sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

A TEOLOGIA E OS TEÓLOGOS DA REFORMA.
A Teologia reformada é uma proposta ao pensamento teológico vigente na Igreja em sua época, as principais correntes teológicas até então presente na igreja tinha os seguintes modelos, primeiro as doutrinas foram forjadas pelos concílios, pelos pais da igreja, mas principalmente o escolasticismo de Agostinho, Anselmo de Cantuária, Abelardo de Paris, Bernardo de Claraval, Joaquim de Fiori. Posteriormente com o surgimento do aristotelismo surge Tomas de Aquino, Guilherme de Ockham, Duns Scotus, e o misticismo germânico. Além dos pré-reformadores que em muito contribuiu ao pensamento teológico reformado.
Havia três objetivos a alcançar a Teologia Reformada (doravante sigla TR):
01. Evidenciar os fundamentos bíblicos de seus ensinos.
02. Demonstrar que suas doutrinas estavam em acordo com os principais credos da Igreja (Apostólico, Niceno, Constantinopolitano).
03. Demarcar sua posição teológica em relação à teologia romana e às demais correntes provenientes da Reforma”[1].
A TR se consolidou com as Confissões que se desdobraram pela Europa, em 1559 a Confissão Gaulesa, 1560 a Confissão Escocesa sob liderança de Knox, Confissão Belga 1561, Trinta e nove artigos da Igreja da Inglaterra em 1563, Catecismo de Heidelberg 1563, Segunda confissão helvética 1562-1566 (leva este nome pois foi reformulada por Bullinger, amigo de Zuínglio, autor da primeira.). Cânones de Dort  1618-1619, quando foi apresentado a doutrina de Armínio, Confissão de Westminster e catecismos (1647-1648), A Confissão de Westminster, o Catecismo maior 1648 e o Catecismo menor 1647. Este nome maior é devido o destino, Menor para as crianças, e maior para os cleros.
As características da TR foi amplamente formulada por R.C Sprou, que possuí as seguintes pretensões:
1) TR é uma Teologia Sistemática, R.C. Sprou define esta sistematização como uma tarefa de ouvir os detalhes apresentados na Bíblia, e discernir como elas se encaixam, segundo é a que a Bíblia é totalmente coerente, e que toda fé cristã está intrinsecamente relacionado.
2) A TR possui um aparente paradoxo, em muitos pontos somos idênticos, mas em certos assuntos temos uma concepção particular, podemos ter a mesma concepção da onipotência de Deus, mas como ela se abrange será distinta em muitos casos. Assim podemos encontrar tanto predestinados, como arminianos; dicotômico como tricotômicos, Pré – Milenaristas como amilenaristas, e outros temas que se divide em controvérsias. Infelizmente certos grupos apontam seus divergentes como herético, sendo unicamente escolas interpretativas.
3) a TR é Católica, neste ponto Sprou deseja destacar a concepção universal da fé cristã, neste caso todos que se intitulam cristão, onde estiver, devem crer e defender esta fé doutrinária, propagada pelos apóstolos, e desenvolvida unicamente pelas Escrituras SOLA SCRIPTURA.
4) A TR é  evangélica, um do princípios de ser evangélica é a justificação pela fé, e abraçaram a visão de Lutero SOLA FIDE.
A TEOLOGIA DE LUTERO
Martinho Lutero não foi um leigo, ou um indouto na teologia, possuía doutorado pela universidade de Wittenberg, Lutero já havia completado os três graus exigidos para o doutorado: o Baccalaureus Biblius, que o habilitava a dar preleções introdutórias da Bíblia; o Formatus, que significava um conhecimento prático da terminologia escolástica e o Setentiarius, que o autorizava a fazer preleções sobre os dois primeiros livros das Sentenças de Pedro Lombardo, o compêndio doutrinário tomado como padrão na Idade Média. Então, ele passou a preencher os requisitos para seu doutorado em teologia. Em 18 de outubro de 1512, o grau foi solenemente conferido. Nessa ocasião, Lutero recebeu uma boina de lã, um anel de prata e duas Bíblias, uma fechada e a outra aberta. Ele fora indicado para o resto da vida como lectura in Biblia na Universidade de Wittenberg, sucedendo ao próprio Staupitz[2].
