar suas receitas e a frequências em seus cultos de ouvintes, também método de se tirar uma boa oferta para aumentar a receita da igreja, planos de satisfação pessoal, o que antigos chamavam de ‘busca de DEUS’, agora estes membros tem o direito de se queixar no procon ou em programa de televisão.
Como afirmou Rubem Amorese crise de autoridade é também crise de submissão, uma consequência da crise de amor,[7] a despeito das inovações e das tendências deste mundo precisamos colocar a nossa liderança segundo os padrões da Bíblia, não podemos permitir que a sociedade e suas manias nos pressione de como exercer nosso ministério, quando for necessário ceder cederemos, mas quando alguma coisa não estiver  correta a disciplina deve ser o meio pelo qual iremos corrigir para se acertar, não vamos ficar com medo de perder os membros que frequentam nossos cultos , no final é ele que está cedendo de forma errada e é o ministro quem dará a DEUS por sua tarefa e mordomia da sua liderança.
ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DA CHAMADA MINISTERIAL:
A chamada ministerial é totalmente licenciada por DEUS :  Hb. 5.4 ; Mt4.19 ; At13.2 Através destas passagens fica bem definido que ninguém pode se auto intitular ministro ou exercer alguma liderança sem que reconheça ser antes uma escolha divina.
A chamada para o ministério é personalizada (Gl 2.7-9). Cada ministro possui um ministério definido e seu grupo tem definido por DEUS a exercer seu ministério.
A chamada para o ministério é uma realidade espiritual: Somente pessoas de condição espiritual bem definida poderá enxergar a sua chamada, é a descoberta e o desejo de  exercer o seu ministério até mesmo no sua plena função ministerial. Is 6.7,8.
A chamada ministerial é um ato soberano; Ninguém tem o direito, ou a intenção de interferir na nossa chamada tentando questiona-la, mesmo depois por DEUS, por inúmeras formas, ter sido aprovada. Ex3.10 ; Nm16
A chamada ministerial é uma realidade poderosa: Por mais fraco que sejamos, ou venhamos a nos sentir, por mais inúteis que podemos nos apresentar ou até mesmo podemos nos achar até desqualificado para exercer o nosso ministério, DEUS irá nos prover a nossa capacitação. Jz.6.14; IICo4.7; IICo 12.
A chamada ministerial é definitiva Lc 9.62: Com esta afirmação não torna o ministro alguém pré-salvo, ou um super-homem que nada o impedirá ou o excluirá no exercício de seu ministério, Paulo advertiu ao ministro cuidar de sua salvação e também de seu ministério para que não venha se achar desaprovado. IT6.11-16; IITm3.10-17; IITm2.1-26.
ALGUMAS ESSÊNCIAS DA LIDERANÇA.
1.O Líder deve sempre agir corretamente mesmo quando o mesmo não está acontecendo com ele.
2.O Líder deve permanecer fiel às suas convicções, mesmo quando não há ninguém o observando.
3.O Líder deve buscar realizar suas tarefas mesmo quando não há uma vontade momentânea de realizá-la.
4.O Líder jamais deve se esquecer ou abandonar os ideais que o motivou no passado, mesmo quando o seu objetivo foi alcançado.
5.O Líder deve estar preparado para distingui que nem todas as questões de sua vida se restringe aos embates espirituais, mas que precisa de nossa cuidadosa atenção.
6.O Líder deve estar em busca de  equilíbrio através de uma auto-avaliação periódica.
7.O Líder deve reconhecer que ele foi chamado e ungido por DEUS e que  há pessoas também ungidas e chamadas por DEUS para estar com ele.
8.O Líder deve estar preparado e desejoso dos grandes eventos, mas também pronto para enfrentar os revés de suas consequências  IRs19.1-3.
9.O Líder deve constantemente buscar a orientação de DEUS para realizar sua vontade e não se permitir ser moldado pelas dissimulações e opiniões contrárias, Jr29.11.
10.O Líder deve distinguir o excesso de trabalho e excesso de cansaço, pois sem esta reflexão poderá nos levar ao desestímulo  IRs19.4.
11.O Líder não pode se motivar apenas pelo sucesso que proporcionará o que estamos ou iremos realizar, mas antes pela ordem de DEUS quando tudo não faz sentido ou não for como esperávamos, Jr36.1,2,27 e 28.
12.O Líder não pode medir sua tarefa pela oposição que vem até nós, mas sim pelo desafio que ela nos faz superar, Jr12.5.
13.O Líder em obediência deve crer que o mal que nos atinge não é para dizer quanto estamos errados, ele sim devemos crer que este mesmo mal  em DEUS se tornará útil para nós e que uma tarefa há de ser realizada no final, Is 61.7; Gn 50.18-21; IITm 4.14-16.
