quarta-feira, 1 de março de 2017

EDEN O PRIMEIRO LAR DO HOMEM.
Texto base Gn2.8-19:
8 E plantou o SENHOR Deus um jardim no Éden, do lado oriental; e pôs ali o homem que tinha formado.
9 E o SENHOR Deus fez brotar da terra toda a árvore agradável à vista, e boa para comida; e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal.
10 E saía um rio do Éden para regar o jardim; e dali se dividia e se tornava em quatro braços.
11 O nome do primeiro é Pisom; este é o que rodeia toda a terra de Havilá, onde há ouro.
12 E o ouro dessa terra é bom; ali há o bdélio, e a pedra sardônica.
13 E o nome do segundo rio é Giom; este é o que rodeia toda a terra de Cuxe.
14 E o nome do terceiro rio é Tigre; este é o que vai para o lado oriental da Assíria; e o quarto rio é o Eufrates.
15 E tomou o SENHOR Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar.
16 E ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás li-vremente,
17 Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.
18 E disse o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele.
19 Havendo, pois, o SENHOR Deus formado da terra todo o animal do campo, e toda a ave dos céus, os trouxe a Adão, para este ver como lhes chamaria; e tudo o que Adão chamou a toda a alma vivente, isso foi o seu nome.
Hoje vivemos em casa que nós mesmos construímos, mas quando Deus nos criou, Ele nos fez uma morda, na verdade um jardim no Éden, que passou a se chamar com este nome, um lugar repleto de recursos hídricos, e de alimentos, lugar que até os dias de hoje encanta a humanidade quando se encontra com lugares parecidos das Escrituras. Vejamos detalhes apresentada deste Jardim na Bíblia.
I- Deus preparou a primeira morada do homem.
E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, na direção do Oriente, e pôs nele o homem que havia formado (Gn 2.8). Ao tempo da criação, não havia ainda nenhuma planta do campo na terra, pois ainda nenhuma erva do campo havia brotado (Gn 2.5a). A razão da ausência de plantas e ervas é dada pelo próprio narrador do texto: porque o Senhor Deus não fizera chover sobre a terra (Gn 2.5b).
1) Um Lugar Seguro: A primeira grande providência governativa de Deus foi plantar um jardim, para depois colocar o homem no jardim. Parece-nos que Deus primeiro organizou o habitat para depois criar o homem, embora não pareça ser esta a ordem cronológica do texto. É a ordem lógica dele.[1]  A palavra Jardim vem do hebraico[Gan]. Do radical hebraico gnn, significando “ser fechado, cercado, protegido”, “jardim” provavelmente denote uma área fechada, protegida, o homem estava não apenas morando, mas guardado e protegido por Deus, Deus se preocupa com a nossa segurança.
2) Um Lugar Próximo d’Ele: Deus escolheu na terra que Ele criou e a fez surgir do mar “Disse também Deus: Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num só lugar, e apareça a porção seca. E assim se fez. À porção seca chamou Deus Terra e ao ajuntamento das águas, Mares. E viu Deus que isso era bom” (Gn 1.9,10), um lugar para o homem morar, esta porção é conhecida como Pangeia, e ali plantou seu jardim  “E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, na direção do Oriente, e pôs nele o homem que havia formado” (Gn 2.8).
A palavra Oriente tem um significado além do que localidade, mas uma expressão teológica, o substantivo qedem possui um sentido tanto geográfico, “oriente”, quanto temporal, “tempos antigos”, “passado”. Em passagens poéticas qedem descreve o estado criado. E assim que a tribo de José é abençoada com o que há de melhor das montanhas antigas (ou do oriente) (idílicas, Dt 33.15) e Deus é entronizado desde a eternidade (desde a criação, SI 55.19). O vocábulo é empregado acerca do êxodo como tipificação do ideal almejado (Ml 3.4). O salmista se lembra das obras gloriosas que Deus então operou (SI 44.1), especialmente em suas horas de aflição (SI 77.5). Sem dúvida essas referências fazem lembrar a aliança divina (SI 74.2),[2] também se usa qedem em referência ao período davídico (Ne 12.46). Todas as três ideias (criação — êxodo — reinado davídico) estão unidas em Salmos 74.12. De modo que se vê que as três formam um modelo teológico. Isso é ademais enfatizado em declarações acerca do Messias (Mq 5.2; Ez 36.11) e da aliança eterna (Mq 7.20). Finalmente Isaías aplica esse modelo (que parte da criação e vai até a perfeição) à vinda do Senhor (Is 45.23), a qual se dá de acordo com o conselho de Deus. Tudo é conhecido e feito por ele (Is 45.21). Onde o sol nasce representa luz e vida, versus ocidente, que representa a morte. O Oriente simboliza a habitação de Deus, morada de Deus, o Tabernáculo e o Templo suas portas apontavam para o Oriente. Deus deseja estar próximo de cada um de nós.
