O ANTISSEMITISMO E A IGREJA

- Quando reportamos a história
de Israel, não podemos deixar de mencionar seu longo e tenebroso período de
perseguição que sofreram a partir do exílio babilônico, como também na era de
domínio persa, grego, e culminando na destruição total de Jerusalém por
Adriano, quando este proíbe a entrada de judeus a esta cidade.
- Além, é claro, de sua
incompatibilidade com o cristianismo, que proporcionou uma perseguição durante
todo o período histórico cristão, desde do período medieval, durante a Reforma
Protestante, que culminou, posteriormente, no holocausto alemão.
- A história de Israel sofreu
um revés foi no final do século XIX e durante o século XX, quando surge um
movimento hermenêutico denominado Dispensacionalismo, que reviu e reinterpretou
as passagens proféticas relacionadas a Israel, e deram um novo tom para a
história dos judeus, ficando favorável a este povo.
- Foi também neste período do
século XX que o Estado de Israel veio a surgir, não por motivos religiosos, mas
com afim político da nova potência que surge os E.U.A, que precisava de uma
nação amiga no centro de um território em ebulição antiamericano.
- Mas afinal quais seriam os motivos
deste sentimento contrário aos judeus? O que levou a igreja a ser intolerante
durante quase vinte séculos para com os judeus? Qual a verdadeira causa deste
antissemitismo? Que tipos de antissemitismo existe contra este povo? O que há
neste grupo étnico que causa profundo rancor e ódio contra eles?
- Diante destas questões é que
propomos a construção deste trabalho, um empreendimento e um esforço de
alcançar, descobrir o real e verdadeiro motivo a todas estas questões
levantadas e apresentadas aqui.
- O termo antissemitismo, na
comunidade judaica foi denominada de judeofobia, foi cunhado em 1879 pelo
agitador alemão Wilhelm Marr para designar as campanhas anti-judaicas em curso
na Europa Central na época. Embora o termo agora tenha ampla aceitação, é um termo
impróprio, pois implica uma discriminação contra todos os semitas. Árabes e
outros povos também são semitas, e ainda assim não são alvos do antissemitismo,
como é geralmente entendido. O termo é especialmente inadequado como um rótulo
para os preconceitos, declarações ou ações anti-judaicas de árabes ou outros
semitas. Antissemitismo nazista, que culminou no Holocausto tinha uma dimensão
racista na medida em que visava aos judeus por causa de suas supostas
características biológicas - mesmo aqueles que se converteram a outras
religiões ou cujos pais eram convertidos. Esta variedade de racismo anti-judaico
data apenas do surgimento do chamado racismo científico ”no século XIX e é
diferente em natureza dos preconceitos anti-judaicos anteriores.
- Diante disto podemos
observar uma escalada do movimento antissemita, que se torna nosso
desenvolvimento deste trabalho. Inicialmente iremos verificar um antissemitismo
racial, no livro de Ester, depois verificaremos um antissemitismo político,
proporcionado pelas revoltas e guerras durante o Império Romano; e por fim um
antissemitismo religioso proporcionado pelo cristianismo, ao longo da era
cristã na Europa e América, posteriormente. E finalmente concluiremos o
desenvolvimento do antissemitismo moderno, que ocorreu paralelamente com o
surgimento do Dispensacionalismo, que faz uma releitura dos textos proféticos
na Bíblia, e começa uma jornada em defesa da nação judaica como povo escolhido
por Deus.
- A pesquisa se deu pelo
método bibliográfico, com estudos sistematizados através de livros sobre
História de Isael, da Igreja e de cunho teológico. Nesta pesquisa realizou uma
revisão da literatura, organizou ideias identificando categorias que
possibilitasse explicar a resposta ao problema focalizado.
- Como base histórica de
Israel adotamos os autores Paul Johnson, Flávio Josefo ‘A Guerra dos Judeus’,
John Bright História de Israel, Histórica Judaica, Religião Judaica: O peso de
três mil anos, de Israel Shahak.
- História da Igreja
adotaremos Justo L. González, História ilustrada do cristianismo; Earle E.
Cairns Cristianismo Através dos Séculos. Uma História da Igreja Cristã;
História da Igreja Cristã, WALKER, W.
- Na questão teológica, sobre o
Dispensacionalismo, em uma abordagem favorável a Israel adotaremos, Dave
Hunter, Jerusalém: Um Cálice de Tontear; John Hagee, Em Defesa de Israel;
Norbert Lieth e Johannes Pflaum, Teologia da Substituição; e
Dispensacionalismo, de Charles C. Ryrie.
-
- 1 A ORIGEM
DO ANTISSEMITISMO
-
- Antes de continuarmos nosso
trabalho, precisamos entender como se originou este sentimento antissemita,
suas causas, e principalmente seus efeitos, alguns foram derrotados, como
relatado no Livro bíblico de Ester, já em outros momentos ocorreu uma
verdadeira vitória dos opositores, movidos por ressentimentos, ódio, levando
inúmeros judeus a morte e ao exílio.
-
- 1.1 O Primeiro Movimento
Antissemita na História: O Livro de Ester.
-
- Historicamente, os judeus
têm lutado por sua sobrevivência e identidade desde os tempos bíblicos. A
ameaça da destruição e do aniquilamento dos judeus tem início desde a
escravidão egípcia, na época do Êxodo. Depois de enfrentarem povos vizinhos,
assírios e babilônios, os filhos de Abraão quase foram extintos durante o
período persa, conforme vemos no livro de Ester.
- No livro de Ester, vemos uma
onda mundial de antissemitismo vindo da Pérsia, antigo Irã (BALDWIN, 1986. p. 37). Por
que Hamã odiava os judeus? Não foi pelo fato de estar ressentido com Mardoqueu,
assim como não foi porque, como Primeiro Ministro, temesse que um dia os judeus
se revoltassem contra seu reino. Os judeus exilados na Pérsia eram, de fato, um
povo introvertido, que se dedicava à oração e ao estudo, que ansiava pelo
retorno à Terra de Israel e sonhava com a reconstrução do Segundo Templo - o
que ocorreu pouco depois da história de Purim. Por que, então, Hamã quis
destruir um povo inteiro?
- Nos relatos de Ester
descobrimos que Hamã pertencer da descendência dos Amalequitas, quando os
israelitas saíram do Egito foram atacados por este povo, como eram escravos não
sabiam se defender, foi uma vitória graças a oração de Moisés (Ex. 17.8-16),
neste episódio Deus ordena a completa destruição deste povo, possivelmente por
ser este o desejo dos Amalequitas de fazer com Israel, a sua eliminação.
- O confronto com as duas
nações retorna no caso de Saul (ISm15), devido o não cumprimento deste rei de
Israel, ele perde a continuidade do trono.
- O confronto agora ressurge
no livro de Ester, entre Hamã e Mardoqueu, mas que na verdade há uma rivalidade
representada por duas nações inimigas, encontramos nos relatos de Ester o que
pensamos hoje como antissemitismo. Quando Mardoqueu se recusa a curvar-se a
Hamã (Est. 3: 2-6), ele explica aos seus colegas que ele é judeu, o que implica
que sua recusa foi por razões judaicas. Seus colegas informam a Hamã (Est. 3:
4).
- Como
corolário disso, o plano de Hamã é destruir os judeus, não a política da
Judéia. Isso fica claro pela descrição de Hamã de que os judeus estão
espalhados por todo o império, mesmo em uma época em que a Judéia existe como a
província. Além disso, aqueles que se juntam a Hamã para matar judeus são
descritos não apenas como seguidores de Hamã ou caçadores de saques fáceis, mas
como “inimigos” dos judeus (8:13, 9: 1, 5, 16). Assim, parece claro que a o
livro de Ester está descrevendo o antissemitismo.
- Ester termina com a vitória
dos judeus, a inversão da sorte, por isto a festa que comemora o evento se
chama PURIM, que significa sorte. Em suma, uma vez que o livro de Ester é o
único livro bíblico que aborda diretamente o pensamento antissemita, não é de
surpreender que as tradições do midrash e dos comentários usem este livro como
uma plataforma para expandir o assunto.
