TEOLOGIAS
CONTEMPORÂNEA
Se
fala muito em Teologia Contemporânea onde se limita aos teólogos denominados liberais,
incluindo a neo-ortodoxia,enquanto o correto deveria ser Teologias
Contemporânea, como aqui iremos demonstrar. Mesmo se ficarmos apenas com os
liberais a diversificação seria enorme, pois os liberais na sua criatividade
desenvolveram diversas nomenclaturas e novas formas e propostas de se construir
a teologia.
Outro
ramo que também tem se desenvolvido nestes últimos tempos é a chamada linha
mais ortodoxa, na linha reformada do cristianismo, que nestes últimos tempos
por força ainda que impulsionados pelos liberais, também se move e apresenta
novos caminhos teológicos.
Os
principais ramos da teologia atualmente, devido estas novas tendências seriam
Teologia Dogmática, que trabalho pressupostos do pensamento que estabelece a
doutrina que acredita ser a mais original segundo as Escrituras; Teologia
Bíblica, que é a mais recentes; Teologia Histórica, que pode ser estudado a partir
do teólogos ou pensadores, ou das doutrinas, de como foram se desenvolvendo
através dos tempos, até chegar a sua estrutura atual. E por fim a Teologia
Sistemática, a mais conhecida, “que é a tentativa de construir um corpo
consistente e compreensível a partir do conjunto completo da revelação de Deus,
seja ela a revelação especial (bíblica) ou geral (natural)”[1].
A palavra
Teologia é um termo derivado do grego (theologia), poetas como Homero e
Hesíodo, cujas narrativas abordavam deuses e semideuses, eram chamados, entre
os gregos, “teólogos” (theologoi). Suas histórias foram classificadas como
“teologia mítica” pelos escritores estóicos.[2]Ainda
temos a “teologia natural ou racional”, próxima da “filosofia teológica” de
Aristóteles, embora Fílon, em seus comentários, haja chamado Moisés de
“teólogo”, i.e., uma pessoa que fala a respeito de Deus e porta voz de Deus,
nenhuma forma dessa palavra grega aparece na LXX do AT e no NT, seu uso cristão começa com os apologistas.
Por
volta do ano 200, no entanto, tanto o termo grego como sua transliteração
latina estava sendo usados no ensino cristão referente a Deus. Atanásio aplica
teologia ao conhecimento de Deus em seu próprio ser, como distintivo de suas
atuações para com o mundo, enquanto outros, entre os quais Agostinho, restringe
o termo ao ensino sobre a Divindade. Apenas ocasionalmente nos Pais “teologia”
se refere a um alcance mais amplo da doutrina da igreja. A palavra passa a
pertencer à terminologia da comunidade da fé, sem que separação alguma seja
feita entre o seu significado de ensino a respeito de Deus e de conhecimento
(apreensão, experiência) de Deus.
Porém,
o discurso sobre Deus conquistou uma expressão nova mais rica e profunda no
cristianismo. Aqui a Teologia já não parte como no pensamento grego e nas
outras culturas pagãs, de proposições elaboradas pela inteligência humana, mas
de verdades recebidas da revelação divina. Por isso, no cristianismo, a
Teologia, mais do que um discurso sobre Deus, torna-se um discurso sobre a
Palavra de Deus. O seu objetivo é compreender e aprofundar o sentido de tal
palavra, valendo-se dos instrumentos de auto compreensão de que o homem dispõe.
Mas, dado que tais instrumentos mudam de uma época para outra e de um
continente para outro, segue-se logicamente a formação de uma grande variedade
de discurso sobre Deus, isto é, de Teologias.
Teologia
passa também significar até mesmo “louvor a Deus”. É principalmente por meio
dos escritores escolásticos e das novas universidades da Europa que a teologia
se torna um exercício mais sistemático, um campo de estudo e ensino, ou mesmo
uma disciplina ou ciência.
No
mundo moderno, o termo “teologia” é frequentemente usado em sentido abrangente,
abarcando, em matéria de ensino, todas as disciplinas envolvidas em um curso
universitário, ou em outro nível, de preparação para o ministério da Igreja [3]—
disciplinas que abrangem, por exemplo, entre outras, idiomas bíblicos, história
da Igreja, pastoral, oratória, homilética, etc.
A
“prova de fogo” para toda e qualquer teologia está no que foi muito bem
expresso por Tomás de Aquino, ao defini-la abrangentemente: “A teologia é
ensinada por Deus, ensina sobre Deus e conduz a Deus.”.
No
século XX, a teologia esta atravessando um momento propício em todas as igrejas
cristãs. A Teologia possui várias correntes teológicas, como por exemplo: O
Fundamentalismo, Teológica Empírica, teológica da esperança, Teologia Ortodoxa,
Teologia Liberal, Teologia da Morte de Deus. Essas são algumas vertentes de
destaque, na Teologia Norte Americana.
A
necessidade, de um conceito claro de fundamentalismo é urgente como se constata
nos últimos anos. O termo, fundamentalismo vem sendo prodigamente empregado em
situações variadíssimas, tanto no campo religioso como no político.
Fundamentalismo aparece. Às vezes, como sinônimo de conservadorismo, sectarismo
e fanatismo, como movimento ou corrente amarrados a modelos culturais e
religiosos do passado, fechados aos valores do mundo moderno e até mesmo às
ciências. Tanto se fala fundamentalismo que esse termo já está infeccionado. Em
geral, carrega uma carga negativa e conotação pejorativa. Fundamentalista seria
o fanático, o sectário, o intolerante, o conservador, o autoritário, o
totalitário, e sempre são os “outros”. Por causa disso até os clássicos
representantes desse movimento no protestantismo de hoje preferem o título de
envangélico-conservador, ao de fundamentalista. H. Küng e J. Moltmann,
discorrendo sobre o termo, afirmam que originariamente, fundamentalismo
designava ‘determinada corrente do protestantismo americano que se opunha a
qualquer adaptação moderna e liberada, igreja inovando os fundamentos bíblicos
da fé cristã: fundamentos da fé interpretados de maneira bem arbritário”.[4]Moltmann,
entende que os fundamentalistas “não reagem às crises do mundo moderno, mas às
crises que o mundo moderno provoca em sua comunidade de fé e em suas convicções
básicas.”[5]
Seu
grande inimigo é o liberalismo/ pluralismo diante da moderna subjetividade do
homem e das liberdades individuais, os fundamentalistas colocam na autoridade
divina a segurança de sua fé além disso, não suportando a secularização do
estado, da educação e das ciências, “buscam restabelecer o estado confessional
homogêneo... E resgatar as identidades
tradicionais”.
“A
identidade fundamentalista é uma identidade ameaçada, amedrontada, cheia de
incertezas e por isso, uma identidade que reage agressivamente, identidade
definida pela delimitação ou negação de inimigos reais ou supostos”,[6]
atesta Moltmann.
Alguns
autores preconizam que o fundamentalismo é negação da modernidade só na
retórica. Outros afirmam que o fundamentalismo é diferente do tradicionalismo,
o fundamentalismo é um fenômeno moderno pois rejeitam alguns aspectos da
cosmovisão moderna, como o pluralismo, o cosmopolitismo, a racionalidade, o
progressismo e o secularismo, mas beneficiam e se apropriam dos instrumentos
técnicos modernos.
Portanto,
o fundamentalismo entende-se comumente, o movimento ultraconservador e
autoritário, surgido em certos meios protestantes, que em reação ao modernismo
teológico e religioso prega como fundamentos inabaláveis da fé verdades
tradicionais de sua confissão. A designação “fundamentalismo”, deriva da
preocupação em manter como absolutos os fundamentos doutrinais confessionais,
aos quais se agarram inteiramente, excluindo toda interpretação crítica do
texto. Esse movimento irrompeu nos EUA, no início deste século.
Corrente
teológica doFundamentalismo que, apesar de lançar suas raízes no século XVI, na
Reforma Protestante, foi marcante no início do século XX, em especial a América
do Norte. O Fundamentalismo se propunha serdefensor da ortodoxia cristã, contra
as ameaças e subversões do liberalismo ou modernismo.
O
termo fundamentalismo foi usado pela primeira vez pelo Dr. C. C. Laws, editor
do periódico batista “Watchman- Examiner”, [7]e
continha implicações para os que assim denominavam-se, como os que firmam-se no
que é mais fundamental na fé cristã, ou seja, aquele mínimo de convicções sem
as quais ninguém poderia admitir-se cristão.
Durante
os vinte primeiros anos do século XX, os fundamentalistas encontrava-se em
plena atividade entre maior a parte das denominações protestantes, na ofensiva
e esforçavam-se para afastar os liberais dos postos de liderança eclesiástica.[8]
Nem sempre os fundamentalistas foram vitoriosos e, durante a década de 30 foram
eles que sentiram-se pressionados a saírem das igrejas e dos seminários. Apesar
do arrefecimento da disputa entre os liberais e fundamentalistas, e quando se
pensava que o fundamentalismo havia falecido, eis que ele ressurge com o
advento da II Guerra Mundial, e em toda década de 40, o despertamento da
erudição em círculos fundamentalistas fez surgir uma teologia conservadora.
Uma
das grandes figuras desse ressurgimento foi o Dr. Professor de Apologética do
Seminário Teológico de Fuller, E. J. Carnell. Em seus livros, ele empreendia
uma defesa filosófica do Cristianismo Conservador.
Dentro
do movimento fundamentalista sempre houve teólogos com a disposição de defender
a ortodoxia com o que melhor tivessem em erudição. Manifestavam-se eles
suspeitosos de ataques feitos contra a ciência ou contra o criticismo bíblico,
estando sempre na defesa do cristianismo ortodoxo.
Na
sua defesa, qualquer fundamentalista entendia que o primeiro ponto nevrálgico
era a doutrina transmitida pela tradição protestante (Luterana), a doutrina que
proclamava ser a Bíblia a única autoridade infalível, palavra literal e
inerrante do Deus vivo, revelação única d’Ele ao homem. Alguns fundamentalistas
fanáticos acreditam que a Versão do Rei Tiago é infalível, e não aceitam
qualquer revisão.
O
ponto vital no fundamentalismo é a preocupação expressa para com os interesses
da salvação humana. Os fundamentalistascreem na doutrina da vinda pessoal de
Cristo, e a revelação divina da segurança de salvação aos que depositam a sua
fé no Senhor.
Os
fundamentalistas, diferente do pensamento iluminista que declara a bondade inata
do homem, acreditam na depravação total do ser humano. Toda a bondade que
existe na natureza humana é maculada pelo pecado, e nenhuma dimensão da vida
está livre de seus efeitos. Originalmente o homem foi criado perfeito, mas após
a sua queda, o pecado entrou na raça humana e corrompeu o homem no mais íntimo
do seu ser. O pecado não é uma fraqueza ou ignorância inerente, mas a rebelião
positiva contra as leis de Deus. Mas o Filho Unigênito de Deus, Jesus Cristo
fez-se expiação pelo pecado na cruz do Calvário, quando derramou seu próprio
Sangue, redimindo, assim, o homem do poder da morte espiritual, resgatando os
pecados da humanidade, derrotando os poderes das trevas e satisfazendo as
exigências da Justiça de Deus para o perdão dos pecados.
Existe
uma tendência que considera o fundamentalismo como um movimento que relega as
faculdades da razão. Alguns elementos justificam essa tendência, como por
exemplo, no posicionamento radicalmente contrário a teoria da evolução dos
seres.
O
fundamentalismo é visto didaticamente como:
Metodologia Filosófica: que tem a Bíblia como ponto de partida e autoridade
final para analisar e julgar todas as coisas e questões do universo;
Metodologia Teológica: que deriva diretamente da Bíblia todo conhecimento sobre
Deus, fé, prática e vida cristã, onde tudo é estabelecido e normatizado por
Ela.
a)
Crê na possibilidade de uma Teologia Sistemática e Dogmática criada unicamente
pelo estudo sistemático da Bíblia, cujo arcabouço doutrinário chamamos de Sã
Doutrina;
b)
Não crê na honestidade e veracidade do termo “fazer teologia”, como algo
resultante das abstrações e ideias que alguém tem fora do estudo puro e simples
da Bíblia, especialmente quando esse estudo distorce, acrescenta ou contraria o
seu ensino;
c)
Acredita sim, que toda verdade é a Verdade de Deus, que qualquer ciência que
chegue a uma conclusão e/ou comprovação verdadeira, não há de contrariar a
Bíblia e pode simplesmente ajudar a melhor compreender a revelação bíblica,
porém nunca suplantá-la ou substituí-la;
Metodologia Apologética: Crer que a sã doutrina, o ensino puramente derivado da
Bíblia é o mesmo para todas as culturas e épocas da história da humanidade, de
fato é a fé que uma vez por todas é entregue aos santos; O fundamentalismo
enche-se de zelo por defender e militar por essa fé, mesmo que lhe custe a
própria vida.
