quinta-feira, 3 de novembro de 2016

ANTES DE TODAS AS COISAS, DEUS.
Texto básico: Sl 90.1-17
1 Oração de Moisés, homem de Deus. SENHOR, tu tens sido o nosso refúgio, de geração em geração.
2 Antes que os montes nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, mesmo de eternidade a eternidade, tu és Deus.
3 Tu reduzes o homem à destruição; e dizes: Tornai-vos, filhos dos homens.
4 Porque mil anos são aos teus olhos como o dia de ontem que passou, e como a vigília da noite.
5 Tu os levas como uma corrente de água; são como um sono; de manhã são como a erva que cresce.
6 De madrugada floresce e cresce; à tarde corta-se e seca.
7 Pois somos consumidos pela tua ira, e pelo teu furor somos angustiados.
8 Diante de ti puseste as nossas iniquidades, os nossos pecados ocultos, à luz do teu rosto.
9 Pois todos os nossos dias vão passando na tua indignação; passamos os nossos anos como um conto que se conta.
10 Os dias da nossa vida chegam a setenta anos, e se alguns, pela sua robustez, chegam a oi-tenta anos, o orgulho deles é canseira e enfado, pois cedo se corta e vamos voando.
11 Quem conhece o poder da tua ira? Segundo és tremendo, assim é o teu furor.
12 Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos corações sábios.
13 Volta-te para nós, SENHOR; até quando? Aplaca-te para com os teus servos.
14 Farta-nos de madrugada com a tua benignidade, para que nos regozijemos, e nos alegremos todos os nossos dias.
15 Alegra-nos pelos dias em que nos afligiste, e pelos anos em que vimos o mal.
16 Apareça a tua obra aos teus servos, e a tua glória sobre seus filhos.
17 E seja sobre nós a formosura do SENHOR nosso Deus, e confirma sobre nós a obra das nossas mãos; sim, confirma a obra das nossas mãos.
Vamos verificar que mensagens podem descobrir com esta pergunta.
I- Deus é antes de todas as coisas
Deus é antes de todas as coisas – Cl 1.17. Ou, como o primeiro versículo da Escritura coloca, no princípio, Deus... . Antes não havia nada, senão Deus, o Incriado, Deus é Autoexistente. O salmista disse: De eternidade a eternidade, Tu és Deus – Sl 90.2. Nunca houve um tempo em que Deus não tenha existido. De fato, Ele existiu desde sempre, antes de todas as coisas. Ele é chamado de “o Primeiro” e o “Alfa” (Ap 1.8; 1.17; 21.6). Frequentemente, a Escritura refere-se a Deus existindo antes que o mundo existisse – Jo 17.5; cf. Mt 13.35; 25.34; Jo 17.24; Ap 13.8; 17.8.
Deus não existia somente antes de todas as coisas, mas existia antes do próprio tempo. Isso quer dizer que Ele é Eterno. Deus existia antes dos tempos eternos – II Tm 1.9 (ARA). Por final, Deus trouxe o tempo à existência quando fez o universo – literal “as eras” (Heb 1.2). Somente Deus possui imortalidade – I Tm 6.16. Nós recebemos a imortalidade como um Dom (Rm 2.7; I Co 15.53; II Tm 1.10). Nossa existência tem um começo; a de Deus, Pv. 8.23 - “Desde a eternidade fui estabelecida; desde o princípio, antes do começo da terra”.
Deus simplesmente é. A Bíblia não começa com um grande conjunto de provas para provar a existência de Deus; não começa com uma abordagem de baixo para cima; nem começa com algum tipo de analogia adjacente ou semelhante. Apenas começa: “No princípio, Deus.” Agora, se os seres humanos são o teste para tudo, isso não faz o menor sentido, porque, então, nós temos o direito de sentar e julgar se é provável que Deus exista, avalie a evidência, e venha com: “Há uma certa probabilidade que talvez Deus de uma maneira ou de outra exista.”[1]  E assim nós nos tornamos os juízes de Deus. Mas o Deus da Bíblia não é assim. Apenas começa: “No princípio, Deus.” Ele é. Ele não é o objeto que nós avaliamos, ele é o Criador que nos criou. Isso muda toda a dinâmica.

II- Deus é Autoexistente.
Esta afirmativa não é encontrada nas Escrituras, mas é reconhecida por todos nós, ateísta Bertrand Russel escreveu em seu livro “Por que não sou um Cristão” que, se é verdade que todas as coisas precisam de uma causa, então Deus também precisa de uma causa. A partir daí ele concluiu que se Deus precisava de uma causa, então Deus não era Deus (e se Deus não é Deus, então, logicamente, não há Deus).
Enquanto as Escrituras afirma que Salmo 90:1-2 diz: "Senhor, tu tens sido o nosso refúgio, de geração em geração. Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus.";
Podemos ainda citar “E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós” Êxodo 3.14; “E plantou um bosque em Berseba e invocou lá o nome do SENHOR, Deus eterno” Gênesis 21.33; “Mas tu és o mesmo, e os teus anos nunca terão fim” Salmo 102.27.
“A razão pela qual sabemos que Deus existe é porque Ele nos disse e a nós Se revelou... Deus não só existe, mas Ele também nos comunicou este fato. Ele nos contou sobre quem Ele é, como Ele é e qual o Seu plano para o planeta Terra. Ele revelou essas coisas à humanidade através da Bíblia”. [2]
Deus é eterno. Ele não tem começo nem fim. Assim, é totalmente auto-suficiente, não precisa de nada além dele mesmo para existir e agir.[3]  Deus tem uma relação voluntária com tudo o que criou, mas não tem uma relação necessária com coisa alguma além dele próprio.[4]
II- Deus existia em glória sublime.
A "teologia de processo", uma antiga heresia com uma roupagem moderna, fala de um "deus limitado" que se encontra no processo de tornar-se um deus "maior". Contudo, se Deus é Deus, da forma como entendemos essa palavra, então ele é eterno e não precisa de nada; ele é onisciente, onipotente e onipresente. A fim de ter um "deus limitado", é preciso, antes de tudo, redefinir a palavra "Deus", pois de acordo com a própria definição desse termo, Deus não pode ser limitado.
Além disso, se Deus é limitado e "está se expandindo", qual poder o está tornando maior? Esse poder teria de ser maior do que "Deus" e, portanto, ser Deus! Isso não faria, então, com que tivéssemos dois deuses em vez de um?[5]  Porém, o Deus da Bíblia é eterno e não tem começo. Ele é infinito e não possui qualquer limitação de tempo ou espaço. Ele é perfeito e não tem como "melhorar"; por ser imutável, não tem como sofrer qualquer alteração. O Deus que Abraão adorava é o Deus eterno (Gn 21:33), e Moisés disse aos israelitas: "O Deus eterno é a tua habitação e, por baixo de ti, estende os braços eternos" Dt 32.17; Hc.1.12; 3. 6; Rm 16.16; ITm. 1.17.
III- Deus vivia em unidade e em Amor.
Jo 17.5 aquela glória que tinha contigo A. que o mundo existisse. Jo 17.24 deste; porque tu me hás amado A. da criação do mundo. Aqui em 17.5, o Filho anseia pela glória de regozijar-se na alegria de seu povo salvo, exaltam ente o povo cuja salvação ele (junto com o Pai e o Espírito) planejara desde a eternidade, antes da fundação do mundo. Deus sempre tem prazer em suas próprias obras. O Filho se gloria na glória do Pai, e se regozija na alegria de todos os redimidos. Quando eles cantam, ele canta! (Sf 3.17). [6]
A glória a respeito da qual Jesus fala é a sua própria. Ele se refere a ela como “minha glória que me deste”. O Filho deseja que todos os crentes possam contemplá-la para sempre, ou seja, o brilho de seus atributos divinos como eles são refletidos em sua natureza humana exaltada (embora, é claro, eles nunca se tornem parte dessa natureza humana) e no caráter transformado, a alegria indizível, o amor sem fim, a paz perfeita de todos aqueles que entram no descanso que perdura para o povo de Deus. Esta é a glória que o Pai deu ao Filho.
IV- A Trindade deliberou todas as coisas antes da criação
O maravilhoso plano de redenção não foi algo improvisado para o povo de Deus escolhido em Cristo "antes da fundação do mundo" (Ef 1:4; Ap 1 7:8) e entregue ao Filho pelo Pai tanto para pertencer a seu reino (Mt. 25:34) quanto para participar de sua glória (Jo 17:2, 6, 9, 11,12, 24). A morte sacrificial do Filho não foi um acidente, mas sim um compromisso (At 2:23; 4:27, 28); pois ele "foi morto desde a fundação do mundo" (Ap 13:8).
Nas deliberações eternas, a Divindade decidiu criar um mundo que incluiria seres humanos feitos à imagem de Deus. Não só o Pai (Gn 1:1; 2 Rs 19:15; At 4:24), mas também o Filho (Jo 1:1-3, 10; Ci 1:16; Hb 1:2) e o Espírito Santo (Gn 1:2; SI 104:30) participaram da criação. Deus não criou o mundo porque precisava de alguma coisa, mas sim para que pudesse compartilhar seu amor com suas criaturas que, diferentes dos anjos, são feitas à imagem de Deus e podem corresponder a seu amor livremente.