-
- 1.2 O
Antissemitismo no Império Romano
-
- O "ódio judeu"
básico, foi expandido por vários escritores, historiadores e estadistas gregos
ou romanos. Certamente, nem toda literatura helenística em suas duas línguas,
grega e latina, era dominada pelo antissemitismo. Alguns escritores admiravam a
perseverança dos judeus e sua busca contínua de retidão e justiça social - mas
a maioria das forças criativas helenísticas estava disposta contra os judeus.
- Dentro de um século, as
questões vieram à tona sobre o grande número de gentios que se converteram, ou
que queriam converter-se, ao judaísmo. Os fariseus insistiam em que todos os
convertidos ao judaísmo se unissem a "uma nova e piedosa comunidade",
esta definição oferecida por Filo Judeu (c. 13 aC - entre 45 e 50 dC), a
principal figura intelectual judaica do primeiro século, foi aceito para
significar que um novo convertido era classificado como uma criança que agora
era recém-nascida como judia. Essa conversão significou que ele negou sua família
anterior, pois, segundo Filo, tais prosélitos "deixaram seu país, seus
parentes e seus amigos e suas relações para a sagrada virtude e santidade".
Uma geração depois, Cornélio Tácito (c. 56 - c. 120) fez o mesmo ponto, mas
expressou-o na linguagem de uma pronunciada enfermidade com os judeus. Depois
que se converteram ao judaísmo, "desprezaram os deuses, renegaram seu
próprio país e consideraram seus pais, filhos e irmãos como de pouca importância".
À medida que os judeus se tornaram mais numerosos e poderosos em todo o Império
Romano, Tácito considerou os judeus subversivos porque eram inimigos dos três
principais pilares da sociedade: religião, país e família.
- No primeiro século EC, o
erudito judeu Josefo escreveu Contra Apionem, no qual ele coletou e refutou
vários exemplos de retórica anti-judaica na filosofia antiga. Parte dessa
retórica foi desencadeada pela conquista e rebelião do povo judeu - no Egito,
por exemplo. Outros exemplos vêm de alguns filósofos gregos que foram agitados
pela disseminação do judaísmo.
- No entanto, a questão
permaneceu muito viva na consciência do Império Romano no primeiro século: o
que há com os judeus? Obviamente, eles não obedeceriam às leis que Roma impunha
a todo o seu próprio povo. Os judeus se recusaram a participar de celebrações
cívicas porque estes invariavelmente exigiam a adoração dos deuses e
especialmente dos imperadores romanos como deuses. Os governantes romanos em
Alexandria, e ainda mais na Judéia, toleraram a teimosia peculiar dos judeus,
mas houve conflitos recorrentes entre os judeus e as autoridades romanas. Essas
questões não puderam ser resolvidas por meio de negociações entre judeus e
autoridades imperiais. Pelo contrário, os próprios judeus tinham que encontrar
espaço para viver na sociedade maior. Então suas tradições tiveram que ser
mudadas.
- Tácito era um dos maiores
antissemitas, e difusor deste em Roma, e pelo império, tempo em que Tácito
protestava contra os judeus, os cidadãos romanos tinham sérias competições das
religiões "estrangeiras", que atraíam cada vez mais os cidadãos
cosmopolitas de Roma. Assim, o antissemitismo de Tácito não é apenas dirigido
contra judeus na Judéia: ele também está mirando em judeus que moram em Roma.
- As acusações de Tácito
contra os judeus, estão nas afirmações não apenas de sua diferença, mas de sua
malícia. A mitologia que ele cria em torno do povo judeu como corruptores
perpétuos, atraindo pessoas de suas religiões, suas famílias e seus deveres
patrióticos de propósito, como se os judeus tivessem uma devoção singular a
destruir todas as civilizações, exceto as suas.
- Em meados do segundo século
após a supressão da última grande revolta judaica sob Bar Kokhba (131-135), os
principais rabinos já não esperavam uma restauração do Templo em Jerusalém e da
soberania judaica na Terra Santa.
- A capital da Palestina era
de fato em Cesaréia, a cidade portuária da qual o Império Romano controlava
todos os seus vários assuntos na Palestina. O judaísmo rabínico também tinha
sua sede em Cesaréia, onde ficava a corte de sua liderança religiosa, liderada
pelos descendentes de Hilel.
-
- 1.3 As Origens Do Antissemitismo
Cristão.
-
- Ao contrário das religiões
politeístas, que reconhecem múltiplos deuses, o judaísmo é monoteísta -
reconhece apenas um deus. No entanto, os pagãos viram a recusa de princípio dos
judeus de adorar os imperadores como deuses como um sinal de deslealdade.
- Apesar Jesus de Nazaré e
seus discípulos eram judeus praticantes e o cristianismo está enraizado no
ensino judaico do monoteísmo, o judaísmo e o cristianismo tornaram-se rivais
logo depois que Jesus foi crucificado por Pôncio Pilatos, que o executou de
acordo com a prática romana contemporânea. A rivalidade religiosa inicialmente
era teológica. Logo também se tornou político.
- Os historiadores concordam
que o rompimento entre o judaísmo e o cristianismo seguiu a destruição romana
do Templo de Jerusalém no ano 70 d.C e o subsequente exílio dos judeus.
- O cristianismo estava
decidido a substituir o judaísmo, tornando universal sua própria mensagem
particular. O Novo Testamento foi visto como cumprindo o "Antigo"
Testamento (a Bíblia Hebraica); Os cristãos eram o novo Israel, tanto em carne
como em espírito. O Deus da justiça foi substituído pelo Deus do amor. Assim,
alguns dos primeiros Padres da Igreja ensinaram que Deus havia terminado com os
judeus, cujo único propósito na história era preparar-se para a chegada de seu
Filho.
- Surge um sistema teológico
denominado Teologia da Substituição, onde quer que a teologia de substituição
tenha florescido, os judeus procuravam se esconder, onde quer que essa visão
tenha passado, sempre levou o antissemitismo (LIETH, PFLAUM; 2014, p.27). A
teologia da substituição forneceu a base para todo tipo de dano, perseguição e
atrocidades contra o povo judeu em toda a história cristã.
- Esta suposição é baseada em
um método particular de interpretação da Bíblia, uma doutrina chamada supercessionismo,
um nome mais antigo para a teologia da substituição. A ideia é que Deus está
acabado com os judeus, e que em seu programa linear de história, a igreja
cristã do Novo Testamento substituiu os judeus como seu povo escolhido da
promessa. A Igreja é agora o "Novo" ou "Verdadeiro Israel",
e os judeus não têm mais um status especial ou um papel divino. Essa ideia vem
da crença de que os judeus perderam seu papel de povo de Deus quando rejeitaram
Jesus como Messias, supostamente anulando seu pacto bíblico com Deus.
- A teologia da substituição existe há muito
tempo. Podemos traçá-lo desde o segundo século, quando Justino Mártir
apresentou a ideia de que a igreja cristã é o verdadeiro Israel espiritual (LIETH,
PFLAUM; 2014, p.35). Na mesma época, Marcion e Irineu contribuíram para o mesmo
pensamento. No quarto século, o líder da igreja e historiador Eusébio, junto
com uma assembleia de bispos e o imperador Constantino, formaram uma aliança
entre igreja e estado. Eusébio considerou a Igreja unificada e o Império como o
Reino de Deus na terra (WALKER, 2006, p.154).
- O caráter antissemita da
teologia da substituição se manifesta na ironia de que, embora se chame “o
verdadeiro Israel de Deus”, ela seletiva e arbitrariamente reivindica herdar
todas as bênçãos divinas prometidas a Israel - mas nenhuma das maldições. Os
julgamentos e maldições ficam com Israel. Segundo a teologia da substituição,
Deus rejeitou os judeus e eles não são mais seu povo escolhido. A igreja
substituiu inteiramente o Israel étnico e nacional no plano de Deus, e não há
mais razão para atribuir qualquer consideração especial ou significado único
aos judeus como povo. Os judeus não têm futuro nacional no programa divino da
história e não reivindicam mais a Terra da Bíblia do que qualquer outra nação.