Metodologia Eclesiástica: Que separa-se eclesiasticamente e dependendo do caso
até fraternalmente, de qualquer indivíduo, igreja instituição e movimento que
se afastem da sã doutrina ou que promovam qualquer tipo de negativa da fé
bíblica.
Metodologia Evangelística: Crer que apenas o Evangelho de Cristo, composto de
tudo o que Ele ensinou pessoalmente ou através dos escritores do Novo
Testamento é suficiente para levar uma alma perdida a uma verdadeira conversão
espiritual e consequente salvação. É o método teocêntrico.
Segundo
os historiadores, o surgimento das filosofias agnósticos e ateístas, que
obrigavam a teologia a buscar bases filosóficas mais seguras; a consolidação da
estrutura da Igreja e da autoridade, do papado através do Concílio Vaticano I:
os pontíficos na cooperação com o progresso teológico; a restauração tomista,
que diminui o teólogo católico de uma base filosófica; o retorno às fontes
bíblicas e patrísticas, que infundiram na teologia um novo vigor; o incremento
da atividade missionária, que fez surgir o ramo teológico de missiologia; e o
desenvolvimento de questões sociais, que dos quais surgem novos problemas
teológicos, a teologia, mais também, trazer algumas características como:
atitude polêmica em relação à cultura profana, a conformidade ao magistério
eclesiástico, a estrutura tomista e seus fundamentos patrísticos.
Essa
teologia do século XIX não produziu um discurso polêmico com os cristãos e sim
com os expoentes da cultura profana.Diante de tais reações podemos perceber o
avanço da teologia do século XX.O retorno aos pobres é uma das mais importantes
características da teologia desse século, os seus motivos estavam em uma
dimensão filosófica. Encontra-se na razão última de avaliação do seu pensamento
como fonte essencial da teologia cristã.
Outro
elemento que contribui para renovação a teologia contemporânea foi o estudo da
Sagrada Escritura. Esse estudo tornou-se importante, quando os erros exegéticos
bíblicos estavam ameaçando os próprios fundamentos do cristianismo.O terceiro
elemento foi o movimento litúrgico.Todos essas movimentos (renascimento
tomista, bíblico e patrístico e litúrgico) penetraram profundamente na teologia
contemporânea, elevando-a ao renascimento.
Os
primeiros momentos da nova teologia se deu após a Segunda Guerra Mundial.
Durante algum tempo esses “novos teólogos” foram vistos com simpatia, mas logo
começou os conflitos com os teólogos tradicionais, acusando-o de desvalorizar a
teologia sistemática, e daí se prosseguiu.[9]
O
liberalismo teológico tem levado os homens a pensarem sobre as questões
religiosas em termos diferentes do que quando se pensa nelas através de textos
de prova bíblicos. Essemodo de pensar já vinha sendo experimentado na teologia,
quanto as suas possibilidades, em outras palavras, foi demonstrado que há
certos aspectos da Teologia que ultrapassam e até contradizem a Teologia
Bíblica, visto que a busca pela autoridade não cessa com a Bíblia. Dentro desse
contexto, a Teologia Empírica foi capaz de surgir em cena, no começo do século
XX, a base do pensamento teológico liberal e empírico, encontra-se a crença de
que a revelação embora seja uma maneira possível de se tomar conhecimento das
coisas, em si mesma é imperfeita, por ser incompleta e que nossas maneiras de
tomar conhecimento das coisas precisam ser completas, porquanto a própria
verdade é complexa. Para extrair a verdade de toda essa complexidade precisa de
experimentação, de exame e de um longo processo de separação entre o bem e o
mal. E, quanto a muitos pontos, chegar a certas conclusões tentativas e temos
de dar prosseguimento às nossas experimentações. Portanto, a Teologia transforma-se
em uma outra ciência, ao invés de ser a rainha dogmática, perfeita, inquestionável
das ciências.
TEOLOGIAS
TRADICIONAIS
TEOLOGIA
DA ANTIGA PRINCETON: Teologia dominante do presbiterianismo norte-americano e
urna das teologias mais influentes de todos os Estados Unidos, desde a fundação
do Seminário de Princeton em 1812 até a reorganização daquela instituição em
1929. O primeiro catedrático do Seminário de Princeton, Archibald Alexander,
condensou grande parte da tradição de Princeton em sua própria vida. Era uma
pessoa de piedade e calor cristão, mas suas ênfases principais na teologia eram
a fidedignidade das Escrituras e a capacidade da razão humana para compreender
a verdade cristã. Suas fontes intelectuais eram Calvino, a Confissão de Fé de
Westminster e os seus catecismos, o teólogo suíço François Turretin e a
filosofia escocesa do senso comum. E ele, bem como seus sucessores, era
sensível às tendências e modas na vida religiosa norte-americana. Sua obra mais
conhecida foi uma defesa da Bíblia: Provas da Autenticidade, Inspiração e
Autoridade Canônica das Escrituras Sagradas, 1836.
O
aluno de Alexander, Charles Hodge, estendeu o ponto de vista de Princeton
durante seus cinquenta e seis anos no Seminário de Princeton. Os interesses
teológicos específicos de Hodge foram ensinados a milhares de estudantes,
expressados regularmente na revista BiblicalRepertoryand Princeton Review, e
foram finalmente registrados em seu livro “Teologia Sistemática", 1872-73.
Embora compartilhasse de muitas das preocupações de Alexander — a proclamação
da gloria de Deus, o poder regenerador da graça de Deus em Cristo, a
incapacidade do homem à parte da chamada eficaz de Deus, e a total suficiência
das Escrituras — Hodge tinha um lugar maior em sua teologia para a obra do
Espírito Santo. Era, também, um polemista mais eficaz na exposição de um calvinismo
tradicional contra as inovações na teologia norte-americana.
Embora
Hodge tenha vivido até o inicio do período em que o modernismo começava a
desafiar a ortodoxia cristã, sua teologia preocupava-se mais com os erros do
catolicismo romano e com as modificações do calvinismo propostas pelos
congregacionais da Nova Inglaterra. Os sucessores de Hodge, por outro lado,
foram conclamados a lidar com as questões levantadas pelo liberalismo. O
próprio filho de Hodge, Archibald Alexander Hodge, e Benjamin B. Warfield
enfrentaram de modo bem direto essas questões críticas, especialmente quando
diziam respeito à Bíblia. Num famoso ensaio de 1881, A. A. Hodge e Warfield
escreveram juntos para declarar que os “autógrafos originais” das Escrituras
estavam totalmente isentos de erro em tudo quanto afirmavam. Os debates subsequentes
a respeito da natureza das Escrituras, que continuam até ao dia de hoje,
obscureceram o fato de que Warfield, em especial, fez contribuições teológicas
em muitas outras frentes. Sendo uma das mentes teológicas mais aguçadas da sua
geração, Warfield escreveu de modo penetrante sobre a Pessoa e a obra de
Cristo, as contribuições de Agostinho e Calvino, e os valores da Confissão de
Westminster. Era, também, um crítico severo de todo tipo de perfeccionismo
cristão.
O
último dos teólogos de Princeton de maior importância foi J. GreshamMachen,
estudante de Warfield e professor de NT no Seminário de Princeton durante mais
de vinte anos. Machen, como Warfield, era um teólogo de amplos interesses que também
ficou mais bem conhecido como um defensor da ortodoxia tradicional. Sua obra “Cristianismo
e Liberalismo”, 1923 foi uma das declarações mais fortes feitas no século XX
contra as tendências modernistas nas igrejas norte-americanas. Um crítico
notável, Walter Lippmann, chamou-a uma “defesa ponderada e convincente do
protestantismo ortodoxo”. Mesmo assim, Machen não foi bem-sucedido em preservar
seu ponto de vista em Princeton. Depois que a diretoria de Princeton foi
reorganizada de modo desvantajoso para os conservadores em 1929, Machen saiu de
lá a fim de ajudar a fundar o Seminário Teológico de Westminster, na
Filadélfia. Juntamente com ele, seguiu uma tradição teológica que remontava a
Archibald Alexander.
O
impacto da teologia de Princeton continua vivo no Seminário de Westminster,
entre outros seminários de agremiações presbiterianas conservadoras e ñas
denominações presbiterianas confessionais. Entre esses grupos, no entanto, as
influências Reformadas da Europa, especialmente da Holanda, diluíram a
insistência na apologética evidencialista e a abordagem indutiva da verdade que
tanto caracterizavam os teólogos de Princeton. Entrementes, a influência deles
também foi amplamente estendida a outros grupos que fizeram uso extensivo dos
argumentos de Princeton para defender a inerrância da Bíblia. Essa defesa das
Escrituras desenvolvida em Princeton
—
em combinação com o dispensacionalismo, a ênfase sobre “a vida cristã mais
sublime”, e uma reação geral contra o modernismo — foi um dos elementos
importantes no fundamentalismo norte-americano do passado.
Teologia Dispensacionalista
Edificando-se
sobre a ideia da administração divina do mundo ou do Seu plano para o mundo, o
dispensacionalismo descreve o desdobrar deste programa em várias dispensações
ou planos de mordomia, no decurso da história do mundo. O mundo é visto como um
lar administrado por Deus em associação com várias etapas de revelação que
demarcam as diferentes economias no desenvolvimento do Seu programa total.
Estas economias são as dispensações. Assim, do ponto de vista de Deus, uma dispensação
é uma economia; do ponto de vista do homem, é uma responsabilidade diante da
revelação específica dada na ocasião. Com relação à revelação progressiva, uma dispensação
é uma etapa dentro dela. Então, uma dispensação pode ser definida como
"uma economia distinguível dentro do desenvolvimento do programa de
Deus".
Muitas
vezes, o dispensacionalismo tem sido acusado de ser recente em suas origens e,
portanto, falso. Naturalmente, o aspecto recente não implica na falsidade,
assim como a antiguidade não garante a veracidade. Declarações não-sistemáticas
semelhantes às do dispensacionalismo são encontradas nos escritos dos Pais da
Igreja, mas como sistema o dispensacionalismo não começou a se desenvolver
senão na primeira parte do século XVIII nos escritos de Pierre Poiret, John
Edwards e Isaac Watts. Embora estes homens tenham exposto esquemas
dispensacionalístas, foram o ministério e a obra escrita de John Nelson Darby,
no século XIX, que sistematizaram o conceito. A sua obra foi o alicerce para
dispensacionalístas posteriores como James H. Brookes, James M. Gray, C. I.
Scofield e L. S. Chafer.
No
que acreditam : • A Bíblia é inspirada inerrante (isto é, sem erros) a
revelação de Deus, ao homem. Escritura fornece a estrutura através da qual a
interpretar a história (passado e futuro). Palavra de Deus nos diz de Seu plano
para a Sua criação e isso certamente virá para passado. • Uma vez que a Bíblia
é a Palavra literal de Deus do Seu plano para a história, deve ser interpretado
literal e historicamente (passado e futuro). • Desde que a Bíblia revela o
plano de Deus para a história, em seguida, segue-se que existe um fluxo e fluir
para o Seu plano. Portanto, o plano de Deus inclui diferentes dispensações,
idades, ou épocas da história através do qual suas criaturas (homem e anjos)
são testados. Portanto, Deus está instruindo suas criaturas através do
progresso da história, como Sua criação progride de um jardim para uma cidade.
• Uma vez que toda a humanidade caiu em pecado, cada pessoa deve receber
individualmente a provisão de Deus da salvação através da morte de Cristo por
crer no evangelho. Assim, Jesus Cristo é a única maneira de um relacionamento
com Deus. • Por causa da queda da humanidade em pecado, a Escritura ensina que
toda a humanidade é naturalmente rebeldes a Deus e as coisas de Deus. É por
isso que somente os crentes genuínos em Cristo estão abertos aos ensinamentos
da Bíblia. Assim, a salvação através de Cristo é um pré-requisito para
compreender corretamente a Palavra de Deus. • O plano de Deus para a história
inclui um propósito para os descendentes de Abraão, Isaque e Jacob-que é
Israel. Este plano para Israel inclui promessas que eles terão a terra de
Israel, terá uma semente, e será uma bênção em todo o mundo para as nações.
Muitos dos promessas a Israel nacional estão ainda no futuro, portanto, Deus
não terminou com Israel.
