sexta-feira, 3 de julho de 2020

O ANTISSEMITISMO E A IGREJA



INTRODUÇÃO

 

  • Quando reportamos a história de Israel, não podemos deixar de mencionar seu longo e tenebroso período de perseguição que sofreram a partir do exílio babilônico, como também na era de domínio persa, grego, e culminando na destruição total de Jerusalém por Adriano, quando este proíbe a entrada de judeus a esta cidade.
  • Além, é claro, de sua incompatibilidade com o cristianismo, que proporcionou uma perseguição durante todo o período histórico cristão, desde do período medieval, durante a Reforma Protestante, que culminou, posteriormente, no holocausto alemão.
  • A história de Israel sofreu um revés foi no final do século XIX e durante o século XX, quando surge um movimento hermenêutico denominado Dispensacionalismo, que reviu e reinterpretou as passagens proféticas relacionadas a Israel, e deram um novo tom para a história dos judeus, ficando favorável a este povo.
  • Foi também neste período do século XX que o Estado de Israel veio a surgir, não por motivos religiosos, mas com afim político da nova potência que surge os E.U.A, que precisava de uma nação amiga no centro de um território em ebulição antiamericano.
  • Mas afinal quais seriam os motivos deste sentimento contrário aos judeus? O que levou a igreja a ser intolerante durante quase vinte séculos para com os judeus? Qual a verdadeira causa deste antissemitismo? Que tipos de antissemitismo existe contra este povo? O que há neste grupo étnico que causa profundo rancor e ódio contra eles?
  • Diante destas questões é que propomos a construção deste trabalho, um empreendimento e um esforço de alcançar, descobrir o real e verdadeiro motivo a todas estas questões levantadas e apresentadas aqui.
  • O termo antissemitismo, na comunidade judaica foi denominada de judeofobia, foi cunhado em 1879 pelo agitador alemão Wilhelm Marr para designar as campanhas anti-judaicas em curso na Europa Central na época. Embora o termo agora tenha ampla aceitação, é um termo impróprio, pois implica uma discriminação contra todos os semitas. Árabes e outros povos também são semitas, e ainda assim não são alvos do antissemitismo, como é geralmente entendido. O termo é especialmente inadequado como um rótulo para os preconceitos, declarações ou ações anti-judaicas de árabes ou outros semitas. Antissemitismo nazista, que culminou no Holocausto tinha uma dimensão racista na medida em que visava aos judeus por causa de suas supostas características biológicas - mesmo aqueles que se converteram a outras religiões ou cujos pais eram convertidos. Esta variedade de racismo anti-judaico data apenas do surgimento do chamado racismo científico ”no século XIX e é diferente em natureza dos preconceitos anti-judaicos anteriores.
  • Diante disto podemos observar uma escalada do movimento antissemita, que se torna nosso desenvolvimento deste trabalho. Inicialmente iremos verificar um antissemitismo racial, no livro de Ester, depois verificaremos um antissemitismo político, proporcionado pelas revoltas e guerras durante o Império Romano; e por fim um antissemitismo religioso proporcionado pelo cristianismo, ao longo da era cristã na Europa e América, posteriormente. E finalmente concluiremos o desenvolvimento do antissemitismo moderno, que ocorreu paralelamente com o surgimento do Dispensacionalismo, que faz uma releitura dos textos proféticos na Bíblia, e começa uma jornada em defesa da nação judaica como povo escolhido por Deus.
  • A pesquisa se deu pelo método bibliográfico, com estudos sistematizados através de livros sobre História de Isael, da Igreja e de cunho teológico. Nesta pesquisa realizou uma revisão da literatura, organizou ideias identificando categorias que possibilitasse explicar a resposta ao problema focalizado.
  • Como base histórica de Israel adotamos os autores Paul Johnson, Flávio Josefo ‘A Guerra dos Judeus’, John Bright História de Israel, Histórica Judaica, Religião Judaica: O peso de três mil anos, de Israel Shahak.
  • História da Igreja adotaremos Justo L. González, História ilustrada do cristianismo; Earle E. Cairns Cristianismo Através dos Séculos. Uma História da Igreja Cristã; História da Igreja Cristã, WALKER, W.
  •  Na questão teológica, sobre o Dispensacionalismo, em uma abordagem favorável a Israel adotaremos, Dave Hunter, Jerusalém: Um Cálice de Tontear; John Hagee, Em Defesa de Israel; Norbert Lieth e Johannes Pflaum, Teologia da Substituição; e Dispensacionalismo, de Charles C. Ryrie.
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  • 1 A ORIGEM DO ANTISSEMITISMO
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  • Antes de continuarmos nosso trabalho, precisamos entender como se originou este sentimento antissemita, suas causas, e principalmente seus efeitos, alguns foram derrotados, como relatado no Livro bíblico de Ester, já em outros momentos ocorreu uma verdadeira vitória dos opositores, movidos por ressentimentos, ódio, levando inúmeros judeus a morte e ao exílio.
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  • 1.1 O Primeiro Movimento Antissemita na História: O Livro de Ester.
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  • Historicamente, os judeus têm lutado por sua sobrevivência e identidade desde os tempos bíblicos. A ameaça da destruição e do aniquilamento dos judeus tem início desde a escravidão egípcia, na época do Êxodo. Depois de enfrentarem povos vizinhos, assírios e babilônios, os filhos de Abraão quase foram extintos durante o período persa, conforme vemos no livro de Ester.
  • No livro de Ester, vemos uma onda mundial de antissemitismo vindo da Pérsia, antigo Irã (BALDWIN, 1986. p. 37). Por que Hamã odiava os judeus? Não foi pelo fato de estar ressentido com Mardoqueu, assim como não foi porque, como Primeiro Ministro, temesse que um dia os judeus se revoltassem contra seu reino. Os judeus exilados na Pérsia eram, de fato, um povo introvertido, que se dedicava à oração e ao estudo, que ansiava pelo retorno à Terra de Israel e sonhava com a reconstrução do Segundo Templo - o que ocorreu pouco depois da história de Purim. Por que, então, Hamã quis destruir um povo inteiro?
  • Nos relatos de Ester descobrimos que Hamã pertencer da descendência dos Amalequitas, quando os israelitas saíram do Egito foram atacados por este povo, como eram escravos não sabiam se defender, foi uma vitória graças a oração de Moisés (Ex. 17.8-16), neste episódio Deus ordena a completa destruição deste povo, possivelmente por ser este o desejo dos Amalequitas de fazer com Israel, a sua eliminação.
  • O confronto com as duas nações retorna no caso de Saul (ISm15), devido o não cumprimento deste rei de Israel, ele perde a continuidade do trono.  
  • O confronto agora ressurge no livro de Ester, entre Hamã e Mardoqueu, mas que na verdade há uma rivalidade representada por duas nações inimigas, encontramos nos relatos de Ester o que pensamos hoje como antissemitismo. Quando Mardoqueu se recusa a curvar-se a Hamã (Est. 3: 2-6), ele explica aos seus colegas que ele é judeu, o que implica que sua recusa foi por razões judaicas. Seus colegas informam a Hamã (Est. 3: 4).
  •   Como corolário disso, o plano de Hamã é destruir os judeus, não a política da Judéia. Isso fica claro pela descrição de Hamã de que os judeus estão espalhados por todo o império, mesmo em uma época em que a Judéia existe como a província. Além disso, aqueles que se juntam a Hamã para matar judeus são descritos não apenas como seguidores de Hamã ou caçadores de saques fáceis, mas como “inimigos” dos judeus (8:13, 9: 1, 5, 16). Assim, parece claro que a o livro de Ester está descrevendo o antissemitismo.
  • Ester termina com a vitória dos judeus, a inversão da sorte, por isto a festa que comemora o evento se chama PURIM, que significa sorte. Em suma, uma vez que o livro de Ester é o único livro bíblico que aborda diretamente o pensamento antissemita, não é de surpreender que as tradições do midrash e dos comentários usem este livro como uma plataforma para expandir o assunto.
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  • 1.2 O Antissemitismo no Império Romano
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  • O "ódio judeu" básico, foi expandido por vários escritores, historiadores e estadistas gregos ou romanos. Certamente, nem toda literatura helenística em suas duas línguas, grega e latina, era dominada pelo antissemitismo. Alguns escritores admiravam a perseverança dos judeus e sua busca contínua de retidão e justiça social - mas a maioria das forças criativas helenísticas estava disposta contra os judeus.