-
- 2. O ANTISSEMITISMO NA HISTÓRIA
DA IGREJA
-
- Com foi desenvolvido no
último tópico do capítulo anterior, a Teologia da Substituição será o grande
dogma que a Igreja se encarregará de eliminar qualquer dicotomia Israel/Igreja, tornando a Igreja absoluta nos planos e
propósitos de Deus.
- No século 4, quando o imperador Constantino faz
do cristianismo a religião oficial do Império, as histórias dos Evangelhos se
somaram ao preconceito que já existia contra os judeus. Não fazia mais sentido
culpar os romanos, agora cristianizados, pela morte de Jesus. Santo Agostinho,
o mais influente teólogo da época, determinou a sentença aos judeus: eles
deveriam sobreviver, de forma marginal e inferior, como testemunhas da verdade
do cristianismo. Ou seja, uma espécie de relíquia da época de Jesus (JOHNSON,
1989, p. 173).
- A inimizade para com os
judeus foi expressa de maneira mais aguda nos ensinamentos de desprezo da
igreja, em Agostinho, no século IV, a Martinho Lutero, no século XVI, alguns
dos teólogos cristãos mais eloquentes e persuasivos criticaram os judeus como
rebeldes contra Deus e assassinos do Senhor. Eles foram descritos como
companheiros do diabo e uma raça de víboras.
- O antissemitismo teológico
atingiu o seu apogeu na Idade Média. Entre as manifestações mais comuns deste
sentimento em todas as eras, estão o que hoje chamamos de pogroms
(ataques contra judeus por residentes locais e muitas vezes encorajados pelas
autoridades). Os pogroms eram frequentemente incitados por rumores de crimes
rituais. Em tempos de desespero, os judeus muitas vezes se tornaram o bode
expiatório de muitas catástrofes naturais. Por exemplo, alguns clérigos
pregaram e alguns paroquianos acreditavam que os judeus trouxeram a Peste
Negra, a praga que matou milhões de pessoas na Europa no século XIV, como uma
recompensa por suas supostas práticas de blasfêmia e satânicas.
-
- 2.1. O Começo de Tudo.
-
- O primeiro apologista a
fazer um pronunciamento contra os judeus foi Justino Mártir (que mais tarde foi
morto pelos romanos). Em 145 d.C. (dez anos após a Revolta de Bar Kochba)
Justino Mártir escreveu uma obra em que ele estava tendo um diálogo com um
judeu chamado Trypho, na tentativa de convencê-lo a reconhecer o Messianismo de
Jesus, na resistência deste ao apelo de Justino, começa a popularizar o antissemitismo
(IZECKSOHN, 1974,
p.15, v.1.). Usando textos bíblicos, Justino Mártir afirmou que os judeus foram
originalmente selecionados por Deus porque eram um grupo não espiritual; eles
precisavam de leis adicionais. Ele criticou os judeus por rejeitar Jesus, por
matar Jesus, por afastar as pessoas da salvação. Ele regozijou-se com a
destruição do templo como sendo apenas um castigo pela perfídia judaica. Os
escritos de Justino Mártir foram incorporados ao pensamento cristão primitivo,
e foram as origens do cristianismo antissemita.
- Inácio Bispo de Antioquia
(98-117 AD) - Epístola aos Magnesianos escreveu sobre os judeus:
- Porque, se ainda praticamos o
judaísmo, admitimos que não recebemos o favor de Deus ... é errado falar de
Jesus Cristo e viver como judeus. O cristianismo não acreditava no judaísmo,
mas no judaísmo no cristianismo.
-
- Orígenes de Alexandria
(185-254 dC) - Um escritor e professor eclesiástico que contribuiu para a
formação inicial das doutrinas cristãs.
- Podemos assim afirmar com
total confiança que os judeus não retornarão à sua situação anterior, pois
cometeram o mais abominável dos crimes, ao formarem essa conspiração contra o
Salvador da raça humana ... daí a cidade onde Jesus sofreu foi necessariamente
destruída, a nação judaica foi expulsa de seu país e outro povo foi chamado por
Deus para a abençoada eleição.
-
- Agostinho, o bispo de
Hipona. Viveu a maior parte de sua vida (354-430) no norte da África, tendo
sido um dualista maniqueu e se convertendo e se tornando um dos pilares do cristianismo
tardo antigo. Este pensador é considerado um dos maiores Padres da Igreja até
nossos dias. (Agostinho Confissões , 12,14)
- Quão odioso para mim são os inimigos
da sua Escritura! Como eu gostaria que você os matasse (os judeus) com sua
espada de dois gumes, de modo que não houvesse ninguém para se opor à sua
palavra! Com prazer, eu os faria morrer para si e viver para você!
-
- Outro exemplo famoso desta
semente do antissemitismo pode ser encontrado entre os escritos do "Pai da
boca de ouro", o padre da Igreja, João Crisóstomo (354-530 dC). Aquela
boca de ouro se transformou em uma cova aberta em sua obra, Primeira Homilia
Contra os Judeus. Ele escreveu: “A sinagoga é pior do que um bordel e uma loja
de bebidas; é um covil de canalhas, um templo de demônios, a caverna de
demônios, uma assembleia criminosa dos assassinos de Cristo ... Eu odeio os
judeus ... É dever de todos os cristãos odiarem os judeus. ”
- Escritos subsequentes de
pais da igreja (e líderes da igreja ao longo da história da igreja) condenaram
os judeus, acusando-os de serem idólatras, torturadores, espiritualmente
surdos, blasfemos, glutões, adúlteros, canibais, assassinos de Cristo e além do
perdão de Deus (IZECKSOHN, 1973, p.28, v.2).
- Obtiveram êxito graças a Eusébio
faz um mecanismo de descontextualizarão do texto bíblico e des-judaização dos
personagens de valor. Insere a visão de sua época no passado e reescreve a
Bíblia através da exegese. A novidade da Patrística é o uso deste modelo de
leitura e interpretação alegórica para atacar um grupo externo que se opunha às
doutrinas eclesiásticas. No âmbito interno do Cristianismo o mesmo se fará com
as dissidências, denominadas heresias (FELDMAN, 2005, p. 188).
- O Código Justiniano foi um
édito do imperador bizantino Justiniano (527-564). Uma seção do código negava
os direitos civis dos judeus. Uma vez que o código foi aplicado, os judeus do
Império não podiam construir sinagogas, ler a Bíblia em hebraico, reunir-se em
locais públicos, celebrar a Páscoa antes da Páscoa ou dar provas em um caso
judicial em que um cristão era um partido.
- O Sínodo de Elvira (306)
proibiu o casamento e as relações sexuais entre cristãos e judeus, proibindo-os
de comer juntos.
- Conselhos de Orleans
(533-541) proibiram os casamentos entre cristãos e judeus e proibiram a
conversão ao judaísmo pelos cristãos.
- O Sínodo Trulânico (692)
proibiu os cristãos de serem tratados por médicos judeus.
- O Sínodo de Narbonne (1050)
proibiu os cristãos de viverem em lares judaicos.
- O Sínodo de Gerona (1078)
exigiu que os judeus pagassem impostos para sustentar a Igreja.
- O Terceiro Concílio de
Latrão (1179) proibiu certos cuidados médicos a serem prestados pelos cristãos
aos judeus.
- O Quarto Concílio de Latrão
(1215) exigiu que os judeus usassem roupas especiais para distingui-los dos
cristãos.
- O Conselho de Basiléia
(1431-1443) proibiu os judeus de frequentarem universidades, de agirem como
agentes na celebração de contratos entre cristãos, e exigiram que eles
assistissem a sermões de igrejas. (MESSADIÉ, 2003)
- As atitudes religiosas refletiam-se
na vida econômica, social e política da Europa medieval. Em grande parte da
Europa durante a Idade Média, os judeus foram negados a cidadania e seus
direitos, impedidos de manter cargos no governo e nas forças armadas, e
excluídos da participação em guildas e profissões (JOHNSON, 1989, p.50).