O plano
de Deus desde toda a eternidade também inclui um propósito para a igreja, no
entanto, este é um fase temporária que vai acabar com o êxtase. Após o
arrebatamento, Deus completará a Sua planejar para Israel e os gentios. • O
principal objetivo no plano de Deus para a história é glorificar a Ele através
de Jesus Cristo. Portanto, Jesus Cristo é o objetivo e herói da história. Muito
provavelmente, o principal porta-voz dispensacionalismo é apresentado no
Seminário Teológico de Dallas.
Teologia Pentecostal
O
termo “pentecostal” origina-se de Pentecostes, nome dado a uma festa anual do
povo judeu, celebrada cinquenta dias após a Páscoa, também conhecida como a
festa das semanas, realizada no fim da sega do trigo, ou dia seis do terceiro
mês, Sivân (junho), em comemoração ao recebimento do Decálogo. A relação do
pentecostalismo com a citada festa é indireta e acidental, por duas razões.
Primeiro, porque a doutrina pentecostal está diretamente relacionada à descida
do Espírito Santo; segundo, por causa da afirmação doutrinária da manifestação
dos dons da glossolalia, falar em línguas estranhas, e da profecia como sinais que
acompanharam a inédita manifestação do Espírito Santo.
Como
se pode perceber, o termo pentecostalismo não faz alusão à festa judaica (o
sentido legítimo do termo), mas evoca as primeiras manifestações dos carismas
do Espírito enviado à igreja, coincidentemente ocorridas no dia de pentecostes.
Para
alguns autores, o marco fundante das igrejas pentecostais foi a descida do
Espírito Santo. Sob esse enfoque, as chamadas crenças pentecostais eram
exercidas pelos apóstolos pioneiros; e, nesse caso, o surgimento do pentecostalismo,
enquanto prática ritualística, seria bem mais antigo do que se supõe. No
entanto a ideia subjacente ao conceito de marco fundante sugere pensar, não que
o pentecostalismo tenha antecedido a Reforma, mas que o seu surgimento a
posteriori, institui uma nova expressão do cristianismo tendo como dogma
central o resgate dos dons carismáticos do Espírito Santo.
Grande
parte da pesquisa científica afirma que o pentecostalismo descende de um
protestantismo do espírito, iniciado por três movimentos sucessivos ancestrais
do pentecostalismo — dos anabatistas, dos quacres e dos metodistas — e pelos
reavivamentosnorte-americanos a partir do século 18. Essa designação omite um
forte antecessor do pentecostalismo moderno, o montanismo.
Esse
movimento cristão surgiu no segundo século, em meio ao declínio das crenças na
volta de Cristo e na inspiração constante do Espírito Santo. O movimento reclamava
a especial dispensação do Espírito Santo no presente, praticava uma nova
manifestação do dom da profecia e apregoava a proximidade do fim dos tempos.
Além
da terminologia Protestantismo do Espírito, os movimentos anabatista, quacres e
metodista recebem de Niebuhruma outra terminologia, a de “Igrejas dos
Deserdados”, referindo-se ao protestantismo das classes incultas e
economicamente expropriadas. Essa segunda denominação, atribuída às fontes
antecessoras do pentecostalismo faz sentido tanto quanto a primeira. A eclosão
do movimento pentecostal nos Estados Unidos, de onde se disseminou para o
mundo, deu-se entre a população negra; em praticamente todos os lugares, as
igrejas pentecostais iniciaram suas comunidades eclesiásticas entre as
populações de baixa renda.
A
indicação da ancestralidade dos três movimentos é em parte procedente,
sobretudo no que diz respeito ao emocionalismo, à força do conceito de
revelação direta do Espírito Santo para os anabatistas e à ênfase na iluminação
do Espírito, acompanhada de tremores físicos, difundida pelos quacres. Porém, a
ausência de elementos como a glossolalia (reconhecido como o segundo batismo
para a salvação e, simultaneamente, o distintivo tribal dos pentecostais)
dificulta uma maior identificação.
Dois
grandes avivamentos nos Estados Unidos são marcos importantes para a emergência
do pentecostalismo moderno. O primeiro grande despertamento aconteceu no início
do século 18 e enfatizava a conversão como imperativo para a participação da
vida na igreja. Os pregadores avivalistas que se destacaram na época foram:
Theodore J. Frelinghuysen, Gilbert Tennent e, sobretudo, o pastor
congregacional Jonathan Edwards, bem preparado intelectualmente e profundo
conhecedor da filosofia do seu tempo. Jonathan Edwards proclamava uma
espiritualidade fruto da comunhão direta entre Deus e a alma humana. Suas
reuniões aconteciam dentro de uma intensa atmosfera de emoção. Esse perfil
ministerial inspirou o surgimento posterior de vários movimentos do tipo
revival (reavivalista) e holiness (santificador), que acreditavam num novo
estágio do cristianismo mediante o exercício da glossolalia, evidência da
conversão.
O
Segundo Grande Avivamento surgiu no fim do século 18 e se prolongou até os anos
50 do século 19. Começando pela Igreja Congregacional, alcançou os batistas, os
presbiterianos e os metodistas. O
pregador que se destacou nesse segundo despertamento foi um advogado do
interior de Nova York, ordenado pastor presbiteriano, chamado Charles Grandison
Finney.
O
movimento pentecostal tem sido considerado um ramo (desdobramento) tardio da
Reforma. No princípio, foi notadamente questionado; sobretudo pelas igrejas de
tradição reformada. Para elas, as comunidades pentecostais não passavam de
seitas. Foi necessário que transcorresse meio século para que essa identidade
sectária perdesse força gradualmente. Convém lembrar a natureza ideológica do
conceito de seita. O seu uso parece ser sempre prerrogativa da (s) religião
(ões) dominante (s), de maneira que tem sido frequentemente atribuído às novas
inserções concorrentes de religiosidade. O cristianismo já foi considerado
seita, os grupos cristãos fiéis à orientação da igreja de Jerusalém foram
considerados seitas pelo cristianismo romano, o protestantismo foi considerado
seita, o pentecostalismo, também, e agora os neopentecostais são reconhecidos
nessa condição.
Não
há como negar que a matriz ético-doutrinária do pentecostalismo é a Reforma. A
sua doutrina e a centralidade atribuída às Escrituras exprimem de modo
inequívoco o perfil das igrejas reformadas. A despeito de certas distinções
(que não são particularidades da relação entre pentecostais e históricos —
também afetam as igrejas históricas entre si, em áreas específicas), não
haveria a mais remota possibilidade de pensar a história do pentecostalismo
dissociada do protestantismo histórico. Dissociar pentecostalismo e Reforma
seria mutilar o fenômeno sob a alegação de uma taxinomia, uma necessidade de
classificação, meramente teológica e sem o menor respaldo do método de análise
sociológica. Além disso, existe uma gama variada de argumentos que comprovam
essa relação. Entre esses argumentos, o fato de que os registros históricos do
movimento o associam em grande parte às igrejas protestantes de onde os membros
fundadores de igrejas pentecostais saíram em função de uma renovada dimensão de
espiritualidade.[10]
TEOLOGIAS DE
MOVIMENTO LIBERAL
TEOLOGIA
DA ESPERANÇA. Em fins da década de 1960, surgiu uma nova abordagem da teologia.
Seus primeiros líderes foram alemães, que procuravam praticar a teologia e
compreender a missão da igreja através de uma mudança da perspectiva
interpretativa. Esta nova abordagem é uma teologia centralizada na
ressurreição, tendo a consciência de que a ressurreição de Cristo é o início e
a promessa daquilo que ainda há de vir. O cristão deve ser visto como um
“esperançoso”, que está impaciente com o mal e a morte nesta era presente. A
Igreja é vista como uma entidade inquietante, confrontando a sociedade com
todas as suas seguranças humanas, seus impérios e seus absolutos inventados. A
igreja espera uma cidade vindoura e, por isso, desmascara todas as cidades
feitas com mãos. Esta forma de teologia existe em diálogo com outras visões do
futuro, especialmente o marxismo, e contrasta com as teologíaspietista liberal
e existencialista. Em certo sentido, é ortodoxa, porém pode ser politicamente
muito radical. As igrejas do Terceiro Mundo têm sido profundamente
influenciadas pela teologia da esperança.
Indubitavelmente,
uma figura central desta nova teologia é Jürgen Moltmann. A obra mais influente
de Moltmann é sua Teologia da Esperança, publicada em inglês em 1967. Este
livro é apenas uma parte do grande volume de matérias que estão sendo
produzidas agora por Moltmann. É uma obra que sustenta grande força espiritual
e poder sistemático, escrita quando a cultura ocidental estava em grande
fermentação. A Teologia da Esperança fala em entendermos que Deus está à nossa
frente e que Ele fará novas todas as coisas. Agora, Ele é conhecido por Suas
promessas. O livro fala a um mundo que está vividamente consciente das
dimensões “ainda não" da existência humana e social, e do fato de que a
esperança, no seu nível humano, é repleta de existência significativa. Dentro
de uma situação como essa, sustentado por uma confiança renovada na visão
escatológica ou apocalíptica da Escritura, e reagindo contra os exageros
individualistas do existencialismo teológico (e.g., Bultmann), Moltmann
procurou repensar a teologia.
A
escatologia não deve ser vista como o último capítulo num manual de teologia,
mas como a perspectiva a partir da qual todas as outras coisas devem ser
compreendidas recebendo seu significado apropriado. Para Moltmann, a
escatologia é a chave ou o conceito central para a determinação de todas as
demais coisas no pensamento cristão.
Moltmann
vê a totalidade da história de Israel como uma peregrinação histórica sem
igual, à medida que Israel é confrontado pelo Deus da promessa. Toda a
identidade de Israel existe à luz das promessas de Deus. Em Jesus Cristo, o
reino futuro é presente— mas como reino futuro. A ressurreição dEle são as
primícias da Grande Ressurreição e pode ter significado dentro desse horizonte
de significado universal. A vida e a salvação cristãs são primícias, vivendo na
promessa do futuro de Deus em Cristo.
A
igreja deve ser vista como o povo da esperança, experimentando esperança no
Deus que está presente nas Suas promessas. O reino vindouro dá à igreja uma
visão da realidade muito mais ampla do que uma visão “meramente"
particular da salvação pessoal. A igreja deve contestar todas as barreiras que
foram construídas pelos homens na busca da segurança; desafiar todas as
estruturas que se absolutizam e todas as barreiras erigidas entre os povos em
nome da realidade que está para vir em Jesus Cristo. O reino vindouro cria uma
visão confrontadora e transformadora para a missão do povo de Deus.
Embora
Moltmann seja, talvez, o mais destacado dos teólogos da esperança, ele não é o
único. O teólogo luterano WolfhartPannenberg é outro que se tornou bem
conhecido nos Estados Unidos desde os fins da década de 1960. Seu trabalho de
editor de uma obra programática: “A Revelação como Historia” — 1968, e seu livro
“Jesus— Deus e Homem” — 1968,já lhe deram um lugar de destaque no mapa
teológico. Em “A Revelação como Historia”, Pannenberg produziu um ensaio-chave
contendo “Teses Dogmáticas sobre a Doutrina da Revelação". Nessa obra,
achamos um modo de entender toda a realidade em termos do eschaton, tendo,
prolepticamente, o evento de Cristo como o início daquele futuro, e em termos
do conceito de Deus como o Deus do futuro. A apocalíptica é a categoria-chave
da teologia, porque é somente no fim que Deus será visto como Deus, e somente à
luz deste fim a ressurreição de Jesus Cristo será vista no seu contexto
universal apropriado. A obra maciça de Pannenberg sobre a cristologia é mais
uma tentativa de repensar esta doutrina crucial “a partir do fim". Jesus
Cristo é defendido como vero Deus e vero homem, e a ressurreição é defendida
como um evento na história e recebe seu devido significado quando é colocada
dentro de um horizonte de conceitos apocalípticos. Aqui há realmente uma
tentativa nova e promissora de defesa e afirmação do testemunho da igreja sobre
Cristo como Deus e homem.
Partindo
de uma ênfase muito mais política, vem a obra do teólogo católicoJohannes B.
Metz. Na sua “Teología do Mundo" – 1968, temos uma tentativa séria de
repensar a missão da igreja à luz da orientação futura da fé bíblica. O teólogo
luterano Cari Braaten é talvez o defensor norte-americano principal deste tipo
de teologia e sua relevância para a teologia e a igreja. Sua obra programática
é “O Futuro de Deus” - 1969.