A Divindade determinou que o Filho viria à Terra e morreria pelos pecados do mundo, e Jesus veio para fazer a vontade do Pai (Jo 10:17, 18; Hb 10:7). As palavras de Jesus vinham do Pai (Jo 14:24), e suas obras eram comissionadas pelo Pai (Jo 5:17-21, 36; At 2:22) e investidas do poder do Espírito (At 10:38). O Filho glorifica o Pai (Jo 14:13; 1 7:1, 4), e o Espírito glorifica o Filho (Jo 16:14). As Pessoas da Trindade trabalham em conjunto para realizar a vontade de Deus.
De acordo com Efésios 1:3-14, o plano da salvação é trinitário: somos escolhidos pelo Pai (vv. 3-6), redimidos pelo Filho (vv. 7-12) e selados com o Espírito (vv. 13, 14) - tudo isso para o louvor da glória de Deus (vv. 6, 12, 14). O Pai concedeu autoridade ao Filho para dar vida eterna àqueles que ele entregou ao Filho (Jo 17:1-3). Tudo isso foi planejado antes mesmo que o mundo existisse![7]
V- Deus é o início e o fim de todas as Coisas
Deus acha seu fim a) em si mesmo; b) em sua própria vontade e prazer; c) em sua própria glória; d) em tomar conhecido seu poder, sua sabedoria e seu santo nome. Todas estas afirmativas podem ser combinadas no seguinte, a saber, que o supremo fim de Deus na criação não é nada fora de si mesmo, mas é a sua própria glória – na revelação da perfeição infinita do seu próprio ser, nas criaturas e através delas.
Rm. 11.36 - “Para ele são todas as coisas”. Cl. 1.16 - ‘Todas as coisas foram criadas ... para ele (Cristo)”; compare Is. 48.11 - “por amor de mim, por amor de mim o farei... e minha glória não darei a outrem”; e 1 Co. 1 5 .2 8 “... se sujeitou aquele que todas as coisas lhe sujeitou para que Deus seja tudo em todos”.



[1] D. A. Carson. O Deus Presente: O Deus que Criou Todas as Coisas – Palestra da Ed. Fiel.
[2] McDOWELL, Josh. STEWART, Don. Respostas Àquelas Perguntas: O que os céticos perguntam sobre a fé cristã. São Paulo: Editora Candeia, 1997.
[3] Warren W . Wiersbe. Comentário Bíblico Expositivo Antigo Testamento Volume I — Pentateuco. 2010.
[4] Tozer , A. W. The Knowledge of the Holy. Nova York: Harper and Brothers, 1961.
[5] Aquilo que conhecemos hoje como "teologia de processo" teve origem nos ensinamentos do filósofo inglês Alfred North Whitehead (1861-1947), amplamente difundido por seu discípulo Charles Hartshore, e pelo rabino Harold Kushner em seu livro ‘Quando coisas ruins acontecem a pessoas boas’ (São Paulo: Nobel)). De acordo com Kushner, no momento, Deus é fraco demais para fazer alguma coisa sobre o câncer, as guerras e as tragédias da vida; mas, à medida que confiamos nele e fazemos o bem, nós o fortalecemos para que ele alcance maiores realizações.
[6] Hendriksen, William. O Evangelho de João . Tradução de Elias Dantas e Neuza Batista - São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2004.
[7] Warren W. Wiersbe. Comentário B íblico Expositivo Antigo Testamento Volume I — Pentateuco. 2010.
.   OS GRANDES TEMAS DO LIVRO DE GÊNESIS.
Texto básico Gn. 2.1-5
1 Assim os céus, a terra e todo o seu exército foram acabados.
2 E havendo Deus acabado no dia sétimo a obra que fizera, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito.
3 E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra que Deus criara e fizera.
4 Estas são as origens dos céus e da terra, quando foram criados; no dia em que o SENHOR Deus fez a terra e os céus,
5 E toda a planta do campo que ainda não estava na terra, e toda a erva do campo que ainda não brotava; porque ainda o SENHOR Deus não tinha feito chover sobre a terra, e não havia homem para lavrar a terra.
Na semana passada verificamos que mesmo que Moisés não foi seu autor, mas transformou o livro de Gênesis acessível a todos, e graças a esta iniciativa podemos encontrar tamanha informação que explica muitas cosas aos homens, vamos nesta lição continuar a estrutura deste maravilhoso livro dado por Deus a todos nós.
I- A DIVISÃO NATURAL DE GÊNESIS
a. As gerações dos céus e da terra ( Gênesis 2:4 - 4:26 ). Revela a criação tanto do homem, como da mulher, sua queda, e as consequências imediatas do pecado.
b. As gerações ou a história de Adão ( Gênesis 5:1 - 6:8 ). Registra duas sociedades paralelas, uma piedosa e temente a Deus, e como esta se corrompeu com a sociedade chamada caimitas, perversa, mas desenvolvida e dominante, e termina seu registro com Deus estabelecendo seu juízo.
c. As gerações ou a história de Noé ( Gênesis 6:9 - 9:29 ). O personagem principal é Noé, como sobreviveu ao dilúvio, e termina com uma maldição.
d. As gerações ou a história dos filhos de Noé ( Gênesis 10:1-11:9 ). Descreve as descendências de Sem, Cam e Jafé, a construção de Babel e a dispersão do homem por Deus confundindo por meio do idiomas, também termina sua sessão com uma intervenção divina.
e. As gerações ou história de Sem ( Gênesis 11:10-26 ). Descreve o filho de Noé que gerou o povo que surge o o principal personagem da história de Gênesis, Abraão.
f. As gerações ou história de Tera (Abraão) ( Gênesis 11:27-25:11 ). Relata a vida e a história do primeiro patriarca, Abraão.
g. As gerações ou a história de Ismael ( Gênesis 25:12-18 ). O segundo patriarca, o filho de Abraão que leva a promessa da constituição do povo escolhido.
h. As gerações ou a história de Isaque ( Gênesis 25:19-35:29 ). Este registro revela que Deus não abandonou este filho de Abraão, no decorrer das Escrituras, Deus ainda revelará o desejo de agregar esta descendência.
i. As gerações ou a história de Esaú ( Gênesis 36:1-43 ). O filho preferido do pai, mais não eleito por Deus para dar continuidade aos propósitos divinos.
j. As gerações ou a história de Jacó ( Gênesis 37:1-50:26 ). O filho preterido pelo seu pai, mas escolhido por Deus, registra a formação das doze tribos que estabelecerão a nação de Israel.
Essa reiterada expressão também serve com o estrutura do livro inteiro, mostrando que existe uma sequência contínua da criação até a linhagem de Adão, da linhagem de Adão até a linhagem de Noé, da linhagem de Noé até os três filhos de Noé, destes até Sem, e então até Terá, o pai de Abraão. Cerca de metade dessa estrutura literária aparece em Gênesis 1— 11, o que situa a narrativa desses primeiros capítulos no mesmo contexto histórico da outra metade, na mesma estrutura literária visível na narrativa patriarcal de Gênesis 12—50. [1]
II- OS PRINCÍPOS DE GENESIS
1. Gênesis é "O Grande Livro de ancestralidade humana."
2. Gênesis é "O Grande Livro da História dos Patriarcas". As vidas dos pais de Israel, Abraão, Isaque e Jacó são narrados por Gênesis.
3. Gênesis é "O Grande Livro que lança a Graça de Deus para com o homem."
4. Gênesis é "O Grande Livro que estabelece os pactos ou as aliança, Gênesis mostra relação muito especial de Deus com o homem, como Deus estabeleceu Seus primeiros quatro pactos com o homem em quatro momentos cruciais na história do homem.
Estas Alianças seriam:
a. A aliança edênica pelo qual Deus se encontrou com a maioria das necessidades básicas do homem ( Gênesis 2:15-17 ).
b. A aliança adâmica ou a aliança com Adão, pela qual Deus promete redenção (Gênesis 3:15 ).
c. A aliança de Noé ou a aliança com Noé, pela qual Deus preserva a raça humana (Gênesis 6:18 ; Gênesis 9:8-17 ).
d. A Aliança de Abraão ou a aliança com Abraão através do qual Deus começa uma nova raça (os judeus) para ser a linha escolhida do povo de Deus ( Gênesis 12:1-3 ).
É importante notar que os pactos com Adão e Noé podemos chama-los de universais; ou seja, eles cobrem a relação que existe entre Deus e toda a raça humana. Mas a aliança com Abraão é um pacto limitado; ou seja, abrange apenas a relação que existe entre Deus e Seu povo escolhido, neste caso a nação de Israel, que diligentemente deveria seguir e obedecer a Deus, mas acima de tudo crer nela. ( Gênesis 11:6 ).
5. Gênesis é "O Grande Livro que começa peregrinação de fé do homem."
  Adão, Abel, Enoque, Noé, a linhagem piedosa de Deus: eles demonstraram grande fé em Deus ( Gênesis 3:15;  3:21; 4:3 -4; 5:21-24; 6:9-10 ).
  Abraão, Isaque e Jacó eram homens de grande fé.
6. Gênesis é "O Grande livro que revela as principais promessas de Deus."
  Há a promessa de Deus para enviar a semente prometida , o Salvador do mundo, para esmagar o poder de que "a antiga serpente, chamada o diabo" (Gênesis 3:15; Ap 12:9;  20:2 ).
  Há a promessa de Deus para ver sempre que uma linhagem piedosa de pessoas existe para que Ele possa cumprir suas promessas e propósitos sobre a terra ( Gênesis 3:15 ; Gênesis 12:1-3 ).