Certamente, alguns governantes e sociedades europeus, particularmente durante o
início da Idade Média, proporcionaram aos judeus certo grau de tolerância e
aceitação, e seria um erro conceber os judeus como enfrentando uma imutável e
incessante manifestação de opressão anti-judaica ao longo deste período. Período.
Em 1096, no entanto, os cavaleiros da Primeira Cruzada desencadearam uma onda
de violência antissemita na França e Sacro Império Romano, incluindo massacres
em Worms, Trier (ambos agora na Alemanha) e Metz (agora na França). Acusações
infundadas de assassinato ritual e de profanação de host e libelo de sangue -
alegações de sacrifício de judeus de crianças cristãs na Páscoa para obter
sangue para pão sem fermento - apareceu no século XII. O exemplo mais famoso
dessas acusações, a do assassinato de William de Norwich, ocorreu na
Inglaterra, mas essas acusações foram revividas esporadicamente na Europa
Oriental e Central durante os períodos medieval e moderno. Nos anos 1930, o
libelo de sangue tornou-se parte da propaganda nazista. Outro instrumento do antissemitismo
do século XII, o emblema amarelo obrigatório que identificou o usuário como
judeu, também foi revivido pelos nazistas. A prática de segregar as populações
judaicas de vilas e cidades em guetos remonta à Idade Média e durou até o
século 19 e início do século 20 em grande parte da Europa.
- Com o crescimento do
comércio europeu no final da Idade Média, alguns judeus tornaram-se
proeminentes no comércio, na atividade bancária e na concessão de empréstimos,
e os sucessos econômicos e culturais dos judeus tendiam a despertar a inveja da
população. Este ressentimento econômico, aliado ao tradicional preconceito
religioso, levou à expulsão forçada de judeus de vários países e regiões,
incluindo Inglaterra (1290), França (século 14), Alemanha (1350), Portugal
(1496), Provence (1512) e os Estados Papais (1569). A intensificação da
perseguição na Espanha culminou em 1492 na expulsão forçada da grande população
judaica daquele país. Somente os judeus que se converteram ao cristianismo
foram autorizados a permanecer, e os suspeitos de continuar a praticar o
judaísmo enfrentou perseguição no espanhol Inquisição. Como resultado dessas
expulsões em massa, os centros da vida judaica mudaram da Europa Ocidental e da
Alemanha para a Turquia e depois para a Polônia e a Rússia (IZECKSOHN, 1973,
p.34, v.2).
- Mas onde eles eram
necessários, os judeus eram tolerados. Vivendo como eles faziam nas margens da
sociedade, os judeus desempenhavam funções econômicas que eram vitais para o
comércio e o comércio. Porque o cristianismo pré-moderno não permitia pagar juros
e porque os judeus geralmente não podiam possuir terras, os judeus
desempenhavam um papel vital como agiotas e comerciantes. Onde eles foram
autorizados a participar da sociedade maior, os judeus prosperaram. Durante a
Idade Média na Espanha, antes de sua expulsão em 1492, filósofos, médicos,
poetas e escritores judeus estavam entre os líderes de uma rica vida cultural e
intelectual compartilhada com muçulmanos e cristãos.
- 2.2 O Antissemitismo na
Reforma: Calvino e Lutero.
-
- Em 31 de outubro, os
cristãos - ou, para ser mais preciso, os cristãos protestantes, com
surpreendente apoio do Vaticano - celebram os 500 anos da Reforma, quando a
história diz que o monge alemão e professor Martinho Luther pregou suas 95
teses na porta da igreja do castelo em Wittenberg, iluminando assim o estopim
que separava a cristandade europeu.
- Importa muito mais do que se
poderia pensar, porque não era só a religião, mas a política, a cultura e a
economia que mudariam profundamente a Europa. No documento, Lutero tornou
pública sua condenação da venda de indulgências - dinheiro pago para reduzir o
tempo gasto no purgatório, uma espécie de sala de espera antes do céu, por
parentes e amores. Mas essa disputa acadêmica foi além disso, e foi um
manifesto de crítica dirigida ao catolicismo romano (WALKER, 2006, p.557). A
história, por assim dizer, recebeu uma reinicialização.
- Há muita coisa positiva
sobre Lutero. Ele libertou as pessoas do controle rígido da igreja, deu energia
impecável à ideia do relacionamento do indivíduo com Deus e trabalhou para
eliminar a corrupção e a superstição. De muitas maneiras, ele foi um pioneiro
não apenas da mudança religiosa, mas da modernidade.
- Ele começou como um defensor
do povo judeu, argumentando com razão que eles tinham sido maltratados pela Igreja
Católica Romana, e erroneamente que eles, se apresentados com o que ele
considerava um cristianismo mais autêntico, certamente se converteriam. Em
1523, ele escreveu um ensaio intitulado “Que Jesus nasceu judeu”, condenando o
fato de que a igreja tratou os judeus como se fossem cães, e não seres humanos;
eles fizeram pouco mais que ridicularizá-los e apreender suas propriedades.
- Mas os judeus não se
converteram e Lutero reagiu espantosamente. Em 1543, ele publicou "Os
Judeus e Suas Mentiras", que hoje é chocante em seu veneno, e até mesmo
para o seu tempo se destacou como particularmente cruel e intolerante ((LIETH,
PFLAUM; 2014, p.15). No tratado, ele pede uma litania de horrores, incluindo a
destruição de sinagogas, escolas e lares judaicos; para os rabinos serem
proibidos de pregar; para desnudar a proteção legal dos judeus nas estradas;
para o confisco do seu dinheiro. Os judeus são, escreveu Lutero, uma “base de
pessoas que se prostituem, isto é, nenhum povo de Deus, e seu orgulho de
linhagem, circuncisão e lei devem ser considerados como sujeira”.
- Alguns de seus defensores
afirmaram que Lutero era velho e doente quando escreveu isso, ignorando o fato
de que ele viveu mais três anos depois do ensaio e que a maioria de nós fica
levemente mal-humorada quando nos sentimos mal, não como genocidas. Além disso,
Lutero também conseguiu expulsar os judeus da Saxônia e de algumas cidades
alemãs já em 1537.
- Calvino também demonstrou um
antissemitismo, apesar de adotar dos judeus sua maneira de interpretar as escrituras,
rompendo com o método alegórico medieval, que em muitas das vezes era utilizado
para afrontar e uma ferramenta contra os judeus, não eliminou em Calvino o
sentimento antissemitismo. Possivelmente por manter uma leitura e um discurso
escatológico amilenistas.
- Na verdade Calvino mantinha
uma conduta ambígua a respeito dos judeus, no seu comentário do Salmo 59 se
distancia de Agostinho, que também fez um comentário deste Salmo, como apologia
para perseguir os judeus. Calvino não lê este salmo como uma profecia de Paixão
de Cristo; daí ele também não identifica os inimigos neste salmo com os judeus.
- Em vez disso, ele lê-lo
completamente dentro do contexto da vida histórica de David, onde os inimigos
são literalmente Saul e seus homens que estão tentando matar Davi. Ao longo de
sua exegese do Salmo 59, Calvino expõe Davi como um exemplo de fidelidade digna
do Imitação da igreja cristã. Assim, no verso crucial "Não os mates, para
que meu povo não esquece ” (Sal 59:11), Calvino não associa isso a um mandato
sobre como a igreja deveria tratar os judeus. Em vez disso, ele usa para
ensinar a igreja que Deus às vezes retarda a libertação para que a igreja possa
aprender paciência, fé e não esquecer tudo o que Deus faz por eles. Calvino faz
uma breve menção dos judeus aqui, e esta é a única vez que ele menciona os judeus
em sua exegese deste salmo.