14.O Líder não ficará em paz se ficar preso no passado e não se libertar para as realizações possíveis e existentes no futuro, Is 43.18,19.
15.O Líder perde seus questionamentos quando seus discernimento se vai Pv 3.5,6: Mc 2.6-8; Mt 8.14-16.
16. O Líder alcançará sua felicidade e realização quando DEUS o tiver oportunidade de sobre ele construir e realizar seu bom plano, Rm 12.2.
17.O diabo adora receber a culpa de nossas debilitações, pois com isto não conseguiremos enxergar  as nossas próprias debilitações na liderança que exercemos.
18.O Líder deve saber que o diabo é um opositor, mas não o nosso empecilho de realizar a vontade de DEUS, Its 2.18; At.17.9.
19.O Líder deve desfrutar do momento de realização de seu objetivo, e se preparar para uma nova tarefa de sua vida em DEUS. Sl 106.12-15.
O DESAFIO DE UMA LEDERANÇA EQUILIBRADA.
I- Líderes Determinados X Teimosos: Precisamos distinguir corretamente quando nossas posições seriam  pontos determinados, caracterizado pela certeza e convicção de suas intenções, por atos teimosos que não conseguirão alcançar o fim ou o objetivo desejado, como aconteceu com Reoboão filho do rei Salomão.
II- Líderes Flexíveis X Irredutíveis: O profeta Jeremias com o reinado de Josias possuía boa oportunidade para exercer o seu ministério, até que surgiam novos reis que o persegui devendo ele se adaptar a estas novas situações sem abandonar seus propósitos e comprometer seu ministério e de como deveria ser o profeta de JEOVÁ. Jr23.28-32; 12.5; Tg3.11.
III- Uma liderança entre Humildade X Tímida: O jovem pastor e discípulo de Paulo Timóteo sofria algumas intimidações devido sua condição ainda de jovem, mas por seu mentor era orientado a saber impor seu ministério. IITm1.7; Itm4.2.
IV- Um líder entre Compromisso X Comprometido: Queremos destacar que compromisso está acarretado uma questão mais sublime, quanto comprometimento está uma questão imprópria do líder já que ele exercerá sua função através de motivos não ideais aos seus liderados podendo realizar serviços que poderá prejudicar ao seu ministério.
V- O líder entre Templos X Impérios: Qual está sendo o motivo da construção dos atuais prédios dos cultos evangélicos ? Se for templos é para DEUS, se for impérios é para gloria pessoal.
VI- O líder entre O Mover de DEUS X O Mover do mundo : O líder movido por DEUS estará glorificando-O, movido pelo mundo está sendo sob perspectiva humana, cobiça, arrogância e principalmente confiando mais nas circunstâncias do que em DEUS.
VII- O líder entre Foco X Fragmentação: O apóstolo Paulo se apresentava como exemplo de atitude do líder no exercício ministerial, Paulo tinha  e agia com Foco. Quando o líder perde o seu foco ele entra em fragmentação, que o levará à dissolução Fp3.12-14.
VIII- O líder entre Declaração X Engano:  É triste observar ministérios vencidos pelo engano que muitos líderes adentraram, engano este que compromete até mesmo sua salvação, IICo2.17:IICo4.1,2: Itm4.16:Mt23.3; IICo3.13. Exemplo de Moisés e o véu.
IX- O líder entre A letra da Lei X Espírito de Vida:  IICo3.1-6, muitos líderes exercem sua liderança na intimidação, enquanto que pela força do Espírito conseguirá seus resultados mais positivo e elevar seus liderados a uma posição de ação pelo amor.
X- O líder entre o ministério da Reconciliação X Alienação: Estamos levando nossos liderados a um compromisso e uma glorificação pautada pela gratidão e pelo amor ou estamos aprovando uma liturgia que esquece estes aspectos, se estiverem podemos estar provocando alienados; IICo5.18-21.
XI- O líder entre Sacrifício X Sacrilégio: IICo6.3-10, uma liderança sob sacrifício busca agradar ao seu Mestre, sacrilégio é atravessar e desobedecer ao Senhor Lv10 Nadabe e Abiu.
XII- O líder entre Mobilização X Fossilização:  Lc24.46-47, líder mobilizado não se abate com as dificuldades e com as circunstâncias, o líder fossilizado está dominado e desmotivado pela aparências que surgem nos desafios do exercício constante.