  Há a promessa de Deus de dar a terra prometida de Canaã para Israel. Mas note: a terra prometida refere-se tanto uma herança física e um tipo da herança espiritual. A terra prometida é um símbolo de uma morada celestial que é a Nova Jerusalém, que Deus prometeu a todos os crentes genuínos que diligentemente o buscam ( Gênesis 12:1  Hebreus 11:08 - 10, 13-14, 16; Gênesis 11:29;  Romanos 4:13; Gal 3:16. ).
7. Gênesis é "O Grande Livro da semente prometida," o Salvador do mundo. A semente prometida é um dos grandes temas que corre ao longo de toda a Bíblia (Gênesis 3:15; Gal 3:6-7,16. ).
8. Gênesis é O Grande Livro de Teologia e Doutrinas bíblicas, ainda que não são desenvolvidos em Gênesis, mas praticamente toda a doutrina que é desenvolvido no Novo Testamento é retratado ou ilustrado em Gênesis.
A teologia de todo o livro de Gênesis concentra-se na bondade de Deus ao estender suas “bênçãos” do plano da promessa de maneira muito generosa, a partir da criação até a escolha da linhagem de Abraão como meio pelo qual Deus abençoaria as nações do mundo com sua dádiva das boas novas. A palavra dominante para o plano da promessa de Deus na teologia de Gênesis é bênção, que, tanto em sua forma verbal quanto nominal, aparece aproximadamente oitenta e oito vezes no livro.
A  palavra “bênção” de Deus expressa nas alianças edênica, noética e abraâmica. Foi ele quem prometera “abençoar” todos os seres criados, no princípio da narrativa pré-patriarcal (1.22,28), posteriormente em diversos pontos estratégicos no desenrolar da narrativa (5.2; 9.1), e na conclusão a essa primeira seção da Bíblia (12.1-3). Assim, o plano da promessa de Deus começou com o uso do tema de bênção ou “abençoar”. [2]
a. Os nomes ou imagens doutrinários de Deus como ...
• O Deus  (Elohim, Gênesis 1:1 ).
• O Deus da redenção e revelação, a aliança que Deus quem estabelece uma relação pessoal com o homem (Jeová ou Javé, Gênesis 2:4 ; Gênesis 2:7 ).
• Deus Altíssimo (El Elyon, Gênesis 14:18-20 ).
• Deus Todo-Poderoso (El Shaddai, Gênesis 17:1 ;. cp Êxodo 6:03 ).
• O Eterno Deus (El Olam, Gênesis 21:33 ).
• Deus de Ver (El Roi, Gênesis 16:13 ).
• Deus, o Deus de Israel (El-elohe-Israel, Gênesis 33:20 ).
• Deus de Betel (El-Betel, Gênesis 35:7 ).
• Deus de Abraão ( Gênesis 24:12 ; Gênesis 28:13 ; Gênesis 31:42 ; Êxodo 3:6 ).
• O medo de Isaque ( Gênesis 31:42 , 53 ).
• A Um forte ou Poderoso de Jacó ( Gênesis 49:24 ; Isaías 1:24 ; Salmo 132:2 ).
• O Senhor Deus de Sem ( Gênesis 9:26 ).
• O Senhor de todos (Adonay, Gênesis 18:27; Êxodo 23:17; Isaías 6:1; Isaías 10:16, 33).
b. Existem as imagens doutrinários de ...
• justificação (Gênesis 15:6; Romanos 4:3, 20-23). Estabelece a base que a justificação seria por meio da Fé, e não por obras.
• criação (Gênesis 1-2).
• redenção ( Gênesis 3:21 ). A redenção viria por Deus pois somente Ele é capaz de prover tal condição.
• salvação através da semente prometida, o Salvador do mundo ( Gênesis 3:15 ; Gênesis 12:3). Gerando esperança a toda humanidade.
• crentes, uma linhagem piedosa de pessoas que seguem a Deus ( Gênesis 4-50 ). Enquanto a redenção não se concretiza, Deus se relaciona como seus crentes fieis.
• misericórdia ( Gênesis 4:15 ; Gênesis 6:8 ; Gênesis 18:26 ; Gênesis 19:16 ).
• julgamento ( Gênesis 6:1-7 ; Gênesis 19:24 .  Gênesis 18:16-33 ).
• a terra prometida ( Gênesis 12:1-3; Gênesis 22:5 ; Gênesis 47:29 ,Gênesis 50:24. Hebreus 11:13-14 , 16 , 17-19; 11:19).
• oração ( Gênesis 18:23 ; Gênesis 25:21 ; Gênesis 32:24-32 ).
• lei humana ( Gênesis 9:4-6 ).

III- DEFINIÇÃO TEOLÓGICA DA CRIAÇÃO
Podemos definir a doutrina da criação nos seguintes apontamentos primeiro, o universo, ainda que distinto de Deus, deve a sua origem a um ato totalmente divino, e sendo assim depende totalmente deste Deus. Segundo, ao criar o universo Deus operou livremente, e não por necessidade ou compulsão, negando uma criação espontânea e independente. Terceiro, ao criar o universo Deus teria em vista um propósito moral e espiritual. Quarto, o propósito de Deus era a comunicação de sua própria vida e bem-aventurança aos seres criados. Seu desejo supremo foi o de fazer grandes espaços para a habitação de seres sensíveis e inteligentes; povoar esses espaços com semelhantes seres, e enchê-los com a vida e a santidade, a felicidade e paz de sua própria natureza. Seu objetivo foi o de produzir um reino no qual sua imagem fosse refletida, no qual aparecesse sua glória. Quinto, o fim assim definido foi um fim começado, levado adiante, e havia de se completar em Jesus Cristo (veja Cl 1.15-17; Ef 1.3-5; Rm 8.21).[3]



[1] Kaiser, Walter C., Jr. O plano da promessa de Deus : teologia bíblica do Antigo e Novo Testamentos; tradução Gordon Chown, A. G. Mendes . — São Paulo : Vida Nova, 2011.
[2] Kaiser, Walter C., Jr. O plano da promessa de Deus : teologia bíblica do Antigo e Novo Testamentos; tradução Gordon Chown, A. G. Mendes . — São Paulo : Vida Nova, 2011.
[3] Mullins, Edgar Young.A religião cristã : na sua expressão doutrinária; tradução Cláudio J.A. Rodrigues. São Paulo : Hagnos, 2005.
A IMPORTÂNCIA DO LIVRO DE GÊNESIS
TEXTO SALMOS 19.1-14
1 Salmo de Davi para o músico-mor. Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos.
2 Um dia faz declaração a outro dia, e uma noite mostra sabedoria a outra noite.
3 Não há linguagem nem fala onde não se ouça a sua voz.
4 A sua linha se estende por toda a terra, e as suas palavras até ao fim do mundo. Neles pôs uma tenda para o sol,
5 O qual é como um noivo que sai do seu tálamo, e se alegra como um herói, a correr o seu caminho.
6 A sua saída é desde uma extremidade dos céus, e o seu curso até à outra extremidade, e nada se esconde ao seu calor.
7 A lei do SENHOR é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho do SENHOR é fiel, e dá sabedoria aos símplices.
8 Os preceitos do SENHOR são retos e alegram o coração; o mandamento do SENHOR é puro, e ilumina os olhos.
9 O temor do SENHOR é limpo, e permanece eternamente; os juízos do SENHOR são verdadeiros e justos juntamente.
10 Mais desejáveis são do que o ouro, sim, do que muito ouro fino; e mais doces do que o mel e o licor dos favos.
11 Também por eles é admoestado o teu servo; e em os guardar há grande recompensa.
12 Quem pode entender os seus erros? Expurga-me tu dos que me são ocultos.
13 Também da soberba guarda o teu servo, para que se não assenhoreie de mim. Então serei sincero, e ficarei limpo de grande transgressão.
V14 Sejam agradáveis as palavras da minha boca e a meditação do meu coração perante a tua face, SENHOR, Rocha minha e Redentor meu!
TEXTO AUREO V1 ‘. Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos.’
INTRODUÇÃO:
Iniciamos este período de lição com um tema importante na construção bíblica, que são os três primeiros capítulos, pois neles encontramos todo o propósito de construção dos assuntos encontrados na Bíblia, e irá nos explicar todas as catástrofes que o homem tem praticada na história, em contra partida a ação divina para salvar e para punir a humanidade.
Nesta primeira parte trataremos da composição do livro de Gênesis.
I- O grande peso da evidência aponta para Moisés ser o autor do Gênesis. A prova pode ser resumida nos seguintes pontos.
1. Gênesis é o primeiro livro do Pentateuco (os cinco primeiros livros da Bíblia), e o Pentateuco é dito ser escrito por Moisés. Na verdade, o Pentateuco é às vezes chamado simplesmente de "Moisés" ( João 5:46 ;Lucas 24:27, 44 ).
2. Cada um dos cinco livros do Pentateuco diz que Moisés é o autor que, com exceção de Gênesis ( Êxodo 17:14 ; Êxodo 24:3-4 ; Êxodo 34:27 ; Levítico 01:01 ; Levítico 4:1; 6 : 1, 8, 19 , 24; 7:22 , 28 ; 8:1 ; Números 33:2 ; Dt 1:1; 17:18-19;  27:1-8. ; 28:58, 61 ; 29:19-20;  27; 30:10;  31:9-11, 24-26 ). Entendemos que Moises é o editor de Gênesis, pois ele a recebeu em forma de diversos documentos, que depois a organizou e estabeleceu como sendo um único livro.