Os Principais Pontos Teológicos de Lutero:
1) Teologia da Gloria x Teologia da Cruz.: Lutero vai direcionar a teologia da glória como uma moralidade como recurso de salvação, uma soteriologia pelas obras, criada pelo arcabouço aristotélico[3], enquanto que a teologia da Cruz o homem busca seus méritos pela morte de Cristo, a Teologia Da Cruz revela a verdadeira condição do homem, e sua impossibilidade de salvar. Conforme Lutero vi afirmar “Uma teologia da glória denomina o mal, bem e o bem, mal. Uma teologia da cruz denomina a coisa como ela é efetivamente (Controvérsia de Heildelberg)”[4].
2) Interpretação da Escritura: A teologia de Lutero é teologia da Palavra[5], Lutero atribuiu a maior importância ao que ele denominou o sentido literal ou histórico da Escritura. Mas com isso ele não entendia a interpretação histórica no moderno sentido do termo; foi antes uma percepção derivada do contexto da fé.
A interpretação bíblica tradicional da Idade Média mantinha que a Escritura tem sentido quádruplo. Podia ser exposta literalmente, tropologicamente (simbolicamente, tópicos), anagogicamente (interpretação mística, elevação da alma as coisas divinas) e também alegoricamente, o que significava que se podia, por exemplo, fazer a Palavra se pronunciar sobre realidades gerais no mundo da fé ou da igreja.
Lutero rejeitou tal estrutura. Em sua opinião, a Escritura tem apenas um sentido próprio, o gramatical ou histórico. Naturalmente, também reconhecia a interpretação figurativa que se encontra na própria Bíblia, como por exemplo nos paralelos estabelecidos entre Cristo e certos personagens do Antigo Testamento (tipologia).
3) A doutrina da justificação: De acordo com Lutero, há duas espécies de justiça, a externa e a interna. Aquela consiste de ações externas e é adquirida por meio de conduta justa. Ela também pode ser chamada justiça civil, pois trata do homem como membro da sociedade, ou de sua conduta em relação aos outros homens. Sua vida externa é declarada justa ou injusta. A justiça interna, por sua vez, consiste de pureza e perfeição do coração. Pois essa justiça vem de Deus apenas como dádiva, pela fé em Jesus Cristo. justificação sustentada por Lutero rompeu decisivamente com o modelo agostiniano de distribuição progressiva da graça. Somos justificados não porque Deus nos está tornando gradualmente justos.
4)  Antropologia de Lutero: O pecado original, na opinião de Lutero, não é apenas a ausência de semelhança original com Deus; é forma concreta de corrupção que imprime sua marca no homem inteiro. Em termos específicos, o pecado não é só concupiscência — concebida como disposição negativa dos poderes inferiores da alma — mas um mal que afeta o homem inteiro, inclusive (e acima de tudo) os poderes superiores da alma.
5) Livre arbítrio: No famoso tratado controverso De Servo Arbítrio, que escreveu contra Erasmo em 1525, Lutero argumenta como segue: “Com respeito ao que se refere à salvação ou bem-aventurança eterna, o homem está completamente sem livre arbítrio; é qualidade inteiramente divina, que só pode ser atribuída a Deus”. Na opinião de Erasmo, o homem tem a capacidade de aceitar ou rejeitar a graça.
6) O sacerdócio de todo Cristão: A maior contribuição de Lutero à eclesiologia protestante foi sua doutrina do sacerdócio de todos os cristãos. Contudo, nenhum outro elemento de seu ensino é tão mal compreendido. Para alguns, isso significa apenas que não há mais sacerdotes na igreja; é a secularização do clero[6]. Dessa premissa, alguns grupos, notadamente os quacres, defenderam a abolição do ministério como ordem distinta dentro da igreja. Mais comumente, as pessoas acreditam que o sacerdócio de todos os cristãos implica que cada cristão é seu próprio sacerdote e, assim, possui o “direito do julgamento privado” em assuntos de fé e doutrina. Ambos os casos constituem perversões da intenção original de Lutero. A essência de sua doutrina pode ser expressa numa única frase: todo cristão é sacerdote de alguém, e somos todos sacerdotes uns dos outros.