XIII- O líder entre Sal do mundo X Estátua de sal : Nós como sal estamos agindo em benefício do mundo, estátua de sal um símbolo, um ícone do fracasso, do amor errado, o olhar errado, com a preocupação errada, uma lembrança da decisão que provocou nossa estagnação; Mt5.13;
A AUTORIDADE ESPIRITUAL DO LÍDER.
No momento em que estamos  exercendo nossa liderança surge alguns questionamentos da nossa função, se ele possui alguma autoridade e até mesmo se ela é realmente espiritual. Certa ocasião Jesus foi interrogado sobre que autoridade Ele estava realizando tais atos ou sobre sua pregação, neste momento Jesus interrogou sobre como estes homens encaravam o ministério de João Batista, a Bíblia deixa bem claro que eles não criam na autoridade do ministério de João Batista, e desta forma Jesus não deu explicações também de sua autoridade espiritual como líder, Mt21.23-27; A nossa autoridade espiritual muitas das vezes não será compreendida por algumas pessoas, mas nós devemos manter acesa nossa confiança n’AQUELE que nos comissionou no seu serviço.
A partir deste exemplo fica bem claro que, mesmo exercendo corretamente seremos questionados, segundo a autoridade espiritual é o respaldo necessário e decisivo para o exercício de nossas funções na Igreja.
Se alguém se manter independente e autoconfiante, não se sujeitar ou em dificuldade de se submeter á autoridade delegada por DEUS, esta pessoa corre o risco de jamais poder realizar a obra de DEUS na terra. As pessoas que estão em posição de autoridade são responsáveis pelo exemplo e instrução de outras pessoas no conhecimento de DEUS.
O líder na sua autoridade é responsável de ver o que os outros não viram e atingir o que os outros não atingiram. O que fazemos deve vir daquilo que aprendemos diante de DEUS, e o dizemos deve proceder daquilo que experimentamos com ELE. Não há autoridade exceto a de DEUS. Se nada vem diante de DEUS, então não temos absolutamente nenhumas autoridade  diante dos homens. Todo aquele de deseja que os outros se sujeitam à autoridade deve ele mesmo aprender a reconhecer a autoridade de DEUS. Pois DEUS nos convoca para representarmos sua autoridade, não para substituirmos, e o líder quanto mais perto uma pessoa se encontrar do SENHOR, mais claramente vê suas próprias falhas. Poderíamos destas forma declarar que inúmeras dificuldades que enfrentamos atualmente são ocasionadas pelos excessos que cometemos como ousadia abusiva, intransigência ou dominadores por demais, lembre-se o que nos faz diferente dos outros DEUS.
Davi, embora por sua unção que recebeu permaneceu por anos sob as mãos de Saul. Por isto não estendeu sua mão para instituir sua própria autoridade. Do mesmo modo, se DEUS designou capaz de suportar a oposição de outros. Mas se você não foi constituído por DEUS, qualquer esforço que fizer para estabelecer sua autoridade será dolorosamente fútil.
Assim quando sua autoridade for testada, não faça nada. Não se apresse, não lute, não fale por si mesmo. As pessoas não estão se rebelando contra você mas contra DEUS.

ACONSELHAMENTO PASTORAL
Introdução
Aconselhamento pastoral é um campo de estudo da prática clínica pastoral, e, o mais concordaria, como sendo uma vocação ou chamado que coloca o conselheiro ao serviço da outras. Sobre o tema parece que podemos levantar muitas perguntas sobre o exercício do aconselhamento pastoral. Por exemplo: Será que um conselheiro pastoral tem que ser um ordenado ministro ou deve o trabalho conselheiro pastoral em um ambiente de igreja? como funciona próprias crenças religiosas do conselheiro pastoral e sistemas de valores fator em o processo de aconselhamento? Qual é o objetivo global de aconselhamento pastoral ? Será que o conselheiro pastoral tem que estar preocupado com a evangelização? O aconselhamento pastoral é uso exclusivo aos membros da igreja ou podemos estender a pessoas não conversas? O Pastor deve estar disponível integralmente a igreja para servir como conselheiro, ou deve-se estabelecer dias e horários ao momento de aconselhamento?
Segundo Ruth Scheeffer, por aconselhamento se compreende “a relação face a face de duas pessoas, na qual uma delas é ajudada a resolver dificuldades de ordem educacional, profissional, vital e a utilizar melhor os seus recursos pessoais”.[8] O Aconselhamento Pastoral é “ uma dimensão da poimênica, é a utilização de uma variedade de métodos de cura (terapêuticos) para ajudar as pessoas a lidar com seus problemas e crises de uma forma mais conducente ao crescimento e, assim, a experimentar a cura de seu quebrantamento. O aconselhamento pastoral é uma função reparadora, necessária, quando o crescimento das pessoas e seriamente comprometido ou bloqueado por crises.”[9]
O aconselhamento Pastoral apresenta o conforto de Cristo, ajudando os outros em sua jornada em direção emocional, mental, espiritual e bem-estar físico (Lucas 2:52). O conselheiro, sendo treinados na arte e na habilidade de aconselhamento, bem como dos dogmas cristã, torna-se uma ferramenta na mão do Rei Jesus auxiliando todos os filhos de Deus na caminho da vida.