3 O Antigo Testamento sempre se refere, sem exceção, a Moisés como o autor do Pentateuco ( Josué 1:7-8 ; 8:31-32 ; 1 Reis 2:3 ; 8:9 , 53 ; 2 Reis 10: 31 ; 2 Reis 14:6 ; Esdras 6:18 ; . Ne 13:01 ;Daniel 9:11-13 ; Malaquias 4:4 ).
4 O Novo Testamento sempre se refere a Moisés como o autor do Pentateuco, que inclui Genesis ( Mateus 08:04 ; 19:7-8 ; 23:02 ; Marcos 1:44 ; 7:10 ; 10:3 -4 ; 12:19, 26 ;Lucas 5:14 ; 16:29-31 ; 20:37 ; 24:27, 44 ; João 1:17 ; 3:14 ; 5:45-46;  6:32 ; 7:19, 22-23; Atos 3:22; 13:39; 15:1, 5, 21; 26:22; 28:23; Romanos 10:5, 19; 1Co. 9:9 ; 2 Coríntios 3:15 ). O peso da evidência bíblica é que Moisés é o autor de todo o Pentateuco, incluindo Gênesis.
5. Talmud, os primeiros escritos dos judeus, diz que Moisés foi o autor do Gênesis.
6. Moisés era uma testemunha ocular, um participante real nos eventos de Êxodo a Deuteronômio. Por exemplo, observe a sua observação de doze fontes de água e setenta palmeiras ( Êxodo 15:27 ).
7. Moisés estava bem familiarizado com o Egito. O autor do Gênesis está familiarizado com nomes egípcios, e Gênesis, na verdade tem um número maior de palavras egípcias do que qualquer outro livro do Antigo Testamento.
8. A ordenança da circuncisão é dito ser parte da lei de Moisés (João 7:23), e circuncisão foi instituída em Gênesis 17:12 , bem como em Êxodo 12:48 e em Levítico 12:03 .
9 Gênesis e Êxodo formam um todo; isto é, Êxodo é incompleto sem Gênesis. É Genesis que explica questões como ...
• como Israel entrou no Egito.
• como Israel foi libertado da escravidão do Egito e foi formado como uma nação.
• como Israel tornou-se tão envolvido com as promessas e relação de aliança com Deus.
• por que o Êxodo de Israel e a viagem para a terra de Canaã eram tão importantes.
II- FINALIDADE: Três propósitos podem ser adquiridos a partir de Gênesis, um propósito histórico, doutrinal, e cristológico.
1 O objetivo Histórico: para encorajar e fortalecer Israel em sua fé e confiança em Deus. Lembre-se, para cerca de 430 anos, os filhos de Israel permaneceu no Egito, e neste últimos anos sofreu a terrível escravidão no Egito, e agora durante o tempo em que o Gênesis foi composto, estavam sofrendo com as provações e tentações da peregrinação no deserto. A única coisa que as pessoas precisavam acima de tudo estava a ser encorajados e fortalecidos na sua fé em Deus. Historicamente, Gênesis foi escrito para ensinar Israel cinco lições fortes.
a. Para ensinar a Israel que havia apenas um Deus vivo e verdadeiro, um Deus que criou e determinou todas as coisas ( Gênesis 1-11 ).
b. Para ensinar a Israel as suas raízes, que eles realmente tinha sido escolhido pelo próprio Deus através de Abraão, designado para ser a linha escolhida do povo de Deus.
c. Para ensinar a Israel que a semente prometida , o Salvador, deveria ser enviado ao mundo através deles. Eles eram a linha escolhida por meio de quem Deus iria salvar o mundo. Salvação, a semente prometida, estava para vir através de Israel.
d. Para ensinar a Israel que eles estavam para receber a terra prometida , a terra de Canaã, e que Deus seria fiel à Sua Palavra e dar-lhes a terra prometida .
e. Para ensinar a Israel que eles devem acreditar e seguir a Deus ...
• em conquistar e superar as provações e os inimigos da vida.
• na busca após a terra prometida, continuar a servir a Deus, para que as demais nações pudessem também se converter.
2 O propósito doutrinário ou espiritual: ensinar todas as pessoas em todos os lugares...
a. Para ensinar que Deus é o Criador Soberano: Ele é o Senhor a majestade do universo, a inteligência suprema e força de toda a criação, visível e invisível ( Gênesis 1-2 ).
b. Para ensinar que Deus criou o homem e a mulher: Ele os criou para derramar Sua graça sobre eles e para garantir a sua comunhão pessoal e serviço, agora e para sempre (Gênesis 1:26 - 2:25).
c. Para ensinar a origem do pecado e da morte: por que essas duas coisas horríveis existem e infectam as vidas de pessoas tão profundamente ( Gênesis 3 ).
d. Para ensinar a misericórdia e a graça de Deus: que Deus tem misericórdia do homem e derramará Sua graça sobre ele, se o homem se arrepender e voltar para Deus.
e. Para ensinar a fidelidade de Deus e da Sua Palavra: a de que o que Deus diz e prometeu serão cumpridas, não importa o que ele tem que fazer para superar as terríveis falhas dos homens.
3 A finalidade cristológico ou centrada em Cristo: ensinar que a semente prometida apontou para Jesus Cristo como o Salvador do mundo, que Jesus Cristo é a semente prometida que veio da linhagem piedosa de ... a mulher ( Gênesis 3:15 )
• Sete ( Gênesis 4:25 )
• Sem ( Gênesis 9:27 ; Gênesis 11:10-26 )
• Abraão ( Gênesis 12:03 ;. cp Romanos 9:7-9 )
• Isaque ( Gênesis 21:12 )
• Jacó ( Gênesis 25:23 ;. cp Romanos 9:10-12 )
• Judá ( Gênesis 49:10 )
III-  É um registro de vários grandes começos.
a. O início do universo, tanto do céu e da terra ( Gênesis 1:01-11:31 ).
b. O começo do homem e da mulher ( Gênesis 1:26-31 ; Gênesis 2:4-25 ).
c. O início da aliança de Deus com o homem ( Gênesis 2:15-17 ).
d. O começo do pecado ( Gênesis 3:1-13 ; Gênesis 4:8-15 ).
e. O início da salvação, da libertação do homem do pecado e da morte através prometido de Deus semente, o Salvador do mundo ( Gênesis 3:14-21 ).
f. O início da família ( Gênesis 4:1-15 ).
g. O início da civilização e da sociedade ( Gênesis 4:16 - 9:29 ).
h. O início das nações e raças ( Gênesis 10-11 ).
i. O início de Israel, o povo escolhido de Deus ( Gênesis 12-50 ).

j. O início da esperança para a terra prometida (Canaã, um símbolo do céu) (Gênesis 12-50).

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

A DOUTRINA DO PECADO

Há algo errado no homem e com o homem. Testemunhamos o ser humano realizando os mais sublimes heroísmos e os mais horrendos atos. Ele tem capacidade de conceber as coisas mais puras e belas e, ao mesmo tempo, praticar as ações mais sórdidas. E como uma máquina que, tendo sido construída para trabalhar com perfeição, foi danificada a tal ponto que todo o seu funcionamento ficou comprometido.
Desde cedo, o homem pode perceber sua dicotomia entre discurso e prática, entre o que deseja e o que faz. As vezes, até tem plena consciência de onde quer chegar, mas erra o alvo de forma escandalosa. Os melhores homens já foram flagrados nos mais grosseiros erros. E isto tudo em escala universal, independente de raça, cor, posição social, cultura ou formação. A história humana é a história da degradação humana. Muitas vezes, tem sido questionado se o homem é realmente um ser racional. Este abismo entre o que se espera dele e o que efetivamente se tem, é causa de grande espanto.[1]
E justamente nesta grande incógnita que entra a revelação da Palavra de Deus. E ela quem vai explicar a origem, a extensão e as consequências da degradação humana. Ela nos possibilita entender porque o homem é assim, porque não deve continuar assim e o que Deus fez para reverter essa situ- ação. As filosofias humanas apenas detectam o fato. Somente a revelação divina é capaz, de fato, de esclarecer o problema.
A existência do pecado, de uma forma ou de outra, sempre perturbou a vida humana. Os homens têm que conviver com esta deficiência, têm que se amoldar a ela, criar inúmeros dispositivos para inibir seus efeitos. Anseia por uma solução definitiva que possa resolver a questão de uma vez por todas. E uma guerra sem tréguas, para a qual não existe descanso.
Na maioria das vezes, porém, o homem se rende a esta força e se torna seu refém. Torna-se um prisioneiro de seus próprios vícios. Sua vida toma uma proporção tal que o escraviza e o obriga a atitudes que ele mesmo não entende. Esses vícios são de várias espécies que, quando alguém escapa de algum tipo de corrupção, sempre acaba caindo em outra. De modo que, mesmo sendo virtuoso em determinada área, é, às vezes, completamente depravado em outras.