É,
naturalmente, verdade que desde a publicação da obra de Albert Schweitzer: “A
Busca do Jesus Histórico”, no começo do século, a igreja tem tido consciência
vívida da escatologia. Escutaram com seriedade o clima filosófico dos seus
tempos, aguçando especialmente sua consciência histórica através da ala
esquerda da tradição hegeliana (Feuerbach, Marx e Bloch). Ele argumentam que
veio a hora de repensar a teologia à luz do telos.
Do
lado crítico, com certeza surgem perguntas. Parece que, tendo todo o enfoque
concentrado no fim, surge uma pergunta simples a respeito do início. Como se
encaixam a criação e a queda? Seria tão fácil conceituar um tipo de dualismo em
que Deus finalmente sairia “vencedor” no fim? Com certeza, tal coisa não é
considerada — mas o que está em vista? Além disso, Moltmann parece ter muita
dificuldade em incorporar qualquer ideia do julgamento futuro no sentido de
condenação. Mas se o evento de Cristo é a “presença do futuro”, e se é a chave
para o destino de todos, a igreja no seu testemunho e na sua missão é algo mais
do que o arauto da verdade de todos os homens? Não há condenação no futuro? A
ressurreição na Bíblia é ou para a vida ou para a condenação. Finalmente, será
que esta teologia não é nada mais do que um sinal dos tempos? Será que, pelo
fato de nosso materialismo e narcisismo terem nos cegado para não vermos a Deus
como uma presença viva, passamos a imaginar uma teologia para oferecer alguma
desculpa por esse fato, colocando-o no futuro? A virtude (a esperança)
tornou-se filha da necessidade trágica? Críticas como estas, no entanto, por
necessárias que sejam, não precisam impedir-nos de explorar as possibilidades de
pensarmos “a partir do TELOS”.[11]
TEOLOGIA
DA EXPERIÊNCIA. A experiência pode ser entendida como uma fonte de conhecimento
que deriva de uma percepção ou apreensão direta da realidade. O conhecimento
experimental pode ser obtido externa ou internamente, apresentando-se
imediatamente ou aos sentidos naturais ou ao mundo interior do espirito.
Experimentar algo deve ser distinguido de refletir a respeito dele ou de ouvir
um relatório sobre ele. A experiência tem maior força (“você devia ter estado
ali") e fornece um senso de certeza (“mas eu o vi") que a reflexão e
a reportagem não possuem. A natureza pessoal da experiência, no entanto, é um
qualificador importante porque a experiência nunca pode ser plenamente
transmitida nem reapresentada. Além disso, à parte da reflexão autêntica, a
experiência, por mais vívida que seja, permanece arbitrária, nebulosa e
passível de falsas alegações. A experiência e a reflexão, portanto, devem ser
entendidas como complementares e interativas, embora nenhuma fórmula fácil defina
de modo adequado o seu inter-relacionamento.
Encontros
com o transcendente podem ser rotulados de experiência religiosa. Definida
assim, a experiência religiosa é essencial para todas as religiões, inclusive o
cristianismo. Dentro da história do cristianismo, no entanto, tem havido certos
movimentos que se distinguiram por ressaltarem a primazia e a autoridade da
experiência sobre outras fontes de conhecimento, i.e., a igreja (tradição) e a
Palavra (as Escrituras). No período moderno, o pietismo, oreavivamentismo, o
movimento de santidade e o pentecostalismo têm dado, todos eles, preeminência à
experiência do crente. Esses movimentos não se têm considerado em oposição ao
testemunho da Escritura nem ao ensino verdadeiro da igreja. Têm desafiado uma
ortodoxia conceptualista recorrente e/ou o escolasticismo rígido. Sem a vida
complementar do Espírito, a letra permanece morta (2Co 3.6).
No
início do século XIX, surgiu a teologia liberal, que entendia que a experiência
era a base para a reflexão cristã. Friedrich Schleiermacher ofereceu a
formulação clássica. Ao invés de enfatizar a ação de Deus em relação à
humanidade, procurava esclarecer o cristianismo em termos da experiência do
homem com Deus. Lembrando-se do pietismo da sua mocidade, e reagindo contra as
reduções racionalistas e éticas contemporâneas da religião vistas em Hume e
Kant, Schleiermacher escreveu a sua obra: Da Religião: Discursos aos Seus
Desprezadores Cultos (1799), argumentando em favor da centralidade do
sentimento na religião. A religião não é ação (moralidade), nem é metafísica
(conhecimento teorético). Pelo contrário, conforme a caracterização que
posteriormente deu a ela, a religião baseia-se no “sentimento de dependência
total”.
Schleiermacher
(e todos aqueles que seguiram sua orientação) frequentemente tem sido criticado
tanto pelo seu subjetivismo quanto pelo seu panteísmo — acusações que são
enganosas, a não ser que sejam cuidadosamente colocadas. Uma crítica mais
adequada diz respeito à sua ênfase unilateral no sentimento religioso. Há, ao
longo de todas as suas discussões, apesar de alguns desmentidos ocasionais, uma
falsa compartimentalização da atividade humana em sentir, fazer e pensar. O
resultado é uma minimização e/ou rejeição do pensamento cristão ortodoxo,
porque as ideias a respeito de Deus permanecem secundárias para ele e, em
última análise, não têm importância.
Mas
uma teologia baseada na experiência não precisa negar a reflexão cristã
ortodoxa. Tal teologia pode ser distinguida, não pela sua orientação às vezes
liberal, mas pela sua ênfase trinitariana no Espírito Santo (na sua experiência
de Deus na criação e na redenção). Dentro do evangelicalismo dos nossos dias,
tanto aqueles que ressaltam um modo carismático de entender a fé cristã (e.g.,
Dennis Bennett, Michael Harper) quanto aqueles que focalizam a abordagem
relacional (e.g., Keith Miller, Bruce Larson), podem ser considerados teólogos
da experiência. Nenhum dos dois movimentos deseja desconsiderar nem rejeitar a
autoridade da Palavra. Pelo contrário, os dois desejam ressaltar o papel
fundamental e inicial do Espírito, quer na criação (a teologia relacional se
interessa pela nossa plena humanidade) quer na nova criação (a teologia
carismática se interessa por uma vida cheia do Espírito, e separada).
A
teologia experimental tem fortalezas importantes. Surgiu historicamente dentro
do cristianismo, como reação a um intelectualismo estéril e/ou um
tradicionalismo mecânico. Além disso, a sua ênfase no papel do Espírito
continua a ajudar a igreja a conseguir uma perspectiva trinitariana
equilibrada. Mas também pode haver perigos:
(1)
A experiência cristã nunca deve ser considerada de modo individualista, mas
nutrida e avaliada dentro da comunidade cristã do passado e do presente. (2) A
experiência e a reflexão não devem ser isoladas entre si. A Palavra e o
Espírito devem permanecer como expressões complementares da Trindade. (3) O
Espírito que é experimentado não pode ser reduzido apenas ao Espírito na criação,
senão, o cristianismo corre o risco de degenerar-se em psicologia. Nem pode a
teologia cristã ocupar-se somente com o Espírito da redenção, porque então o
cristianismo se arrisca ao isolacionismo e o misticismo.
Uma
teologia de experiência, baseada na Bíblia, ressaltará o papel permanente
desempenhado pelo Espírito na criação e na redenção (cf. At 14.15-18; Rm8; Gl
4.6-7). Reconhecerá, também, que a focalização no Espírito se desdobrará, de
modo natural e autêntico, para uma ênfase em Cristo, o Verbo (1 Jo 4.2; 1 Co
12.3). Finalmente, uma teologia experimental sempre será uma teologia da igreja
como um corpo. (1Co 12; Rm 12).[12]
TEOLOGIA
DA LIBERTAÇÃO. Trata-se mais de um movimento que procura unir a teologia e as
preocupações sócio-políticas do que de uma nova escola de teoria política. É
mais exato falar das teologías da libertação, no plural, porque essas teologías
de libertação acham expressão contemporânea entre negros, feministas,
asiáticos, latino-americanos e índios das Américas. A expressão mais relevante
e articulada acontece na América Latina. Temas teológicos têm sido
desenvolvidos no contexto latino-americano, servindo como modelos para outras
teologías de libertação.
A
Interpretação Teológica. Os teólogos da libertação acreditam que a doutrina
ortodoxa tende a manipular Deus para favorecer a estrutura social capitalista.
Alegam que a ortodoxia depende de noções gregas antigas que viam Deus como um
ser estático que está distante e remoto da historia humana. Essas noções
distorcidas da transcendência e da majestade de Deus resultaram numa teologia
que pensa num Deus “lá em cima" ou “lá fora”. Como consequência, a maioria
dos latino-americanos tornou-se passiva diante da injustiça e supersticiosa na
sua religiosidade. A teologia da libertação responde ressaltando o mistério
incompreensível da realidade de Deus. Deus não pode ser resumido a uma
linguagem objetificante nem conhecido através de uma lista de doutrinas. Deus é
achado no curso da história humana. Deus não é uma entidade perfeita e
imutável, “acomodado longe do mundo”. Ele Se apresenta diante de nós na
fronteira do futuro histórico (Assmann). Deus é a força motriz da história, que
leva o cristão a experimentar a transcendência como uma “revolução cultural
permanente" (Gutiérrez). O sofrimento e a dor tornam-se a força motivadora
para conhecer a Deus. O Deus do futuro é o Deus crucificado que submerge num
mundo de desgraça. Deus é achado nas cruzes dos oprimidos mais do que na
beleza, no poder ou na sabedoria.
Há,
no mínimo, quatro fatores principais que desempenharam um papel relevante na
formulação da teologia da libertação latino-americana. Em primeiro lugar, é um
movimento teológico pós-iluminista. Os proponentes principais - tais como
Gustavo Gutiérrez, Juan Segundo, José Miranda — reagem favoravelmente às
perspectivas epistemológicas e sociais de Kant, Hegel e Marx. Em segundo lugar,
a teologia da libertação tem sido grandemente influenciada pela teologia
política européia e pela teologia radical norte-americana, e tem achado em J.
B. Metz e Jürgen Moltmann e Harvey Cox perspectivas que criticaram a natureza
não-histórica e individualista da teologia existencial.
Em
terceiro lugar, é, na sua maior parte, um movimento teológico católico romano.
Com exceções notáveis tais como José Miguez-Bonino (metodista) e Rubem Alves
(presbiteriano), a teologia da libertação tem sido identificada com a Igreja
Católica Romana. Depois de Vaticano II (1965) e da Conferência dos Bispos
Latino-Americanos (CELAM II) em Medelin, na Colômbia (1968), um número
relevante de líderes latino-americanos dentro da Igreja Católica Romana
voltou-se para a teologia da libertação como a voz teológica da igreja
latino-americana. O papel dominante da Igreja Católica Romana na América Latina
fez dela um veículo significante para disseminar a teologia da libertação por
todo o continente sul-americano.
Em
quarto lugar, é um movimento teológico situado de modo específico e singular no
contexto latino-americano. Os teólogos da libertação argumentam que o
continente deles tem sido vitimado pelo colonialismo, imperialismo e pelas
sociedades anônimas multinacionais. O “desenvolvimento” econômico colocou as
nações do Terceiro Mundo, chamadas subdesenvolvidas, numa situação de
dependência, e, como resultado, as economias locais da América Latina estão
sendo controladas por decisões feitas em Nova lorque, Houston ou Londres. A fim
de perpetuarem essa exploração econômica (assim argumentam os liberacionistas),
os países capitalistas poderosos, especialmente os Estados Unidos, oferecem
ajuda militar e econômica para garantir certos regimes políticos que colaboram
para o estado atual da economia.
Esses
quatro fatores combinam-se para criar um método e uma intepretação teológicos
distintivos.
O
Método Teológico. Gustavo Gutiérrez define a teologia como “a reflexão crítica
sobre a práxis histórica”. A feitura de uma teologia exige que o teólogo esteja
engajado na sua própria história intelectual e sócio-política. A teologia não é
um sistema de verdades eternas que ocupa o teólogo no processo repetitivo da
sistematização e da argumentação apologética. A teologia é um exercício
dinâmico contínuo que envolve percepções contemporâneas do conhecimento (a
epistemología), do homem (a antropologia) e da história (a análise social).
“Práxis” significa mais do que a aplicação da verdade teológica a uma
determinada situação. Significa a descoberta e a formulação da verdade
teológica dentro de uma determinada situação histórica, mediante a participação
pessoal na luta de classes, visando uma nova sociedade socialista.