É imprescindível ao conselheiro pastoral ser treinado com uma formação técnica e ou profissional em aconselhamento ou do mesmo campo.
O conselheiro pastoral aprecia o mistério da pessoa.
O conselheiro pastoral é aquele que se aproxima de outras pessoas com uma  antropologia cristã, isto é, aquele que vê o cliente como vindo de Deus e volta para Deus.
O conselheiro pastoral é aquele que, modelado por Jesus, faz esforço concertado para atender os clientes em seu próprio nível no processo de "elevá-los" a uns maiores níveis de crescimento e maturidade.
O conselheiro pastoral incorpora e baseia-se em seu próprio fervor espiritual e sobre aqueles de pessoas santas que os inspiram pessoalmente. O conselheiro Pastoral procura ser fiéis a Escrituras e usar isso como um presente para auxiliar no processo de aconselhamento.
 O conselheiro pastoral baseia-se na sabedoria de suas tradições religiosas, que o ajuda os clientes a desenvolver o sentido de suas experiências de vida.
O conselheiro pastoral traz uma abordagem holística única de aconselhamento, servindo a pessoa de forma total e plena. O conselheiro pastoral vê todos os aspectos da pessoa humana, explorando as necessidades espirituais do indivíduo. Junto com os recursos disponíveis para todos os conselheiros, o conselheiro pastoral também depende da orientação do Espírito Santo reconhecendo a sua presença no processo de aconselhamento. Conselheiros pastorais, acima de tudo, reconhecer que eles próprios têm sido consolados por Deus e por sua vez pode confortar outros como um curador ferido. O Apóstolo Paulo declarou: "Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e Deus de toda consolação, que nos consola em toda a nossa tribulação, para que sejamos capazes de confortar aqueles que estiverem em alguma tribulação, com a consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus." Através de uma continuidade de oração, estudo bíblico e comunhão cristã, o conselheiro pastoral reenergizado permite Deus ministrar a ele ou a ela, tornando-os capazes de confortar outros.
O conselheiro pastoral é colocado em uma posição de privilégio e responsabilidade devendo exibir um coração misericordioso, compassivo de Jesus ao ferido e partido. Portanto, o conselheiro está vinculado a sua convicção de fé para tratar com respeito e dignidade, em Deus, não importa as condições sociais, econômicos, ou idoneidade moral. Assim como Jesus ministrou aos pobres e os ricos, e o pecador, bem como a santos, o conselheiro pastoral segue o exemplo de nosso Senhor. Ao todo, o conselheiro pastoral reconhece a sua própria dependência do Cruz e a mão estendida de misericórdia. O conselheiro pastoral preza o sacrifício que Jesus fez por toda a humanidade, mostrando o valor da pessoa humana. O pastor conselheiro, então, vê toda a humanidade como tendo valor e significado por causa da Cruz. Mas devemos ressaltar que aconselhar não é conivência ao pecado, antes repudiá-lo, e mostrar o caminho da autoconfissão e buscar o perdão em Deus.
O Senhor tem uma grande preocupação para o seu povo. Sua tão grande  salvação não está vinculada apenas sobre a eternidade, mas também sobre esta vida, aqui e agora. Devido a isso, ele nos deu a sua Palavra e nela encontramos  todas orientações para uma vida, que será para a sua glória e para o nosso bem.
O povo do Senhor são frequentemente chamados a suportar muitos dos problemas enfrentados igualmente por homens e mulheres não conversos. Contudo a diferença entre o cristão e o homem ou a mulher do mundo está em nossa atitude para com os traumas da vida, mas não significa que as questões existenciais não venha nos enfraquecer, por isto o aconselhado deve ser orientado segundo as Escrituras, e se aprumar nela para superação de seus momentos difíceis.
É preciso que o pastor seja hábil intérprete da Palavra e hábil interprete de pessoas, se ele quiser ser efetivo no ministério. "Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração" (Cl 3.16). O obreiro recebeu a missão de presidir e admoestar o rebanho de Jesus o Sumo Pastor (lTs 5.12,17; Hb. 13.7,17), e ajudar as ovelhas machucadas, desviadas ou até mesmo as rebeldes a se reabilitarem. Aconselhamento é algo mais do que encorajamento. Aconselhar é infundir esperanças, levando-o a encontrar as respostas de Deus para os seus problemas.