  • Dentro de um século, as questões vieram à tona sobre o grande número de gentios que se converteram, ou que queriam converter-se, ao judaísmo. Os fariseus insistiam em que todos os convertidos ao judaísmo se unissem a "uma nova e piedosa comunidade", esta definição oferecida por Filo Judeu (c. 13 aC - entre 45 e 50 dC), a principal figura intelectual judaica do primeiro século, foi aceito para significar que um novo convertido era classificado como uma criança que agora era recém-nascida como judia. Essa conversão significou que ele negou sua família anterior, pois, segundo Filo, tais prosélitos "deixaram seu país, seus parentes e seus amigos e suas relações para a sagrada virtude e santidade". Uma geração depois, Cornélio Tácito (c. 56 - c. 120) fez o mesmo ponto, mas expressou-o na linguagem de uma pronunciada enfermidade com os judeus. Depois que se converteram ao judaísmo, "desprezaram os deuses, renegaram seu próprio país e consideraram seus pais, filhos e irmãos como de pouca importância". À medida que os judeus se tornaram mais numerosos e poderosos em todo o Império Romano, Tácito considerou os judeus subversivos porque eram inimigos dos três principais pilares da sociedade: religião, país e família.
  • No primeiro século EC, o erudito judeu Josefo escreveu Contra Apionem, no qual ele coletou e refutou vários exemplos de retórica anti-judaica na filosofia antiga. Parte dessa retórica foi desencadeada pela conquista e rebelião do povo judeu - no Egito, por exemplo. Outros exemplos vêm de alguns filósofos gregos que foram agitados pela disseminação do judaísmo.
  • No entanto, a questão permaneceu muito viva na consciência do Império Romano no primeiro século: o que há com os judeus? Obviamente, eles não obedeceriam às leis que Roma impunha a todo o seu próprio povo. Os judeus se recusaram a participar de celebrações cívicas porque estes invariavelmente exigiam a adoração dos deuses e especialmente dos imperadores romanos como deuses. Os governantes romanos em Alexandria, e ainda mais na Judéia, toleraram a teimosia peculiar dos judeus, mas houve conflitos recorrentes entre os judeus e as autoridades romanas. Essas questões não puderam ser resolvidas por meio de negociações entre judeus e autoridades imperiais. Pelo contrário, os próprios judeus tinham que encontrar espaço para viver na sociedade maior. Então suas tradições tiveram que ser mudadas.
  • Tácito era um dos maiores antissemitas, e difusor deste em Roma, e pelo império, tempo em que Tácito protestava contra os judeus, os cidadãos romanos tinham sérias competições das religiões "estrangeiras", que atraíam cada vez mais os cidadãos cosmopolitas de Roma. Assim, o antissemitismo de Tácito não é apenas dirigido contra judeus na Judéia: ele também está mirando em judeus que moram em Roma.
  • As acusações de Tácito contra os judeus, estão nas afirmações não apenas de sua diferença, mas de sua malícia. A mitologia que ele cria em torno do povo judeu como corruptores perpétuos, atraindo pessoas de suas religiões, suas famílias e seus deveres patrióticos de propósito, como se os judeus tivessem uma devoção singular a destruir todas as civilizações, exceto as suas.
  • Em meados do segundo século após a supressão da última grande revolta judaica sob Bar Kokhba (131-135), os principais rabinos já não esperavam uma restauração do Templo em Jerusalém e da soberania judaica na Terra Santa.
  • A capital da Palestina era de fato em Cesaréia, a cidade portuária da qual o Império Romano controlava todos os seus vários assuntos na Palestina. O judaísmo rabínico também tinha sua sede em Cesaréia, onde ficava a corte de sua liderança religiosa, liderada pelos descendentes de Hilel.
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  • 1.3 As Origens Do Antissemitismo Cristão.
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  • Ao contrário das religiões politeístas, que reconhecem múltiplos deuses, o judaísmo é monoteísta - reconhece apenas um deus. No entanto, os pagãos viram a recusa de princípio dos judeus de adorar os imperadores como deuses como um sinal de deslealdade.
  • Apesar Jesus de Nazaré e seus discípulos eram judeus praticantes e o cristianismo está enraizado no ensino judaico do monoteísmo, o judaísmo e o cristianismo tornaram-se rivais logo depois que Jesus foi crucificado por Pôncio Pilatos, que o executou de acordo com a prática romana contemporânea. A rivalidade religiosa inicialmente era teológica. Logo também se tornou político.
  • Os historiadores concordam que o rompimento entre o judaísmo e o cristianismo seguiu a destruição romana do Templo de Jerusalém no ano 70 d.C e o subsequente exílio dos judeus.
  • O cristianismo estava decidido a substituir o judaísmo, tornando universal sua própria mensagem particular. O Novo Testamento foi visto como cumprindo o "Antigo" Testamento (a Bíblia Hebraica); Os cristãos eram o novo Israel, tanto em carne como em espírito. O Deus da justiça foi substituído pelo Deus do amor. Assim, alguns dos primeiros Padres da Igreja ensinaram que Deus havia terminado com os judeus, cujo único propósito na história era preparar-se para a chegada de seu Filho.
  • Surge um sistema teológico denominado Teologia da Substituição, onde quer que a teologia de substituição tenha florescido, os judeus procuravam se esconder, onde quer que essa visão tenha passado, sempre levou o antissemitismo (LIETH, PFLAUM; 2014, p.27). A teologia da substituição forneceu a base para todo tipo de dano, perseguição e atrocidades contra o povo judeu em toda a história cristã.
  • Esta suposição é baseada em um método particular de interpretação da Bíblia, uma doutrina chamada supercessionismo, um nome mais antigo para a teologia da substituição. A ideia é que Deus está acabado com os judeus, e que em seu programa linear de história, a igreja cristã do Novo Testamento substituiu os judeus como seu povo escolhido da promessa. A Igreja é agora o "Novo" ou "Verdadeiro Israel", e os judeus não têm mais um status especial ou um papel divino. Essa ideia vem da crença de que os judeus perderam seu papel de povo de Deus quando rejeitaram Jesus como Messias, supostamente anulando seu pacto bíblico com Deus.
  •  A teologia da substituição existe há muito tempo. Podemos traçá-lo desde o segundo século, quando Justino Mártir apresentou a ideia de que a igreja cristã é o verdadeiro Israel espiritual (LIETH, PFLAUM; 2014, p.35). Na mesma época, Marcion e Irineu contribuíram para o mesmo pensamento. No quarto século, o líder da igreja e historiador Eusébio, junto com uma assembleia de bispos e o imperador Constantino, formaram uma aliança entre igreja e estado. Eusébio considerou a Igreja unificada e o Império como o Reino de Deus na terra (WALKER, 2006, p.154).
  • O caráter antissemita da teologia da substituição se manifesta na ironia de que, embora se chame “o verdadeiro Israel de Deus”, ela seletiva e arbitrariamente reivindica herdar todas as bênçãos divinas prometidas a Israel - mas nenhuma das maldições. Os julgamentos e maldições ficam com Israel. Segundo a teologia da substituição, Deus rejeitou os judeus e eles não são mais seu povo escolhido. A igreja substituiu inteiramente o Israel étnico e nacional no plano de Deus, e não há mais razão para atribuir qualquer consideração especial ou significado único aos judeus como povo. Os judeus não têm futuro nacional no programa divino da história e não reivindicam mais a Terra da Bíblia do que qualquer outra nação.
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  • 2. O ANTISSEMITISMO NA HISTÓRIA DA IGREJA
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  • Com foi desenvolvido no último tópico do capítulo anterior, a Teologia da Substituição será o grande dogma que a Igreja se encarregará de eliminar qualquer dicotomia Israel/Igreja, tornando a Igreja absoluta nos planos e propósitos de Deus.
  • No século 4, quando o imperador Constantino faz do cristianismo a religião oficial do Império, as histórias dos Evangelhos se somaram ao preconceito que já existia contra os judeus. Não fazia mais sentido culpar os romanos, agora cristianizados, pela morte de Jesus. Santo Agostinho, o mais influente teólogo da época, determinou a sentença aos judeus: eles deveriam sobreviver, de forma marginal e inferior, como testemunhas da verdade do cristianismo. Ou seja, uma espécie de relíquia da época de Jesus (JOHNSON, 1989, p. 173).