- Consequentemente, a exegese
anti-judaica comumente encontrada em muitas interpretações dos salmos é
inexistente nas leituras de Calvino sobre eles.
- Curiosamente, uma coisa que
aqueles que defendem o judaísmo de Calvino deixam de fora; e não é amplamente
conhecido, é que Calvino era ele mesmo muitas vezes ferozmente antissemita e
usava 'judeu' e 'judaizante' como termos de maior desprezo, o que contrasta
diretamente com o filo-semitismo do calvinismo posterior. (POLIAKOV, 2003, p.
71-2) Ele até escreveu um tratado anti-judaico intitulado 'Ad quaestiones et
obiecta Judaei cuiusdam Responsio'.
-
- 2.3 O Antissemitismo Moderno.
-
- Neste período verificaremos
uma transformação do sentimento antissemitismo, ele vai perdendo força
religiosa, devido o anticlericalismo, para um aspecto mais xenofóbico, e até
mesmo científico.
- O fim da Idade Média trouxe
pouca mudança na posição dos judeus na Europa, e os judeus permaneceram
sujeitos a massacres ocasionais, como os que ocorreram durante as guerras entre
os ucranianos ortodoxos orientais e os católicos romanos em meados do século
XVII, que rivalizavam com os piores massacres de judeus na Idade Média.
Perseguições periódicas de judeus na Europa Ocidental continuaram até o final
do século XVIII, quando o Iluminismo mudou de posição, pelo menos no Ocidente.
Isso não reduz necessariamente o antissemitismo, embora os principais números
do Iluminismo tenham defendido a luz da razão ao desacreditar o que eles
consideravam superstições da crença cristã, seu pensamento não levou a uma
maior aceitação dos judeus. Em vez de responsabilizar os judeus pela
crucificação, os pensadores do Iluminismo os culparam pelo advento do
cristianismo e pelas injustiças e crueldades cometidas pelos seguidores das
religiões monoteístas. Alguns dos mais proeminentes, incluindo Denis Diderot e
Voltaire, criticaram os judeus como um grupo alienado da sociedade que
praticava uma religião primitiva e supersticiosa.
- Até o Revolução Francesa de
1789, o status dos judeus na Europa permaneceu tênue, tratados como estranhos,
eles tinham poucos direitos civis. Eles foram taxados como uma comunidade, não
como indivíduos. A exclusão da sociedade reforçou sua identidade religiosa e
fortaleceu suas instituições comunais, que desempenhavam funções judiciais e
quase governamentais. Na Revolução Francesa, com sua promessa de liberdade,
igualdade e fraternidade, os direitos de cidadania foram estendidos aos judeus.
Ainda assim, o respeito e os direitos estavam condicionados à disposição dos
judeus de abandonar seus antigos costumes e sua identidade comunitária. Este
era o significado do slogan “Para os judeus como indivíduos tudo, para os judeus
como povo, nada” (JOHNSON, 1989, p.368).
- A França foi a vanguarda do
movimento que deu igualdade cívica e legal aos judeus. A conquista de Napoleão
dos estados alemães levou à emancipação em alguns deles, mas após sua derrota,
os judeus enfrentaram uma série de reveses legais. A total emancipação dos
judeus em toda a Alemanha veio apenas com a unificação da Alemanha em 1871.
- Mesmo na própria França, a
emancipação não acabou com o antissemitismo, mas apenas o transformou. Com o
surgimento do nacionalismo como o fator determinante na sociedade europeia no
século XIX, o antissemitismo adquiriu um caráter racial e não religioso, uma
vez que os povos etnicamente homogêneos condenaram a existência em seu meio de
elementos judaicos “estrangeiros”. Teorias pseudocientíficas que afirmam que os
judeus eram inferiores aos chamados A “raça” ariana deu ao antissemitismo nova
respeitabilidade e apoio popular, especialmente em países onde os judeus podiam
ser feitos bodes expiatórios para as queixas sociais ou políticas existentes.
Nesse novo clima, o antissemitismo tornou-se uma poderosa ferramenta política,
como os políticos descobriram rapidamente.
- Enquanto as filosofias
fundamentais do movimento sionista existem há centenas de anos, o sionismo
moderno se estabeleceu formalmente no final do século XIX. Naquela época, os
judeus em todo o mundo enfrentavam um crescente antissemitismo.
- Alguns historiadores
acreditam que uma atmosfera cada vez mais tensa entre judeus e europeus pode
ter desencadeado o movimento sionista. Em um incidente de 1894, um oficial
judeu do exército francês chamado Alfred Dreyfus foi falsamente acusado e
condenado por traição. Este evento, que ficou conhecido como o “ Caso Dreyfus
”, provocou indignação entre o povo judeu e muitos outros (JOHNSON, 1989, p.393).
- O sionismo moderno foi
oficialmente estabelecido como uma organização política por Theodor Herzl em
1897. Um jornalista judeu e ativista político da Áustria, Herzl acreditava que
a população judaica não poderia sobreviver se não tivesse uma nação própria.
- Após o caso Dreyfus, Herzl
escreveu Der Judenstaat (O Estado Judeu), um panfleto que pedia o
reconhecimento político de uma pátria judaica na área então conhecida como
Palestina.
- Em 1897, Herzl organizou o
Primeiro Congresso Sionista, que se reuniu em Basileia, na Suíça. Ele também
formou e se tornou o primeiro presidente da Organização Sionista Mundial.
- Embora Herzl tenha morrido
em 1904 - anos antes de Israel ser oficialmente declarado estado - ele é
frequentemente considerado o pai do sionismo moderno.
- Em 1917, o secretário de
Relações Exteriores britânico Arthur James Balfour escreveu uma carta ao Barão
Rothschild, um líder rico e proeminente da comunidade judaica britânica.
- Na breve correspondência,
Balfour expressou o apoio do governo britânico ao estabelecimento de um lar
judaico na Palestina. Esta carta foi publicada na imprensa uma semana depois e
acabou se tornando conhecida como a “ Declaração Balfour ”.
- O texto foi incluído no
Mandato da Palestina - um documento emitido pela Liga das Nações em 1923 que
deu à Grã-Bretanha a responsabilidade de estabelecer uma pátria nacional
judaica na Palestina controlada pelos britânicos. (JOHNSON, 1989, p.402)
- Os deslocamentos econômicos
e políticos generalizados causados pela Primeira Guerra Mundial
intensificaram notavelmente o antissemitismo na Europa depois da guerra. Além
disso, os muitos líderes bolcheviques judeus na Revolução Russa de novembro de
1917 deram aos antissemitas um novo foco para seus preconceitos na ameaça do
"bolchevismo judaico". Na Alemanha do pós-guerra, os antissemitas
uniram forças com nacionalistas revanchistas, na tentativa de culpar os judeus
pela derrota daquele país. Na Europa Oriental, o antissemitismo se espalhou na
Polônia, Hungria e Romênia no período entre guerras.
- A tempestade de violência antissemita
solta pela Alemanha nazista sob a liderança de Adolf Hitler de 1933 a 1945 não
só atingiu uma intensidade aterrorizante na própria Alemanha, mas também inspirou
o mesmo movimento em outros lugares. O antissemitismo foi promulgado na França
pelo Cagoulards (francês: “Hooded Men”), na Hungria pelo Arrow Cross, na
Inglaterra pelo União Britânica dos Fascistas e nos Estados Unidos pela Bund
germano-americano o Camisas de Prata (MESSADIÉ, 2003, p. 289).
- Na Alemanha nazista, o
antissemitismo atingiu uma dimensão racial nunca antes experimentada. O
cristianismo buscou a conversão dos judeus, e os líderes políticos da Espanha à
Inglaterra buscaram sua expulsão porque os judeus eram praticantes do judaísmo,
mas os nazistas - que consideravam os judeus não apenas como membros de uma
raça subumana, mas como um perigoso câncer que destruiria, o povo alemão -
procurou a "solução final para a questão judaica”, o assassinato de todos
os judeus - homens, mulheres e crianças - e sua erradicação da raça humana. Na
ideologia nazista que percebia que o judaísmo era biológico, a eliminação dos
judeus era essencial para a purificação e até a salvação do povo alemão
(MESSADIÉ, 2003, p. 328).