A ASCENSÃO DO ACONSELHAMENTO PASTORAL
O "pai fundador" melhor conhecido do movimento de aconselhamento pastoral provavelmente foi Anton T. Boisen, um ministro e escritor que, durante os primeiros sessenta anos da sua vida longa, passou por certo número de colapsos psicóticos, três dos quais levaram à sua hospitalização em instituições para doenças mentais. Como resultado destas experiências, Boisen tirou a conclusão de que a igreja estava negligenciando o campo da saúde mental, e veio a interessar-se na necessidade de treinar alunos dos seminários para trabalhar com os doentes mentais.
Começando com apenas uns poucos estudantes, Boisen começou um programa de treinamento, pouco organizado, para seminaristas no Hospital Estadual de Worcester, em Massachussets. A partir deste começo simples, "Clinicai Pastoral Education" (CPE = Educação Clínica Pastoral) cresceu até ficar sendo uma disciplina altamente organizada que providencia treinamento supervisado em aconselhamento para seminaristas e conselheiros pastorais.
Nas décadas de 1930 e 1940, quando numerosos seminários estavam acrescentando treinamento pastoral clínico aos seus currículos, as faculdades teologicamente conservadoras estavam reagindo com ceticismo — ceticismo este que permanece até ao tempo presente. Desde seu início, a CPE parecia ser um movimento teologicamente liberal, e este fato, juntamente com uma desconfiança geral da psicologia, foi sem dúvida a causa de os evangélicos conservarem-se separados da corrente principal da CPE. Embora não endossassem de modo algum a teologia da CPE, os psicólogos cristãos Clyde Narramore e Henry Brandt demonstraram que era possível uma abordagem bíblica ao aconselhamento, e alguns evangélicos começaram a perceber a relevância da psicologia à educação teológica. Agora, a maioria dos seminários e institutos bíblicos conservadores tem cursos de aconselhamento pastoral, e algumas destas instituições até mesmo têm departamentos altamente desenvolvidos de psicologia e aconselhamento pastorais. O contato evangélico com a CPE permanece sendo mínimo, no entanto, e ainda não há abordagens bíblicas claramente delineadas ou de larga aceitação, quanto ao processo do aconselhamento.
Definição do aconselhamento bíblico:
1) Alvo: o alvo do aconselhamento é nos levar a um ponto de maturidade. “Teleios”: plenitude, maturidade, fato de ser inteiro, completo e maduro em Cristo. Cl 1:28; Hb 5:14; I Jo 2:5.
2) Parákletos: idéia de consolação (II Co 1:3,4 / At 13:15); exortação (Hb 3:13); oração (Fp 1:9) Alguém que é chamado para estar ao lado de outrém para ajudá-lo com seu conselho. Estar ao lado define bem o aconselhamento bíblico. Construir um relacionamento de ajuda. É animar, encorajar, confortar e trazer a esperança que mudança é possível.
3) Nouthésis: Admoestar; Exortar; ensinar e repreender - Esta palavra indica um obstáculo que há e que deve ser vencido. (Tt 2:15; I Ts 5:11).
Existe diferença entre os distúrbios emocionais e problemas espirituais. Os problemas emocionais são causados por traumas vivenciados principalmente na infância que precisam ser tratados. Os problemas espirituais são oriundos de um padrão pecaminoso que contribui para o desencadeamento de uma crise. Em geral inicia-se com aspectos como: culpa, autocomiseração, ira, descontrole emocional, etc..
Não devemos confundir a natureza pecaminosa que herdamos que deu origem às doenças de uma forma geral (Rm. 3.23), com pecados cometidos no dia a dia. Qualquer pessoa que viveu alguma situação traumática poderá Ter problemas emocionais, independentemente da sua condição espiritual.
Problemas espirituais não se resolvem com psicoterapias ou com uso de psicotrópicos, mas com a Palavra de Deus, que "penetra até a divisão da alma e do espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração" (Hb. 4.12b). Eis a necessidade de conselheiros cristãos - pessoas qualificadas, com formação específica, que manejem bem a palavra de Deus e tenham um amplo conhecimento da personalidade humana.