3) O Primeiro Templo: O Jardim do Éden é um templo jardim, representado posteriormente no tabernáculo, O Santo dos Santos terá todas as árvores do jardim e a da vida. O templo escatológico é comparado ao Paraíso (Ap 20–21).[3]  Era um lugar de encontro do Deus que tudo criou, com sua criatura, onde havia perfeita harmonia e relacionamento, não havia louvores, cânticos, mas havia reverência, vida, unidade Foi isto que Deus sempre desejou com a humanidade, e é o que Ele deseja também nos dias atuais, Jesus morreu para reestabelecer este encontro, esta união, agora este templo somos nós, que também é provisório.

II- Deus Plantou árvores neste Jardim.
Era um lugar cheio de cores e beleza, “Do solo fez o Senhor Deus brotar toda sorte de árvores agradáveis à vista e boas para alimento; e também a árvore da vida no meio do jardim e a árvore do conhecimento do bem e do mal” (Gn 2.9). Podemos ver árvores ‘agradáveis a vista’, possivelmente árvores com flores dando um colorido maravilhoso, ‘boas para alimento’, árvores que davam seus frutos para alimentar o homem, e duas árvores com propósito distinto e sobrenatural, ‘Arvore da Vida’, esta árvore permitia o homem, feito de matéria, não se deteriorar, mas antes permanecer eterno, Deus nos fez com o propósito de não morrermos. Posteriormente esta árvore ganha nova concepção bíblica, em Pv.3.18 para os que busca sabedoria; Pv 11.30 compara como conduta de justiça; compara com o desejo alcançado Pv13.12; finalmente com pessoas que sabem falar ao próximo, está oferecendo a Árvore da Vida Pv. 15.4, que será novamente oferecida aos salvos em Cristo, por Ele a Arvore que nos foi proibida, é novamente prometida Ap.2.7; e será restaurada no Novo Céu e Nova Terra Ap.22.2.
A segunda Árvore que possui um aspecto espiritual é a ‘Arvore do conhecimento do bem e do mal’, a árvore fora colocada ali, portanto, para pôr o homem sob prova. Se ele comesse dessa árvore, iria conhecer experimentalmente o mal e morreria — foi exatamente o que aconteceu. A desobediência foi o primeiro mal formalmente praticado no mundo dos homens.[4]  A árvore representa conhecimento e poder de apropriar-se do que apenas Deus seria capaz e suficiente para a humanidade, pois só de Deus que transcende o tempo e o espaço, possui a prerrogativa de conhecer verdadeiramente o que é bom e mau para a vida. (Gn 3.5, 22), Deus assim desejava desde o início cuidar não apenas do presente, mas do futuro da humanidade, pois Ele saberia distinguir o bom e o mal. Mas agora os seres humanos, por contraste, deveriam depender de uma revelação daquele único que verdadeiramente conhece o bem e o mal (Pv 30.1-6), mas a tentação da humanidade é apoderar-se dessa prerrogativa e tornar-se independentemente de Deus (3.7), ou torna-se Deus.[5]
III- Deus Preparou o Jardim para desenvolver no Homem o Cuidado e Trabalho. Gn2.15
1) Primeiro aspecto do dever do homem, lavrar, ou seja, como ela já estava plantada, agora o homem iria proporcionar que estas vegetações pudessem ser mantidas e ampliadas, Deus queria que este Jardim crescesse e ampliasse para poder abrigar a humanidade futura que surgiria no casamento de Adão e Eva.