- O extermínio dos judeus pelo
nazismo, e seus afluentes na Europa, durante a Segunda Guerra, proporcional a
maior catástrofe judaica na história, que culminou na necessidade do surgimento
do novo estado, da velha pátria, Israel.
-
- 3. O
DISPENSACIONALISMO COMO UMA PROPOSTA CONTRA O ANTISSEMETISMO.
-
- Sob a liderança do papa
(mais tarde santo) João XXIII e do Concílio Vaticano II, a Igreja Católica
Romana aceitou a legitimidade do judaísmo como uma religião contínua. e
exonerou os judeus pelo assassinato de Jesus Cristo, sem dúvida o documento
mais importante nas relações cristão-judaicas no século 20 também mudou a
liturgia da Sexta-feira Santa para torná-la menos inflamatória em relação aos
judeus e alterou o catecismo católico romano. Em 2007, no entanto, Papa Bento
XVI aprovou o uso mais amplo da antiga missa em latim, que incluía a liturgia
da Sexta-Feira Santa e uma oração que a maioria dos judeus achava ofensiva.
Embora a oração tenha sido revisada em 2008 para tratar das preocupações
judaicas, alguns argumentaram que ela ainda era prejudicial.
-
- Uma peça central do papado
de João Paulo II, que testemunhou o Holocausto diretamente quando jovem na
Polônia, foi a luta contra o antissemitismo e sua adoção dos judeus. O papa fez
uma visita histórica a uma sinagoga em Roma em 1986 e, sob sua liderança, o Vaticano
estabeleceu relações diplomáticas com o Estado de Israel em 1993, logo após a
conclusão do acordo de paz de Oslo entre Israel e a Organização de Libertação
da Palestina. Em março de 2000, o pontífice visitou Israel. No Yad Vashem,
memorial de Israel ao Holocausto, ele descreveu o antissemitismo como anticristão
por natureza e pediu desculpas por casos de preconceituosos por parte dos
cristãos. No Muro das Lamentações, o local mais sagrado do judaísmo, ele
inseriu uma nota de oração de desculpas por erros cristãos passados.
- Mas antes de tudo isto
acontecer, no protestantismo, início do século XX e final XIX, começou um
movimento hermenêutico e histórico, sobre as profecias bíblicas, principalmente
as relacionadas com Israel, e também sobre os eventos escatológicos, que agora
traz dois principais eixos, primeiro que os eventos futuros não é apenas uma
Parousia de Jesus e culminando todas as coisas, conforme o Amilenismo, surge e
recupera o pré-tribulacionismo dos pais da Igreja.
- O segundo eixo, é a relação
Igreja e Israel, surge uma dicotomia em que ambos fazem parte dom plano de Deus
para com a humanidade, e com o futuro. Israel não foi abandonada
definitivamente por Deus como cria a igreja, e muitos creem ainda,
principalmente os que seguem a linha Teologia da Substituição. Mas há ainda uma
restauração dos propósitos de Deus com Israel, e os Dispensacionalista atribuem
a retomada deste propósito durante a denominada Grande Tribulação.
-
- 3.1. Definindo o
Dispensacionalismo.
-
- Existem várias definições do
sistema de interpretação bíblica que é chamado de dispensacionalismo. Talvez a
maioria esteja satisfeita em usar a conhecida definição de Scofield: Uma
dispensação é um período de tempo durante o qual o homem é testado com respeito
à obediência a uma revelação específica da vontade de Deus. Existem sete
dispensações diferentes nas Escrituras. (Bíblia Sagrada de Scofield, p.44). Certamente
não podemos em duas frases descrever tudo o que está incluído no sistema em
referência. Há aqueles que criticam o conceito de tempo na definição de
Scofield porque não é encontrado no significado da palavra dispensação na
Bíblia. Uma definição sem a ideia de período de tempo é dada por Ryrie “uma
dispensação é uma economia, ou administração, distinguível no cumprimento do
propósito de Deus” (RYRIE, 2000, p. 22).
- Teologia Dispensacional pode
ser definida muito simplesmente como um sistema de teologia que tenta desenvolver
a filosofia da história da Bíblia com base no governo soberano de Deus. Ele
representa o todo da Escritura e da história como sendo coberto por várias dispensações
do governo de Deus, o termo dispensação no que se refere à Teologia
Dispensacional pode ser definido como “um modo particular de Deus administrar
Seu governo sobre o mundo à medida que Ele trabalha progressivamente em Seu
propósito para a história mundial (RYRIE, 2000, p. 24).
- A dispensação é dada como
uma revelação direta de Deus em cada período, e as dispensações combinadas
abrangem toda a história do homem. A Revelação nas Escrituras fornece ao homem
conhecimento sobre a maneira específica pela qual Deus está administrando os
assuntos mundiais naquele período da história.
- Cada dispensação específica
revela a vontade de Deus, ao que o homem recebe certas exigências e
responsabilidades e espera ordenar sua conduta em obediência à vontade de Deus.
Os requisitos e responsabilidades dados em uma dispensação podem ou não
continuar na próxima dispensação. Por exemplo, a pena de morte estabelecida no
Pacto de Noé por Deus (Gênesis 9: 5-6) sob a dispensação do Governo Humano
continuou sob a dispensação da Lei (RYRIE, 2000, p. 25).
- Em segundo lugar, a Teologia
Dispensacional aplica as regras interpretativas tradicionais da hermenêutica
(ciência e arte da interpretação da Bíblia) com uma interpretação literal do
texto bíblico. Por literal significa "estudar o texto em seu contexto
gramatical, histórico e cultural dentro do contexto da passagem, a fim de entender
o que o escritor está ensinando" (VLACH, 2016, p. 55). O não-Dispensacionalista
espiritualiza ou alegoriza o texto da Escritura (especialmente profético), não
fornecendo ao leitor o significado original pretendido pelo escritor. Isto é
especialmente verdadeiro quando se trata de profecias que lidam com a nação de
Israel ou profecias mencionadas na escatologia (o estudo do fim dos tempos).
- Terceiro, o Dispensacionalista
reconhece que Israel e a igreja devem ser identificados como entidades
distintas ou separadas no plano e programa de Deus. A identidade de Israel é
definitivamente vista no Novo Testamento como um povo étnico que permaneceu
intacto ao longo dos séculos. Israel verá promessas não cumpridas feitas a eles
em Abraão, Terra, Davi e Novas Alianças, cumpridas na volta de Cristo, quando
estabelecer seu reino na Terra e tomará assento no trono de seu pai Davi, e
reinará sobre a casa. de Jacó para sempre (Lucas 1: 32-33).
- Quarto, a igreja não deve
ser interpretada como substituindo Israel como o povo de Deus. As Escrituras
ensinam claramente que Jesus está vindo para governar as nações do mundo, e a
nação de Israel terá um papel definido no reinado de Cristo (Isaías 2: 2-4). O
Novo Testamento muitas vezes se refere ao Israel literal e físico depois que a
igreja foi estabelecida em Atos 2. Paulo frequentemente mencionou o cumprimento
do programa de Deus para a nação literal de Israel que ainda se tornaria
realidade em Romanos 9-11.
- A teologia Dispensacionalista
não apóia a ideia de que Israel é apenas uma sombra e um tipo que são
reinterpretados quanto ao seu cumprimento literal, uma vez que Jesus forneceu
nova revelação que está registrada no Novo Testamento. A revelação do Novo
Testamento não reinterpreta, anula, nem cancela o significado original da
revelação do Antigo Testamento. Ao contrário, o Novo Testamento continua a
revelação sobre Israel e refina, reitera e afirma o cumprimento literal das
promessas do Antigo Testamento a Israel em ambos os adventos de Jesus Cristo.