A
Análise Crítica Teológica. A força da teologia da libertação acha-se na sua
compaixão pelos pobres e na sua convicção de que o cristão não deve permanecer
passivo e indiferente diante dos seus apuros. A desumanidade do homem para com
o seu próximo é pecado e merece o castigo divino e a oposição dos cristãos. A
teologia da libertação é um apelo a um discipulado sacrificial e uma lembrança
de que seguir Jesus envolve consequências práticas sociais e políticas.
A
fraqueza da teologia da libertação tem sua origem na aplicação de princípios
hermenêuticos enganosos e no afastamento da fé cristã histórica. A teologia da
libertação tem razão em condenar uma tradição que procura fazer uso de Deus
para atingir as suas próprias finalidades, mas engana-se ao negar a
auto-revelação definitiva de Deus na revelação bíblica. Argumentar que nosso
conceito de Deus é determinado pela situação histórica é concordar com a
secularização radical que absolutiza o processo temporal e dificulta a
distinção entre a teologia e a ideologia.
O
marxismo pode ser uma ferramenta útil para identificar a luta de classes que
está sendo travada entre muitos países do Terceiro Mundo, mas surge a pergunta:
O papel do marxismo foi limitado a uma ferramenta de análise ou foi
transformado em solução política? A teologia da libertação tem razão em
desmascarar o fato da opressão na sociedade e o fato de haver opressores e
oprimidos, mas é errado dar a esse alinhamento uma condição quase ontológica. Talvez
isso possa ser feito com o marxismo, mas o cristão entende que o pecado e a
nossa alienação de Deus é um dilema que confronta tanto o opressor como os
oprimidos. A ênfase que a teologia da libertação atribui aos pobres dá a
impressão de que os pobres não somente são o objeto da solicitude de Deus, como
também o sujeito da salvação e da revelação.[13]
Somente
o clamor dos oprimidos é a voz de Deus. Tudo o mais é projetado como uma
tentativa vã de compreender Deus por algum meio que sirva aos próprios interesses.
Essa é uma noção confusa e enganadora. A teologia bíblica revela que Deus é a
favor dos pobres, mas não ensina que os pobres são a própria corporificação de
Deus no mundo de hoje. A teologia da libertação ameaça politizar o evangelho de
tal maneira que aos pobres é oferecida uma solução que poderia ser provida com
ou sem Jesus Cristo.
A
teologia da libertação desperta os cristãos para levarem a sério o impacto
político e social da vida e da morte de Jesus, mas deixa de fundamentar a
singularidade de Jesus na realidade da Sua divindade. Uma teologia da cruz que
isola a morte de Jesus do seu lugar específico no desígnio de Deus, e que
repudia o desvendamento do seu significado revelado não tem poder algum para
nos levar a Deus, e para garantir, assim, que nossa entrega teológica seja
perpétua.[14]
TEOLOGIA
DO PROCESSO. Movimento contemporâneo de teólogos que ensinam que Deus é
dipolar, ou que tem duas naturezas, e que Ele está integralmente envolvido no
processo interminável do mundo. Deus tem uma natureza “primordial” ou
transcendente, Sua perfeição intemporal de caráter tem uma natureza “consequente”
ou imanente mediante a qual faz parte do próprio processo cósmico. Esse
processo se desencadeia “por épocas”, i.e., não segundo o movimento dos átomos
nem das substâncias imutáveis, mas pelos eventos ou unidades de experiência
criadora que influenciaram uns aos outros na sequência temporal.
O
método da teologia do processo baseia-se mais na filosofia do que na Bíblia ou
nas Confissões de Fé, embora muitos dos seus proponentes usem o pensamento do
processo como um modo contemporâneo de expressar os ensinos cristãos
tradicionais ou de procurar relacionar os temas bíblicos com os conceitos do
processo. Além disso, o método enfatiza a importância das ciências na formulação
teológica. Sendo assim, a teologia do processo geralmente fica dentro da
tradição da teologia natural, e, em especial, associa-se à tradição da teologia
empírica nos Estados Unidos (Shailer Mathews, D. C. Macintosh, Henry Nelson
Wieman) que defendia a abordagem indutiva e científica na teologia liberal.
Além disso, a teologia de processo tem algum relacionamento filosófico com o
pensamento evolucionário de H. Bergson, S. Alexander,C. Lloyd Morgan e R
Teilhard de Chardin. Mas sua verdadeira fonte é a filosofia de Alfred North Whitehead.
Mas
foi Charles Hartshorne, que desenvolveu as implicações teológicas do pensamento
de Whitehead e que agiu como o catalisador principal para o movimento da
teologia do processo nas décadas de 1960 e 1970.
Segundo
Hartshorne, a perfeição de Deus não deve ser vista exclusivamente em termos de
incondicionalidade, necessidade, independência, infinidade e imutabilidade,
totalmente contrastadas com a relatividade, contingência, dependência, finitude
e mutabilidade das criaturas. Para ele, esse é o grande erro do teísmo clássico
(de teólogos tais como Tomás de Aquino), que resultou em problemas de todos os
tipos, como a contradição da necessidade de Deus conhecer um mundo contingente,
ou o ato intemporal de criar e governar um mundo que é temporal, ou o amor de
Deus ao homem, que supostamente envolve Deus na história mas de modo nenhum O
torna relativo ao homem nem dependente deste. Hartshorne argumenta que se o
processo temporal e a criatividade têm realidade ulterior, o próprio Deus deve
estar em processo, em algum sentido, e deve depender das decisões livres das
criaturas.
Em
oposição ao teísmo clássico, portanto, Hartshorne desenvolve seu teísmo
“neoclássico" no qual a perfeição significa que Deus é insuperável no
relacionamento social. Se Deus realmente é perfeito amor, logo, sente
perfeitamente ou tem compreensão simpática total de toda criatura e responde de
modo apropriado para cada criatura em cada evento. Assim, Deus é supremamente absoluto
na Sua natureza abstrata, mas supremamente relativo na Sua natureza concreta.
Ninguém pode superá-lo na supremacia do Seu relacionamento social com toda
criatura. Mas Deus pode superar a Si mesmo - i.e., pode “crescer", e
cresce de fato, não para tornar-Se moralmente melhor ou mais perfeito, mas para
crescer na alegria e na percepção do mundo, no conhecimento dos eventos reais e
na experiência dos valores criados pelo mundo. (Note que, para Hartshorne, Deus
não pode saber de antemão eventos contingentes futuros, de modo que Seu
conhecimento, que é completo quanto àquilo que pode ser conhecido, não deixa de
crescer com o processo do mundo). Dessa maneira, Deus é o “auto-superador que a
tudo supera”. [15]
No
caso da Teologia Relacional, ela aparenta ser simplesmente um desenvolvimento lógico
do arminianismo, uma vez que representa o livre-arbítrio humano levado às
últimas consequências, Geisler chama de arminianismo extremado.[16]Assim,
reduzir os debates relacionados aos pressupostos do Teísmo Aberto (ouda Teologia
Relacional) ao conflito entre calvinistas/arminianismo, ou limitar oteísmo
clássico ao calvinismo seria uma imprecisão histórica e uma injustiçapara com
os cristãos arminianos.
A
primeira premissa da Teologia Relacional parece ser sua ênfase na liberdade
humana em detrimento da onipotência divina. Para seus defensores, Deus concedeu
plena liberdade aos seres humanos a fim de que eles realmente possam ser
considerados seres morais e responsáveis.A segunda pressuposição doutrinária
defendida pela Teologia Relacional é que a concepção do teísmo clássico sobre
Deus foi corrompida pela influência do neoplatonismo agostiniano e o verdadeiro
conceito bíblico de Deus precisa ser resgatado.O terceiro aspecto básico da
Teologia Relacional é o entendimento de que a ênfase na imutabilidade de Deus o
torna um Ser insensível e impassível diante dos sofrimentos humanos. O ensino
de que Deus é um ser imutável também o torna apático ao sofrimento humano. O
problema agrava-se com o fato de a Bíblia apresentar Deus como sendo amor, pois
a afirmação de que foi por esta razão que ele mandou seu Filho para redimir os
que nele creem é radicalmente oposta a qualquer conceito da impassibilidade
divina, segundo essa teologia.Em quarto lugar, há a assertiva de que o
relacionamento de Deus com os homens é determinado por seu amor e não por sua
soberania. Segundo esse conceito, a soberania de Deus impossibilita a
verdadeira liberdade, o que nunca ocorreria em um relacionamento
real.Finalmente, a Teologia Relacional insiste na pressuposição de que o futuro
está aberto para ser construído por Deus e os seres humanos em um relacionamento
dentro do tempo. Este, talvez, seja o ponto de maior polêmica em relação aos
teólogos relacionais, pois eles defendem que Deus só pode conhecer aquilo que
existe e uma vez que ele concedeu liberdade ao ser humano para construir o
futuro, o mesmo é inexistente e Deus não pode conhecê-lo.
No
Brasil os principais defensores são GONDIM RODRIGUES, Ricardo. Teologia
relacional e história. Disponível em: www. ricardogondim.com.br/Artigos/artigos.inf.asp?tp=61&sg=0&id=1419;
A teologia relacional e a onisciência divina. Ed Rene Kivitz, O Deus esvaziado.
Paulo Brabo, O destino eterno de Deus.
OS PRINCIPAIS
TEÓLOGOS CONTEMPORÂNEOS
A
teologia dos fundadores do Protestantismo (Lutero, Calvino, Zwinglio,
Melanchthon) representa, para os evangélicos, não tanto uma reflexão teológica,
mas muito mais o documento original da fé. As obras dos fundadores não são
consideradas como estudos sobre a fé cristã, mas sim como fontes.
Pode-se
ter uma ideia aproximada da natureza da teologia dos fundadores fazendo-se uma
distinção entre forma e conteúdo. O conteúdo doutrinal é resultado da aplicação
sistemática e coerente do princípio de que a salvação deriva imediata e
diretamente de Deus. Desse princípio resulta a eliminação de todos os
intermediários: o papa, os bispos, os sacerdotes, os santos, Nossa Senhora, os
sacramentos, as boas ações, as indulgências etc. Para que sejamos salvos, é
necessário apenas fé na palavra de Deus, que nos garante o perdão dos nossos
pecados. O batismo é o atestado do seu perdão. Ele nos introduz na comunidade
dos salvos, a Igreja, a qual, segundo a célebre definição de Lutero, é o lugar
em que a Palavra de Deus é pregada e ouvida e em que os sacramentos são
administrados segundo a instituição de Cristo. As boas ações têm valor
puramente simbólico: não nos fazem merecer a salvação, mas demonstram que
Cristo age em nós e que, consequentemente, fomos perdoados e salvos.
Quanto
à forma, a teologia dos fundadores tem caráter eminentemente bíblico e,
geralmente, assistemático. Os Reformadores, particularmente Lutero, condenam o
uso da razão na teologia e a utilização da filosofia na interpretação da
Palavra de Deus. Para eles, a razão é uma prostituta, filha de Satanás,
totalmente corrompida e, portanto, absolutamente incapaz de conhecer Deus e
entender as realidades espirituais.[17]Eles
veem no racionalismo teológico uma das principais causas da corrupção da
Palavra de Deus e dos desvios da Igreja. Assim, para reconduzir o Evangelho à
sua pureza original, invocam sua libertação da filosofia. Para eles, a teologia
consiste na proclamação do verdadeiro Evangelho, livre de toda a poluição
filosófica. [18]
Durante
o século XVIII, vale dizer, durante o Iluminismo, que os alemães chamam de
Aufklärung, acentua-se o impulso racionalista que assaltara a teologia
protestante no período escolástico: agora, não se contenta mais em provar a
racionalidade da fé demonstrando que as verdades reveladas se harmonizam com os
cânones da razão, mas também submete a Revelação ao tribunal da razão, dando a
esta o dever de purificá-la de todos os elementos sobrenatural.
A
passagem do racionalismo escolástico ao racionalismo iluminista foi gradual. O
primeiro momento do racionalismo do século XVIII procurou preservar a
autoridade da Revelação bíblica, valendo-se dos mesmos argumentos que a
Ortodoxia invocava anteriormente. Esta afirmara que nenhum homem
intelectualmente honesto poderia rejeitar a autoridade da Bíblia. Nenhum
filósofo, fiel à filosofia e ao sadio exercício da razão, poderia colocar
seriamente em dúvida as doutrinas fundamentais da fé cristã. Muitos expoentes
do pensamento religioso protestante do século XVIII fazem suas essas teses da
Ortodoxia e procuram novos argumentos para provar a veracidade do Cristianismo.