DEFINIÇÃO DE TERMOS
Os termos bíblicos para designar o pecado são variados. No hebraico os mais comuns são hata't (em diversas formas da mesma raiz), 'awon, pesha', ra', e no grego temos hamartia, hamartema, parabasis, paraptoma, poner/a, anomia e adikia. Existem distinções expressas através desses termos; refletem eles os diferentes aspectos mediante os quais o pecado pode ser contemplado. O pecado é fracasso, é erro, é iniquidade, é transgressão, é contravenção, é falta de lei, é injustiça. É um mal insolúvel. Porém, a definição do pecado não pode ser derivada simplesmente dos termos bíblicos para denotá-lo. A característica mais notável do pecado, em todos os seus aspectos, é que é orientado contra Deus. [2]
Segundo Agostinho, o pecado não deve ser considerado em termos positivos, mas negativos, como privação do bem. Ele define a essência do pecado como concupiscência (concupiscentia), palavra usada para traduzir o sentido bíblico de desejo carnal, mas entendida por Agostinho como amor-próprio pervertido, oposto do amor a Deus.
Calvino contesta Agostinho, argumentando que o pecado não deveria ser meramente concebido como privação do bem, mas, sim, corrupção total do ser humano.
À primeira vista, a definição que Barth dá de pecado, como uma “insignificância” , uma “possibilidade impossível” , pode parecer semelhante à ideia de Agostinho, de privação do bem. Mas Barth não está falando meramente de “privação”. “Insignificância”, no caso, não tem o sentido ou o significado de “nada”; é aquela contradição da vontade positiva de Deus e quebra de seu pacto, que somente pode existir sob a contradição que é o seu julgamento. Assim, o pecado é o orgulho humano, a contradição da humilhação que Deus faz de si mesmo em Cristo. Neste caso defendemos o posicionamento reformado que pecado é desobediência ao mandamento divino, rebelião contra Deus.
A teologia da libertação entende que o pecado é a opressão de um grupo da sociedade por outro. Os teólogos da libertação frequentemente combinam as teorias econômicas de Karl Marx (que falam da luta entre as classes, em que o proletariado acabará vencendo a burguesia) com temas bíblicos (tais como a vitória de Israel contra a escravidão) e também identificam os oprimidos pelo emprego de termos econômicos, raciais, de distinção entre os sexos e outros. O pecado é eliminado pela remoção das condições sociais que provocam a opressão. Os extremistas propõem a derrubada violenta dos opressores irredimíveis, ao passo que os moderados enfatizam a mudança através da ação social e da educação
Tanto Lutero como Calvino entendiam o pecado original não como uma compulsão externa, mas como uma necessidade interna, enraizada na perversão da própria natureza humana. A cruz de Cristo e a condenação do pecado humano que ela representa revelam a objetividade e a depravação total do nosso estado pecaminoso, tal como justamente revelam a total incompetência da redução existencialista do nosso pecado em termos de “existência inautêntica”, ansiedade ou desespero.[3]
O AT não ensina apenas que o pecado é um ato contra Deus (Núm 27,14; 2Rs 17,9 etc.), mas também o apresenta até certo ponto como malum, ipsíus Dei, como ofensa pessoal de Deus.[4]
Termos hebraicos e gregos da Bíblia para pecado:
No Antigo Testamento. Encontramos no Antigo Testamento pelo menos oito palavras básicas que conceituam o pecado; no Novo Testamento, temos, pelo menos, doze outras que descrevem as várias formas de manifestações negativas relacionadas com o termo “pecado”. No étimo das palavras mencionadas no Antigo Testamento descobrimos a abrangência do pecado em suas manifestações.
1) Hatta’t. Este vocábulo, que aparece 522 vezes nas páginas veterotestamentárias, e seu termo correlato no Novo Testamento — hamartia — sugerem a ideia de “errar o alvo” ou “desviar-se do rumo”, como o arqueiro antigo que atirava as suas flechas e errava o alvo. Porém, o termo também sugere alguém que erra o alvo propositadamente; ou seja, que atinge outro alvo intencionalmente.
Não se trata de uma idéia passiva de erro, mas implica uma ação proposital. Significa que cada ser humano tem da parte de Deus um alvo definido diante de si para alcançá-lo. O termo em apreço denota tanto a disposição de pecar como o ato resultante dela. Em síntese, o homem não foi criado para o pecado; se pecou, foi por seu livre-arbítrio, sua livre escolha (Lv 16.21; SI I.I; 51.4; 103.10; Is 1. 18; Dn 9.16; Os 12.8).
2) Pesha. O sentido tradicional dessa palavra é “transgredir”, “rebelar”, “revoltar-se”. Porém, uma variante forte para defini-la implica o ato de invadir, de ir além, de rebelar-se. O termo aponta para alguém que foi além dos limites estabelecidos (Gn 31. 36; I Rs 12.19; 2 Rs 3.5; SI 51.13; 89.32; Is 1.2; Am 4.4).
3) Raa. Outra palavra hebraica que tem seu equivalente no grego — como kakos ou poneros — e traz a ideia básica de romper, quebrar; “aquilo que causa dano, dor ou tristeza”. E um tipo de pecado deliberado, malicioso, planejado, que provoca e enfurece. Dá a ideia de “ser mau” (Gn 8.21; Ex 33.4; Jr II.II; Mq 2.1-3). Indica também algo injurioso e moralmente errado. São os pecados expressos por violência (Gn 3.5; 38.7; Jz 11.27).
O profeta Isaías profetizou que Deus criou a luz e as trevas, a paz e o raa (Is 4.57). É o mal em forma de calamidade, ruína, miséria, aflição, infortúnio. Deus não tem culpa do mal existente, porque, na verdade, a responsabilidade pelos pecados cometidos recai, à luz da Bíblia, sobre a criatura rebelde, transgressora e incriminada, e não sobre o Criador.
4) Rama quer dizer “enganar”; dá a ideia de prender numa armadilha, num laço. Implica, portanto, um tipo de pecado em forma de cilada para outrem cair. É uma forma de enganar e agir traiçoeiramente (SI 32.2; 34.13; 55.11; Jó 13.7; Is 53.9).
5) Pata. E um termo que dá o entendimento de seduzir. O sentido literal da palavra é “ser aberto” ou “abrir espaço” para o pecado ter livre curso. No Éden, Adão e Eva se deixaram seduzir pelo engano do pecado e pelo pai do pecado (Satanás), personificado numa serpente (Gn 3.4-7).
6) Sbagag. O sentido aqui é “errar” ou “extraviar-se”, como uma ovelha ou um bêbado (Is 28.7). E um tipo de erro pelo qual o transgressor torna-se responsável, ante a lei divina que condena o seu erro — pecado (Lv 4.2; Nm 15.22).
7) Rasba. Esta palavra aparece especialmente nos Salmos, com a intenção de impiedade ou perversidade. O sentido metafórico é o pecado em oposição à justiça (Êx 2.13; SI 9; SI 16; Pv 15.9; Ez 18.23).
8) Ta a. Este vocábulo se refere ao ato de extravio deliberado. Não se trata de algo acidental, e sim algo que uma pessoa comete sem perceber o fruto negativo gerado pelos seus atos pecaminosos (Nm 15.22; SI 58.3; 119.21; Is 53.6; Ez 44.10,15).
Existem outras variantes do termo que ensinam sobre o pecado no Antigo Testamento, mas nos detivemos apenas em oito deles que ilustram a diversidade e a perversidade do pecado em suas várias manifestações.
No Novo Testamento. No grego, a palavra “pecado” também tem vários sen- tidos, e alguns são correlatos com os termos hebraicos. Todos esses vocábulos do grego bíblico descrevem o pecado em seus vários aspectos. Apresentaremos uma lista menos extensa, mas igualmente proveitosa para definir o incisivas das palavras mais incisivas e usadas com mais frequência no Novo Testamento acerca do pecado.
1) Hamartia. Já citada em correlação com katta’a (hb.), seu sentido é “errar o alvo”, “perder o rumo”, “fracassar”. Indica que o primeiro homem, no princípio, perdeu o rumo de sua vida e fracassou em não atingir o padrão divino estabelecido para a sua vida. No Novo Testamento, os escritores usaram o termo hamartia para designar o pecado.
Ainda que o sentido equivalente no Antigo Testamento seja o de “errar o alvo”, nas páginas neotestamentárias a palavra em apreço tem uma abrangência bem maior — possui um sentido mais forte que a idéia de fracasso ou transgressão. Ela tem o sentido de “poder de engano do pecado” (Rm 5.12; Hb 3.13); é mais que um fracasso. Trata-se de uma condição responsável ou uma característica que implica culpabilidade.
2) Kakía. No grego, relaciona-se com perversidade ou depravação, como algo oposto à virtude. E um termo que descreve o caráter e a disposição interiores, e não apenas os atos exteriores. Dele deriva-se outra palavra, kakos, cujo sentido transcende a mal-estar físico ou doenças (Mc 1.32; Mt 21.41; 24.48; At 9.13; Rm 12.17; 13,3,4,10; 16.19; I Tm 6.10).
3) Adikía. Denota injustiça, falta de integridade; como alguém que abandona o caminho original. Em sentido amplo, esse termo refere-se a qualquer conduta errada e significa, ainda, “agravo”, “ofensa feita a alguém” (2 Co 12.13; Hb 8.12; Rm 1.18; 9.14). O texto de Romanos I.I8 descreve a injustiça como inimizade para com a verdade. Em I João 5.17, o apóstolo João afirma que toda iniqüidade (gr. adikia) é pecado (gr. hamartia').