- E é neste ponto que pretenderemos
nos ater na nova perspectivas da Igreja em relação a Israel, pois a partir
deste, começa uma crítica ao antissemitismo, e uma restauração de Israel nos
planos de Deus, elevando assim Israel novamente como um povo especial.
-
- 3.2. História e Desenvolvimento
do Dispensacionalismo.
-
- Embora o ensino Dispensacionalista
não aparecesse como uma doutrina bem pensada na igreja primitiva, as crenças
básicas nas dispensações bíblicas eram ensinadas pelos Padres da Igreja. Homens
como Justin Mártir (110-165); Irineu (130-200); Clemente de Alexandria
(150-220); Pelagio (360-420); e Agostinho (354-430) falou de dispensações
dentro da Bíblia. Dito isto, não deve ser interpretado que os Padres da Igreja
acreditavam nas dispensações da mesma forma que o termo é usado hoje. A questão
é que esses homens e outros viram divisões dispensacionais dentro das
Escrituras. Outros homens do século, como Pierre Poiret (1646-1719), Jonathan
Edwards (1637-1716), Issac Watts (1674-1748), John Nelson Darby (1800-1882) e
CI Scofield (1843-1921), entre muitos outros, promoveu o ensino dispensacional
da Bíblia.
- O início do
dispensacionalismo sistematizado está geralmente ligado a John Nelson Darby
(1800-1882), um ministro dos Irmãos de Plymouth. Enquanto na Universidade de
Trinidad, em Dublin (1819), Darby passou a acreditar em uma restauração e
futura salvação do Israel nacional. Baseado em seu estudo de Isaías 32, Darby
concluiu que Israel, em uma futura dispensação, desfrutará das bênçãos terrenas
que eram diferentes das bênçãos divinas experimentadas pela igreja. Desta
forma, ele viu uma distinção óbvia entre Israel e a igreja. Darby também passou
a acreditar no "iminente" rapto da igreja que é seguido pela
septuagésima semana de Daniel, na qual Israel seria novamente o centro do palco
no plano de Deus. Depois desse período, Darby acreditava que haveria um reino
milenar no qual Deus cumpriria suas promessas incondicionais a Israel.
- Darby propôs o esquema do
dispensacionalismo notando que em cada dispensação classifica o homem sob a
rubrica de alguma condição; O homem tem uma certa responsabilidade perante
Deus. Darby também notou que cada dispensação termina em fracasso.
- Darby viu sete dispensações:
(1) Condição do Paraíso até o Dilúvio; (2) Noé; (3) Abraão; (4) Israel; (5) os
gentios; (6) o Espírito; e (7) o milênio. Por seu próprio testemunho, Darby diz
que sua teologia Dispensacionalista foi completamente formada em 1833.
- O Dispensacionalismo ganhou
forma no Movimento dos Irmãos no início do século XIX na Grã-Bretanha. Aqueles
dentro do movimento Irmãos rejeitou um papel especial para o clero ordenado e
destacou o espiritual dotado de crentes comuns e sua liberdade sob a orientação
do Espírito, para ensinar e admoestar cada pela Escritura. Os escritos do
Movimento dos Irmãos tiveram um amplo impacto sobre o protestantismo evangélico
e influencia a diversos ministros nos Estados Unidos como DL Moody, James
Brookes, JR Graves, AJ Gordon, e CI Scofield.
- CI Scofield, um participante
convenções Niágara, formado um painel de professores da Bíblia em 1909 e
produziu o que ficou conhecido como a Bíblia de Scofield Reference. Este
trabalho tornou-se famoso nos Estados Unidos com suas notas teológicas ao lado
da Escritura. Esta referência bíblica tornou-se a influência última na extensão
do dispensacionalismo.
- Depois da Primeira Guerra
Mundial, muitas escolas bíblicas dispensacionais foram formadas. Dirigido pelo
Seminário Teológico de Dallas (1924), o dispensacionalismo começou a ser
promovido em contextos formais e acadêmicos. Sob Scofield, o dispensacionalismo
introduziu um período escolar que foi posteriormente levado adiante por seu
sucessor, Lewis Sperry Chafer. Uma maior promoção do dispensacionalismo ocorreu
quando a Teologia Sistemática de oito volumes de Chafer foi escrita.
-
- 3.3. Israel e Igreja.
-
- Nos primeiros séculos, os
pais da igreja, começando por Orígenes (185-254 dC), usaram um método alegórico
de interpretação. O método alegórico não interpretou as escrituras
literalmente. Ele procurava um significado espiritual mais profundo.
- Como isso afeta nosso tópico
de estudo? Quando Deus faz uma promessa a Israel no Antigo Testamento, o método
alegórico permite ao intérprete espiritualizá-lo e dizer que não era uma
promessa que seria literalmente cumprida. Em vez disso, foi cumprido de maneira
espiritual na igreja.
- Mais tarde, Constantino, o
imperador romano que estabeleceu o cristianismo como religião universal,
envolveu-se nos assuntos da igreja. Em sua carta às igrejas sobre a
controvérsia da Páscoa, ele se referiu aos judeus como “miseráveis poluídos”,
cujas mãos estavam “manchadas… com um crime nefasto”, “parricídios e
assassinatos de nosso Senhor” .6 Em uma carta para as igrejas sobre o tempo correto
para observar a Páscoa, escreveu ele, “nos torna a não ter nada em comum com os
pérfidos judeus”.
- A partir destas palavras a
igreja estatal assume a prerrogativa de ter substituído definitivamente a nação
de Israel, nos propósitos de Deus, o antissemitismo que já havia na igreja
ganha força política e desenvolve uma perseguição como vimos nos tópicos
anteriores.
- Os dispensacionalístas se
distinguem dos não dispensacionalístas (que defendem a denominada Teologia da Substituição),
no sentido de que reconhecem as claras distinções bíblicas entre Israel e a
Igreja. As seguintes distinções estão embasadas nos claros ensinos das
Escrituras, quando interpretadas em sentido claro, normal e literal. Por
exemplo, os não dispensacionalístas se horrorizam diante do pensamento de que
os antigos sacrifícios de animais serão praticados no Reino Messiânico, mas
isto foi o que os profetas do Antigo Testamento predisseram.
- A teologia da substituição
radical representa no espectro o extremo oposto da posição dos dois pactos. Em
vez de falar de um distinto relacionamento pactual entre Deus e Israel que
continua mesmo depois da vinda de Cristo e da proclamação do evangelho às
nações, a teologia da substituição sustenta que o programa e o interesse de Deus
em Israel cessaram.
- Enquanto o
dispensacionalismo ensina que Deus está atualmente focado na igreja cristã, os
crentes nesta teologia afirmam que, quando os últimos dias chegarem, Deus trará
o povo judeu de volta a Israel, onde reconstruirão o templo e, finalmente,
aceitarão Jesus como o Messias legítimo. Isso desencadeará o retorno de Jesus e
seu reinado.
- O teólogo que desenvolveu a
mais completa distinção entre Israel e Igreja foi Schafer, Fundador do Dallas
Theological Seminary, e a partir de seus comentários faremos uma breve
análise de sua posição desta distinção.
- CHAFER encontrou “Vinte e
quatro contrastes devem ser indicados” (2003, 413), dedicaremos algumas que
consideraremos as mais importantes, primeiro quanto ao destino “Israel será uma
nação respeitada na terra, quando ela for recriada. Todo pacto ou promessa para
a Igreja é para uma realidade celestial, e ela continuará na cidadania
celestial quando os céus forem recriados.” (2003, 413).
- A dualidade, segundo Chafer,
inicia em Abraão “Em razão do fato de Abraão ser não somente o progenitor da
nação da promessa, mas também o padrão de um cristão sob a graça, é
significativo que haja duas figuras empregadas por Jeová a respeito da
descendência de Abraão - o pó da terra (Gn 13.16), e as estrelas do céu (Gn
15.5; cf. Hb 11.12).” Neste caso o pó da terra seria Israel nacional, e estrela
se referindo a Igreja.