Para tanto, alguns recorrem à filosofia, outros à filologia e outros ainda à
história.[19]
Gottfried
Wilhelm Leibniz (1646-1716) recorre à filosofia. Contrariamente àqueles que,
como Descartes, cavam um abismo entre fé e razão, ele procura estabelecer uma
harmonização sistemática entre filosofia e teologia. Na Teodiceia, para
justificar a conduta de Deus em relação ao homem e ao mundo, utiliza-se dos
ensinamentos e das técnicas de ambas as disciplinas.
O
primeiro a voltar-se para a filologia e a história foi Johann A. Ernest
(1707-1781). Numa obra sobre a interpretação do Novo Testamento, ele sustenta
que a Bíblia deve ser interpretada da mesma maneira como são interpretados os
outros livros da Antiguidade clássica: deve ser julgada textual, histórica e
filologicamente. Com tais procedimentos, Ernest considera poder provar que os
textos sacros são absolutamente plausíveis.
Mas
o emprego da filosofia, da filologia e da história logo transforma-se em um
bumerangue: ao invés de fornecer argumentos em favor da Revelação cristã, faz
aflorar questões que contestam sua validade.
Utilizando-se
do método filológico e histórico, Johann S. Semler (1725-1791) faz ver que a
origem das Escrituras não é completamente divina, como ensinara a Ortodoxia,
mas que para elas também contribuíram fatores humanos, como se pode depender
dos erros científicos, históricos e geográficos. Por causa desses erros, a
simples leitura do texto bíblico não pode bastar para persuadir o leitor de sua
veracidade, como afirmara a Ortodoxia. Gottlieb E. Lessing (17291781),
servindo-se em Nathan der Weise (Nathan, o Sábio) do mesmo método de Semler,
chega a conclusões ainda mais radicais: nega qualquer distinção entre
cristianismo e religiões não-cristãs e, em lugar do cristianismo, propõe
introduzir a religião do Ser supremo. Mas, seguindo o caminho filológico, as
conclusões extremas cabem a Hermann S. Reimarus (1694-1768), que sustenta que
todos os elementos miraculosos e sobrenaturais do Evangelho são invenções dos
apóstolos: Jesus em absoluto não ressuscitou, mas morreu desesperado, ao ver o
insucesso de sua pregação em torno do advento do Reino dos Céus.[20]
Os
efeitos contraproducentes do emprego da filosofia no campo teológico manifestam-se
bem claramente em Emmanuel Kant (17241804). Mostra que a filosofia especulativa
não pode prestar qualquer auxílio à religião porque não pode demonstrar nem
mesmo a existência de Deus. Esta só pode ser alcançada seguindo as exigências
práticas da moral. Na obra A Religião dentro dos Limites da Razão, elabora uma
interpretação racionalista da Revelação cristã, na qual todos os elementos
dogmáticos são reduzidos a simples símbolos. Assim, por exemplo, Jesus é o
símbolo da luta da humanidade contra o mal e de sua vitória sobre este.
Contra
Kant elevou-se o protesto solitário de Johann G. Hamann (1730-1788). Este
contestou a utilização que o filósofo de Königsberg fizera da razão: não se
pode presumir que ela se erija em juiz da Revelação. Deus não fala ao homem
somente através da razão, mas também de uma totalidade de manifestações. Toda a
realidade é revelação de Deus e a Escritura ocupa uma posição privilegiada em
relação à natureza e à história, que são como seus comentários, já que
constituem antecipações suas e não o oposto. Mas a Escritura só tem um caráter
revelador para quem tem fé.
O
protesto de Hamann, porém, não obteve eco. As duas principais doutrinas
kantianas no que se refere à religião — a) a transferência da religião da
esfera da razão para a da vontade e do sentimento e b) a interpretação
racionalista da Revelação — permanecem como fundamentos de toda a teologia
protestante do século XIX.
O
protestantismo liberal, isto é, a teologia protestante do século XIX,
inspira-se em dois princípios aparentemente contraditórios de Kant: a) a
remoção da religião da esfera especulativa; b) a redução do cristianismo aos
limites da razão. Partindo desses princípios, Schleiermacher, Hegel, Feuerbach,
Nietzsche, Strauss, Baur, Ritschl e Harnack tendem para a secularização total
do Cristianismo, alcançando tal meta por ambos os caminhos traçados pelos
racionalistas, o filosófico (os quatro primeiros) e o histórico-filológico (os
quatro últimos ).
Friedrich
E. D. Schleiermacher (1768-1834) é considerado universalmente como o pai do
protestantismo liberal. Foi o primeiro a elaborar uma nova teologia partindo
dos postulados kantianos. Em virtude de tais postulados, transfere a religião
da esfera da razão para a do sentimento e reduz os dogmas a simples expressões dos
sentimentos comuns de um povo em relação à Divindade. Duas proposições,
tornadas célebres, são fundamentais para o seu conceito de religião: “1) A
religiosidade não é ciência nem ação, mas sim uma determinação do sentimento e
da autoconsciência imediata. 2) o que há de comum a todas, mesmo às mais
diferentes manifestações religiosas, aquilo pelo qual elas ao mesmo tempo se
distinguem de todos os outros sentimentos — em outras palavras, a essência
invariável da religiosidade —, consiste no fato de que nós simplesmente temos
consciência da nossa dependência de Deus, isto é, da nossa relação com Ele”.
Portanto, segundo este autor, a essência da religião consiste no sentimento de
dependência radical. Esse sentimento nasce no momento em que o homem torna-se consciente
de si mesmo e do universo que o circunda. Então ele se dá conta de que depende
radicalmente de um “Outro”, isto é, de Deus, que não é alcançado, portanto,
através do conhecimento conceitual, como afirmavam os racionalistas, mas por
meio da intuição e do sentimento: “ Se o homem não se une ao Eterno na unidade
da intuição e do sentimento, dele permanecerá eternamente separado”. Mas, em
sendo assim, que tarefa cabe ao teólogo? Não a tarefa de examinar e ordenar as
fórmulas dogmáticas, que, como já se disse, para Schleiermacher não passam de
descrições de sentimentos religiosos comuns, mas sim a tarefa de estudar a
origem da religião e a história dos dogmas. A ênfase que este pensador coloca
sobre os elementos subjetivo e histórico faz dele o pai da “teologia liberal”.
Georg
G. F. Hegel ( 1770-1831) critica tanto Kant quanto Schleiermacher, reconduzindo
a religião ao domínio da razão. Segundo Hegel, a religião é um dos momentos
conclusivos da dinâmica dialética do Absoluto, ou seja, um dos três momentos em
que Ele toma consciência de si mesmo. A religião, portanto, tem o mesmo
conteúdo da filosofia e da arte, delas diferindo apenas pela forma. Com efeito,
aquela autoconsciência do Espírito absoluto, que na filosofia é realizada
conceitualmente, especulativamente, e na arte pela intuição sensível, na
religião se realiza imaginativamente. O órgão da religião é o pensamento, e a
religião é essencialmente pensamento, como a filosofia: mas pensamento em forma
de imagens, símbolos, metáforas. Mas o retorno ao domínio racional operado por
Hegel não significa para a religião cristã nenhuma recuperação de sua
sobrenaturalidade e transcendência. Pelo contrário, a tal retorno corresponde
um novo impulso em direção à secularização. Numa obra juvenil sobre a vida de Jesus,
o pensador já reduzira o fundador do cristianismo a um bom moralista que
praticava perfeitamente a moral do imperativo categórico. Nas obras mais
maduras, não vê nos dogmas da Encarnação e da Redenção outra coisa que símbolos
da realização completa da autoconsciência divina concretizada dialeticamente no
espírito humano através da negação.
A
vaga secularizadora torna-se impetuosa com Feuerbach e Nietzsche. Ludwig
Feuerbach (1804-1872) dissolve toda religião, inclusive a cristã, na
“hipostatização” das necessidades do homem. Em sua Essência do Cristianismo,
afirma que o fundamento da verdadeira filosofia não é colocar o finito no
infinito, mas sim o infinito no finito, ou seja, a filosofia deve provar que o
homem não é produto de Deus, mas sim Deus um produto do homem: não foi a Ideia
que criou o homem, mas ao contrário homem que criou a Ideia.. Assim, por
exemplo, Feuerbach sustenta que o conceito de Deus como Pai nasce da exigência
de segurança sentida pelos homens; a ideia de Deus feito carne exprime a
excelência do amor pelos outros; a ideia de um Ser perfeitíssimo surge para
representar ao homem aquilo que ele deveria ser, mas que, na realidade, nunca
consegue se tornar. Da mesma forma, a fé na vida futura (ou seja, a idéia de
uma existência ultraterrena) outra coisa não é que a fé na vida terrestre, não
como ela é, mas como deveria ser. Chegando-se a esse ponto, Friedrich W.
Nietzsche (1844-1900) pode proclamar legitimamente: “Deus está morto” . Dessa
maneira, através da filosofia, o protestantismo liberal chegou à supressão
total da teologia.[21] E
chegou aos- mesmos resultados também pelo outro caminho, por meio da filosofia
e da história.
Seguindo
as pegadas de Reimarus, David Strauss (1808-1874) interpreta a vida de Jesus
como um mito construído mais ou menos conscientemente por seus discípulos. Ele
nega a divindade de Cristo e o valor salvívico de sua paixão e morte. Ferdinand
C. Baur( 17921860), fervoroso seguidor da filosofia hegeliana, aplica ao Novo
Testamento a doutrina do contínuo transformar-se e desenvolver-se da Ideia
universal através da série indefinida de teses e antíteses que desembocam na
síntese conclusiva.[22] O
cristianismo, consequentemente, representa uma fase transitória do devir
religioso da humanidade. Cristo inaugurou tal fase aderindo à ideia religiosa
elaborada nos séculos anteriores e tornando-a capaz de conquistar o mundo,
conectando-a com o messianismo judaico. O esforço ulterior da ideia religiosa
para libertar-se da forma especial que lhe foi impressa pelo fundador resume toda
a história da religião cristã.
AIbrechtRitschl
(1822-1899), discípulo de Baur, procura levar o protestantismo para um sentido
histórico-crítico mais profundo, esperando, dessa forma, colocar a genuína
concepção do Evangelho a salvo de toda forma de catolicismo e de toda forma de
misticismo, tanto pietista como romântico. Na comemoração do seu centenário, em
1922, Harnack assim resumiu retrospectivamente o trabalho de Ritschl em sua
maturidade: “ Fundando-se num conceito de Deus extraído do Evangelho e também
aqui seguindo algumas das ideias principais de Lutero, eliminou a decadente
herança filosófico-religiosa da Antiguidade, salvando na doutrina da religião
cristã somente aquilo que se referia à fé em Deus como Pai de Jesus Cristo.
Postulou um conhecimento da religião cristã bem claro e válido para todos, mas
excluiu sem cerimônias, triturou ou simplesmente declarou individual aquilo que
não era compatível com aquela rígida e fechada construção” .[23]
Em
Ritschl, desvaloriza-se toda diferença confessional, compromete-se a expressão
genuína do Evangelho, reduz-se a-fé cristã a um puro empenho moral, pouco se
aprecia o dogma e as tradições da Igreja. Essas também são as conclusões a que
chega o seu discípulo Adolf vonHarnack (1851-1930), último e máximo representante
do protestantismo liberal. Harnack é essencialmente um historiador, no que
aliás é muito grande, sendo um dos maiores historiadores do cristianismo,
sobretudo de suas origens. A sua obra-prima é A História dos Dogmas. Mas
durante algumas décadas ele também exerceu uma enorme influência como teólogo.
Em
seus estudos sobre o cristianismo, parte da convicção de que o método
histórico-crítico, elaborado pela ciência no século XIX, é um instrumento
perfeitamente idôneo, inclusive indispensável, para a interpretação da
Revelação. Harnack considera que não pode haver outra interpretação séria da
Sagrada Escritura e da Tradição fora da interpretação científica. Mas, seguindo
esse caminho, também chega, como Strauss e Ritschl, a eliminar da vida de
Cristo tanto os milagres como os dogmas. Segundo Harnack, os dogmas seriam
fruto da helenização do cristianismo, ao passo que os milagres seriam produto
da mentalidade mágica e supersticiosa dos primeiros discípulos. Longe de
levá-lo ao naufrágio da fé, o método histórico-crítico parecetê-lo liberado das
excrescências do pietismo e emancipado
dos radicalismos do cientismo.