Lutero rompeu decisivamente com a divisão tradicional da igreja em duas classes, clero e laicato. Todo cristão é um sacerdote em virtude de seu batismo. Esse sacerdócio deriva diretamente de Cristo. Tudo isso implica que ninguém pode ser um cristão sozinho. Assim como não podemos nascer de nós mesmos, ou batizar a nós mesmos, da mesma forma não podemos servir a Deus sozinhos.
7) “A Mão Esquerda de Deus”: Lutero e o Estado.
Lutero, Zuínglio, Calvio e Cranmer foram todos reformadores magisteriais. Esse termo, cunhado por George H. Williams, refere-se ao fato de que todos os principais reformadores fizeram seu trabalho reformador em aliança com o poder coercitivo do magistrado e sustentados por ele, seja um príncipe, seja o conselho da cidade, como no caso da Inglaterra, o próprio monarca.[7]
Se os católicos confundiam os dois reinos na direção de uma teocracia papal, os anabatistas separavam muito precisamente os reinos em nome do separatismo religioso. Considerando literalmente a injunção de Cristo à não-resistência (Mt I 5.39), os anabatistas recusavam-se a participar dos poderes coercitivos do Estado. Em oposição aos reformadores pacifistas, Lutero insistia na origem divina do Estado nos limites de  seu poder e na base para a participação do cristão em sua atividade coercitiva. O reino de Cristo, a igreja, é “a mão direita de Deus”; o reino do mundo, o Estado, é “a mão esquerda de Deus”[8].
Os cinco solas:
Sola fide (somente a fé) : é o ensinamento de que a justificação (interpretada na teologia protestante como "sendo declarada apenas por Deus") é recebida somente pela fé, sem qualquer interferência ou necessidade de boas obras.
Sola scriptura (somente a Escritura): é o ensinamento de que a Bíblia é a única palavra autorizada e inspirada por Deus e é única fonte para a doutrina cristã, sendo acessível a todos.
Solus Christus (somente Cristo): Cristo é o único mediador entre Deus e a humanidade, e que não há salvação através de nenhum outro.
Sola gratia (somente a graça): é o ensinamento de que salvação vem por graça divina ou "favor imerecido" apenas, e não como algo merecido pelo pecador. Isto significa que a salvação é um dom imerecido de Deus por causa de Jesus.
Soli Deo gloria (glória somente a Deus): é o ensinamento de que toda a glória é devida somente a Deus, pois a salvação é realizada unicamente através de sua vontade e ação.
O protesto de Lutero contra a Igreja Romana não foi fundamentalmente moral, como o de Erasmo e de outros reformadores, mas sim teológico. Como Agostinho, Wycliffe e Hus antes dele, Lutero falava sobre a igreja invisível cujos membros reuniam todo o grupo dos predestinados. A igreja estende-se tanto no tempo quanto no espaço, e não está presa a nenhuma cidade, pessoa ou época. Seu fundamento é a eleição graciosa de Deus, revelada em Jesus Cristo e atestada pelas Escrituras Sagradas[9].
Nos Sacramentos defendia inicialmente três Ceia, Batismo e a Confissão, depois aceitou apenas dois [10] (Do Cativeiro Babilônico da Igreja).

TEOLOGIA DE CALVINO
Embora Calvino em alguns sentidos perpetuasse a tradição iniciada por Zwínglio e Bucer (notadamente no campo da organização eclesiástica), não podemos menosprezar o fato de Calvino considerar-se acima de tudo um fiel seguidor de Lutero, alguém que representava basicamente o mesmo ponto de vista que o mantido por Lutero[11].
Alguns estudioso de Lutero, refere-se a Calvino como o maior discípulo de Lutero. Os dois reformadores nunca se encontraram pessoalmente. Ainda assim, Lutero elogiou alguns dos primeiros escritos de Calvino que lhe haviam sido enviados. Calvino, por sua vez, chamou Lutero de seu “pai muito respeitável”[12].
Pois deve-se lembrar sempre que, apesar de todas as controvérsias entre os luteranos e reformados, e apesar do fato que em alguns pontos Calvino sentiu-se constrangido a discordar de Lutero, a verdade é que Calvino sempre se viu como um expoente fiel das doutrinas básicas da reforma luterana.
Assim como Lutero Calvino deu pouca importância ao sistema de governo eclesiástico, muitos presbiterianos irão copiar o sistema de governo de Calvino em Genebra, pois para Calvino, qualquer igreja onde a Palavra de Deus é proclamada corretamente, e os sacramentos devidamente administrados, deve ser considerada como uma igreja verdadeira.
Para Justo Gonzales Calvino foi “ um dos mais importantes teólogos cristãos de todos os tempos”[13].
Diferentemente de Lutero, pode-se dizer que Calvino nasceu na igreja. Gérard Cauvin, seu pai, era o assistente administrativo do bispo de Noyon. Embora Calvino certa vez tenha descrito a si mesmo como “meramente um homem dentre o povo”, movia-se com facilidade entre os altos escalões da sociedade. Era um aristocrata de coração, se não de linhagem. Ele nunca esqueceu tal fato acerca de si mesmo, nem deixava que os outros se esquecessem disso.
1) A idéia da glória de Deus (la gloire de Dieu): a doutrina d Glória de Deus vai ocupa um lugar central na teologia de Calvino. Em sua opinião, a glória de Deus é o alvo de todos os planos de Deus para o mundo e para a salvação, bem como o da atividade humana. «(Deus) estabeleceu o mundo inteiro com esta finalidade, que possa servir de cenário para sua glória». Intimamente associada à idéia da glória de Deus (gloria Dei) na mente de Calvino estava a doutrina da providência de Deus (providentia Dei): tudo o que acontece é impelido pela vontade onipotente de Deus e por sua ativa cooperação. A onipotência divina também inclui a atividade humana, mesmo quando é má.
2) A Impotância daa Bíblia na Vida cristã: Calvino fala de duas revelações de Deus, primeiro a natural, livre vontade de Deus de se revelar. Entretanto, por causa da pecaminosidade humana, o efeito salvífico das obras de Deus na natureza foi nulo: elas podiam apenas deixar as pessoas sem desculpa ante o tribunal de julgamento. A Bíblia se torna outro aspecto de Deus se revelar, que esta Palavra seria como um balbucio e um óculos para a humanidade. Conforme seus comentário de ITimóteo, Calvino declara que; 1) A Bíblia é a Palavra inspirada de Deus;  2) A Bíblia é a Palavra de Deus revelada em linguagem humana; 3) A Bíblia é confirmada ao cristão pelo testemunho interior do Espírito Santo, A capacidade de “reconhecer” a Bíblia como Palavra de Deus, então, não era aptidão adquirida com estudo acadêmico, nem percepção obtida por pressuposições dogmáticas; antes, era o livre dom do próprio Deus.
A Escritura não deriva sua autoridade da igreja (doutrina defendida pelo Romanismo).  Pelo contrário, a igreja é construída sobre o fundamento dos profetas e apóstolos, e este fundamento deve agora ser encontrado na Escritura? Embora existam bases racionais para crer que as Escrituras são autoritativas, estas não são suficientes para provar que elas são a Palavra de Deus. Deus. Isto pode ser conhecido apenas por meio do testemunho interior do Espírito.
Calvino em seus comentário, inicia uma sistematização da doutrina cristã a partir de uma hermenêutica literal da Bíblia.
3) A Trindade Divina: Doutrina esquecida, ou nem tanto dedicada por Lutero e Zwinglio, suas idéias a esta doutrina, o fez um perseguidor implacável de opositores, entre eles Serveto ( condenando a fogueira, alguns afirmam que Calvino pediu a decapitação), Gentile ( condenado e morto decapitado mesmo depois da morte de Calvino),  e Gribaldi ( foi expulso de Genebra por suas teorias antitrinitária, por Calvino).
Calvino provou ser impecavelmente ortodoxo em suas próprias formulações da Trindade: “... quando professamos crer em um só e único Deus, pelo termo Deus entende-se uma essência única e simples, em que compreendemos três pessoas ou hipóstases...”[14]
4) Condição do Humana: Esta doutrina foi importante ser desenvolvida, e Calvino sabia disto, pois os filósofos gregos não tinham uma concepção da queda, como as religiões da Bíblia (Judaismo e Cristianismo), por isto na reformulação cristã-filosofia não houve uma preocupação de se entrar corretamente nesta abordagem, antes em uma avaliação de virtude e dignidade. Calvino a recupera desenvolvendo uma sistematização bíblica do pecado, e sua real situação na humanidade, para ele o pecado corrompeu o intelecto e a vontade humana.
5) Cristologia: Calvino se via diante de cinco pensamentos distinto sobre a pessoa de Cristo.
A) O Anabatistas: Meno Simon enfatizava que Cristo não possui uma carne terrena, mas celestial.
B) Osiander: A encarnação ocorreria mesmo se não houvesse uma queda, doutrina já postulada pelo franciscanos. E que a intercessão ocorria por meio de sua divindade.
C) Serveto: Negava a divindade de Jesus, afirmava que Ele foi o primeiro a ser cheio do Espírito ainda no ventre, e que foi gerado pelo Espírito Santo, e que as duas naturezas de Jesus era na verdade sua vida cheia do Espirito, como cada cristão pode também ser.
D) Francesco Stancaro: Que a intercessão de Jesus era apenas por sua natureza humana. Para Calvino sua união hipostática servia para a salvação do homem.
E) Lutero: A onipresença do corpo de Jesus em vários sacramentos simultâneos, Calvino vai concordar com Zwinglio, que a divindade está totalmente presente em Jesus, mas a onipresença não foi atribuída ao corpo de Jesus.
Calvino vai finalizar a sua doutrina cristológica, pois ele defende este posicionamento no final de sua vida, nos três ofícios de Jesus chamado de Tríplex Múnus, profético no seu ministério terreno, sacerdotal, sua intercessão e a real na vida de cada cristão (já que Calvino era amilenarista).
6) Justificação: Aqui se baseia a diferença entre justificação pelas obras e justificação pela fé. Justificação pelas obras é aquela que tenta afirmar sua própria justiça, e assim satisfazer as exigências de Deus para justiça. Calvino rejeita a distinção Escolástica entre fé que é “formada” - isto é, tem recebido uma “forma” - pela caridade, e a fé “disforme”, O que os Escolásticos chamam de “fé disforme” não é a verdadeira fé.
Para Calvino a verdadeira e única função da fé  “E nós dizemos que ela consiste na remissão de pecados e na imputação da justiça de Cristo.” [15]. Fé não é a confiança pela qual nós aceitamos aquilo que nós não podemos provar pela razão, mas a autoridade nos diz. Há de fato coisas que são cridas baseadas na autoridade das Escrituras, mas crença em tais coisas não é fé. O papel da fé é o de unir o crente com Cristo, de tal forma que a justiça de Cristo é imputada ao crente, apesar do pecado.
7) Calvino estabelece uma clara distinção entre a igreja visível e a invisível. Falando estritamente, apenas a última, que é formada por todos os eleitos, vivos e mortos, é a verdadeira igreja universal. Apenas ela é o corpo de Cristo, pois apenas os eleitos são membros do seu corpo, e na igreja visível há muitos que não são eleitos. Entretanto, Calvino não leva esta distinção a ponto de caracterizar as duas igrejas como opostas. Pelo contrário, a igreja visível é uma expressão necessária e útil da igreja invisível, e enquanto nós permanecemos nesta vida, a igreja visível deve ser nossa igreja.
Sendo assim para Calvino cada cristãos não devem abandonar a igreja visível sob o pretexto de serem membros de um corpo invisível, Calvino era tão radical quanto esta situação que quem não fosse ao culto dominical , a não ser por justo motivo, seria preso.
8) Os Sacramentos: Como todo reformador, Calvino vais estabelecer apenas dois, a Ceia e o Batismo. Quanto ao batismo, defende o batismo infantil, o propósito do batismo - como de todo sacramento - é duplo; ele serve a fé, e é uma confissão diante dos outros. Por isto podemos aceitar o batismo realizado no Romanismo (contra os anabatistas). E deve ser ministrada unicamente pelo pastor, e que tanto a imersão quanto a aspersão são aceitáveis.
A lavagem que acontece no batismo não é tal que tenha validade apenas para o passado. Assim, a questão dos pecados pós-batismo, que foi uma questão importante no período da Patrística e finalmente se desenvolveu no sistema de penitência, não foi um problema para Calvino. Sua resposta foi simplesmente que o batismo era válido por toda a vida, e não somente no momento de sua celebração. Obviamente, esta idéia está intimamente conectada com a doutrina da justiça imputada, pois o que acontece no batismo não é que alguém seja efetivamente feito limpo e sem pecado, mas que a justiça de Cristo é declarada como sendo do crente. Como esta justiça tem valor permanente, o batismo é para a vida toda e purifica de todos os pecados, passados e futuros. Como conseqüência, o batismo não restaura alguém ao estado de Adão antes da queda. Sua função é estritamente cristocêntrica, e seu poder repousa na união com Cristo, que é o seu significado.
Para Zwinglio um memorial, para Lutero Consubstanciação, Para Lutero ao invés de transubstanciação, ocorre a consubstanciação, ou seja, a união de dois corpos na mesma substância, mantendo [16]a presença de Cristo na Eucaristia para os Romanistas Transubstanciação e para Calvino defendia a presença espiritual de Cristo na Santa Ceia. Mas diferente dos romanos e luteranos, e tomando por base uma frase da liturgia tradicional da Eucaristia (“sursum corda”, “elevemos os corações”), ele dizia que não era Cristo quem descia para tomar forma de pão e de vinho, mas era a Igreja quem era elevada espiritualmente aos céus para participar da Ceia na presença de seu Senhor[17].

TEOLOGIA DA REFORMA RADICAL
Foi um movimento reformador dentro da própria reforma, mas surge uma questão, será que ela foi necessária? Cremos que sim. Então surge outra questão, ela foi extrema? Sim, mas estes radicais nas suas atitudes provocou tanto em Lutero, Zwinglio e Calvino atitudes também radicais contra estes reformadores, que estavam também, como eles, imbuídos no desejo de trazer ao cristianismo a sua originalidade Bíblica. Logo seus críticos foram extremistas como eles na sua reforma.
A Reforma radical nasce na crítica tanto a Lutero como a Zwinglio, conforme Gonzales “ logo apareceram outros que assinalavam que o próprio Zwínglio não levava essas idéias a sua conclusão lógica”[18]. Assim nasce os radicais. Seus primeiros líderes, Conrad Grebel e Felix Mantz, foram discípulos radicais de Zuínglio que sentiram estar apenas levando a conseqüencias lógicas as idéias que haviam aprendido do mestre Ulrich.
Criticavam o envolvimento da Igreja com o estado, desde Constantino, o batismo infantil e não reconheciam o batismo romano, a igreja não deve se fundir a sociedade, e qualquer envolvimento a igreja se dará por decisão própria. A igreja é uma comunidade voluntária e não uma sociedade dentro da qual nascemos. Eram pacifistas, contra envolvimento a guerras (um dos problemas desta doutrina era a constante ameaça dos turcos na Alemanha), o Sermão do Monte deveria ser obedecido literalmente.
Em particular, estas pessoas, que se chamavam pelo nome de "irmãos", sustentavam que se devia fundar uma congregação ou um grupo dos verdadeiros crentes, para contrastar com aqueles que se diziam cristãos pelo fato de terem nascido num país cristão e terem sido batizados quando crianças. Quando finalmente observou-se que Zwínglio não seguiria o caminho que ele propunham, alguns dos "irmãos" decidiram fundar eles mesmos essa comunidade de verdadeiros crentes.
Em sinal disso, o ex-sacerdote Jorge Blaurock pediu a outro dos irmãos, Conrado Grebel, que o batizasse. Em 21 de janeiro de 1525, junto à fonte que se encontrava no meio da praça de Zurich, Grebel batizou Blaurock que, em seguida, fez o mesmo com outros irmãos. Aquele primeiro batismo todavia não foi por imersão, pois o que preocupava a Blaurock, Grebel e os demais não era a forma em que se administrava o rito, mas a necessidade que a pessoa tivesse e proclamasse sua fé antes de ser batizada. Mais tarde, em seus esforços por serem bíblicos em todas as suas práticas, começaram a batizar por imersão.