  • A inimizade para com os judeus foi expressa de maneira mais aguda nos ensinamentos de desprezo da igreja, em Agostinho, no século IV, a Martinho Lutero, no século XVI, alguns dos teólogos cristãos mais eloquentes e persuasivos criticaram os judeus como rebeldes contra Deus e assassinos do Senhor. Eles foram descritos como companheiros do diabo e uma raça de víboras.
  • O antissemitismo teológico atingiu o seu apogeu na Idade Média. Entre as manifestações mais comuns deste sentimento em todas as eras, estão o que hoje chamamos de pogroms (ataques contra judeus por residentes locais e muitas vezes encorajados pelas autoridades). Os pogroms eram frequentemente incitados por rumores de crimes rituais. Em tempos de desespero, os judeus muitas vezes se tornaram o bode expiatório de muitas catástrofes naturais. Por exemplo, alguns clérigos pregaram e alguns paroquianos acreditavam que os judeus trouxeram a Peste Negra, a praga que matou milhões de pessoas na Europa no século XIV, como uma recompensa por suas supostas práticas de blasfêmia e satânicas.
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  • 2.1. O Começo de Tudo.
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  • O primeiro apologista a fazer um pronunciamento contra os judeus foi Justino Mártir (que mais tarde foi morto pelos romanos). Em 145 d.C. (dez anos após a Revolta de Bar Kochba) Justino Mártir escreveu uma obra em que ele estava tendo um diálogo com um judeu chamado Trypho, na tentativa de convencê-lo a reconhecer o Messianismo de Jesus, na resistência deste ao apelo de Justino, começa a popularizar o antissemitismo (IZECKSOHN, 1974, p.15, v.1.). Usando textos bíblicos, Justino Mártir afirmou que os judeus foram originalmente selecionados por Deus porque eram um grupo não espiritual; eles precisavam de leis adicionais. Ele criticou os judeus por rejeitar Jesus, por matar Jesus, por afastar as pessoas da salvação. Ele regozijou-se com a destruição do templo como sendo apenas um castigo pela perfídia judaica. Os escritos de Justino Mártir foram incorporados ao pensamento cristão primitivo, e foram as origens do cristianismo antissemita.
  • Inácio Bispo de Antioquia (98-117 AD) - Epístola aos Magnesianos escreveu sobre os judeus:
  • Porque, se ainda praticamos o judaísmo, admitimos que não recebemos o favor de Deus ... é errado falar de Jesus Cristo e viver como judeus. O cristianismo não acreditava no judaísmo, mas no judaísmo no cristianismo.
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  • Orígenes de Alexandria (185-254 dC) - Um escritor e professor eclesiástico que contribuiu para a formação inicial das doutrinas cristãs.
  • Podemos assim afirmar com total confiança que os judeus não retornarão à sua situação anterior, pois cometeram o mais abominável dos crimes, ao formarem essa conspiração contra o Salvador da raça humana ... daí a cidade onde Jesus sofreu foi necessariamente destruída, a nação judaica foi expulsa de seu país e outro povo foi chamado por Deus para a abençoada eleição.
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  • Agostinho, o bispo de Hipona. Viveu a maior parte de sua vida (354-430) no norte da África, tendo sido um dualista maniqueu e se convertendo e se tornando um dos pilares do cristianismo tardo antigo. Este pensador é considerado um dos maiores Padres da Igreja até nossos dias. (Agostinho Confissões , 12,14)
  • Quão odioso para mim são os inimigos da sua Escritura! Como eu gostaria que você os matasse (os judeus) com sua espada de dois gumes, de modo que não houvesse ninguém para se opor à sua palavra! Com prazer, eu os faria morrer para si e viver para você!
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  • Outro exemplo famoso desta semente do antissemitismo pode ser encontrado entre os escritos do "Pai da boca de ouro", o padre da Igreja, João Crisóstomo (354-530 dC). Aquela boca de ouro se transformou em uma cova aberta em sua obra, Primeira Homilia Contra os Judeus. Ele escreveu: “A sinagoga é pior do que um bordel e uma loja de bebidas; é um covil de canalhas, um templo de demônios, a caverna de demônios, uma assembleia criminosa dos assassinos de Cristo ... Eu odeio os judeus ... É dever de todos os cristãos odiarem os judeus. ”
  • Escritos subsequentes de pais da igreja (e líderes da igreja ao longo da história da igreja) condenaram os judeus, acusando-os de serem idólatras, torturadores, espiritualmente surdos, blasfemos, glutões, adúlteros, canibais, assassinos de Cristo e além do perdão de Deus (IZECKSOHN, 1973, p.28, v.2).
  • Obtiveram êxito graças a Eusébio faz um mecanismo de descontextualizarão do texto bíblico e des-judaização dos personagens de valor. Insere a visão de sua época no passado e reescreve a Bíblia através da exegese. A novidade da Patrística é o uso deste modelo de leitura e interpretação alegórica para atacar um grupo externo que se opunha às doutrinas eclesiásticas. No âmbito interno do Cristianismo o mesmo se fará com as dissidências, denominadas heresias (FELDMAN, 2005, p. 188).
  • O Código Justiniano foi um édito do imperador bizantino Justiniano (527-564). Uma seção do código negava os direitos civis dos judeus. Uma vez que o código foi aplicado, os judeus do Império não podiam construir sinagogas, ler a Bíblia em hebraico, reunir-se em locais públicos, celebrar a Páscoa antes da Páscoa ou dar provas em um caso judicial em que um cristão era um partido.
  • O Sínodo de Elvira (306) proibiu o casamento e as relações sexuais entre cristãos e judeus, proibindo-os de comer juntos.
  • Conselhos de Orleans (533-541) proibiram os casamentos entre cristãos e judeus e proibiram a conversão ao judaísmo pelos cristãos.
  • O Sínodo Trulânico (692) proibiu os cristãos de serem tratados por médicos judeus.
  • O Sínodo de Narbonne (1050) proibiu os cristãos de viverem em lares judaicos.
  • O Sínodo de Gerona (1078) exigiu que os judeus pagassem impostos para sustentar a Igreja.
  • O Terceiro Concílio de Latrão (1179) proibiu certos cuidados médicos a serem prestados pelos cristãos aos judeus.
  • O Quarto Concílio de Latrão (1215) exigiu que os judeus usassem roupas especiais para distingui-los dos cristãos.
  • O Conselho de Basiléia (1431-1443) proibiu os judeus de frequentarem universidades, de agirem como agentes na celebração de contratos entre cristãos, e exigiram que eles assistissem a sermões de igrejas. (MESSADIÉ, 2003)
  • As atitudes religiosas refletiam-se na vida econômica, social e política da Europa medieval. Em grande parte da Europa durante a Idade Média, os judeus foram negados a cidadania e seus direitos, impedidos de manter cargos no governo e nas forças armadas, e excluídos da participação em guildas e profissões (JOHNSON, 1989, p.50). Certamente, alguns governantes e sociedades europeus, particularmente durante o início da Idade Média, proporcionaram aos judeus certo grau de tolerância e aceitação, e seria um erro conceber os judeus como enfrentando uma imutável e incessante manifestação de opressão anti-judaica ao longo deste período. Período. Em 1096, no entanto, os cavaleiros da Primeira Cruzada desencadearam uma onda de violência antissemita na França e Sacro Império Romano, incluindo massacres em Worms, Trier (ambos agora na Alemanha) e Metz (agora na França). Acusações infundadas de assassinato ritual e de profanação de host e libelo de sangue - alegações de sacrifício de judeus de crianças cristãs na Páscoa para obter sangue para pão sem fermento - apareceu no século XII. O exemplo mais famoso dessas acusações, a do assassinato de William de Norwich, ocorreu na Inglaterra, mas essas acusações foram revividas esporadicamente na Europa Oriental e Central durante os períodos medieval e moderno. Nos anos 1930, o libelo de sangue tornou-se parte da propaganda nazista. Outro instrumento do antissemitismo do século XII, o emblema amarelo obrigatório que identificou o usuário como judeu, também foi revivido pelos nazistas. A prática de segregar as populações judaicas de vilas e cidades em guetos remonta à Idade Média e durou até o século 19 e início do século 20 em grande parte da Europa.