Ninguém melhor do que o pastor para atuar como um conselheiro. O senhor Jesus lhes deu autoridade para presidir e admoestar o seu rebanho. (lTs 5.12,13; Hb. 13.7,17). Por essa razão, se faz necessário o ministro ocupar parte do seu tempo no trabalho do aconselhamento. Mas nem todo pastor está habito a prestar aconselhamento, seja por imaturidade, ou desconhecer corretamente as Escrituras, ou não possuir habilidades cognitivas primárias do processo de aconselhamento. Por isto pode-se pedir ajuda de profissionais, seja ara orientar, como para realizar tal processo, mas devemos lembrar que tal recurso deve ser feita com juízo crítico bíblico, e de alguém formado na área, mas com deslumbre bíblico.
Frente a essa realidade, como ministros do evangelho, escolhidos por Deus para uma tão sublime missão de apascentar o rebanho do Senhor Jesus - o Supremo Pastor - como deixar as ovelhas de Cristo a mercê de seus próprios problemas, que deixam às vezes, o manancial de águas vivas, e cavam para si cisternas rotas, que não retêm água? (Jr. 2.13). Quando um problema não é bem tratado as pessoas envolvidas podem sofrer drásticas consequências. A maioria dessas pessoas não consegue se erguer e carregarão para o resto de suas vidas um estigma de alguém que fracassou e não tem mais o direito de ser restaurada. O líder deve considerar os seus problemas como fatores potenciais para o crescimento. A adversidade pode significar avanço. (Fl. 3.13,14).
Procure compreender a si mesmo e assim será capaz de compreender o outro. Resolva primeiro os seus conflitos interiores para não subir ao púlpito cheio de tensões e medos. Ou carregado de uma visão estereotipada, preconceituosa, impondo ao rebanho aquilo que no fundo não consegue viver ou fazer. Devemos descer do pedestal e reconhecermos, o fato de que somos frágeis e, como obreiros, estamos sujeitos a quebrar como vasos de barros. Assim aconteceu ao homem, segundo o coração de Deus, Davi (SI 89.20). Busque ajuda quando se fizer necessário. Descubra a razão dos seus problemas e tente solucionar todos os seus conflitos.
Para aconselhamento, devemos, portanto, manter em mente o seguinte:
• Jesus Cristo é o meio de mudança. Acreditando que o seu evangelho pode mudar as respostas dos nossos corações. Toda a sabedoria teórica e conselhos práticos em aconselhamento deve conduzir a um relacionamento com Jesus Cristo através da fé.
• Jesus Cristo é o objetivo da mudança. Exibindo sua personalidade, Jesus é o modelo de maturidade que nós almejamos. Circunstâncias não podem mudar e problemas não podem ir embora através de aconselhamento vazios e sem esperança, mas Deus promete o poder de responder de maneira que venha a refletir a obediência confiante de seu Filho.
A equipe de apoio
Havendo uma grande demanda o pastor poderá ampliar o atendimento escolhendo obreiros auxiliares, capacitados para o aconselhamento, para fazerem parte do programa de atendimento.
As ovelhas não podem ficar sem assistência por falta de espaço na agenda do pastor. A equipe de apoio deve estar em sintonia com o pastor para que não ocorram choques na maneira como os problemas são tratados. Essa equipe deve ser formada, preferencialmente de pessoas que fazem parte da liderança da Igreja.
Quem trabalha com o aconselhamento precisa possuir as seguintes virtudes: bom caráter, competência, vida espiritual saudável, bons antecedentes, conhecimento teológico e, sobretudo, conhecimento sobre a personalidade humana.
Atualmente deve-se obter e motivar na membresia formação em educação, psicologia ou psicanálise, direito, para as demandas generalizada no mundo atual, principalmente no Brasil devido sua enorme condição social, econômica e política.
Há diversas maneiras de se desenvolver um programa de orientação na Igreja. Apresentamos apenas algumas sugestões que podem lhe ajudar a criar este serviço na sua Igreja.
1) Aconselhamento
Uma das atividades fundamentais desenvolvidas por meio do Serviço de Orientação é o aconselhamento. Este pode ser realizado de diversas maneiras: aconselhamento individual, para casais, familiar ou coletivo. O líder e/ou a equipe de apoio precisa de uma preparação específica para realizar este tipo de trabalho.
2) Palestras
Outra forma de proceder a orientação é através de palestras, seminários ou simpósios sobre temas específicos como: namoro, relacionamento conjugal, a disciplina no lar, saúde, cidadania, etc. É importante estabelecer sempre um painel para perguntas, sendo encaminhadas para aconselhamento as pessoas que desejam respostas sobre sua vida particular ou familiar.
3) Cursos
O Serviço de orientação deve alcançar os jovens da Igreja promovendo cursos de preparação para o casamento, com direito a consulta a especialistas na área da saúde. A Igreja pode estabelecer esse curso como pré-requisito antes do casamento. Há outros cursos que podem ser desenvolvidos com casais, líderes, professores da EBD, etc.
4) Acampamentos
Uma maneira eficaz de realizar o Serviço de orientação é por meio da realização de acampamentos ou retiros, abrindo espaço nestes para debates sobre temas específicos. Se possível convidar pessoas especializadas como psicólogos (cristãos), médicos, professores, administradores de empresa que possam orientar os adolescentes, jovens, casais, líderes, etc. sobre a sexualidade, a vida conjugal, a vida emocional, a carreira profissional, entre outros.
Questões básicas do aconselhamento
O aconselhamento bíblico vai além das preocupações psicológicas à (1) transformação do coração humano por meio de Cristo para que a verdade, o amor e as boas obras de Deus tenham efeito completo visando à maturidade individual e coletiva e (2) ajuda para todos os homens a fim de que a verdade, o amor e as obras de Deus sejam conhecidos por todos. Assim, o aconselhamento bíblico se baseia na redenção consumada e aplicada e, para que a proclamação da fé tenha efeito pleno, trabalha também com a redenção pregada, isto é, com os aspectos doutrinários e éticos da redenção.
As seguintes breves respostas às questões levantadas no início deverão nortear o nosso pensamento à medida que prosseguirmos neste estudo.
(1) Quem é o homem? O homem é um ser criado por Deus de modo analógico, isto é, criado segundo a imagem de Deus. Deus é pessoal, trino, infinito e soberano, transcendente e imanente, justo e bom, e redentor; o homem é pessoal, um, finito e dependente, imanente e autotranscendente (até certo ponto), criado bom, mas caído, e redimível.
Roger E Hurding, procurando construir uma perspectiva bíblica da nossa humanidade, destaca quatro aspectos que deveriam ser considerados em qualquer antropologia que pretenda ser bíblica: o ser humano tem supremo valor (em função de sua criação especial e de suas relações especiais), é uma unidade viva, sofre relacionamentos quebrados, e é restaurável.
(2) Como é o homem? O homem apresenta uma dualidade ontológica, uma pluralidade funcional e uma unidade compreensiva. A Bíblia não divide o homem em partes como corpo, alma e espírito, ou mente, sentimentos e vontade. A pessoa é uma totalidade de corpo, alma, espírito, coração, etc. Quando alguém pergunta sobre a separação "pó ao pó" e "o Espírito a Deus", ela confirma que essa separação é o resultado do pecado  quando ocorre a separação sobrevém a morte, e a ressurreição é a reunião de corpo e alma e espírito.
(3) Qual o presente estado do homem? O homem é hoje o mesmo homem criado por Deus, mas sua condição não é a mesma da criação. A Bíblia diz que ele está morto em seus pecados e que a vida que ele ainda tem é vivida num ambiente de morte, isto é, de rebelião contra Deus, seus pensamentos são reversos quanto a Deus e à Criação e ele experimenta uma inversão total dos sentidos quanto aos propósitos de Deus para si mesmo.
(4)       Qual o problema básico do homem? Quando conselheiros bíblicos dizem, em coro com a Escritura, que o problema básico do homem é o pecado, contra eles se levantam vozes dissonantes vindas de pontos diferentes. Há outros problemas, dizem, com um pouco de razão. Nem todos os problemas são consequências imediatas do pecado de alguém, mas certamente são consequências do pecado de Adão, quer perpetrado por um indivíduo contra ele, ou vindo de um mundo caído, permeando todos os seus problemas.
Como o homem poderá ser ajudado? A redenção consumada pelo Senhor Jesus na cruz em favor de muitos supre a necessidade que todos temos de sua imagem, sua glória. A glória de Deus é demonstrada em graça àqueles que são chamados e em ira para com os réprobos. Desse modo, a ajuda é oferecida ao homem pela pregação do evangelho para que ele creia e se arrependa a fim de que seja salvo. A salvação tem diferentes aspectos: a própria salvação (santificação pela justificação), crescimento na salvação (santificação progressiva baseada na justificação) e a salvação a ser revelada (glorificação).
Sugiro o livro de Richard Foster, Celebração da Disciplina, para uma discussão mais completa dos interiores, disciplinas para fora, e corporativos. Sugiro também o livro de Dallas Willard, O Espírito das disciplinas: Noções básicas sobre como Deus muda vidas.