Assim,
no século XIX, assistimos na teologia protestante à progressiva e, depois,
total liquidação da essência do cristianismo, que não só, no fim das contas,
não se distingue mais das outras religiões como também deixa até mesmo de ser
uma religião.
Mas
nem todos os teólogos protestantes do século passado dobraram- se às doutrinas
do protestantismo liberal. Não faltaram aqueles que tentaram deter a vaga
secularizadora então em curso. São dignos de menção sobretudoKierkegaard e
Káhler.
Contrariamente
à filosofia hegeliana, que procurava aprisionar o cristianismo dentro do
sistema, SõrenKierkegaard (1813-1855) proclama “ a infinita diferença qualitativa”
que separa Deus do homem:
“O
homem é um existente particular, incapaz de ver as coisas
subspecieaeternitatis. . . Já Deus é infinito e eterno” . Evidencia, ademais, a
precariedade da existência humana, a paradoxalidade da fé e a
incompreensibilidade da Revelação. A fé é um risco: “ Sem risco não há fé e
quanto maior o risco tanto maior é a fé ”. Para o crente, a razão só serve para
estabelecer “ que crê contra a razão”.[24]
Enquanto
o protesto de Kierkegaard dirige-se contra os filósofos, o de Martin Kàhler
(1835-1912) tem por alvo os historiadores. Em seu famosíssimo Der
SogennanteHistorische Jesus und der GeschichtlicheBiblischeChristus, ele
procura salvar o cristianismo dos ataques mortíferos do método
histórico-crítico introduzindo na linguagem teológica a célebre distinção entre
Historie e Geschichte, para poder falar do Jesus histórico separadamente do
Cristo da fé. Sem colocar em dúvida a efetiva realidade dos acontecimentos
narrados pela Escritura, ele os aborda “com a convicção de entrar em contato com
o testemunho que ela presta ao Filho de Deus, crucificado e ressuscitado, ao
Cristo centro da fé e vida do mundo, bem diferente daquela figura
mesquinhamente redimensionada pela chamada crítica histórica que se tornou conhecida
como o Jesus da história”.[25]
Tanto
a tentativa de Kierkegaard como a de Káhler, contudo, mostraram-se ineficazes
para deter a vaga secularizadora, pelo menos naquele momento.
As
principais correntes teológicas liberais que surgiram foram a Neo Ortodoxia de
Karl Barth, a Teologia Secularista de Dietrich Bonhoeffer, e a Desmitologização
de Rudolf Bultmann conhecida como Teologia Radical. Além destes teólogos,
podemos ainda mencionar Jeremias Joaquim, Oscar Culmann, Paul Tillich,
WolfhartPenneberg, e JügerMoltmann (que mencionamos acima).
NEO-ORTODOXIA
Neo-ortodoxia
é um movimento religioso que começou após a Primeira Guerra Mundial como uma
reação contra as ideias falhadas do protestantismo liberal. Ele foi
desenvolvido principalmente por teólogos suíços Karl Barth e Emil Brunner. Outros
chamou de "neo-ortodoxia", porque eles viram isso como um
renascimento da velha teologia reformada. Neo-ortodoxia difere da ortodoxia
"velho" em seus pontos de vista da Palavra de Deus e do pecado.
A
visão ortodoxa afirma que a Bíblia é a Palavra de Deus revelada, dada pela
inspiração de Deus. Por inspiração, tanto verbal e mecânica, entende-se que o
Espírito Santo estava em pleno controle do escritor bíblico, quer por tudo
verbalmente ditando ele estava escrevendo ou usar a pessoa como uma ferramenta
para trabalhar. Esta doutrina da inspiração vem à conclusão lógica de que os
manuscritos originais são tem erros ou contradições. A Bíblia é a revelação
completa e suficiente de Deus. Duas passagens que apoiam este ponto de vista
são 2 Timóteo 3: 16-17 e 2 Pedro 1: 20-21.
Neo-ortodoxia
define a Palavra de Deus como Jesus (João 1: 1) e diz que a Bíblia é
simplesmente a interpretação do homem das ações da Palavra. Assim, a Bíblia não
é inspirada por Deus, e, sendo um documento humano, várias partes pode não ser
literalmente verdade. Deus falou através de "história da redenção", e
Ele fala agora como pessoas "encontro" Jesus, mas a própria Bíblia
não é verdade objetiva.
Neo-ortodoxia
ensina que a Bíblia é um meio de revelação, enquanto a ortodoxia acredita que é
revelação. Isso significa que, para o teólogo neo-ortodoxo, revelação depende
da experiência (ou interpretação pessoal) de cada indivíduo. A Bíblia somente
"se torna" a Palavra de Deus, quando Deus usa suas palavras para
apontar alguém para Cristo. Os detalhes da Bíblia não são tão importante quanto
ter um encontro de mudança de vida com Jesus. A verdade torna-se assim uma
experiência mística e não está definitivamente estabelecido na Bíblia.
Neo-ortodoxia
enfatiza a revelação do próprio Deus como a fonte eo fundamento da fé cristã.
Em outras palavras, ao invés de razão ou Escritura como fundamento da crença, o
ensino é que o próprio Deus é a revelação. Barth era conhecido por popularizar
a ideia de revelação sendo "a Palavra dentro da palavra", em vez de a
própria Escritura como o foco. O foco sobre a transcendência de Deus e Seu ser
"totalmente outro" manteve-se como um ponto de importância.
A
visão neo-ortodoxa do pecado é que ele é uma rejeição da nossa responsabilidade
de tratar os nossos semelhantes também. O resultado do pecado é a
desumanização, acompanhado por maldade, falta de perdão, solidão e uma
infinidade de males sociais. A salvação vem para aqueles que têm um encontro
subjetiva com Cristo-não aceitação de um conjunto de verdades é necessária.
Neo-ortodoxia coloca uma ênfase no trabalho social e nossa responsabilidade
ética de amar os outros.
Neo-ortodoxia
tem influenciado os ramos menos conservadoras de igrejas presbiterianas e
luteranas na América, juntamente com outras denominações. Embora a sua
finalidade original, para fornecer uma alternativa mais bíblica ao liberalismo,
é louvável, ensino neo-ortodoxa, no entanto, traz alguns perigos inerentes.
Qualquer momento que a verdade é determinada de acordo com o que é relevante
para a minha experiência, a possibilidade de o relativismo existe. Qualquer
doutrina que vê a Bíblia como um documento totalmente humano que contenham
erros corrói o próprio fundamento do cristianismo bíblico.
Alguns
tentaram ensinar que a neo-ortodoxia é um meio termo entre o liberalismo e o
evangelicalismo. No entanto, isso não é totalmente preciso como as vistas de
stand neo-ortodoxia por conta própria e nunca procurou oferecer qualquer ponte.
Em vez disso, talvez seja melhor para avaliar a neo-ortodoxia por suas próprias
descrições como uma visão de mundo que afirma partes dos ensinamentos bíblicos,
negligenciando outros.
TEOLOGIA
SECULAR
Teólogos
do movimento batizaram o secular e procuraram mostrar como a igreja deveria
estar profundamente envolvida na construção da nova humanidade, a nova cidade
secular da raça humana.
Para
essa conclamação dos proponentes da nova teologia secular cristã, era
fundamental que houvesse uma compreensão específica e uma visão positiva do
conceito de secular. Esse termo era usado para referir-se a um determinado
ponto de vista, um estado de espírito ou uma perspectiva em relação ao
mundo.Harvey Cox, por exemplo, resumiu “o estilo da cidade secular” em termos
de pragmatismo e profanidade, ou seja, a pessoa secular está voltada para a
pergunta “será que vai funcionar?” e para um horizonte completamente terrestre
e afastado das questões religiosas.[26]
Assim,
o ponto de vista secular enfatiza o temporal ao invés do eterno e concentra-se
nas realidades “deste mundo” e não na dimensão de um “outro mundo”. O estado de
espírito secular encontra significado nas atividades quotidianas e não nas
disciplinas devocionais tradicionais. Ele ressalta o conhecimento secular -
conhecimento adquirido pela iniciativa humana e de utilidade para o viver
comum. E a perspectiva secular volta-se para a pessoa autônoma, não para a vida
de fé, como fonte de qualquer significado que a iniciativa humana possa ter.
Ao
promover o estado de espírito secular, o movimento de Cristianismo secular
fazia uma distinção entre secularidade e secularismo. O primeiro termo refere-
se à perspectiva caracterizada pelas atitudes da ciência moderna e das
preocupações deste mundo. Os teólogos seculares viam a secularização
basicamente como um movimento de libertação. Nas palavras de Harvey Cox, ele
salvava a sociedade e a cultura da “tutela do controle religioso e das visões
de mundo fechadas da metafísica”. O secularismo, por outro lado, é a atitude
que afirma que somente através da ciência é possível obter qualquer tipo de
conhecimento confiável e apenas aquilo que é tangível dentro do mundo é de
importância. Essa atitude é perigosa, pois, mais que depressa, torna-se uma
nova visão de mundo também fechada e que acaba fazendo as vezes de uma
religião.
Os
teólogos seculares lutavam contra a atitude secularista, afirmando que ela era
uma depreciação idólatra da verdadeira secularidade defendida por Deus na
Bíblia. Definiram uma distinção do secular e secularismo, ao mesmo tempo que se
opunham ao secularismo, esses teólogos afirmavam que a perspectiva secular é
autêntica e tem seus fundamentos na Bíblia.
Como
resultado dessa distinção entre secular e secularismo, os proponentes da nova
teologia tentaram trazer Deus de volta para dentro do mundo, pois é aqui que
Deus pode ser encontrado, evitando, porém, as ideias falsas de nossos dias.
Falando de temas articulados por Bonhoeffer, Fennell descreveu a “teologia da
verdadeira secularidade” como um chamado para que as pessoas “deixassem a
idolatria do secularismo e se apegassem às crenças da secularidade”. Para isso,
os teólogos seculares pediam que fosse apagada a linha divisória tradicional
entre a igreja e o mundo, tendo por base a obra reconciliatória de Cristo.
Este
pensamento é muito similar da Teologia da Libertação, que é uma interpretação
secularista do terceiro mundo, baseada nas propostas marxistas, e a nova
tendência M.I. (Missão Integral), propagada no Brasil por Ariovaldo Ramos, e Ed
Rene Kivitz.
TEOLOGIA
RADICAL
O
termo Teologia Radical é usado para designar uma tradição do pensamento livre
que, em termos gerais, incorpora posições teológicas que estão em oposição às
noções realistas da ortodoxia credal. Uma das alegações preliminares que
caracterizam Teologias radical é a noção da morte de Deus, essa teologia
floresceu em meados da década de 1960.
Esse
movimento deu expressão a uma ideia que tinha sido incipiente na filosofia e na
teologia ocidentais por algum tempo — a sugestão de que, na melhor das
hipóteses, a realidade de um Deus transcendente não poderia ser conhecida e, na
pior delas, não existia mesmo. O filósofo Kant e o teólogo Ritschl negaram que
alguém pudesse ter um conhecimento teorético da existência de Deus. Hume e os
empiristas, para todos os fins práticos, restringiam o conhecimento e a
realidade ao mundo material conforme ele é percebido pelos cinco sentidos.
Posto que não era possível averiguar de modo empírico a existência de Deus,
dizia-se que a cosmovisão bíblica era mitológica e inaceitável à mente moderna.
Os filósofos existencialistas ateus tais como Nietzsche, desesperavam-se até
mesmo da possibilidade de empreender uma busca de Deus; foi o próprio Nietzsche
quem cunhou a frase “Deus está morto" quase um século antes dos teólogos
da morte de Deus.
Os
teólogos dos meados do século XX, não associados com o movimento, também
contribuíram para o contexto em que emergiu a teologia da morte de Deus. Rudolf
Bultmann considerava mitológicos todos os elementos do mundo sobrenaturalista e
teísta, e propôs que as Escrituras fossem demitizadas de modo que pudessem
falar a sua mensagem à pessoa moderna. Paul Tillich, um anti-sobrenaturalista
declarado, disse que a única declaração não-simbólica que se poderia dizer a
respeito de Deus era que Ele é a própria existência. Ele está além da essência
e da existência; por isso, argumentar que Deus existe é negá-IO. É mais
apropriado dizer que Deus não existe. Na melhor das hipóteses, Tillich era um
panteísta, mas seu pensamento chega à beira do ateísmo.
Rudolf
Bultmann Um dos teólogos mais influentes do século XX. Catedrático da
Universidade de Marburg era muito conhecido por seus escritos eruditos
históricos e interpretativos sobre o NT. Mas sua erudição nunca foi mera
curiosidade histórica; era, de coração, um homem da igreja, que, mediante as
suas pesquisas, procurava tornar a mensagem cristã viva para seus
contemporâneos.