- Outra distinção levantada é
quanto sua origem, “Os israelitas se tornam o que são pelo nascimento físico”,
enquanto para a Igreja “Os cristãos se tornam o que são pelo nascimento
espiritual” (2003, 414).
- Com respeito a proclamação
Chafer apresenta dois sistema de levar as nações a conversão “Israel foi
designado para exercer uma influência sobre as nações da terra (cf. SI 67.1-7)”,
uma ação centrípeta, enquanto a igreja centrífuga “a Igreja tornou-se uma
sociedade missionária para todo o mundo.” (2003, 415).
- Quanto ao sacerdócio “A
nação de Israel tinha um sacerdócio. A Igreja é um sacerdócio.” (2003, 418).
- A respeito do Milênio “Aqueles
da nação eleita são designados para serem súditos do Rei em seu reino terrestre
(Ez 37.21-28), enquanto que aqueles que compõem a Igreja devem reinar com o
Rei, como seu Consorte naquele reino (Ap 20.6).” (2003, 418).
- Diante do que foi exposto
acima, fica claro que Israel e Igreja pertencem a dois propósitos de Deus de
forma distinta para com a humanidade e nas nações.
-
- 3.4 O Dispensacionalismo e
Reação Contra o Antissemitismo.
-
- Os dispensacionalístas se
deliciam com o restabelecimento de Israel em 1948 como nação. Eles se alegram
com o grande número de judeus que já voltaram e retornarão a Israel. Eles
encorajam alegremente as políticas israelenses modernas que atraem os judeus de
volta à Terra. Os entusiasmados procuram a reconstrução do templo judeu - por judeus
que retornaram à terra de Israel.
- Por exemplo, a Bíblia de Estudo da Profecia de Tim
LaHaye exulta: “o reagrupamento de um
povo uma vez espalhado entre as nações do mundo é evidenciado que Deus está
trabalhando no cumprimento de Sua palavra profética” (p. 1080). Na mesma página
continua: “a evidência mais empolgante e documentada de que o retorno do Senhor
pode estar próximo é a atividade em torno dos preparativos para a reconstrução
do templo no Monte do Templo em Jerusalém”.
- O dispensacionalismo faz uma
forte denúncia contra os movimentos antissemitas, mesmo entre os protestantes,
o Dispensacionalismo que é nos E.U.A. muito forte nos calvinistas e
presbiterianos, no Brasil não encontramos entre os presbiterianos uma
perspectiva Dispensacional, possivelmente Ashbel Green Simonton fosse
Amilenista.
- Enquanto nas Igrejas
Pentecostais brasileiras, que tem nas Assembleias de Deus sua matriz teológica,
há uma forte tendência ao dispensacionalismo, pois o dispensacionalismo foi
estabelecido pelo missionário sueco Samuel Nystrom em 1922. Por isto uma forte
teologia favorável a Israel. Desta sorte podemos verificar uma ausência plena
de qualquer rancor judaico, e antissemita no movimento pentecostal.
- Por seu envolvimento com
pastores evangélicos que defendem um dispensacionalismo, temos um primeiro
presidente favorável a Israel, eleito no pleito de 2018, e que já anunciou a
transferência da embaixada para Jerusalém.
- Este fator foi influenciado
fortemente pelo calor da doutrina Dispensacionalista, o mesmo pode ser dito com
relação ao presidente americano Trump, que também tem feito uma política a
favor de Israel, mais estreita que os anteriores, que também eram a favor de
Israel, todos influenciado pelo sistema Dispensacional.
-
- CONCLUSÃO
-
- Diante do que foi exposto
podemos verificar que o antissemitismo que perdurou toda história de Israel,
foi ocasionada pela Teologia da Substituição, teologia esta que trouxe morte,
perseguição, horror, sofrimento a este povo. Na língua portuguesa o termo
‘judiar’, oriundo do antissemitismo, significa, me maltratar como um judeu,
punir, feri como um judeu, por onde observamos o alto gral da perseguição aos
judeus.
- O dispensacionalismo não
eliminou totalmente o antissemitismo, mas trouxe profunda mudanças no
pensamento, que tem alcançado também esfera política, inclusive a Igreja
Católica, a partir do Vaticano II, tem também reconhecido sua postura
equivocada durante o Holocausto na Segunda Guerra Mundial.
- Mas há ainda advertências a
serem tomadas, devido uma compreensão exagerada da relação Igreja e Israel,
muitas denominações tem lançado mão de um sistema judaico nas suas liturgias,
tais como: adaptando as festas judaicas na sua agende anual, sacralizando objetos
do Tabernáculo e do Templo no seu culto, construindo prédios em forma do Templo
da Antigo Testamento. Muitos pastores se vestem das roupas sacerdotais conforme
em Levítico, e por aí vai.
- De qualquer maneira o
dispensacionalismo tem contribuído, seja de forma direta ou indireta, na
diminuição do antissemitismo, e atualmente Israel ainda sofre com preconceito,
mas possui um lugar para se proteger, e se guardar das ameaças que vem
sofrendo.
-
- BIBLIOGRAFIA
-
- BALDWIN, J. G.. ESTER: introdução e comentário. São
Paulo: Edições Vida Nova, 1986.
- CHAFER, Lewis
Sperry. Teologia Sistemática Livro 2, Vol 4; tradução Heber Carlos de C
- São Paulo: Hagnos 2003.
- ELWELL, Walter A. (Editor). Enciclopédia
Histórico-Teológica da Igreja Cristã. Edições Vida Nova. São Paulo/SP, 1990.
- FONTETTE, F. História do anti-semitismo. Rio de
Janeiro: Zahar.
- FLANNERY, Edward. H. A angústia dos judeus: história
do anti-semitismo. São Paulo: Ibrasa, 1968.
- FELDMAN, Sergio A. Exegese e alegoria: a concepção de
mundo isidoriana através do texto bíblico. In: Dimensões: Revista de História.
Vitória (ES), v. 17, p. 133-149, 2005.
- FELDMAN, Sergio A. A Igreja e a "questão
judaica": de Eusébio de Cesaréia a Gregório Magno. Boletim do CPA.
Campinas: Unicamp, v. 17, p. 131-154, 2004.
- HAGEE, John. Em Defesa de Israel. Ed CPAD 2012.
- HUNTER, Dave. Jerusalém: Um Cálice de Tontear; Ed
Actual 1999.
- IZECKSOHN, Isaack. História dos judeus. Rio de
Janeiro: [s.n.], 1973. v.2.
- IZECKSOHN, Isaack. História dos judeus. 2.ed. Rio de
Janeiro: [s.n.], 1974. v.1.
- JOHNSON, P. HISTÓRIA DOS JUDEUS. Rio de Janeiro: Imago
Editora, 1989.
- JOSEFO, Flávio A GUERRA DOS JUDEUS – História da
Guerra entre Judeus e Romanos; 2ª Edição, Ed Silabo, 2013.
- LIETH,
Norbert e PFLAUM, Johannes. Teologia da Substituição. Ed Actual, 2014.
- MESSADIÉ, Gerald. História Geral do Anti-Semitismo,
Bertrand Brasil, 2003.
- OLSON, Nelson Lourenço. Plano Divino Através dos
Séculos, CPAD, 1995.
- RYRIE, Charles C. O que é Dispensacionalismo? 1986.
- ____________. Dispensacionalismo Ajuda ou Heresia?;
Editora: Verdade Bíblica, 2000 / Páginas: 264.
- SHAHAK, Israel. HISTÓRIA JUDAICA, RELIGIÃO JUDAICA: O
peso de três mil anos; Ed. Hugin, 1997.
- VLACH, Michael J. Dispensacionalismo: crenças
essenciais e mitos comuns. Trad. Germano Ribeiro. Eusébio, CE: Peregrino, 2016.
p. 108.
- WALKER, W., História da Igreja Cristã. 3. ed. São
Paulo: ASTE, 2006.
-
Para uma análise melhor, de PENTECOST, J. Dwight . Manual de Escatologia,
capitulo 22, p. 313-334; 1999, ed Vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário