A
TEOLOGIA E OS TEÓLOGOS DA REFORMA.
A
Teologia reformada é uma proposta ao pensamento teológico vigente na Igreja em
sua época, as principais correntes teológicas até então presente na igreja
tinha os seguintes modelos, primeiro as doutrinas foram forjadas pelos
concílios, pelos pais da igreja, mas principalmente o escolasticismo de
Agostinho, Anselmo de Cantuária, Abelardo de Paris, Bernardo de Claraval,
Joaquim de Fiori. Posteriormente com o surgimento do aristotelismo surge Tomas
de Aquino, Guilherme de Ockham, Duns Scotus, e o misticismo germânico. Além dos
pré-reformadores que em muito contribuiu ao pensamento teológico reformado.
Havia
três objetivos a alcançar a Teologia Reformada (doravante sigla TR):
01.
Evidenciar os fundamentos bíblicos de seus ensinos.
02.
Demonstrar que suas doutrinas estavam em acordo com os principais credos da
Igreja (Apostólico, Niceno, Constantinopolitano).
03.
Demarcar sua posição teológica em relação à teologia romana e às demais
correntes provenientes da Reforma”[1].
A
TR se consolidou com as Confissões que se desdobraram pela Europa, em 1559 a
Confissão Gaulesa, 1560 a Confissão Escocesa sob liderança de Knox, Confissão
Belga 1561, Trinta e nove artigos da Igreja da Inglaterra em 1563, Catecismo de
Heidelberg 1563, Segunda confissão helvética 1562-1566 (leva este nome pois foi
reformulada por Bullinger, amigo de Zuínglio, autor da primeira.). Cânones de
Dort 1618-1619, quando foi apresentado a
doutrina de Armínio, Confissão de Westminster e catecismos (1647-1648), A
Confissão de Westminster, o Catecismo maior 1648 e o Catecismo menor 1647. Este
nome maior é devido o destino, Menor para as crianças, e maior para os cleros.
As
características da TR foi amplamente formulada por R.C Sprou, que possuí as
seguintes pretensões:
1)
TR é uma Teologia Sistemática, R.C. Sprou define esta sistematização como uma
tarefa de ouvir os detalhes apresentados na Bíblia, e discernir como elas se
encaixam, segundo é a que a Bíblia é totalmente coerente, e que toda fé cristã
está intrinsecamente relacionado.
2)
A TR possui um aparente paradoxo, em muitos pontos somos idênticos, mas em
certos assuntos temos uma concepção particular, podemos ter a mesma concepção
da onipotência de Deus, mas como ela se abrange será distinta em muitos casos.
Assim podemos encontrar tanto predestinados, como arminianos; dicotômico como
tricotômicos, Pré – Milenaristas como amilenaristas, e outros temas que se
divide em controvérsias. Infelizmente certos grupos apontam seus divergentes
como herético, sendo unicamente escolas interpretativas.
3)
a TR é Católica, neste ponto Sprou deseja destacar a concepção universal da fé
cristã, neste caso todos que se intitulam cristão, onde estiver, devem crer e
defender esta fé doutrinária, propagada pelos apóstolos, e desenvolvida unicamente
pelas Escrituras SOLA SCRIPTURA.
4)
A TR é evangélica, um do princípios de
ser evangélica é a justificação pela fé, e abraçaram a visão de Lutero SOLA FIDE.
A TEOLOGIA DE
LUTERO
Martinho
Lutero não foi um leigo, ou um indouto na teologia, possuía doutorado pela
universidade de Wittenberg, Lutero já havia completado os três graus exigidos
para o doutorado: o Baccalaureus Biblius,
que o habilitava a dar preleções introdutórias da Bíblia; o Formatus, que significava um conhecimento prático da terminologia
escolástica e o Setentiarius, que o
autorizava a fazer preleções sobre os dois primeiros livros das Sentenças de
Pedro Lombardo, o compêndio doutrinário tomado como padrão na Idade Média.
Então, ele passou a preencher os requisitos para seu doutorado em teologia. Em
18 de outubro de 1512, o grau foi solenemente conferido. Nessa ocasião, Lutero
recebeu uma boina de lã, um anel de prata e duas Bíblias, uma fechada e a outra
aberta. Ele fora indicado para o resto da vida como lectura in Biblia na Universidade de Wittenberg, sucedendo ao
próprio Staupitz[2].
Os
Principais Pontos Teológicos de Lutero:
1)
Teologia da Gloria x Teologia da Cruz.: Lutero vai direcionar a teologia da
glória como uma moralidade como recurso de salvação, uma soteriologia pelas obras,
criada pelo arcabouço aristotélico[3],
enquanto que a teologia da Cruz o homem busca seus méritos pela morte de
Cristo, a Teologia Da Cruz revela a verdadeira condição do homem, e sua
impossibilidade de salvar. Conforme Lutero vi afirmar “Uma teologia da glória
denomina o mal, bem e o bem, mal. Uma teologia da cruz denomina a coisa como
ela é efetivamente (Controvérsia de Heildelberg)”[4].
2)
Interpretação da Escritura: A teologia de Lutero é teologia da Palavra[5],
Lutero atribuiu a maior importância ao que ele denominou o sentido literal ou
histórico da Escritura. Mas com isso ele não entendia a interpretação histórica
no moderno sentido do termo; foi antes uma percepção derivada do contexto da fé.
A
interpretação bíblica tradicional da Idade Média mantinha que a Escritura tem
sentido quádruplo. Podia ser exposta literalmente, tropologicamente (simbolicamente,
tópicos), anagogicamente (interpretação mística, elevação da alma as coisas
divinas) e também alegoricamente, o que significava que se podia, por exemplo,
fazer a Palavra se pronunciar sobre realidades gerais no mundo da fé ou da
igreja.
Lutero
rejeitou tal estrutura. Em sua opinião, a Escritura tem apenas um sentido
próprio, o gramatical ou histórico. Naturalmente, também reconhecia a
interpretação figurativa que se encontra na própria Bíblia, como por exemplo
nos paralelos estabelecidos entre Cristo e certos personagens do Antigo
Testamento (tipologia).
3) A doutrina da
justificação: De acordo com Lutero, há duas espécies de justiça, a externa e a
interna. Aquela consiste de ações externas e é adquirida por meio de conduta
justa. Ela também pode ser chamada justiça civil, pois trata do homem como
membro da sociedade, ou de sua conduta em relação aos outros homens. Sua vida
externa é declarada justa ou injusta. A justiça interna, por sua vez, consiste
de pureza e perfeição do coração. Pois essa justiça vem de Deus apenas
como dádiva, pela fé em Jesus Cristo. justificação sustentada por Lutero rompeu
decisivamente com o modelo agostiniano de distribuição progressiva da graça.
Somos justificados não porque Deus nos está tornando gradualmente justos.
4) Antropologia de Lutero: O pecado original, na
opinião de Lutero, não é apenas a ausência de semelhança original com Deus; é
forma concreta de corrupção que imprime sua marca no homem inteiro. Em termos
específicos, o pecado não é só concupiscência — concebida como disposição
negativa dos poderes inferiores da alma — mas um mal que afeta o homem inteiro,
inclusive (e acima de tudo) os poderes superiores da alma.
5) Livre
arbítrio: No famoso tratado controverso De Servo Arbítrio, que escreveu contra Erasmo
em 1525, Lutero argumenta como segue: “Com respeito ao que se refere à salvação
ou bem-aventurança eterna, o homem está completamente sem livre arbítrio; é
qualidade inteiramente divina, que só pode ser atribuída a Deus”. Na opinião de
Erasmo, o homem tem a capacidade de aceitar ou rejeitar a graça.
6) O sacerdócio
de todo Cristão: A maior contribuição de Lutero à eclesiologia protestante foi
sua doutrina do sacerdócio de todos os cristãos. Contudo, nenhum outro elemento
de seu ensino é tão mal compreendido. Para alguns, isso significa apenas que
não há mais sacerdotes na igreja; é a secularização do clero[6].
Dessa premissa, alguns grupos, notadamente os quacres, defenderam a abolição do
ministério como ordem distinta dentro da igreja. Mais comumente, as pessoas
acreditam que o sacerdócio de todos os cristãos implica que cada cristão é seu
próprio sacerdote e, assim, possui o “direito do julgamento privado” em assuntos
de fé e doutrina. Ambos os casos constituem perversões da intenção original de
Lutero. A essência de sua doutrina pode ser expressa numa única frase: todo
cristão é sacerdote de alguém, e somos todos sacerdotes uns dos outros.
Lutero rompeu
decisivamente com a divisão tradicional da igreja em duas classes, clero e
laicato. Todo cristão é um sacerdote em virtude de seu batismo. Esse sacerdócio
deriva diretamente de Cristo. Tudo isso implica que ninguém pode ser um cristão
sozinho. Assim como não podemos nascer de nós mesmos, ou batizar a nós mesmos,
da mesma forma não podemos servir a Deus sozinhos.
7) “A Mão
Esquerda de Deus”: Lutero e o Estado.
Lutero,
Zuínglio, Calvio e Cranmer foram todos reformadores magisteriais. Esse termo,
cunhado por George H. Williams, refere-se ao fato de que todos os principais
reformadores fizeram seu trabalho reformador em aliança com o poder coercitivo
do magistrado e sustentados por ele, seja um príncipe, seja o conselho da
cidade, como no caso da Inglaterra, o próprio monarca.[7]
Se os católicos
confundiam os dois reinos na direção de uma teocracia papal, os anabatistas
separavam muito precisamente os reinos em nome do separatismo religioso.
Considerando literalmente a injunção de Cristo à não-resistência (Mt I 5.39),
os anabatistas recusavam-se a participar dos poderes coercitivos do Estado. Em
oposição aos reformadores pacifistas, Lutero insistia na origem divina do
Estado nos limites de seu poder e na
base para a participação do cristão em sua atividade coercitiva. O reino de
Cristo, a igreja, é “a mão direita de Deus”; o reino do mundo, o Estado, é “a
mão esquerda de Deus”[8].
Os cinco solas:
Sola fide
(somente a fé) : é o ensinamento de que a justificação (interpretada na
teologia protestante como "sendo declarada apenas por Deus") é
recebida somente pela fé, sem qualquer interferência ou necessidade de boas
obras.
Sola scriptura
(somente a Escritura): é o ensinamento de que a Bíblia é a única palavra
autorizada e inspirada por Deus e é única fonte para a doutrina cristã, sendo
acessível a todos.
Solus Christus
(somente Cristo): Cristo é o único mediador entre Deus e a humanidade, e que
não há salvação através de nenhum outro.
Sola gratia
(somente a graça): é o ensinamento de que salvação vem por graça divina ou
"favor imerecido" apenas, e não como algo merecido pelo pecador. Isto
significa que a salvação é um dom imerecido de Deus por causa de Jesus.
Soli Deo gloria
(glória somente a Deus): é o ensinamento de que toda a glória é devida somente
a Deus, pois a salvação é realizada unicamente através de sua vontade e ação.
O protesto de
Lutero contra a Igreja Romana não foi fundamentalmente moral, como o de Erasmo
e de outros reformadores, mas sim teológico. Como Agostinho, Wycliffe e Hus
antes dele, Lutero falava sobre a igreja invisível cujos membros reuniam todo o
grupo dos predestinados. A igreja estende-se tanto no tempo quanto no espaço, e
não está presa a nenhuma cidade, pessoa ou época. Seu fundamento é a eleição
graciosa de Deus, revelada em Jesus Cristo e atestada pelas Escrituras Sagradas[9].
Nos Sacramentos
defendia inicialmente três Ceia, Batismo e a Confissão, depois aceitou apenas
dois [10]
(Do Cativeiro Babilônico da Igreja).
TEOLOGIA DE CALVINO
Embora Calvino
em alguns sentidos perpetuasse a tradição iniciada por Zwínglio e Bucer
(notadamente no campo da organização eclesiástica), não podemos menosprezar o
fato de Calvino considerar-se acima de tudo um fiel seguidor de Lutero, alguém
que representava basicamente o mesmo ponto de vista que o mantido por Lutero[11].
Alguns estudioso
de Lutero, refere-se a Calvino como o maior discípulo de Lutero. Os dois
reformadores nunca se encontraram pessoalmente. Ainda assim, Lutero elogiou
alguns dos primeiros escritos de Calvino que lhe haviam sido enviados. Calvino,
por sua vez, chamou Lutero de seu “pai muito respeitável”[12].
Pois deve-se
lembrar sempre que, apesar de todas as controvérsias entre os luteranos e
reformados, e apesar do fato que em alguns pontos Calvino sentiu-se
constrangido a discordar de Lutero, a verdade é que Calvino sempre se viu como
um expoente fiel das doutrinas básicas da reforma luterana.
Assim como
Lutero Calvino deu pouca importância ao sistema de governo eclesiástico, muitos
presbiterianos irão copiar o sistema de governo de Calvino em Genebra, pois
para Calvino, qualquer igreja onde a Palavra de Deus é proclamada corretamente,
e os sacramentos devidamente administrados, deve ser considerada como uma
igreja verdadeira.
Para Justo
Gonzales Calvino foi “ um dos mais importantes teólogos cristãos de todos os
tempos”[13].
Diferentemente
de Lutero, pode-se dizer que Calvino nasceu na igreja. Gérard Cauvin, seu pai,
era o assistente administrativo do bispo de Noyon. Embora Calvino certa vez
tenha descrito a si mesmo como “meramente um homem dentre o povo”, movia-se com
facilidade entre os altos escalões da sociedade. Era um aristocrata de coração,
se não de linhagem. Ele nunca esqueceu tal fato acerca de si mesmo, nem deixava
que os outros se esquecessem disso.
1) A idéia da
glória de Deus (la gloire de Dieu): a doutrina d Glória de Deus vai ocupa um
lugar central na teologia de Calvino. Em sua opinião, a glória de Deus é o alvo
de todos os planos de Deus para o mundo e para a salvação, bem como o da
atividade humana. «(Deus) estabeleceu o mundo inteiro com esta finalidade, que
possa servir de cenário para sua glória». Intimamente associada à idéia da
glória de Deus (gloria Dei) na mente de Calvino estava a doutrina da
providência de Deus (providentia Dei): tudo o que acontece é impelido pela
vontade onipotente de Deus e por sua ativa cooperação. A onipotência divina
também inclui a atividade humana, mesmo quando é má.
2) A Impotância
daa Bíblia na Vida cristã: Calvino fala de duas revelações de Deus, primeiro a
natural, livre vontade de Deus de se revelar. Entretanto, por causa da
pecaminosidade humana, o efeito salvífico das obras de Deus na natureza foi
nulo: elas podiam apenas deixar as pessoas sem desculpa ante o tribunal de
julgamento. A Bíblia se torna outro aspecto de Deus se revelar, que esta
Palavra seria como um balbucio e um óculos para a humanidade. Conforme seus
comentário de ITimóteo, Calvino declara que; 1) A Bíblia é a Palavra inspirada
de Deus; 2) A Bíblia é a Palavra de Deus
revelada em linguagem humana; 3) A Bíblia é confirmada ao cristão pelo
testemunho interior do Espírito Santo, A capacidade de “reconhecer” a Bíblia
como Palavra de Deus, então, não era aptidão adquirida com estudo acadêmico,
nem percepção obtida por pressuposições dogmáticas; antes, era o livre dom do
próprio Deus.
A Escritura não
deriva sua autoridade da igreja (doutrina defendida pelo Romanismo). Pelo contrário, a igreja é construída sobre o
fundamento dos profetas e apóstolos, e este fundamento deve agora ser
encontrado na Escritura? Embora existam bases racionais para crer que as Escrituras
são autoritativas, estas não são suficientes para provar que elas são a Palavra
de Deus. Deus.
Isto pode ser conhecido apenas por meio do testemunho interior do Espírito.
Calvino em seus
comentário, inicia uma sistematização da doutrina cristã a partir de uma
hermenêutica literal da Bíblia.
3) A Trindade
Divina: Doutrina esquecida, ou nem tanto dedicada por Lutero e Zwinglio, suas
idéias a esta doutrina, o fez um perseguidor implacável de opositores, entre
eles Serveto ( condenando a fogueira, alguns afirmam que Calvino pediu a
decapitação), Gentile ( condenado e morto decapitado mesmo depois da morte de
Calvino), e Gribaldi ( foi expulso de
Genebra por suas teorias antitrinitária, por Calvino).
Calvino provou
ser impecavelmente ortodoxo em suas próprias formulações da Trindade: “...
quando professamos crer em um só e único Deus, pelo termo Deus entende-se uma
essência única e simples, em que compreendemos três pessoas ou hipóstases...”[14]
4) Condição do
Humana: Esta doutrina foi importante ser desenvolvida, e Calvino sabia disto,
pois os filósofos gregos não tinham uma concepção da queda, como as religiões
da Bíblia (Judaismo e Cristianismo), por isto na reformulação cristã-filosofia
não houve uma preocupação de se entrar corretamente nesta abordagem, antes em
uma avaliação de virtude e dignidade. Calvino a recupera desenvolvendo uma
sistematização bíblica do pecado, e sua real situação na humanidade, para ele o
pecado corrompeu o intelecto e a vontade humana.
5) Cristologia:
Calvino se via diante de cinco pensamentos distinto sobre a pessoa de Cristo.
A) O
Anabatistas: Meno Simon enfatizava que Cristo não possui uma carne terrena, mas
celestial.
B) Osiander: A
encarnação ocorreria mesmo se não houvesse uma queda, doutrina já postulada
pelo franciscanos. E que a intercessão ocorria por meio de sua divindade.
C) Serveto: Negava
a divindade de Jesus, afirmava que Ele foi o primeiro a ser cheio do Espírito
ainda no ventre, e que foi gerado pelo Espírito Santo, e que as duas naturezas
de Jesus era na verdade sua vida cheia do Espirito, como cada cristão pode
também ser.
D) Francesco
Stancaro: Que a intercessão de Jesus era apenas por sua natureza humana. Para
Calvino sua união hipostática servia para a salvação do homem.
E) Lutero: A
onipresença do corpo de Jesus em vários sacramentos simultâneos, Calvino vai
concordar com Zwinglio, que a divindade está totalmente presente em Jesus, mas
a onipresença não foi atribuída ao corpo de Jesus.
Calvino vai
finalizar a sua doutrina cristológica, pois ele defende este posicionamento no
final de sua vida, nos três ofícios de Jesus chamado de Tríplex Múnus, profético no seu
ministério terreno, sacerdotal, sua intercessão e a real na vida de cada
cristão (já que Calvino era amilenarista).
6) Justificação:
Aqui se baseia a diferença entre justificação pelas obras e justificação pela
fé. Justificação pelas obras é aquela que tenta afirmar sua própria justiça, e
assim satisfazer as exigências de Deus para justiça. Calvino rejeita a
distinção Escolástica entre fé que é “formada” - isto é, tem recebido uma
“forma” - pela caridade, e a fé “disforme”, O que os Escolásticos chamam de “fé
disforme” não é a verdadeira fé.
Para Calvino a
verdadeira e única função da fé “E nós
dizemos que ela consiste na remissão de pecados e na imputação da justiça de
Cristo.” [15].
Fé não é a confiança pela qual nós aceitamos aquilo que nós não podemos provar
pela razão, mas a autoridade nos diz. Há de fato coisas que são cridas baseadas
na autoridade das Escrituras, mas crença em tais coisas não é fé. O papel da fé
é o de unir o crente com Cristo, de tal forma que a justiça de Cristo é
imputada ao crente, apesar do pecado.
7) Calvino
estabelece uma clara distinção entre a igreja visível e a invisível. Falando
estritamente, apenas a última, que é formada por todos os eleitos, vivos e
mortos, é a verdadeira igreja universal. Apenas ela é o corpo de Cristo, pois
apenas os eleitos são membros do seu corpo, e na igreja visível há muitos que
não são eleitos. Entretanto, Calvino não leva esta distinção a ponto de
caracterizar as duas igrejas como opostas. Pelo contrário, a igreja visível é
uma expressão necessária e útil da igreja invisível, e enquanto nós
permanecemos nesta vida, a igreja visível deve ser nossa igreja.
Sendo assim para
Calvino cada cristãos não devem abandonar a igreja visível sob o pretexto de
serem membros de um corpo invisível, Calvino era tão radical quanto esta
situação que quem não fosse ao culto dominical , a não ser por justo motivo,
seria preso.
8) Os
Sacramentos: Como todo reformador, Calvino vais estabelecer apenas dois, a Ceia
e o Batismo. Quanto ao batismo, defende o batismo infantil, o propósito do
batismo - como de todo sacramento - é duplo; ele serve a fé, e é uma confissão
diante dos outros. Por isto podemos aceitar o batismo realizado no Romanismo
(contra os anabatistas). E deve ser ministrada unicamente pelo pastor, e que
tanto a imersão quanto a aspersão são aceitáveis.
A lavagem que
acontece no batismo não é tal que tenha validade apenas para o passado. Assim, a questão
dos pecados pós-batismo, que foi uma questão importante no período da
Patrística e finalmente se desenvolveu no sistema de penitência, não foi um
problema para Calvino. Sua resposta foi simplesmente que o batismo era válido
por toda a vida, e não somente no momento de sua celebração. Obviamente, esta
idéia está intimamente conectada com a doutrina da justiça imputada, pois o que
acontece no batismo não é que alguém seja efetivamente feito limpo e sem
pecado, mas que a justiça de Cristo é declarada como sendo do crente. Como esta
justiça tem valor permanente, o batismo é para a vida toda e purifica de todos
os pecados, passados e futuros. Como conseqüência, o batismo não restaura
alguém ao estado de Adão antes da queda. Sua função é estritamente
cristocêntrica, e seu poder repousa na união com Cristo, que é o seu
significado.
Para Zwinglio um
memorial, para Lutero Consubstanciação, Para Lutero ao invés de transubstanciação,
ocorre a consubstanciação, ou seja, a união de dois corpos na mesma substância,
mantendo [16]a
presença de Cristo na Eucaristia para os Romanistas Transubstanciação e para
Calvino defendia a presença espiritual de Cristo na Santa Ceia. Mas diferente
dos romanos e luteranos, e tomando por base uma frase da liturgia tradicional
da Eucaristia (“sursum corda”, “elevemos os corações”), ele dizia que não era
Cristo quem descia para tomar forma de pão e de vinho, mas era a Igreja quem
era elevada espiritualmente aos céus para participar da Ceia na presença de seu
Senhor[17].
TEOLOGIA DA
REFORMA RADICAL
Foi um movimento
reformador dentro da própria reforma, mas surge uma questão, será que ela foi
necessária? Cremos que sim. Então surge outra questão, ela foi extrema? Sim,
mas estes radicais nas suas atitudes provocou tanto em Lutero, Zwinglio e
Calvino atitudes também radicais contra estes reformadores, que estavam também,
como eles, imbuídos no desejo de trazer ao cristianismo a sua originalidade
Bíblica. Logo seus críticos foram extremistas como eles na sua reforma.
A Reforma
radical nasce na crítica tanto a Lutero como a Zwinglio, conforme Gonzales “ logo
apareceram outros que assinalavam que o próprio Zwínglio não levava essas
idéias a sua conclusão lógica”[18].
Assim nasce os radicais. Seus primeiros líderes, Conrad Grebel e Felix Mantz,
foram discípulos radicais de Zuínglio que sentiram estar apenas levando a
conseqüencias lógicas as idéias que haviam aprendido do mestre Ulrich.
Criticavam o
envolvimento da Igreja com o estado, desde Constantino, o batismo infantil e
não reconheciam o batismo romano, a igreja não deve se fundir a sociedade, e
qualquer envolvimento a igreja se dará por decisão própria. A igreja é uma
comunidade voluntária e não uma sociedade dentro da qual nascemos. Eram
pacifistas, contra envolvimento a guerras (um dos problemas desta doutrina era
a constante ameaça dos turcos na Alemanha), o Sermão do Monte deveria ser
obedecido literalmente.
Em particular,
estas pessoas, que se chamavam pelo nome de "irmãos", sustentavam que
se devia fundar uma congregação ou um grupo dos verdadeiros crentes, para contrastar
com aqueles que se diziam cristãos pelo fato de terem nascido num país cristão
e terem sido batizados quando crianças. Quando finalmente observou-se que
Zwínglio não seguiria o caminho que ele propunham, alguns dos
"irmãos" decidiram fundar eles mesmos essa comunidade de verdadeiros crentes.
Em sinal disso,
o ex-sacerdote Jorge Blaurock pediu a outro dos irmãos, Conrado Grebel, que o
batizasse. Em 21 de janeiro de 1525, junto à fonte que se encontrava no meio da
praça de Zurich, Grebel batizou Blaurock que, em seguida, fez o mesmo com
outros irmãos. Aquele primeiro batismo todavia não foi por imersão, pois o que
preocupava a Blaurock, Grebel e os demais não era a forma em que se
administrava o rito, mas a necessidade que a pessoa tivesse e proclamasse sua
fé antes de ser batizada. Mais tarde, em seus esforços por serem bíblicos em
todas as suas práticas, começaram a batizar por imersão.
Quando Lutero
ficou os dez meses no exílio no Castelo de Wartburg, Andreas Karstadt o
substitui e radicalizou a reforma na Alemanha, arrancando e quebrando as
estatuas das igrejas (iconoclastas), em 1524 Tomaz Müntzer lidera o levante de
camponeses (fugindo de seu pacifismo inicial). Hans Hut ex-discípulo de Thomas
Müntzer. previu que Cristo haveria de retornar à terra no domingo do Pentecoste
de 1528. Ele começou a reunir os 144 000 santos eleitos (Ap 7.4), os quais ele
“selou”, batizando-os na testa com o sinal da cruz. Ele morreu antes de 1528. Melchior
Hoftnann, que estabeleceu uma data (1534)
Mas logo este
movimento se deslocou em um extremismo, para eles além das Escrituras o
Espírito Santo deveria ser também ouvido, surgindo com isto alguns que se dizia
ser direcionados pelo Espírito Santo. Em Estrasburgo onde o anabatismo era
relativamente forte e havia uma certa medida de tolerância, Hoffman se tornou
anabatista. Pouco depois começou a anunciar que o dia do Senhor estava próximo.
Sua pregação inflamou as multidões, que correram para Estrasburgo, onde segundo
ele seria estabelecida a Nova Jerusalém (eram pré-milenaristas).
Com a prisão de
Hoffman, se espalhou que a Nova Jerusalém seria em Münster, Rapidamente o
número dos anabatistas em Münster foi tal que conseguiram apoderar-se da
cidade. Seus chefes eram um padeiro holandês, João Matthys, e seu principal discípulo,
João de Leiden. Uma das primeiras providências foi mandar os católicos para
fora da cidade. O bispo, expulso de sua sede, reuniu um exército e sitiou a
Nova Jerusalém.
Enquanto isso, dentro
da cidade, se insistia cada vez mais em que tudo se ajustasse à Bíblia. Os protestantes
moderados foram também considerados ímpios. Constantemente se destruíam as
esculturas, pinturas e demais objetos do culto tradicional. Fora da cidade o
bispo matava a todos os anabatistas que caíssem em suas mãos. Os defensores se
exaltavam cada vez mais, à medida em que a situação piorava, pois os alimentos
se escasseavam.
Diariamente
havia aqueles que criam receber visões do alto. E numa saída militar contra as
forças do bispo, João Matthys caiu morto, e João de Leiden o sucedeu. Devido à
guerra constante e o êxodo de muitos varões, a população feminina da cidade era
muito maior que a masculina, e João de Leiden decretou a poligamia, usada pelos
patriarcas do Antigo Testamento. Por lei, toda mulher na cidade deveria estar
casada com algum homem.
Porém, pouco
depois, um grupo de habitantes da Nova Jerusalém, talvez fastiados pelos
excessos que se cometiam, ou talvez impulsionados pela fome e pelo medo,
abriram as portas da cidade para o bispo, cujas tropas arrasaram os defensores
do reduto apocalíptico. O rei da Nova Jerusalém FOI capturado e preso.
O número de
mártires foi enorme, provavelmente maior do que todos os que morreram durante
os três primeiros séculos da história da igreja. O modo pelo qual se aplicava a
pena de morte variava de lugar para lugar e até de caso para caso. Com cruel
ironia, em alguns lugares se condenavam os anabatistas a morrerem afogados.
Em 1525, as
regiões católicas da Suíça começaram a condenar os anabatistas à pena capital. No
ano seguinte o Conselho de Governo de Zurich decretou também a pena de morte para
quem rebatizasse ou quem se deixasse rebatizar. E em poucos meses todos os
demais territórios protestantes da Suíça seguiram o exemplo de Zurich.
Na Alemanha não
existia uma política uniforme, pois se aplicavam aos anabatistas as velhas leis
contra os hereges e cada estado seguia pelo caminho que melhor lhe parecia. Em
1528, Carlos V decretou a pena de morte para os anabatistas, apelando para uma
velha lei romana, criada para extirpar o donatismo, segundo a qual quem se fizera
culpável de rebatizar ou de rebatizar-se devia ser condenado à pena de morte. A
dieta de Spira, de 1529, a mesma em que os príncipes luteranos protestaram e
por isso receberam o nome de protestantes, aprovou o decreto imperial contra os
anabatistas. E desta vez ninguém protestou.
SEGUNDA GERAÇÃO
O mais notável
porta-voz dessa nova geração foi Menno Simons, um sacerdote católico holandês
que abraçou o anabatismo em 1536, isto é, no mesmo ano em que foram executados João
de Leiden e seus companheiros. Simons se uniu a um grupo de anabatistas
holandeses cujo chefe era Obbe Philips, porém logo se destacou entre eles de
tal maneira que o grupo recebeu o nome de "menonitas".
Os cristãos,
segundo cria Menno Simons, não tinham que prestar juramento algum e, portanto,
não poderiam ocupar cargos públicos que requeriam tais juramentos. Porém,
tinham que obedecer as autoridades civis em tudo, exceto no que as Escrituras
proibiam. O batismo, que Menno praticava jogando água sobre a cabeça, somente
seria administrado aos adultos que confessassem a sua fé. Nem esse rito, nem a
ceia conferem graça alguma, mas são sinais externos.
COCLUSÃO:
De forma
brilhante todos estes movimentos da reforma alcançou de forma madura a
construção e elaboração teológica da fé
cristã, retornando principalmente as Escrituras como recurso único e
fundamental de toda construção da doutrina cristã.
Não desprezando
o que foi elaborado através dos tempos pela igreja, mas sem medo e receio
rejeitando oque não concordavam com as Escrituras.
A Teologia
Reformada foi o motivo de muitas controvérsias, e posteriormente de dissenções
dentro dos reformadores, mas isto foi devido de um grande período de erros,
equívocos, que se encontravam no seio da Igreja, que foi se afastando da
compreensão dos apóstolos da Igreja sobre a fé cristã.
Hoje muito dos
pensamentos, de muitas práticas cristã da nossa Teologia Sistemática protestante
é oriunda destes reformadores, e, inclusive nossa hermenêutica aplicada em
nossa leitura das Escrituras, são um resgates da reformulação da teologia no
período da reforma.
BIBLIOGRAFIA
BÁSICA:
ANGLIN, W. &
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