Segundo
o ponto de vista de Bultmann, a tarefa mais urgente que assediava os teólogos
do século XX era a de descobrir um "conceptualismo" segundo cujos
termos o NT pudesse tornar-se compreensível ao homem moderno, e depois,
elaborar os pormenores desta interpretação. Bultmann acreditava que tinha achado
semelhante conceptúalismo na filosofia existencialista de Martin Heidegger, e
passou praticamente toda a sua vida lendo o NT como um documento heideggeriano,
e usando métodos histórico-críticos para eliminar do texto elementos
resistentes ao existencialismo.[27]
Segundo
a filosofia de Heidegger, conforme Bultmann a entendia, o homem, na sua
natureza mais verdadeira, é um ser totalmente diferente de qualquer coisa que
possa ser achada no mundo, e sua qualidade distintiva é o fato de ele saber
tomar decisões. Se tomar decisões é a essência do homem, logo, o futuro, mais
do que o passado, é o ele- mento espiritual, porque somente o futuro contém
opções, e somente onde há opções é que podem existir decisões. Segundo
Bultmann, o homem faz muitas coisas para evitar um confronto com o fato de que
ele deve tomar decisões. Frequentemente, ele vive por tradições mortas; deixa
sistemas éticos legalistas tomarem as decisões por ele; pensa que ele mesmo tem
traços fixos de personalidade que determinam as suas ações, ao invés de agir
segundo as suas próprias decisões; identifica-se com referência a seus papéis
sociais e aos seus relacionamentos com outras pessoas e, desta maneira, recusa
a responsabilidade total de sua identidade. Destas e outras maneiras o homem é
"inautêntico", ou seja, não é ele mesmo. Bultmann pensa que quando o
NT fala do homem como um "pecador" sob o domínio da "morte"
é esta inautenticidade que está em mente.
A
salvação, portanto, é estar "radicalmente aberto ao futuro", que é a
mesma coisa que o homem reconhecer plenamente que é ele quem faz decisões. Os
existencialistas seculares tendem a pensar que o homem pode tornar-se autêntico
confrontando direta- mente a sua própria morte e insegurança e falta de
relevância, mas Bultmann, sendo um cristão, sustenta que o homem acha a
salvação somente se a receber como dádiva. Argumenta, portanto, que o homem tem
necessidade de um salvador, e até mesmo chega a dizer que a autenticidade pode
ser atingida somente através de Jesus Cristo.
Para
Bultmann, ideias do NT tais como a ressurreição do corpo, a expiação no sangue
pelos pecados, a vida eterna, qualquer ideia ética da natureza humana e uma
história da salvação servem somente para enganar as pessoas quanto àquilo que a
salvação realmente é. Na década de 1940 começou a chamar esta atividade
interpretativa de "demitização", e é esta palavra, acima de tudo, que
se associa na mente popular com o nome de Bultmann.
Paul
Tillich um dos teólogos protestantes mais lidos e influentes do século XX.
Tillich nasceu na aldeia de Starzeddel, perto de Guben, na Prússia. Segundo seu
próprio relato, os anos da sua juventude tiveram forte influência sobre seu
interesse e desenvolvimento teológicos. Seu pai era um ministro luterano que
tinha um temperamento conservador e alimentou no seu filho um respeito para com
as crenças e os valores tradicionais. Sua mãe, por sua vez, encorajava uma
mente aberta e um espirito de aventura intelectual. Conforme ele mesmo disse,
portanto, foi criado “na fronteira” entre esses dois temperamentos. Formou um afeto
profundo pela vida rural da sua infância, com seu ritmo estável do interior e
sua proximidade com a natureza. Quando, porém, a família mudou-se para Berlim,
tendo Tillich quatorze anos de idade, ficou igualmente fascinado pela emoção e
a vitalidade da grande cidade. Essas experiências iniciais de conservadorismo e
abertura, da vida tranquila de uma área rural e o ambiente de pressão humana de
uma capital mundial grande e ativa deixaram uma marca permanente na sua vida e
no seu pensamento. Durante toda a sua longa carreira manteve um profundo
respeito pela natureza, mesmo quando estava ativamente envolvido nas questões
humanas dos seus tempos. E embora apreciasse as crenças e os valores
tradicionais, constantemente se esforçava para avançar além deles. Estudou
filosofia e teologia, e doutourou-se em Breslau com uma dissertação sobre
Schelling. Foi ordenado para o ministério luterano em 1912.
A
Primeira Guerra Mundial, na qual serviu como capelão do exército alemão, também
teve influência importante no seu desenvolvimento. A guerra ofereceu a Tillich,
recém-ordenado, uma experiência vívida do lado inferior destrutivo da natureza
humana, bem como a convicção de que os cristãos devem estar envolvidos nos
assuntos da vida ao seu redor. Sua experiência na guerra também o impulsionou a
buscar alívio da sua crueldade, e ele o achou nas artes. Sua abertura diante
das artes e do contexto cultural maior que lhes deram origem foi um aspecto
importante no seu pensamento mais maduro. Se for lícito afixar ao pensamento de
Tillich algum rótulo, seria a de “teologia da cultura”.[28]
Passou
sua vida profissional ensinando teologia e filosofia. Na turbulência do fim da
década de 1920, passou a interessar-se pelo movimento religioso-socialista, e
sua oposição aberta a Hitler e aos conceitos políticos e culturais
representados por ele causou a sua demissão da cátedra de filosofia na
Universidade de Frankfurt em 1933. Não muito tempo depois de sair de Frankfurt,
foi para os Estados Unidos. Sua carreira acadêmica nos Estados Unidos durou
trinta e três anos, durante os quais escreveu vários livros e ensinou no
Seminário Teológico “Union” (Nova lorque), na Universidade de Columbia, na
Universidade de Harvard e na Universidade de Chicago. Tornou-se cidadão dos
Estados Unidos em 1940.
Seus
interesses e suas pesquisas eram de amplo alcance, e as influências no seu
pensamento eram igualmente diversas. Estas incluem o platonismo, o misticismo
medieval, o idealismo e o existencialismo. Esta última perspectiva filosófica,
que conheceu em profundidade enquanto ensinava em Marburgo, talvez tenha sido o
fator que mais influenciou sua obra. A metodologia teológica de Tillich tem
sido chamada o “método da correlação”, e propõe que a filosofia e a teologia
devem desempenhar papéis mutuamente complementares. A tarefa da filosofia é
postular problemas e fazer perguntas, ao passo que o desafio da teologia é
entrar em diálogo com a filosofia, compreender as suas perguntas e esforçar-se
para oferecer respostas.
Talvez
a obra mais importante da sua carreira tenha sido sua Teologia Sistemática
(1963) em três tomos. Nela, argumenta que Deus deve ser considerado o
fundamento da existência, sendo conhecido pelo homem como a preocupação última.
É mediante a participação desse fundamento da existência que o homem recebe a
sua própria existência. O homem deve enfrentar a inexistência. Quando ele assim
fizer, e corajosamente se afirmar diante da inexistência, ele expressará a
preocupação última. A “Nova Existência” para o homem é Jesus Cristo. Quando
Jesus Se sacrificou na cruz, tornou-Se “transparente” para o fundamento da
existência, i.e., o Cristo, a Nova Existência. Jesus Cristo, portanto, é a
resposta para a necessidade existencial do homem.[29]
A
estrutura e o significado da realidade podem ser compreendidos somente através
de mitos ou símbolos, que são sinais que realmente participam da realidade para
a qual apontam. Como participam dessa realidade não é tão claro como deveria
ser. Assim, ficamos com a impressão de que a filosofia da linguagem religiosa
de Tillich não somente é de difícil compreensão — talvez seja mesmo impossível
compreender. De qualquer maneira, não fica tão claro como seria de se esperar
da parte de um teólogo da estatura dele.
Tillich
foi um escritor prolífico tanto em alemão quanto em inglês. Suas obras
publicadas incluem InterpretationofHistory (“Interpretação da História”, 1936);
The Protestant Era (“A Era Protestante”, 1936); The Courageto Be (“A Coragem de
Ser”, 1952); The New Being (“A Nova Existência”, 1955); Theology of Culture
(“Teologia da Cultura”, 1959) e Morality and Beyond (“Moralidade e Além”,
1963). On the Boundary (“Na Fronteira”, 1966) é uma revisão da Parte I de The
Interpretation of History (“A Interpretação da História”). É um esboço
autobiográfico breve, que Tillich ofereceu ao público.
[1]
GEISLER, Norman. Teologia Sistemática, Vol1Traduzido por Marcelo Gonçalves e Luís
Aron de Macedo 1ª Edição CPAD, Rio de Janeiro – 2010.
[2]
Ferguson, Sinclair B. Novo dicionário de teologia. São Paulo : Hagnos, 2009.
[3]F. Whaling, The Development of the
Word “Theology”, SJT 34 (1981),
[4] KÜNG,
Hans, “Contra o Fundamentalismo Romano. Catolicismo Hodierno”/ In Concilum, 241
(l992)
[5]MOLTMANN,
Jurgen, “fundamentalismo e Modernidade”. In Concilium, 141 (1992/3)
[6]
Idem
[7]GONZÁLEZ,
L. Justo. A Era Inconclusão. Editora Vida Nova; Edição – 1996. São Paulo – SP.
[8]
William E. Hordern. Teologia Contemporânea (Anteriormente publicado sob o
título Teologia Protestante ao Alcance de Todos); Ed EHagnos, 2011.
[9]
MONDIM, Batista. Os Grandes Teólogos do Século Vinte. Edições Paulinas. São
Paulo. 1979.
[10]
Souza, Alexandre Carneiro de. Pentecostalismo: de onde vem, para onde vai?;um
desafio às leituras contemporâneas da religiosidade brasileira.Viçosa
:Ultimato, 2004.
[11]D. R Scaer, “Theology of Hope,"
em Tensions In Contemporary Theology; J. M. Robinson e J. B. Cobb, Jr., eds.,
Theology As History.
[12] R. K. JOHNSTON
[13]
Sinclair B. Ferguson, David F. Wright..Novo dicionário de teologia /— São Paulo
:Hagnos, 2009.
[14]Walter
A. Elwell editor Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã ; tradução
Gordon Chown. São Paulo: Vida
Nova, 2009.
[15] N. Geisler, “Process Theology,” em
Tensions In Contemporary Theology
[16]N.
Geisler. Eleitos mas Livre. Ed
Vida
[17] J. Pelikan, From Luther to
Kierkegaard.
[18]BattistaMondin
Os grandes teólogos do século vinte; [traduziu, José Fernandes], — São Paulo:
Edições Paulinas, 1979-1980.
[19]Hermisten
Maia Pereira da Costa Raízes da teologia contemporânea - São Paulo: Cultura
Cristã, 2004.
[20]GUNDRY,
Stanley. Teologia Contemporânea: Uma Análise dos Pensamentos de Alguns dos
Principais Teólogos do Mundo Hodierno. [Tradução de Gordon Chown]. São Paulo:
Editora Mundo Cristão. (Coleção Pensadores Cristãos – 6).
[21]Stanley
J. Grenz e Roger E. Olson.Teologia do Século 20; Editora Cultura Cristã, 2003.
[22]HORDERN,
William E. Teologia Protestante ao Alcance de Todos. [Tradução de Roque Monteiro
de Andrade]. Rio de Janeiro: JUERP, 1974.
[23].
Neunheusek , “La Teologia Protestante in Germania”.
[24]Júlio
Andrade Ferreira. Antologia TEOLÓGICA, Ed Fonte Editorial, 2005.
[25]
Idem
[26]MCCLENDON,
James William. Teologos Destacados delSiglo XX: Creencias Distintivas y
Contribuciones de Barth, Niebuhr, Temple, Carnell, Brunner, Tillich, Bultmann,
Conner, Farrer. Sl: Casa BautistaPublicaciones, 1972.
[27]GUNDRY,
Stanley. Teologia Contemporânea: Uma Análise dos Pensamentos de Alguns dos
Principais Teólogos do Mundo Hodierno. [Tradução de Gordon Chown]. São Paulo:
Editora Mundo Cristão. (Coleção Pensadores Cristãos – 6).
[28]Hermisten
Maia Pereira da Costa. Raízes da teologia contemporânea - São Paulo: Cultura
Cristã, 2004.
[29]Paul
Tillich – Perspectivas da Teologia Protestante dos séculosXIX e XX
Nenhum comentário:
Postar um comentário