4) Anomia ou anomos. Denotam ilegalidade; tais palavras são traduzidas frequentemente como “iniqüidade” ou “transgressão”. Porém, o sentido literal de literal de anomia é “sem lei”. Quem transgride a lei de Deus pratica a iniquidade (Mt 13.41; 24.12; I Tm 1.9). O Anticristo é anomos— “o iníquo” (2Ts 2.8).
5) Apistia. Deriva de pistis — “crer”, “confiar” — e significa “infidelidade”, “falta de fé” ou algum tipo de resistência ou vergonha (Hb 3.12; I Tm I.I3). Em I Timóteo I.13 está escrito: “... alcancei misericórdia, porque o fiz ignorantemente, na incredulidade [gr. apistia]”.
6) Aseheia. Usado por Paulo nas epístolas com o sentido de impiedade (Rm 1. 18; 11.26; 2 Tm 2.16; Tt 2.12; Jd vv.I5,I8). Portanto, a impiedade ou a irreverência são a base da aseheia.
7) Aselgeia. Denota relaxamento, licenciosidade ou mesmo sensualidade. Em Judas v.4 encontramos dois termos que explicam essas palavras: “... homens ímpios [aseheis] que convertem em dissolução [aselgeian, libertinagem’] a graça de Deus”. Esse termo descreve, pois, uma entrega sem restrições à prática do pecado. Os especialistas o descrevem como algo maldito que domina uma pessoa e a torna impudica de tal modo que perde totalmente o senso de vergonha e, por isso, faz qualquer coisa degradante sem ocultar seu pecado.
O termo em análise significa, por conseguinte, “a pura e auto-satisfação sem o menor pudor”, haja vista o desejo pelos prazeres tornar a sua vítima despudorada, sem restrições. As chamadas taras sexuais, a embriaguez e outras manifestações são típicas de aselgeia. Sem dúvidas, trata-se de uma das palavras mais repulsivas do Novo Testamento (Mt 7.22; 2 Co 12.21; G1 5.19; Ef 4.19; I Pe 4.3; Jd v.4; Rm 13.13; 2 Pe 2.2,7,18). A versão ARC traduz o termo por “libertinagem”, enquanto a ARA prefere “dissolução”.
8) Epithymia. Significa “desejo”. Porém, é o contexto da palavra encontrada no Novo Testamento que pode indicar o caráter moral do desejo, se é bom ou mau. Coisas, como: motivo, intenção, direção e relação, revelarão o caráter moral de epithymia (Mc 4.19; Lc 22.15; Fp 1.23; I Ts 2.17). De modo geral, o vocábulo quase sempre se identifica com algo negativo e pecaminoso. Daí o significado poderá indicar “desejo incontinente”, normalmente traduzido como “concupiscência”, “paixão impura” (G1 5.24; Cl 3.5; I Ts 4.5;Tg 1.14; 2 Pe 2.10).
9) Parahasis. Aparece nas páginas neotestamentárias umas oito vezes. O significado primário do termo é “transgressão”, que dá a idéia de alguém que não respeita as leis, passando dos limites estabelecidos. Emprega-se esse vocábulo com o sentido de “desvio”, “violação” e “transgressão”. No texto de Romanos 5.14, Paulo faz uma relação entre hamartia e parahasis, ao afirmar: “No entanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, até sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão”.
O apóstolo Paulo não está dizendo que os que pecaram desde Adão até Moisés estão livres de culpa, e sim que aquelas gerações, não tendo a lei de Moisés, seu pecado era tão real quanto ao dos que tinham a lei. Em I Timóteo 2.14 está escrito que Eva caiu em transgressão (parahasis), ao ser enganada, porque ela foi rebelde contra a ordem divina. Não se tratava de reduzir a culpa de Eva, e sim reconhecer que ela podia ter evitado o pecado de desobediência.
10) Paraptoma. Deriva de parapipto e significa “decair ao lado de”, “perder o caminho”, “fracassar”. De modo geral, significa “lapso moral” ou “uma ofensa pela qual a pessoa é responsável”.1 Vários textos exemplificam o termo paraptoma (Mt 6.14; Rm 5.15-20; 2 Co 5.19; G1 6.19; Ef 2.1; Tg 5.16).
11) Planao. Tem um sentido subjetivo de pecado porque se refere àquele que se desgarra culposamente. A palavra “desgarrar” relaciona-se com a ovelha que foge do aprisco (I Pe 2.25); também significa levar, por meio do engano, outras pessoas ao mau caminho (Mt 24.5,6; I Jo 1.8).[5]

SUAS CONSEQUÊNCIAS
O pecado de Adão e Eva não foi um acontecimento isolado. As consequências no tocante a eles, à posteridade e ao mundo, tomam-se imediatamente evidentes.
a) A atitude do homem para com Deus A atitude alterada para com Deus, por parte
de Adão e Eva, deixa transparecer a revolução que então tivera lugar em suas mentes. Eles "esconderam-se da presença do Senhor Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim" (Gn 3.8), e procuraram encobrir-se com aventais de folhas (Gn 3.7), o que sem dúvida foi associado com o mesmo complexo de emoções. Criados para andar na presença e em comunhão com Deus, agora temiam encon-trar-se com ele (cf. Jo 3.20). A vergonha e o medo eram agora as emoções dominantes (cf. Gn 2.25; 3.7,10), indicando a deterioração que se processara.
b) A atitude de Deus para com o homem Não apenas houve alteração na atitude de
nossos primeiros pais para com Deus, mas também na atitude de Deus para com eles. Reprovação, condenação, maldição, expulsão do jardim são todas elas indicações sobre essa revolução da atitude de Deus para com eles. O pecado só vem do lado do homem, mas as suas consequências não. Voltam-se contra Adão e Eva aspectos do caráter divino dos quais não tinha havido qualquer indicação anterior à desobediência dos mesmos. O pecado faz surgir a ira e o desprazer de Deus, e é necessariamente assim, pois o pecado é a contradição daquilo que ele é. É impossível para Deus ser complacente para com o pecado. Deus não pode negar a si próprio.
c) As consequências para a raça humana A história subsequente do homem fornece e
catálogo de seus vícios (Gn 4.8,19,23,24; 6.2,3,5). A sequência de abundante iniquidade demonstra seus resultados na destruição da humanidade, com a exceção de oito pessoas (Gn 6.7,13; 7.21-24). A queda tivera efeitos permanentes não somente sobre Adão e Evt mas igualmente para todos os seus descendentes; há uma solidariedade racial no pecado e na iniquidade.
d) As consequências para a criação
Os efeitos da queda se estenderam até ao cosmos físico. "... maldita é a terra por tua causa..." (Gn 3.17; cf. Rm 8.20). O homem é a coroa da criação, feito à imagem de Deus e, por conseguinte, vice-regente de Deus (Gn 1.26). A catástrofe da queda do homem trouxe a catastrófica maldição contra tudo aquilo de que ele era a coma, e sobre o que lhe fora dado domínio. O pecado foi um acontecimento na dimensão do espírito humano, mas teve tremendas repercussões sobre a criação inteira.
e) O aparecimento da morte
A morte é a epítome da penalidade imposta ao pecado. Essa era a advertência ligada à proibição do Éden (Gn 2.17), e é a sua execução que emana da maldição proferida por Deus (Gn 3.19). A morte, no fenómeno dos acontecimentos externos, consiste na separação dos elementos integrais do ser do homem. Essa dissolução exemplifica o princípio da morte, a saber, a separação, e chega à sua expressão mais extrema na separação entre o homem e Deus, o que é ilustrado já no início pelo fato do homem haver sido expulso do jardim (Gn 3.23,24), pois o Éden servia de símbolo da presença e do favor de Deus.

A Natureza Pecaminosa
Conforme observamos em Rm 5.12-19, todo ser humano nasce com uma natureza pecaminosa. Isso significa que toda a humanidade naturalmente está inclinada a cometer pecados. Lucas ilustra isso da seguinte maneira:
43 "Nenhuma árvore boa dá fruto ruim, nenhuma árvore ruim dá fruto bom. 44 Toda árvore é reconhecida por seus frutos. Ninguém colhe figos de espinheiros, nem uvas de ervas daninhas. 45 O homem bom tira coisas boas do bom tesouro que está em seu coração, e o homem mau tira coisas más do mal que está em seu coração, porque a sua boca fala do que está cheio o coração". (Lc 6.43-45 – NVI).
Ou seja, o fruto é uma extensão da natureza da árvore. Assim como uma mangueira produz manga, ou uma goiabeira produz goiaba, a natureza humana naturalmente produz pecado. Assim, não nos tornamos pecadores porque pecamos, antes, pecamos porque somos pecadores. Por isso não precisamos fazer nenhum esforço para pecar, pois isso é feito naturalmente pelos seres humanos. O coração humano é essencialmente corrupto (Jr 17.9; cf. Gn 6.5). Paulo descreve sua própria natureza da seguinte maneira:
Sei que nada de bom habita em mim, isto é, em minha carne. Porque tenho o desejo de fazer o que é bom, mas não consigo realizá-lo. Pois o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que não quero fazer, esse eu continuo fazendo. Ora, se faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, mas o pecado que habita em mim. (Rm 7.18-20 – NVI; cf. Rm 1.18 – 3.20; 2Co 4.4; Ef 4.18,19; 2Tm 3.2-5; Tt 1.15).
De fato, “todas as esferas da humanidade estão contaminadas pelo pecado, o que os teólogos evangélicos têm chamado de depravação total.”[6] O corpo está corrompido pelo pecado (Rm 6.6,12; 7.24; 8.10,13); a razão está corrompida pelo pecado (Rm 1.21; 2Co 3.14,15; 4.4; Tt 1.15); a consciência está corrompida pelo pecado (Tt 1.15); as emoções estão corrompidas pelo pecado (Rm 1.26,27; Gl 5.24; 2Tm 3.2-4); a vontade está corrompida pelo pecado (Rm 6.17; 2Tm 2.25,26).
Assim, a Bíblia diz que aqueles que estão separados de Cristo estão espiritualmente mortos, vivem de acordo com os desígnios do diabo, do mundo e dos seus próprios desejos e pensamentos (Ef 2.1-3). Portanto, todos nós somos bons, desde que nossos desejos pessoais não sejam feridos e ameaçados. “Às vezes, a condição pecaminosa está coberta por um refinado verniz de encanto e bondade. No entanto, como a doutrina da depravação total ensina, por baixo verniz encontra-se um coração que não esta verdadeiramente voltado para Deus.”[7]

O PECADO ORIGINAL: UMA ANÁLISE TEOLÓGICA
Muitas tentativas foram feitas para construir um modelo ou teoria teológica que encaixassem esses parâmetros complexos. Algumas das teorias mais relevantes são consideradas aqui.
Conceitos judaicos. Três correntes principais são identificadas no judaísmo. A teoria predominante é a das duas naturezas: a boa - yetser tov - e a má - yetser ra' (cf. Gn 6.5; 8.21). Os rabinos debatiam sobre a idade em que esses impulsos se manifestam, e se o impulso mau é realmente iniquidade ou apenas instinto natural. Seja como for, os maus são controlados pelo impulso mau, ao passo que os bons o controlam. A segunda teoria diz respeito aos "vigilantes" (Gn 6.1-4), anjos cujo dever era fiscalizar a humanidade, mas que acabaram pecando com as mulheres. Finalmente, há conceitos de pecado original que antecipam o Cristianismo. Mais dramaticamente, o Midrash explica, por analogia, a morte do justo Moisés. Uma criança pergunta ao rei por que ela está na prisão. O soberano responde que é por causa do pecado da mãe dela. Semelhantemente, Moisés morreu por causa do primeiro homem que trouxe a morte ao mundo. Resumindo, o pecado original não é uma inovação paulina. Pelo contrario, Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, desenvolveu-o de conformidade com a revelação progressiva.
O agnosticismo. Há os que sustentam não haver evidências bíblicas suficientes para uma teoria detalhada do pecado original. Qualquer assertiva quanto à pecaminosidade que vá além de uma conexão entre Adão e a raça humana é considerada especulação filosófica. Embora esteja correto que a doutrina não deve basear-se em especulações extra-bíblicas, é válida a dedução das Escrituras.
O pelagianismo. O pelagianismo enfatiza fortemente a responsabilidade pessoal na oposição à frouxidão moral. Pelágio (c. de 361 - c. de 420 d.C.) ensinava que a justiça de Deus não permitiria a transferência do pecado de Adão a outras pessoas e que, portanto, todas as pessoas nascem sem pecado e com total livre-arbítrio. O pecado é disseminado exclusivamente pelo mau exemplo. Por isso há uma possibilidade real de vidas sem pecado, e elas se acham dentro e fora da Bíblia. Tudo isso, porém, é antibíblico, além de anular as conexões que a Bíblia faz entre Adão e a humanidade. A morte de Cristo é reduzida tão-somente a bom exemplo. A salvação fica sendo meramente boas obras. A vida nova em Cristo não passa da antiga disciplina. Embora o pelagianismo tenha razão quando enfatiza a responsabilidade pessoal, a santidade e o fato de que alguns pecados são aprendidos, o movimento tem sido apropriadamente condenado como heresia.
O semipelagianismo. O semipelagianismo sustenta que, embora a humanidade tenha se enfraquecido com a natureza de Adão, sobrou livre-arbítrio suficiente para a iniciativa de ter fé em Deus, e então Ele corresponderá. A natureza enfraquecida é transmitida naturalmente a partir de Adão. Porém, como se sustenta a justiça de Deus após permitir que pessoas inocentes recebam uma natureza maculada e como é salvaguardada a natureza impecável de Cristo, ainda não foi bem explicado. Mais importante, em algumas formulações o semipelagianismo ensina que, embora a natureza humana esteja tão enfraquecida pela Queda, a ponto de ser inevitável que as pessoas pequem, a bondade inerente que possuem é suficiente para iniciar a verdadeira fé.
A transmissão natural ou genética. Essa teoria sustenta que a transmissão da natureza corrupta baseia-se na lei da herança. Toma por certo que as características espirituais são transmitidas da mesma forma que as naturais. Tais teorias mencionam usualmente a transmissão da natureza corrompida, mas não a da culpa. Mesmo assim, não parece haver base adequada para Deus infligir numa alma virtuosa uma natureza corrupta. Nem está claro como Cristo pode ter uma natureza plenamente humana e ao mesmo tempo livre do pecado.
A imputação mediada. A imputação mediada entende que Deus imputou culpa aos descendentes de Adão por meios indiretos, ou mediados. O pecado de Adão o fez culpado e, como castigo, Deus corrompeu-lhe a natureza. E, como ninguém da sua posteridade tomou parte na sua ação, nenhum de seus descendentes é culpado. Mesmo assim, recebem a sua natureza como consequência natural de serem descendentes dele (não como julgamento). Porém, antes de cometerem qualquer pecado real ou pessoal (que a sua natureza necessita), Deus os julga culpados de possuir aquela natureza corrompida. Infelizmente, essa tentativa de proteger Deus da inflição injusta da "culpa exclusiva" de Adão à humanidade resulta em acusar Deus de uma injustiça ainda maior - permitir que a corrupção, causadora do pecado, enfraqueça pessoas destituídas de culpa e depois julgá-las culpadas dessa mesma corrupção.
O realismo. O realismo e o federalismo (ver abaixo) são as teorias mais importantes. O realismo sustenta que o "tecido da alma" de todas as pessoas estava real e pessoalmente em Adão ("seminalmente presente", segundo o conceito traduciano da origem da alma), participando de fato do seu pecado. Cada pessoa é culpada porque, na realidade, cada uma pecou. A natureza da pessoa passa então a ser corrompida por Deus, como julgamento contra aquele pecado. Não há transmissão de pecado, mas a participação total da raça naquele primeiro pecado. Agostinho (354-430) aperfeiçoou a teoria, dizendo que a corrupção era transmitida mediante o ato sexual. Assim, conseguia manter Cristo livre do pecado original, porque Ele nasceu de uma virgem. W. G. T. Shedd (1820—94) acrescenta um argumento mais sofisticado: por baixo da vontade das escolhas de todos os dias há a vontade profunda, a "vontade propriamente dita", que determina a direção que a pessoa segue em última análise. Foi essa vontade profunda que realmente pecou em Adão.
O realismo tem pontos fortes. Não apresenta o problema da culpa de terceiros, a solidariedade de Adão e da raça no pecado daquele é levada a sério e parece bem explicada a expressão "todos pecaram", de Romanos 5.12.
Apresenta, no entanto, alguns problemas. O realismo possui todas as fraquezas do traducianismo extremo. O tipo de presença pessoal necessária em Adão e Eva distorce até mesmo Hebreus 7.9,10 (cf. Gn 46.26), a passagem clássica traducianista. A expressão "para assim dizer" (Hb 7.9), em grego, sugere seja entendido figuradamente o que se segue. Ideias como a de uma "vontade profunda" tendem a exigir e pressupor um conceito determinista, calvinista, da salvação. O realismo por si só não pode explicar por que ou em que base Deus amaldiçoa a terra.
Portanto, torna-se necessário algo como a aliança. Para a humanidade de Jesus ser isenta de pecado, Ele deve ter cometido o primeiro pecado em Adão, sendo posteriormente purificado; ou Ele não estava mesmo presente em Adão; ou Ele estava presente mas não pecou, e seus antepassados humanos diretos permaneceram sem pecado em suas gerações. Cada uma dessas opiniões apresenta dificuldades (uma alternativa é sugerida adiante). A ideia de que todos pecaram pessoalmente parece contradizer o conceito de que o pecado de um só homem fez de todos pecadores (Rm 5.12,15-19). Posto que todos pecaram em Adão, com Adão e como Adão, sugere terem pecado segundo o padrão do primeiro homem, o que contraria 5.14.
O federalismo. A teoria federal da transmissão sustenta que a corrupção e a culpa se estendem a toda a humanidade porque Adão era a cabeça da raça num sentido representativo, governamental ou federal quando pecou. Toda pessoa está sujeita à aliança entre Adão e Deus (a aliança adâmica - ou aliança das obras - por contraste à aliança da graça). Faz-se uma analogia com uma nação que declara guerra. Seus cidadãos sofrem, quer concordem com ela ou a condenem e mesmo sem terem participado da decisão. Os descendentes de Adão não estão pessoalmente culpados até realmente pecarem, mas vivem um estado de culpa e são passíveis do inferno por ter-lhes sido imputado - de conformidade com a aliança - o pecado de Adão. Por causa desse estado, Deus os castiga com a corrupção. Muitos federalistas, portanto, distinguem entre o pecado herdado (a corrupção) e o imputado (a culpa) da parte de Adão. A maioria dos federalistas são criacionistas no tocante à origem da alma, mas o federalismo não é incompatível com o traducianismo. A aliança com Adão incluía sua posição de despenseiro da criação - a base perfeita para Deus amaldiçoar a terra. Cristo, como cabeça de uma nova aliança e de uma nova raça, está isento do julgamento da corrupção sendo, portanto, impecável.