TIPOS DE ACONSELHAMENTO [10]
As Terapias Diretivas: Nestas abordagens, o conselheiro é visto como perito que faz o diagnóstico e a análise do problema, às vezes define ou categoriza o comportamento, e decide sobre soluções para o problema do aconselhando e, de várias maneiras, comunica estas soluções ao aconselhando. Para o behaviorista há pouca ênfase sobre os sentimentos ou o pensamento. Toma-se por certo, pelo contrário, que os sintomas são o problema, e que o único tratamento eficaz é a mudança do comportamento ou ações através de técnicas derivadas dos laboratórios dos pesquisadores psicológicos.
Terapias Permissivas: O conselheiro aqui pode ver-se como perito em lidar com problemas pessoais, mas sua tarefa não é fazer diagnósticos, receitar soluções, ou fazer o tratamento das pessoas. Pelo contrário, o conselheiro é um facilitador que estimula as pessoas a solucionarem seus próprios problemas e que cria um ambiente permissivo em que pode ser solucionado o problema e ocorrer o crescimento pessoal. O conselheiro escuta enquanto o aconselhando-cliente fala, resume o que foi dito, e procura identificar o que o cliente está sentindo. Toma-se por certo que o cliente finalmente chegará à compreensão de seu próprio comportamento, e tomará as medidas necessárias para mudar-se.
Terapias de Interação: Este termo descreve o aconselhamento em que o conselheiro e o aconselhando interagem juntamente mais ou menos como iguais. O terapeuta da realidade não nega os sentimentos ou o comportamento, mas encoraja o aconselhando a focalizar sua atenção na realidade presente, e a fazer planos para o futuro que o ajudarão a se sentir amado, capaz de amar, e com mais valor como ser humano.
O Aconselhamento Noutético: Esta é uma abordagem diretiva que em muitos aspectos é semelhante à terapia racional-emotiva de Albert Ellis. Embora tenha sido criticado por muitas das suas conclusões, Jay Adams em seu livro ‘Conselheiro Capaz’ nem por isto deixou de procurar edificar um sistema de aconselhamento que começa com a Escritura e é construído com base nela. Poucas outras pessoas foram tão corajosas ou criativas ao ponto de tentar semelhante tarefa. No começo do seu livro, Adams declara que seu método tem pressuposições. "Aceito francamente a Bíblia inerrante como o Padrão de toda fé e prática," escreve ele. Portanto, “as Escrituras constituem a base, e contêm os critérios segundo os quais procurei emitir todo juízo”.[11]


[1] WILLAIME, Jean-Paul. Do problema da autoridade nas igrejas protestantes pluralistas.
[2] Ex 18,13-27 é interessante observar que embora o povo de Israel não estivesse completamente organizado, Moisés, ainda que influenciado pelo seu sogro, parece ser o primeiro a ordenar chefes no meio do povo, descentralizando o poder e reconhecendo a necessidade da hierarquia.
[3] NOCKE, Franz-Josef in SCHNEIDER, Theodor (Org.). Manual de Dogmática. Vol. II. Petrópolis: Vozes, 2000.
[4] ERICKSON, Millard J. Introdução à teologia sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1997.
[5] ERICKSON, Millard J. Introdução à teologia sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1997.; GRUDEM, Wayne A. Teologia sistemática. São Paulo: Vida, 1999;  Também Grudem apresenta 12 metáforas ou imagens sobre como a Igreja pode ser vista na BíbliaLANGSTON, A. B. Esboço de Theologia Systematica. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Baptista, 1927; Langston, no NT, encontram-se presentes as duas naturezas da Igreja. A Igreja como organismo consiste no Corpo de Cristo que se identifica com o Reino de Deus, porém não é o Reino; e a Igreja como organização é constituída por membros regenerados por Cristo.
[6] Ex 12,1-34 é interessante observar como na última ceia Cristo reúne os elementos fundamentais que faziam parte da antiga aliança, a saber: o pão, representando os ázimos; e o vinho, simbolizando o sangue aspergido sobre os umbrais das portas a fim de que o destruidor não ferisse os primogênitos dos israelitas.
[7] Amorese, Rubem Martins. Icabode; da mente de Cristo à consciência moderna;— Viçosa : Ultimato, 1998.
[8] SCHEEFFER, Ruth. Aconselhamento psicológico. 7.ed. São Paulo: Atlas, 1993,
[9] CLINEBELL, Howard. Aconselhamento pastoral. Modelo centrado em libertação e crescimento. 2.ed. São Paulo: Paulus; São Leopoldo: Sinodal, 1998.
[10] Para uma discussão destas quatro funções ver W, A. Clebsch e C. R. Jaekle, Pastoral Care in Historical Perspective (Englewood Cliffs, Nova Jérsei: Prentice-Hall, 1964).
[11] Jay Adams, “Conselheiro Capaz” Editora Fiel, São Paulo, 1977.