  • Com o crescimento do comércio europeu no final da Idade Média, alguns judeus tornaram-se proeminentes no comércio, na atividade bancária e na concessão de empréstimos, e os sucessos econômicos e culturais dos judeus tendiam a despertar a inveja da população. Este ressentimento econômico, aliado ao tradicional preconceito religioso, levou à expulsão forçada de judeus de vários países e regiões, incluindo Inglaterra (1290), França (século 14), Alemanha (1350), Portugal (1496), Provence (1512) e os Estados Papais (1569). A intensificação da perseguição na Espanha culminou em 1492 na expulsão forçada da grande população judaica daquele país. Somente os judeus que se converteram ao cristianismo foram autorizados a permanecer, e os suspeitos de continuar a praticar o judaísmo enfrentou perseguição no espanhol Inquisição. Como resultado dessas expulsões em massa, os centros da vida judaica mudaram da Europa Ocidental e da Alemanha para a Turquia e depois para a Polônia e a Rússia (IZECKSOHN, 1973, p.34, v.2).
  • Mas onde eles eram necessários, os judeus eram tolerados. Vivendo como eles faziam nas margens da sociedade, os judeus desempenhavam funções econômicas que eram vitais para o comércio e o comércio. Porque o cristianismo pré-moderno não permitia pagar juros e porque os judeus geralmente não podiam possuir terras, os judeus desempenhavam um papel vital como agiotas e comerciantes. Onde eles foram autorizados a participar da sociedade maior, os judeus prosperaram. Durante a Idade Média na Espanha, antes de sua expulsão em 1492, filósofos, médicos, poetas e escritores judeus estavam entre os líderes de uma rica vida cultural e intelectual compartilhada com muçulmanos e cristãos.
  • 2.2 O Antissemitismo na Reforma: Calvino e Lutero.
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  • Em 31 de outubro, os cristãos - ou, para ser mais preciso, os cristãos protestantes, com surpreendente apoio do Vaticano - celebram os 500 anos da Reforma, quando a história diz que o monge alemão e professor Martinho Luther pregou suas 95 teses na porta da igreja do castelo em Wittenberg, iluminando assim o estopim que separava a cristandade europeu.
  • Importa muito mais do que se poderia pensar, porque não era só a religião, mas a política, a cultura e a economia que mudariam profundamente a Europa. No documento, Lutero tornou pública sua condenação da venda de indulgências - dinheiro pago para reduzir o tempo gasto no purgatório, uma espécie de sala de espera antes do céu, por parentes e amores. Mas essa disputa acadêmica foi além disso, e foi um manifesto de crítica dirigida ao catolicismo romano (WALKER, 2006, p.557). A história, por assim dizer, recebeu uma reinicialização.
  • Há muita coisa positiva sobre Lutero. Ele libertou as pessoas do controle rígido da igreja, deu energia impecável à ideia do relacionamento do indivíduo com Deus e trabalhou para eliminar a corrupção e a superstição. De muitas maneiras, ele foi um pioneiro não apenas da mudança religiosa, mas da modernidade.
  • Ele começou como um defensor do povo judeu, argumentando com razão que eles tinham sido maltratados pela Igreja Católica Romana, e erroneamente que eles, se apresentados com o que ele considerava um cristianismo mais autêntico, certamente se converteriam. Em 1523, ele escreveu um ensaio intitulado “Que Jesus nasceu judeu”, condenando o fato de que a igreja tratou os judeus como se fossem cães, e não seres humanos; eles fizeram pouco mais que ridicularizá-los e apreender suas propriedades.
  • Mas os judeus não se converteram e Lutero reagiu espantosamente. Em 1543, ele publicou "Os Judeus e Suas Mentiras", que hoje é chocante em seu veneno, e até mesmo para o seu tempo se destacou como particularmente cruel e intolerante ((LIETH, PFLAUM; 2014, p.15). No tratado, ele pede uma litania de horrores, incluindo a destruição de sinagogas, escolas e lares judaicos; para os rabinos serem proibidos de pregar; para desnudar a proteção legal dos judeus nas estradas; para o confisco do seu dinheiro. Os judeus são, escreveu Lutero, uma “base de pessoas que se prostituem, isto é, nenhum povo de Deus, e seu orgulho de linhagem, circuncisão e lei devem ser considerados como sujeira”.
  • Alguns de seus defensores afirmaram que Lutero era velho e doente quando escreveu isso, ignorando o fato de que ele viveu mais três anos depois do ensaio e que a maioria de nós fica levemente mal-humorada quando nos sentimos mal, não como genocidas. Além disso, Lutero também conseguiu expulsar os judeus da Saxônia e de algumas cidades alemãs já em 1537.
  • Calvino também demonstrou um antissemitismo, apesar de adotar dos judeus sua maneira de interpretar as escrituras, rompendo com o método alegórico medieval, que em muitas das vezes era utilizado para afrontar e uma ferramenta contra os judeus, não eliminou em Calvino o sentimento antissemitismo. Possivelmente por manter uma leitura e um discurso escatológico amilenistas.
  • Na verdade Calvino mantinha uma conduta ambígua a respeito dos judeus, no seu comentário do Salmo 59 se distancia de Agostinho, que também fez um comentário deste Salmo, como apologia para perseguir os judeus. Calvino não lê este salmo como uma profecia de Paixão de Cristo; daí ele também não identifica os inimigos neste salmo com os judeus.
  • Em vez disso, ele lê-lo completamente dentro do contexto da vida histórica de David, onde os inimigos são literalmente Saul e seus homens que estão tentando matar Davi. Ao longo de sua exegese do Salmo 59, Calvino expõe Davi como um exemplo de fidelidade digna do Imitação da igreja cristã. Assim, no verso crucial "Não os mates, para que meu povo não esquece ” (Sal 59:11), Calvino não associa isso a um mandato sobre como a igreja deveria tratar os judeus. Em vez disso, ele usa para ensinar a igreja que Deus às vezes retarda a libertação para que a igreja possa aprender paciência, fé e não esquecer tudo o que Deus faz por eles. Calvino faz uma breve menção dos judeus aqui, e esta é a única vez que ele menciona os judeus em sua exegese deste salmo.
  • Consequentemente, a exegese anti-judaica comumente encontrada em muitas interpretações dos salmos é inexistente nas leituras de Calvino sobre eles.
  • Curiosamente, uma coisa que aqueles que defendem o judaísmo de Calvino deixam de fora; e não é amplamente conhecido, é que Calvino era ele mesmo muitas vezes ferozmente antissemita e usava 'judeu' e 'judaizante' como termos de maior desprezo, o que contrasta diretamente com o filo-semitismo do calvinismo posterior. (POLIAKOV, 2003, p. 71-2) Ele até escreveu um tratado anti-judaico intitulado 'Ad quaestiones et obiecta Judaei cuiusdam Responsio'.
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  • 2.3 O Antissemitismo Moderno.
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  • Neste período verificaremos uma transformação do sentimento antissemitismo, ele vai perdendo força religiosa, devido o anticlericalismo, para um aspecto mais xenofóbico, e até mesmo científico.
  • O fim da Idade Média trouxe pouca mudança na posição dos judeus na Europa, e os judeus permaneceram sujeitos a massacres ocasionais, como os que ocorreram durante as guerras entre os ucranianos ortodoxos orientais e os católicos romanos em meados do século XVII, que rivalizavam com os piores massacres de judeus na Idade Média. Perseguições periódicas de judeus na Europa Ocidental continuaram até o final do século XVIII, quando o Iluminismo mudou de posição, pelo menos no Ocidente. Isso não reduz necessariamente o antissemitismo, embora os principais números do Iluminismo tenham defendido a luz da razão ao desacreditar o que eles consideravam superstições da crença cristã, seu pensamento não levou a uma maior aceitação dos judeus. Em vez de responsabilizar os judeus pela crucificação, os pensadores do Iluminismo os culparam pelo advento do cristianismo e pelas injustiças e crueldades cometidas pelos seguidores das religiões monoteístas. Alguns dos mais proeminentes, incluindo Denis Diderot e Voltaire, criticaram os judeus como um grupo alienado da sociedade que praticava uma religião primitiva e supersticiosa.
  • Até o Revolução Francesa de 1789, o status dos judeus na Europa permaneceu tênue, tratados como estranhos, eles tinham poucos direitos civis. Eles foram taxados como uma comunidade, não como indivíduos. A exclusão da sociedade reforçou sua identidade religiosa e fortaleceu suas instituições comunais, que desempenhavam funções judiciais e quase governamentais. Na Revolução Francesa, com sua promessa de liberdade, igualdade e fraternidade, os direitos de cidadania foram estendidos aos judeus. Ainda assim, o respeito e os direitos estavam condicionados à disposição dos judeus de abandonar seus antigos costumes e sua identidade comunitária. Este era o significado do slogan “Para os judeus como indivíduos tudo, para os judeus como povo, nada” (JOHNSON, 1989, p.368).