O federalismo tem pontos fortes. A aliança, como base bíblica para a transmissão do pecado, concorda razoavelmente com Romanos 5.12-21 e fornece mecanismos para a maldição da terra e para proteger Cristo do pecado. No entanto, apresenta algumas fraquezas. Romanos 7 deve descrever somente o conhecimento que Paulo tomou de sua própria natureza pecaminosa, e não a experiência física do pecado que o matava. Mais importante que isso, a transmissão da "culpa exclusiva" de Adão é frequentemente considerada injusta.
Uma teoria integrada. Várias das teorias acima podem ser combinadas para formar uma abordagem integrada, resultando numa teoria que faz distinção entre a pessoa individual e a natureza pecaminosa da carne. Quando Adão pecou separou-se de Deus, e isto produziu nele - como indivíduo e na sua natureza - a corrupção (inclusive a morte). Pelo fato de ele conter toda a natureza genérica, ela toda ficou corrompida. A natureza genérica é transmitida naturalmente ao aspecto individual da pessoa, o "próprio-eu" (como em Rm 7). A aliança adâmica é a justa base dessa transmissão e também da maldição contra a terra. O "eu" não é corrompido nem culpado por causa da natureza genérica, mas a natureza genérica o impede de agradar a Deus (Jo 14.21; 1 Jo 5.3). Ao chegar à idade da responsabilidade pessoal, o "eu", lutando contra a natureza, ou corresponde à graça preveniente de Deus na salvação ou realmente peca ao desconsiderá-la, de modo que o mesmo "eu" fica separado de Deus, tornando-se culpado e corrupto. Deus continua estendendo a mão para o "eu" mediante a graça preveniente, e o ele poderá aceitar a salvação.
Logo, Romanos 5.12 pode dizer que "todos pecaram" e que todos estão corrompidos e necessitando de salvação, mas nenhuma culpa é infligida àqueles que ainda não pecaram na realidade Isto é consistente com a luta descrita em Romanos 7. Nem todas as pessoas pecam da mesma forma que Adão (Rm 5.14), mas o pecado de um só homem realmente traz a morte e transforma todos em pecadores. E o faz mediante a aliança adâmica, um mecanismo paralelo à obra de Cristo, que é tornar justos os pecadores (Rm 5.12-21). Evita-se o semipelagianismo extremado, porque o "eu" é capaz reconhecer a sua necessidade, mas não pode agir com fé por causa da natureza humana genérica (Tg 2.26). Sendo o ficar separado de Deus a causa da corrupção, a união entre Cristo e sua parte da natureza genérica restaura-a à santidade. Por ter o Espírito Santo chegado a Maria na concepção do "eu" humano de Cristo, este era pré-responsável e, portanto, impecável. Essa disposição é justa, pois Cristo é o cabeça de uma nova aliança. Semelhantemente, a união entre o Espírito Santo e o crente na salvação é regeneradora. 37
Embora as Escrituras não afirmem explicitamente que a aliança é a base para a transmissão, há muitas evidências em favor dessa ideia. As alianças fazem parte fundamental do plano de Deus (Gn 6.18; 9.9-17; 15.18; 17.2-21; Êx 34.27, 28; Jr 31.31; Hb 8.6,13; 12.24). Houve uma aliança entre Deus e Adão. Oséias 6.7 - "Mas eles traspassaram o concerto, como Adão" - refere-se muito provavelmente a essa aliança, uma vez que a tradução alternativa ("homens", NIV margem) é tautológica. Hebreus 8.7, que diz ter sido a aliança com Israel a primeira, não exclui a aliança com Adão, pois o contexto indica que se trata da primeira aliança entre Deus e Israel (e não com a humanidade inteira). E há uma aliança (a Bíblia ARC emprega "pacto", "concerto" e "aliança" como sinônimos) explícita anterior, com Noé (Gn 6.18; 9.9-17). As alianças bíblicas são obrigatórias às gerações futuras, quer para o bem (Noé, Gn 6.18; 9.9-17) quer para o mal Josué e o gibeonitas, Js 9.15). As alianças são frequentemente a única base observável para o julgamento (os israelitas que morreram em Ai por causa do pecado de Acã em Jericó, Js 7; o sofrimento dos súditos de Davi porque este os numerou, 2 Sm 24). A circuncisão segundo a aliança podia até mesmo acolher crianças estrangeiras na nação de Israel (Gn 17.9-14).
Alguns estudiosos objetam que qualquer teoria que transmita a outras alguma consequências do pecado de Adão é inerentemente injusta, pois lhe imputa o pecado sem fundamento nem base. (Somente o pelagianismo evita totalmente essa objeção, ao tornar todos os seres humanos pessoalmente responsáveis. O "pecado pré-consciente" do realismo detém a maioria das dificuldades.) As alianças, no entanto, constituem base justa para esse tipo de transmissão, pelas seguintes razões: os descendentes de Adão teriam sido tão abençoados por causa do seu bom comportamento como foram amaldiçoados por suas obras más; a aliança certamente é mais justa que a mera transmissão genética; a culpa e as consequências transmitidas pelo concerto são semelhantes aos pecados da ignorância (Gn 20).
Há também o argumento de que Deuteronômio 24.16 e Ezequiel 18.20 proíbem o julgamento de uma geração para outra. Mas outros textos mencionam julgamentos assim (os primogênitos do Egito; Moabe; Ex 20.5; 34.6,7; Jr 32.18). E possível, no entanto, que os dois textos acima se refiram à chefia biológica como base insuficiente para transmissão de julgamento, ao passo que os textos mencionados entre parênteses referem-se a uma base pactuai, adequada à transmissão do julgamento. Alternativamente, segundo a teoria integrada, se a natureza corrompida não é um juízo positivo de Deus, a execução de um castigo pelo pecado do pai realmente não ocorre. Finalmente, quem, mesmo sem corrupção e dentro do Jardim perfeito, se comportaria melhor que Adão, quanto à obediência aos mandamentos de Deus? E, sem dúvida, a suposta "injustiça" do pecado imputado é mais que contrabalançada pelo dom gratuito da salvação em Jesus Cristo, oferecido a todos livremente .
Embora seja especulativa e não sem algumas dificuldades, uma teoria integrada que utilize a aliança parece explicar boa parte dos dados bíblicos e talvez sugira uma terceira alternativa às teorias predominantes do realismo e do federalismo.[8]
O pecado na vida do crente
O crente ainda possui a natureza pecaminosa (Sl 51; Rm 7.12-24; 1Jo 1.8). No entanto, o cristão entende que sua vida precisa ser controlada pelo Espírito Santo, para que as “obras da carne” não sejam uma realidade em sua vida (Gl 5.19-25; Rm 8.5-17). De fato, “aquele que é nascido de Deus não peca habitualmente” (1Jo 3.9 – Almeida Século 21). Essa deve ser a oração do crente: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro” (Sl 51.10).
“Embora o pecado não afete a nossa posição ou estado diante de Deus, ele afeta o nosso relacionamento com Deus, pois Deus é entristecido pelo nosso pecado.”[9] Nossas ações pecaminosas ofendem primeiramente a Deus, mas, em muitos casos, também ofendem nosso próximo, inclusive pessoas amadas por nós. O pecado tem o poder destrutivo de romper relacionamentos. Às vezes, um segundo de loucura pode minar a beleza de um relacionamento, ou ponde manchá-lo para o resto da vida, ou pode até mesmo destruí-lo.
O pecado precisa ser confessado a Deus, pois “ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça” (1Jo 1.9; cf. Mq 7.18-20). E, através do quebrantamento e arrependimento, o relacionamento com Deus pode ser restaurado (cf. Sl 32.1-5; 51).



[1] A. B. Langston, Esboço de Teologia Sistemática,
[2] Diretor Geral: William A. Santos Editor Geral: Jamierson Oliveira. ENCICLOPÉDIA ESTUDOS DE TEOLOGIA. 2013.
[3] F J. D. Douglas. F. Bruce. (editor organizador); 0 Novo dicionário da Bíblia; editores assistentes editor da edição em português Russell P. Shedd ; tradução João Bentes, — 3. ed. rev. — São Paulo : Vida Nova, 2006.
[4] A. VAN DEN BORN. Dicionário Enciclopédico da Bíblia; EDITORA VOZES LTDA. 1977.
[5] Eleanai Cabral, Doutrina do Pecado, em Teologia Sistemática Pentecostal; Antônio Gilberto, editor geral. CPAD.
[6]  Franklin Ferreira, Curso Vida Nova de Teologia Básica: teologia sistemática (São Paulo: Vida Nova,
2013)
[7] Millard J. Erickson, Teologia Sistemática (São Paulo: Vida Nova, 2015).
[8] Stanley Horton. Teologia Sistemática CPAD.
[9] Wayne Grudem, Entenda a fé cristã: um guia prático e acessível com 20 questões que todo cristão
precisa conhecer, São Paulo: Vida Nova, 2010.