2) Segundo o de guardar, o homem seria o responsável pela proteção de todos os ingredientes dentro do Jardim. Após o pecado este cuidado foi transformado, e hoje o homem é o seu desruidor: a flora, é dever do homem cuidar da vegetação, pois dela sairia seu sustento e equilíbrio da vida, o desmatamento desproporcional demonstra que o homem tem abandonado seu cuidado original; segundo os rios, que servia como irrigação do jardim, a poluição destes rios demonstra a ganancia do homem de forma desproporcional; terceiro os animais, fauna, muitas espécies estão extintas por culpa do homem, por sua ganancia e seu descontrole e despreocupação com estes seres criados por Deus; por fim as riquezas, que serviam como ornamento a toda humanidade, mas tem sido foco de guerras, conflitos e lutas, por possuí-la, o que era para todos agora passa a revelar um desequilíbrio entre os próprio homem.
Um dos motivos que levou a nação de Israel ao exílio foi exatamente o descumprimento da lei do ano sabático, que era não para o homem, mas sim para a terra IICr.36.21; havia uma série de Leis sobre o cuidado da terra, que Israel deveria observar. Por isto Paulo menciona que a criação geme por uma redenção Rm 8.20 Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua; Rm 8.22 Porque sabemos que toda a criação geme e está aguardando sua redenção, pois esta natureza também é a expressão e participa da proclamação de nosso Deus a toda humanidade, assim mesmo aqueles que nunca ouvirão o evangelho bíblico, ouvem o evangelho da natureza SL19, assim cuidar de natureza é cuidar dos arautos de Deus.
3) Cristo remirá não apenas o homem, mas também a natureza, A salvação é estendida à criação e a partir do que ocorreu em Cristo, sua morte e ressurreição. Portanto, no Novo Testamento a criação está relacionada com a salvação, pela mediação de Cristo. Pois nos textos bíblicos posterior nos profetas de Israel a criação está totalmente associada a salvação de seu povo, a criação como os prodígios de Deus em favor de seu povo são vistos como consequência do seu amor misericordioso. O amor de Deus se manifesta, portanto, entre esses dois modos: na criação do mundo e na sua ação histórica salvífica no mundo.
Pois a salvação nada mais é a de traze novamente a humanidade em seu estado original, por isto que salvação é a restauração, e Deus usa as mesmas palavra para a criação como para a salvação Em Isaías 45.18, os três verbos surgem em paralelismo, desta forma desautorizando qualquer distinção ou nuança importante entre eles: Porque assim diz o S enhor, que criou [bãrã’] os céus, o Deus que formou [yãsar] a terra, que a fez [ãsâh] e a estabeleceu [kün], ele não a criou [bãrã’] para ser vazia, mas a formou [yãsar] para ser habitada: Eu sou o Senhor e não há outro.
Podemos observar ainda que futuramente quando Deus trouxer seu reino milenar transformará as armas de morte em instrumento de cultivar a terra Is 2.4 ‘as suas espadas em enxadas e as suas lanças em foices’. Cristo aparece ao lado do Pai no papel de criador, embora em planos diversos. O Pai é o princípio e o fim, e Cristo é o mediador da criação e da salvação. O texto se diferencia das cosmovisões pagãs e da fé judaica ao atribuir a perspectiva cosmológica a Jesus, uma perspectiva cristológica que estendeu a soteriologia à cosmologia. Que culminará no ‘Novo Céu e Nova terra’, que será a redenção da terra, da flora, da fauna e dos minerais, reestabelecendo à humanidade a condição original que Deus havia posto como seu propósito.



[1] Campos, Heber Carlos de O habitat humano : o paraíso criado / Heber Carlos de Campo, — São Paulo Hag-nos, 2011.
[2] R. Laird Harris organizador Dicionário internacional de teologia do Antigo Testamento; tradução Márcio Loureiro Redondo, Luiz Alberto T. Sayâo, Carlos Osvaldo C. Pinto. - SSo Paulo : Vida Nova, 1998.
[3] Bruce K. Waltke.  Comentário GÊNESIS Tradutor: Valter Graciano Martins Para: Editora Cultura Cristã 2003.
[4] Campos, Heber Carlos de. O habitat humano: o paraíso criado, São Paulo Hagnos, 2011.
[5] Bruce K. Waltke.  Comentário GÊNESIS Tradutor: Valter Graciano Martins Para: Editora Cultura Cristã 2003.

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