  • A França foi a vanguarda do movimento que deu igualdade cívica e legal aos judeus. A conquista de Napoleão dos estados alemães levou à emancipação em alguns deles, mas após sua derrota, os judeus enfrentaram uma série de reveses legais. A total emancipação dos judeus em toda a Alemanha veio apenas com a unificação da Alemanha em 1871.
  • Mesmo na própria França, a emancipação não acabou com o antissemitismo, mas apenas o transformou. Com o surgimento do nacionalismo como o fator determinante na sociedade europeia no século XIX, o antissemitismo adquiriu um caráter racial e não religioso, uma vez que os povos etnicamente homogêneos condenaram a existência em seu meio de elementos judaicos “estrangeiros”. Teorias pseudocientíficas que afirmam que os judeus eram inferiores aos chamados A “raça” ariana deu ao antissemitismo nova respeitabilidade e apoio popular, especialmente em países onde os judeus podiam ser feitos bodes expiatórios para as queixas sociais ou políticas existentes. Nesse novo clima, o antissemitismo tornou-se uma poderosa ferramenta política, como os políticos descobriram rapidamente.
  • Enquanto as filosofias fundamentais do movimento sionista existem há centenas de anos, o sionismo moderno se estabeleceu formalmente no final do século XIX. Naquela época, os judeus em todo o mundo enfrentavam um crescente antissemitismo.
  • Alguns historiadores acreditam que uma atmosfera cada vez mais tensa entre judeus e europeus pode ter desencadeado o movimento sionista. Em um incidente de 1894, um oficial judeu do exército francês chamado Alfred Dreyfus foi falsamente acusado e condenado por traição. Este evento, que ficou conhecido como o “ Caso Dreyfus ”, provocou indignação entre o povo judeu e muitos outros (JOHNSON, 1989, p.393).
  • O sionismo moderno foi oficialmente estabelecido como uma organização política por Theodor Herzl em 1897. Um jornalista judeu e ativista político da Áustria, Herzl acreditava que a população judaica não poderia sobreviver se não tivesse uma nação própria.
  • Após o caso Dreyfus, Herzl escreveu Der Judenstaat (O Estado Judeu), um panfleto que pedia o reconhecimento político de uma pátria judaica na área então conhecida como Palestina.
  • Em 1897, Herzl organizou o Primeiro Congresso Sionista, que se reuniu em Basileia, na Suíça. Ele também formou e se tornou o primeiro presidente da Organização Sionista Mundial.
  • Embora Herzl tenha morrido em 1904 - anos antes de Israel ser oficialmente declarado estado - ele é frequentemente considerado o pai do sionismo moderno.
  • Em 1917, o secretário de Relações Exteriores britânico Arthur James Balfour escreveu uma carta ao Barão Rothschild, um líder rico e proeminente da comunidade judaica britânica.
  • Na breve correspondência, Balfour expressou o apoio do governo britânico ao estabelecimento de um lar judaico na Palestina. Esta carta foi publicada na imprensa uma semana depois e acabou se tornando conhecida como a “ Declaração Balfour ”.
  • O texto foi incluído no Mandato da Palestina - um documento emitido pela Liga das Nações em 1923 que deu à Grã-Bretanha a responsabilidade de estabelecer uma pátria nacional judaica na Palestina controlada pelos britânicos. (JOHNSON, 1989, p.402)
  • Os deslocamentos econômicos e políticos generalizados causados ​​pela Primeira Guerra Mundial intensificaram notavelmente o antissemitismo na Europa depois da guerra. Além disso, os muitos líderes bolcheviques judeus na Revolução Russa de novembro de 1917 deram aos antissemitas um novo foco para seus preconceitos na ameaça do "bolchevismo judaico". Na Alemanha do pós-guerra, os antissemitas uniram forças com nacionalistas revanchistas, na tentativa de culpar os judeus pela derrota daquele país. Na Europa Oriental, o antissemitismo se espalhou na Polônia, Hungria e Romênia no período entre guerras.
  • A tempestade de violência antissemita solta pela Alemanha nazista sob a liderança de Adolf Hitler de 1933 a 1945 não só atingiu uma intensidade aterrorizante na própria Alemanha, mas também inspirou o mesmo movimento em outros lugares. O antissemitismo foi promulgado na França pelo Cagoulards (francês: “Hooded Men”), na Hungria pelo Arrow Cross, na Inglaterra pelo União Britânica dos Fascistas e nos Estados Unidos pela Bund germano-americano o Camisas de Prata (MESSADIÉ, 2003, p. 289).
  • Na Alemanha nazista, o antissemitismo atingiu uma dimensão racial nunca antes experimentada. O cristianismo buscou a conversão dos judeus, e os líderes políticos da Espanha à Inglaterra buscaram sua expulsão porque os judeus eram praticantes do judaísmo, mas os nazistas - que consideravam os judeus não apenas como membros de uma raça subumana, mas como um perigoso câncer que destruiria, o povo alemão - procurou a "solução final para a questão judaica”, o assassinato de todos os judeus - homens, mulheres e crianças - e sua erradicação da raça humana. Na ideologia nazista que percebia que o judaísmo era biológico, a eliminação dos judeus era essencial para a purificação e até a salvação do povo alemão (MESSADIÉ, 2003, p. 328).
  • O extermínio dos judeus pelo nazismo, e seus afluentes na Europa, durante a Segunda Guerra, proporcional a maior catástrofe judaica na história, que culminou na necessidade do surgimento do novo estado, da velha pátria, Israel.
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  • 3. O DISPENSACIONALISMO COMO UMA PROPOSTA CONTRA O ANTISSEMETISMO.
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  • Sob a liderança do papa (mais tarde santo) João XXIII e do Concílio Vaticano II, a Igreja Católica Romana aceitou a legitimidade do judaísmo como uma religião contínua. e exonerou os judeus pelo assassinato de Jesus Cristo, sem dúvida o documento mais importante nas relações cristão-judaicas no século 20 também mudou a liturgia da Sexta-feira Santa para torná-la menos inflamatória em relação aos judeus e alterou o catecismo católico romano. Em 2007, no entanto, Papa Bento XVI aprovou o uso mais amplo da antiga missa em latim, que incluía a liturgia da Sexta-Feira Santa e uma oração que a maioria dos judeus achava ofensiva. Embora a oração tenha sido revisada em 2008 para tratar das preocupações judaicas, alguns argumentaram que ela ainda era prejudicial.
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  • Uma peça central do papado de João Paulo II, que testemunhou o Holocausto diretamente quando jovem na Polônia, foi a luta contra o antissemitismo e sua adoção dos judeus. O papa fez uma visita histórica a uma sinagoga em Roma em 1986 e, sob sua liderança, o Vaticano estabeleceu relações diplomáticas com o Estado de Israel em 1993, logo após a conclusão do acordo de paz de Oslo entre Israel e a Organização de Libertação da Palestina. Em março de 2000, o pontífice visitou Israel. No Yad Vashem, memorial de Israel ao Holocausto, ele descreveu o antissemitismo como anticristão por natureza e pediu desculpas por casos de preconceituosos por parte dos cristãos. No Muro das Lamentações, o local mais sagrado do judaísmo, ele inseriu uma nota de oração de desculpas por erros cristãos passados.
  • Mas antes de tudo isto acontecer, no protestantismo, início do século XX e final XIX, começou um movimento hermenêutico e histórico, sobre as profecias bíblicas, principalmente as relacionadas com Israel, e também sobre os eventos escatológicos, que agora traz dois principais eixos, primeiro que os eventos futuros não é apenas uma Parousia de Jesus e culminando todas as coisas, conforme o Amilenismo, surge e recupera o pré-tribulacionismo dos pais da Igreja.[1]
  • O segundo eixo, é a relação Igreja e Israel, surge uma dicotomia em que ambos fazem parte dom plano de Deus para com a humanidade, e com o futuro. Israel não foi abandonada definitivamente por Deus como cria a igreja, e muitos creem ainda, principalmente os que seguem a linha Teologia da Substituição. Mas há ainda uma restauração dos propósitos de Deus com Israel, e os Dispensacionalista atribuem a retomada deste propósito durante a denominada Grande Tribulação.
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  • 3.1. Definindo o Dispensacionalismo.
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  • Existem várias definições do sistema de interpretação bíblica que é chamado de dispensacionalismo. Talvez a maioria esteja satisfeita em usar a conhecida definição de Scofield: Uma dispensação é um período de tempo durante o qual o homem é testado com respeito à obediência a uma revelação específica da vontade de Deus. Existem sete dispensações diferentes nas Escrituras. (Bíblia Sagrada de Scofield, p.44). Certamente não podemos em duas frases descrever tudo o que está incluído no sistema em referência. Há aqueles que criticam o conceito de tempo na definição de Scofield porque não é encontrado no significado da palavra dispensação na Bíblia. Uma definição sem a ideia de período de tempo é dada por Ryrie “uma dispensação é uma economia, ou administração, distinguível no cumprimento do propósito de Deus” (RYRIE, 2000, p. 22).
  • Teologia Dispensacional pode ser definida muito simplesmente como um sistema de teologia que tenta desenvolver a filosofia da história da Bíblia com base no governo soberano de Deus. Ele representa o todo da Escritura e da história como sendo coberto por várias dispensações do governo de Deus, o termo dispensação no que se refere à Teologia Dispensacional pode ser definido como “um modo particular de Deus administrar Seu governo sobre o mundo à medida que Ele trabalha progressivamente em Seu propósito para a história mundial (RYRIE, 2000, p. 24).
  • A dispensação é dada como uma revelação direta de Deus em cada período, e as dispensações combinadas abrangem toda a história do homem. A Revelação nas Escrituras fornece ao homem conhecimento sobre a maneira específica pela qual Deus está administrando os assuntos mundiais naquele período da história.
  • Cada dispensação específica revela a vontade de Deus, ao que o homem recebe certas exigências e responsabilidades e espera ordenar sua conduta em obediência à vontade de Deus. Os requisitos e responsabilidades dados em uma dispensação podem ou não continuar na próxima dispensação. Por exemplo, a pena de morte estabelecida no Pacto de Noé por Deus (Gênesis 9: 5-6) sob a dispensação do Governo Humano continuou sob a dispensação da Lei (RYRIE, 2000, p. 25).
  • Em segundo lugar, a Teologia Dispensacional aplica as regras interpretativas tradicionais da hermenêutica (ciência e arte da interpretação da Bíblia) com uma interpretação literal do texto bíblico. Por literal significa "estudar o texto em seu contexto gramatical, histórico e cultural dentro do contexto da passagem, a fim de entender o que o escritor está ensinando" (VLACH, 2016, p. 55). O não-Dispensacionalista espiritualiza ou alegoriza o texto da Escritura (especialmente profético), não fornecendo ao leitor o significado original pretendido pelo escritor. Isto é especialmente verdadeiro quando se trata de profecias que lidam com a nação de Israel ou profecias mencionadas na escatologia (o estudo do fim dos tempos).
  • Terceiro, o Dispensacionalista reconhece que Israel e a igreja devem ser identificados como entidades distintas ou separadas no plano e programa de Deus. A identidade de Israel é definitivamente vista no Novo Testamento como um povo étnico que permaneceu intacto ao longo dos séculos. Israel verá promessas não cumpridas feitas a eles em Abraão, Terra, Davi e Novas Alianças, cumpridas na volta de Cristo, quando estabelecer seu reino na Terra e tomará assento no trono de seu pai Davi, e reinará sobre a casa. de Jacó para sempre (Lucas 1: 32-33).
  • Quarto, a igreja não deve ser interpretada como substituindo Israel como o povo de Deus. As Escrituras ensinam claramente que Jesus está vindo para governar as nações do mundo, e a nação de Israel terá um papel definido no reinado de Cristo (Isaías 2: 2-4). O Novo Testamento muitas vezes se refere ao Israel literal e físico depois que a igreja foi estabelecida em Atos 2. Paulo frequentemente mencionou o cumprimento do programa de Deus para a nação literal de Israel que ainda se tornaria realidade em Romanos 9-11.
  • A teologia Dispensacionalista não apóia a ideia de que Israel é apenas uma sombra e um tipo que são reinterpretados quanto ao seu cumprimento literal, uma vez que Jesus forneceu nova revelação que está registrada no Novo Testamento. A revelação do Novo Testamento não reinterpreta, anula, nem cancela o significado original da revelação do Antigo Testamento. Ao contrário, o Novo Testamento continua a revelação sobre Israel e refina, reitera e afirma o cumprimento literal das promessas do Antigo Testamento a Israel em ambos os adventos de Jesus Cristo.
  • E é neste ponto que pretenderemos nos ater na nova perspectivas da Igreja em relação a Israel, pois a partir deste, começa uma crítica ao antissemitismo, e uma restauração de Israel nos planos de Deus, elevando assim Israel novamente como um povo especial.
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  • 3.2. História e Desenvolvimento do Dispensacionalismo.
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  • Embora o ensino Dispensacionalista não aparecesse como uma doutrina bem pensada na igreja primitiva, as crenças básicas nas dispensações bíblicas eram ensinadas pelos Padres da Igreja. Homens como Justin Mártir (110-165); Irineu (130-200); Clemente de Alexandria (150-220); Pelagio (360-420); e Agostinho (354-430) falou de dispensações dentro da Bíblia. Dito isto, não deve ser interpretado que os Padres da Igreja acreditavam nas dispensações da mesma forma que o termo é usado hoje. A questão é que esses homens e outros viram divisões dispensacionais dentro das Escrituras. Outros homens do século, como Pierre Poiret (1646-1719), Jonathan Edwards (1637-1716), Issac Watts (1674-1748), John Nelson Darby (1800-1882) e CI Scofield (1843-1921), entre muitos outros, promoveu o ensino dispensacional da Bíblia.
  • O início do dispensacionalismo sistematizado está geralmente ligado a John Nelson Darby (1800-1882), um ministro dos Irmãos de Plymouth. Enquanto na Universidade de Trinidad, em Dublin (1819), Darby passou a acreditar em uma restauração e futura salvação do Israel nacional. Baseado em seu estudo de Isaías 32, Darby concluiu que Israel, em uma futura dispensação, desfrutará das bênçãos terrenas que eram diferentes das bênçãos divinas experimentadas pela igreja. Desta forma, ele viu uma distinção óbvia entre Israel e a igreja. Darby também passou a acreditar no "iminente" rapto da igreja que é seguido pela septuagésima semana de Daniel, na qual Israel seria novamente o centro do palco no plano de Deus. Depois desse período, Darby acreditava que haveria um reino milenar no qual Deus cumpriria suas promessas incondicionais a Israel.
  • Darby propôs o esquema do dispensacionalismo notando que em cada dispensação classifica o homem sob a rubrica de alguma condição; O homem tem uma certa responsabilidade perante Deus. Darby também notou que cada dispensação termina em fracasso.
  • Darby viu sete dispensações: (1) Condição do Paraíso até o Dilúvio; (2) Noé; (3) Abraão; (4) Israel; (5) os gentios; (6) o Espírito; e (7) o milênio. Por seu próprio testemunho, Darby diz que sua teologia Dispensacionalista foi completamente formada em 1833.
  • O Dispensacionalismo ganhou forma no Movimento dos Irmãos no início do século XIX na Grã-Bretanha. Aqueles dentro do movimento Irmãos rejeitou um papel especial para o clero ordenado e destacou o espiritual dotado de crentes comuns e sua liberdade sob a orientação do Espírito, para ensinar e admoestar cada pela Escritura. Os escritos do Movimento dos Irmãos tiveram um amplo impacto sobre o protestantismo evangélico e influencia a diversos ministros nos Estados Unidos como DL Moody, James Brookes, JR Graves, AJ Gordon, e CI Scofield.
  • CI Scofield, um participante convenções Niágara, formado um painel de professores da Bíblia em 1909 e produziu o que ficou conhecido como a Bíblia de Scofield Reference. Este trabalho tornou-se famoso nos Estados Unidos com suas notas teológicas ao lado da Escritura. Esta referência bíblica tornou-se a influência última na extensão do dispensacionalismo.
  • Depois da Primeira Guerra Mundial, muitas escolas bíblicas dispensacionais foram formadas. Dirigido pelo Seminário Teológico de Dallas (1924), o dispensacionalismo começou a ser promovido em contextos formais e acadêmicos. Sob Scofield, o dispensacionalismo introduziu um período escolar que foi posteriormente levado adiante por seu sucessor, Lewis Sperry Chafer. Uma maior promoção do dispensacionalismo ocorreu quando a Teologia Sistemática de oito volumes de Chafer foi escrita.
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  • 3.3. Israel e Igreja.
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  • Nos primeiros séculos, os pais da igreja, começando por Orígenes (185-254 dC), usaram um método alegórico de interpretação. O método alegórico não interpretou as escrituras literalmente. Ele procurava um significado espiritual mais profundo.
  • Como isso afeta nosso tópico de estudo? Quando Deus faz uma promessa a Israel no Antigo Testamento, o método alegórico permite ao intérprete espiritualizá-lo e dizer que não era uma promessa que seria literalmente cumprida. Em vez disso, foi cumprido de maneira espiritual na igreja.
  • Mais tarde, Constantino, o imperador romano que estabeleceu o cristianismo como religião universal, envolveu-se nos assuntos da igreja. Em sua carta às igrejas sobre a controvérsia da Páscoa, ele se referiu aos judeus como “miseráveis ​​poluídos”, cujas mãos estavam “manchadas… com um crime nefasto”, “parricídios e assassinatos de nosso Senhor” .6 Em uma carta para as igrejas sobre o tempo correto para observar a Páscoa, escreveu ele, “nos torna a não ter nada em comum com os pérfidos judeus”.
  • A partir destas palavras a igreja estatal assume a prerrogativa de ter substituído definitivamente a nação de Israel, nos propósitos de Deus, o antissemitismo que já havia na igreja ganha força política e desenvolve uma perseguição como vimos nos tópicos anteriores.
  • Os dispensacionalístas se distinguem dos não dispensacionalístas (que defendem a denominada Teologia da Substituição), no sentido de que reconhecem as claras distinções bíblicas entre Israel e a Igreja. As seguintes distinções estão embasadas nos claros ensinos das Escrituras, quando interpretadas em sentido claro, normal e literal. Por exemplo, os não dispensacionalístas se horrorizam diante do pensamento de que os antigos sacrifícios de animais serão praticados no Reino Messiânico, mas isto foi o que os profetas do Antigo Testamento predisseram.
  • A teologia da substituição radical representa no espectro o extremo oposto da posição dos dois pactos. Em vez de falar de um distinto relacionamento pactual entre Deus e Israel que continua mesmo depois da vinda de Cristo e da proclamação do evangelho às nações, a teologia da substituição sustenta que o programa e o interesse de Deus em Israel cessaram.
  • Enquanto o dispensacionalismo ensina que Deus está atualmente focado na igreja cristã, os crentes nesta teologia afirmam que, quando os últimos dias chegarem, Deus trará o povo judeu de volta a Israel, onde reconstruirão o templo e, finalmente, aceitarão Jesus como o Messias legítimo. Isso desencadeará o retorno de Jesus e seu reinado.
  • O teólogo que desenvolveu a mais completa distinção entre Israel e Igreja foi Schafer, Fundador do Dallas Theological Seminary, e a partir de seus comentários faremos uma breve análise de sua posição desta distinção.
  • CHAFER encontrou “Vinte e quatro contrastes devem ser indicados” (2003, 413), dedicaremos algumas que consideraremos as mais importantes, primeiro quanto ao destino “Israel será uma nação respeitada na terra, quando ela for recriada. Todo pacto ou promessa para a Igreja é para uma realidade celestial, e ela continuará na cidadania celestial quando os céus forem recriados.” (2003, 413).
  • A dualidade, segundo Chafer, inicia em Abraão “Em razão do fato de Abraão ser não somente o progenitor da nação da promessa, mas também o padrão de um cristão sob a graça, é significativo que haja duas figuras empregadas por Jeová a respeito da descendência de Abraão - o pó da terra (Gn 13.16), e as estrelas do céu (Gn 15.5; cf. Hb 11.12).” Neste caso o pó da terra seria Israel nacional, e estrela se referindo a Igreja.
  • Outra distinção levantada é quanto sua origem, “Os israelitas se tornam o que são pelo nascimento físico”, enquanto para a Igreja “Os cristãos se tornam o que são pelo nascimento espiritual” (2003, 414).
  • Com respeito a proclamação Chafer apresenta dois sistema de levar as nações a conversão “Israel foi designado para exercer uma influência sobre as nações da terra (cf. SI 67.1-7)”, uma ação centrípeta, enquanto a igreja centrífuga “a Igreja tornou-se uma sociedade missionária para todo o mundo.” (2003, 415).
  • Quanto ao sacerdócio “A nação de Israel tinha um sacerdócio. A Igreja é um sacerdócio.” (2003, 418).
  • A respeito do Milênio “Aqueles da nação eleita são designados para serem súditos do Rei em seu reino terrestre (Ez 37.21-28), enquanto que aqueles que compõem a Igreja devem reinar com o Rei, como seu Consorte naquele reino (Ap 20.6).” (2003, 418).
  • Diante do que foi exposto acima, fica claro que Israel e Igreja pertencem a dois propósitos de Deus de forma distinta para com a humanidade e nas nações.
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  • 3.4 O Dispensacionalismo e Reação Contra o Antissemitismo.
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  • Os dispensacionalístas se deliciam com o restabelecimento de Israel em 1948 como nação. Eles se alegram com o grande número de judeus que já voltaram e retornarão a Israel. Eles encorajam alegremente as políticas israelenses modernas que atraem os judeus de volta à Terra. Os entusiasmados procuram a reconstrução do templo judeu - por judeus que retornaram à terra de Israel.
  • Por exemplo, a  Bíblia de Estudo da Profecia de Tim LaHaye  exulta: “o reagrupamento de um povo uma vez espalhado entre as nações do mundo é evidenciado que Deus está trabalhando no cumprimento de Sua palavra profética” (p. 1080). Na mesma página continua: “a evidência mais empolgante e documentada de que o retorno do Senhor pode estar próximo é a atividade em torno dos preparativos para a reconstrução do templo no Monte do Templo em Jerusalém”.
  • O dispensacionalismo faz uma forte denúncia contra os movimentos antissemitas, mesmo entre os protestantes, o Dispensacionalismo que é nos E.U.A. muito forte nos calvinistas e presbiterianos, no Brasil não encontramos entre os presbiterianos uma perspectiva Dispensacional, possivelmente Ashbel Green Simonton fosse Amilenista.
  • Enquanto nas Igrejas Pentecostais brasileiras, que tem nas Assembleias de Deus sua matriz teológica, há uma forte tendência ao dispensacionalismo, pois o dispensacionalismo foi estabelecido pelo missionário sueco Samuel Nystrom em 1922. Por isto uma forte teologia favorável a Israel. Desta sorte podemos verificar uma ausência plena de qualquer rancor judaico, e antissemita no movimento pentecostal.
  • Por seu envolvimento com pastores evangélicos que defendem um dispensacionalismo, temos um primeiro presidente favorável a Israel, eleito no pleito de 2018, e que já anunciou a transferência da embaixada para Jerusalém.
  • Este fator foi influenciado fortemente pelo calor da doutrina Dispensacionalista, o mesmo pode ser dito com relação ao presidente americano Trump, que também tem feito uma política a favor de Israel, mais estreita que os anteriores, que também eram a favor de Israel, todos influenciado pelo sistema Dispensacional.
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  • CONCLUSÃO
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  • Diante do que foi exposto podemos verificar que o antissemitismo que perdurou toda história de Israel, foi ocasionada pela Teologia da Substituição, teologia esta que trouxe morte, perseguição, horror, sofrimento a este povo. Na língua portuguesa o termo ‘judiar’, oriundo do antissemitismo, significa, me maltratar como um judeu, punir, feri como um judeu, por onde observamos o alto gral da perseguição aos judeus.
  • O dispensacionalismo não eliminou totalmente o antissemitismo, mas trouxe profunda mudanças no pensamento, que tem alcançado também esfera política, inclusive a Igreja Católica, a partir do Vaticano II, tem também reconhecido sua postura equivocada durante o Holocausto na Segunda Guerra Mundial.
  • Mas há ainda advertências a serem tomadas, devido uma compreensão exagerada da relação Igreja e Israel, muitas denominações tem lançado mão de um sistema judaico nas suas liturgias, tais como: adaptando as festas judaicas na sua agende anual, sacralizando objetos do Tabernáculo e do Templo no seu culto, construindo prédios em forma do Templo da Antigo Testamento. Muitos pastores se vestem das roupas sacerdotais conforme em Levítico, e por aí vai.
  • De qualquer maneira o dispensacionalismo tem contribuído, seja de forma direta ou indireta, na diminuição do antissemitismo, e atualmente Israel ainda sofre com preconceito, mas possui um lugar para se proteger, e se guardar das ameaças que vem sofrendo.
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  • BIBLIOGRAFIA
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  • [1] Para uma análise melhor, de PENTECOST, J. Dwight . Manual de Escatologia, capitulo 22, p. 313-334; 1999, ed Vida.



