EDEN
O PRIMEIRO LAR DO HOMEM.
Texto
base Gn2.8-19:
8
E plantou o SENHOR Deus um jardim no Éden, do lado oriental; e pôs ali o homem
que tinha formado.
9
E o SENHOR Deus fez brotar da terra toda a árvore agradável à vista, e boa para
comida; e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem
e do mal.
10
E saía um rio do Éden para regar o jardim; e dali se dividia e se tornava em
quatro braços.
11
O nome do primeiro é Pisom; este é o que rodeia toda a terra de Havilá, onde há
ouro.
12
E o ouro dessa terra é bom; ali há o bdélio, e a pedra sardônica.
13
E o nome do segundo rio é Giom; este é o que rodeia toda a terra de Cuxe.
14
E o nome do terceiro rio é Tigre; este é o que vai para o lado oriental da
Assíria; e o quarto rio é o Eufrates.
15
E tomou o SENHOR Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o
guardar.
16
E ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás
li-vremente,
17
Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia
em que dela comeres, certamente morrerás.
18
E disse o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma
ajudadora idônea para ele.
19
Havendo, pois, o SENHOR Deus formado da terra todo o animal do campo, e toda a
ave dos céus, os trouxe a Adão, para este ver como lhes chamaria; e tudo o que
Adão chamou a toda a alma vivente, isso foi o seu nome.
Hoje
vivemos em casa que nós mesmos construímos, mas quando Deus nos criou, Ele nos
fez uma morda, na verdade um jardim no Éden, que passou a se chamar com este
nome, um lugar repleto de recursos hídricos, e de alimentos, lugar que até os
dias de hoje encanta a humanidade quando se encontra com lugares parecidos das
Escrituras. Vejamos detalhes apresentada deste Jardim na Bíblia.
I- Deus preparou a primeira morada
do homem.
E
plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, na direção do Oriente, e pôs nele o
homem que havia formado (Gn 2.8). Ao tempo da criação, não havia ainda nenhuma
planta do campo na terra, pois ainda nenhuma erva do campo havia brotado (Gn
2.5a). A razão da ausência de plantas e ervas é dada pelo próprio narrador do
texto: porque o Senhor Deus não fizera chover sobre a terra (Gn 2.5b).
1)
Um Lugar Seguro: A primeira grande providência governativa de Deus foi plantar
um jardim, para depois colocar o homem no jardim. Parece-nos que Deus primeiro
organizou o habitat para depois criar o homem, embora não pareça ser esta a
ordem cronológica do texto. É a ordem lógica dele.[1] A palavra Jardim vem do hebraico[Gan]. Do
radical hebraico gnn, significando “ser fechado, cercado, protegido”, “jardim”
provavelmente denote uma área fechada, protegida, o homem estava não apenas
morando, mas guardado e protegido por Deus, Deus se preocupa com a nossa
segurança.
2)
Um Lugar Próximo d’Ele: Deus escolheu na terra que Ele criou e a fez surgir do
mar “Disse também Deus: Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num só lugar, e
apareça a porção seca. E assim se fez. À porção seca chamou Deus Terra e ao
ajuntamento das águas, Mares. E viu Deus que isso era bom” (Gn 1.9,10), um
lugar para o homem morar, esta porção é conhecida como Pangeia, e ali plantou
seu jardim “E plantou o Senhor Deus um
jardim no Éden, na direção do Oriente, e pôs nele o homem que havia formado”
(Gn 2.8).
A
palavra Oriente tem um significado além do que localidade, mas uma expressão
teológica, o substantivo qedem possui um sentido tanto geográfico, “oriente”,
quanto temporal, “tempos antigos”, “passado”. Em passagens poéticas qedem
descreve o estado criado. E assim que a tribo de José é abençoada com o que há
de melhor das montanhas antigas (ou do oriente) (idílicas, Dt 33.15) e Deus é
entronizado desde a eternidade (desde a criação, SI 55.19). O vocábulo é
empregado acerca do êxodo como tipificação do ideal almejado (Ml 3.4). O salmista
se lembra das obras gloriosas que Deus então operou (SI 44.1), especialmente em
suas horas de aflição (SI 77.5). Sem dúvida essas referências fazem lembrar a
aliança divina (SI 74.2),[2]
também se usa qedem em referência ao período davídico (Ne 12.46). Todas as três
ideias (criação — êxodo — reinado davídico) estão unidas em Salmos 74.12. De
modo que se vê que as três formam um modelo teológico. Isso é ademais enfatizado
em declarações acerca do Messias (Mq 5.2; Ez 36.11) e da aliança eterna (Mq
7.20). Finalmente Isaías aplica esse modelo (que parte da criação e vai até a
perfeição) à vinda do Senhor (Is 45.23), a qual se dá de acordo com o conselho
de Deus. Tudo é conhecido e feito por ele (Is 45.21). Onde o sol nasce
representa luz e vida, versus ocidente, que representa a morte. O Oriente
simboliza a habitação de Deus, morada de Deus, o Tabernáculo e o Templo suas
portas apontavam para o Oriente. Deus deseja estar próximo de cada um de nós.
3)
O Primeiro Templo: O Jardim do Éden é um templo jardim, representado
posteriormente no tabernáculo, O Santo dos Santos terá todas as árvores do
jardim e a da vida. O templo escatológico é comparado ao Paraíso (Ap 20–21).[3] Era um lugar de encontro do Deus que tudo
criou, com sua criatura, onde havia perfeita harmonia e relacionamento, não
havia louvores, cânticos, mas havia reverência, vida, unidade Foi isto que Deus
sempre desejou com a humanidade, e é o que Ele deseja também nos dias atuais,
Jesus morreu para reestabelecer este encontro, esta união, agora este templo
somos nós, que também é provisório.
II- Deus Plantou árvores neste
Jardim.
Era
um lugar cheio de cores e beleza, “Do solo fez o Senhor Deus brotar toda sorte
de árvores agradáveis à vista e boas para alimento; e também a árvore da vida
no meio do jardim e a árvore do conhecimento do bem e do mal” (Gn 2.9). Podemos
ver árvores ‘agradáveis a vista’, possivelmente árvores com flores dando um
colorido maravilhoso, ‘boas para alimento’, árvores que davam seus frutos para
alimentar o homem, e duas árvores com propósito distinto e sobrenatural,
‘Arvore da Vida’, esta árvore permitia o homem, feito de matéria, não se deteriorar,
mas antes permanecer eterno, Deus nos fez com o propósito de não morrermos.
Posteriormente esta árvore ganha nova concepção bíblica, em Pv.3.18 para os que
busca sabedoria; Pv 11.30 compara como conduta de justiça; compara com o desejo
alcançado Pv13.12; finalmente com pessoas que sabem falar ao próximo, está
oferecendo a Árvore da Vida Pv. 15.4, que será novamente oferecida aos salvos em
Cristo, por Ele a Arvore que nos foi proibida, é novamente prometida Ap.2.7; e
será restaurada no Novo Céu e Nova Terra Ap.22.2.
A
segunda Árvore que possui um aspecto espiritual é a ‘Arvore do conhecimento do
bem e do mal’, a árvore fora colocada ali, portanto, para pôr o homem sob
prova. Se ele comesse dessa árvore, iria conhecer experimentalmente o mal e
morreria — foi exatamente o que aconteceu. A desobediência foi o primeiro mal
formalmente praticado no mundo dos homens.[4] A árvore representa conhecimento e poder de
apropriar-se do que apenas Deus seria capaz e suficiente para a humanidade,
pois só de Deus que transcende o tempo e o espaço, possui a prerrogativa de
conhecer verdadeiramente o que é bom e mau para a vida. (Gn 3.5, 22), Deus
assim desejava desde o início cuidar não apenas do presente, mas do futuro da
humanidade, pois Ele saberia distinguir o bom e o mal. Mas agora os seres humanos,
por contraste, deveriam depender de uma revelação daquele único que verdadeiramente
conhece o bem e o mal (Pv 30.1-6), mas a tentação da humanidade é apoderar-se
dessa prerrogativa e tornar-se independentemente de Deus (3.7), ou torna-se
Deus.[5]
III- Deus Preparou o Jardim para
desenvolver no Homem o Cuidado e Trabalho. Gn2.15
1)
Primeiro aspecto do dever do homem, lavrar, ou seja, como ela já estava
plantada, agora o homem iria proporcionar que estas vegetações pudessem ser
mantidas e ampliadas, Deus queria que este Jardim crescesse e ampliasse para
poder abrigar a humanidade futura que surgiria no casamento de Adão e Eva.
2)
Segundo o de guardar, o homem seria o responsável pela proteção de todos os
ingredientes dentro do Jardim. Após o pecado este cuidado foi transformado, e
hoje o homem é o seu desruidor: a flora, é dever do homem cuidar da vegetação,
pois dela sairia seu sustento e equilíbrio da vida, o desmatamento
desproporcional demonstra que o homem tem abandonado seu cuidado original;
segundo os rios, que servia como irrigação do jardim, a poluição destes rios
demonstra a ganancia do homem de forma desproporcional; terceiro os animais,
fauna, muitas espécies estão extintas por culpa do homem, por sua ganancia e
seu descontrole e despreocupação com estes seres criados por Deus; por fim as
riquezas, que serviam como ornamento a toda humanidade, mas tem sido foco de
guerras, conflitos e lutas, por possuí-la, o que era para todos agora passa a
revelar um desequilíbrio entre os próprio homem.
Um
dos motivos que levou a nação de Israel ao exílio foi exatamente o
descumprimento da lei do ano sabático, que era não para o homem, mas sim para a
terra IICr.36.21; havia uma série de Leis sobre o cuidado da terra, que Israel
deveria observar. Por isto Paulo menciona que a criação geme por uma redenção
Rm 8.20 Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua; Rm 8.22 Porque
sabemos que toda a criação geme e está aguardando sua redenção, pois esta
natureza também é a expressão e participa da proclamação de nosso Deus a toda
humanidade, assim mesmo aqueles que nunca ouvirão o evangelho bíblico, ouvem o
evangelho da natureza SL19, assim cuidar de natureza é cuidar dos arautos de
Deus.
3)
Cristo remirá não apenas o homem, mas também a natureza, A salvação é estendida
à criação e a partir do que ocorreu em Cristo, sua morte e ressurreição.
Portanto, no Novo Testamento a criação está relacionada com a salvação, pela
mediação de Cristo. Pois nos textos bíblicos posterior nos profetas de Israel a
criação está totalmente associada a salvação de seu povo, a criação como os
prodígios de Deus em favor de seu povo são vistos como consequência do seu amor
misericordioso. O amor de Deus se manifesta, portanto, entre esses dois modos:
na criação do mundo e na sua ação histórica salvífica no mundo.
Pois
a salvação nada mais é a de traze novamente a humanidade em seu estado
original, por isto que salvação é a restauração, e Deus usa as mesmas palavra
para a criação como para a salvação Em Isaías 45.18, os três verbos surgem em
paralelismo, desta forma desautorizando qualquer distinção ou nuança importante
entre eles: Porque assim diz o S enhor, que criou [bãrã’] os céus, o Deus que
formou [yãsar] a terra, que a fez [ãsâh] e a estabeleceu [kün], ele não a criou
[bãrã’] para ser vazia, mas a formou [yãsar] para ser habitada: Eu sou o Senhor
e não há outro.
Podemos
observar ainda que futuramente quando Deus trouxer seu reino milenar transformará
as armas de morte em instrumento de cultivar a terra Is 2.4 ‘as suas espadas em
enxadas e as suas lanças em foices’. Cristo aparece ao lado do Pai no papel de
criador, embora em planos diversos. O Pai é o princípio e o fim, e Cristo é o
mediador da criação e da salvação. O texto se diferencia das cosmovisões pagãs
e da fé judaica ao atribuir a perspectiva cosmológica a Jesus, uma perspectiva
cristológica que estendeu a soteriologia à cosmologia. Que culminará no ‘Novo
Céu e Nova terra’, que será a redenção da terra, da flora, da fauna e dos
minerais, reestabelecendo à humanidade a condição original que Deus havia posto
como seu propósito.
[1]
Campos,
Heber Carlos de O habitat humano : o paraíso criado / Heber Carlos de Campo, —
São Paulo Hag-nos, 2011.
[2]
R. Laird
Harris organizador Dicionário internacional de teologia do Antigo Testamento;
tradução Márcio Loureiro Redondo, Luiz Alberto T. Sayâo, Carlos Osvaldo C.
Pinto. - SSo Paulo : Vida Nova, 1998.
[3]
Bruce K.
Waltke. Comentário GÊNESIS Tradutor:
Valter Graciano Martins Para: Editora Cultura Cristã 2003.
[5]
Bruce K.
Waltke. Comentário GÊNESIS Tradutor:
Valter Graciano Martins Para: Editora Cultura Cristã 2003.