O COVID-19, QUARENTENA E A SAUDADES.


 

Devido o medo que o vírus COVID-19 trouxe, para a humanidade, quase a totalidade das nações preferiram tomar uma medida de quarentena, é claro em uma sociedade pós-moderna (ou hipermoderna, ou moderna), existe uma diversidades de opiniões sobre esta medida, a favor, contra, restrita, e assim vai.

Tudo com uma finalidade o de proteger o ser humano, é claro que também houve oportunismo por parte de alguns de teor político de criar algum situação, sim,  mas não é nossa intenção aqui.

O COVID-19 obrigando a sociedade de tomar outras medidas além do isolamento o da higiene redobrada, o do cuidado não só de si, mas a do ente querido, com a possibilidade de estar entre aqueles mais propenso a adquirir, não somente a doença, mas pro estar no grupo de risco de torna-se vítima deste terrível vírus.

Diante disto o COVID-19 trouxe isolamento, mas também muitas das práticas que gostamos formam suspensas, e com isto surge uma saudade de praticá-la.

Um show que não vamos assistir presencialmente, ficando apenas com os vídeos deste nas nossas telas, seja do celular, ou TV, e também no computador. As viagens que foram canceladas, o parque do filho agora vazio, o passeio com cachorro, uma pizzaria com amigos, as visitas de familiares, e amigos.

Também o nosso time preferido não podendo ve-los jogar (Ha, meu mengão!), aniversários que foram adiados, o cinema que foi suspenso, o shopping de “bater canela” ficou para trás. O pátio da escola com meus amigos de estudo, as salas de aulas cheias de novidades, a presença física do nosso professor predileto, ou aqueles de menor afinidade, agora foram suspensos, e nos trazem um sentimento de nostalgia, de saudades. E muitas outras coisas. É claro que muitas pessoas furaram este bloqueio, mas algumas destas coisas não podem ser feitas.

Mas a pior saudade que o COVID-19 trouxe, e esta será imensamente difícil de superar, foi o de amigos, pais, filhos, mães, irmãs, tios, tias, colegas, que o vírus levou, perdas irreparáveis, mesmo que tudo volte ao normal, esta saudade se perpetuará para sempre em esposas agora viúvas, filhos agora órfão, mães desfilhados, o amigo confidente e conselheiro deixando um vácuo que dificilmente será substituído, uma convivência estacionada, agora de forma definitiva. O choro solitário que trará marcas profundas, pois não puderam ser consoladas devido o isolamento. Foi-se um, fica a enorme saudade!

O COVID-19 trouxe perdas banais, outras bem consistentes, mas algumas para sempre. Algumas pessoas retomarão suas atividade cotidianas, outras um recomeço econômico, profissional, mas algumas será mais difícil, mais dolorosa, pois recomeça sob uma falta e perdas quase irreparáveis.

Que palavras temos para estas pessoas? O que podemos dizê-las? Não há o que dizer, apenas nossas orações para que todos aqueles que estão com esta saudade triste nos seus corações, possam continuar uma existência que agora torna-se dolorosa.

Deus os ajude.