Quando Lutero ficou os dez meses no exílio no Castelo de Wartburg, Andreas Karstadt o substitui e radicalizou a reforma na Alemanha, arrancando e quebrando as estatuas das igrejas (iconoclastas), em 1524 Tomaz Müntzer lidera o levante de camponeses (fugindo de seu pacifismo inicial). Hans Hut ex-discípulo de Thomas Müntzer. previu que Cristo haveria de retornar à terra no domingo do Pentecoste de 1528. Ele começou a reunir os 144 000 santos eleitos (Ap 7.4), os quais ele “selou”, batizando-os na testa com o sinal da cruz. Ele morreu antes de 1528. Melchior Hoftnann, que estabeleceu uma data (1534)
Mas logo este movimento se deslocou em um extremismo, para eles além das Escrituras o Espírito Santo deveria ser também ouvido, surgindo com isto alguns que se dizia ser direcionados pelo Espírito Santo. Em Estrasburgo onde o anabatismo era relativamente forte e havia uma certa medida de tolerância, Hoffman se tornou anabatista. Pouco depois começou a anunciar que o dia do Senhor estava próximo. Sua pregação inflamou as multidões, que correram para Estrasburgo, onde segundo ele seria estabelecida a Nova Jerusalém (eram pré-milenaristas).
Com a prisão de Hoffman, se espalhou que a Nova Jerusalém seria em Münster, Rapidamente o número dos anabatistas em Münster foi tal que conseguiram apoderar-se da cidade. Seus chefes eram um padeiro holandês, João Matthys, e seu principal discípulo, João de Leiden. Uma das primeiras providências foi mandar os católicos para fora da cidade. O bispo, expulso de sua sede, reuniu um exército e sitiou a Nova Jerusalém.
Enquanto isso, dentro da cidade, se insistia cada vez mais em que tudo se ajustasse à Bíblia. Os protestantes moderados foram também considerados ímpios. Constantemente se destruíam as esculturas, pinturas e demais objetos do culto tradicional. Fora da cidade o bispo matava a todos os anabatistas que caíssem em suas mãos. Os defensores se exaltavam cada vez mais, à medida em que a situação piorava, pois os alimentos se escasseavam.
Diariamente havia aqueles que criam receber visões do alto. E numa saída militar contra as forças do bispo, João Matthys caiu morto, e João de Leiden o sucedeu. Devido à guerra constante e o êxodo de muitos varões, a população feminina da cidade era muito maior que a masculina, e João de Leiden decretou a poligamia, usada pelos patriarcas do Antigo Testamento. Por lei, toda mulher na cidade deveria estar casada com algum homem.
Porém, pouco depois, um grupo de habitantes da Nova Jerusalém, talvez fastiados pelos excessos que se cometiam, ou talvez impulsionados pela fome e pelo medo, abriram as portas da cidade para o bispo, cujas tropas arrasaram os defensores do reduto apocalíptico. O rei da Nova Jerusalém FOI capturado e preso.
O número de mártires foi enorme, provavelmente maior do que todos os que morreram durante os três primeiros séculos da história da igreja. O modo pelo qual se aplicava a pena de morte variava de lugar para lugar e até de caso para caso. Com cruel ironia, em alguns lugares se condenavam os anabatistas a morrerem afogados.
Em 1525, as regiões católicas da Suíça começaram a condenar os anabatistas à pena capital. No ano seguinte o Conselho de Governo de Zurich decretou também a pena de morte para quem rebatizasse ou quem se deixasse rebatizar. E em poucos meses todos os demais territórios protestantes da Suíça seguiram o exemplo de Zurich.
Na Alemanha não existia uma política uniforme, pois se aplicavam aos anabatistas as velhas leis contra os hereges e cada estado seguia pelo caminho que melhor lhe parecia. Em 1528, Carlos V decretou a pena de morte para os anabatistas, apelando para uma velha lei romana, criada para extirpar o donatismo, segundo a qual quem se fizera culpável de rebatizar ou de rebatizar-se devia ser condenado à pena de morte. A dieta de Spira, de 1529, a mesma em que os príncipes luteranos protestaram e por isso receberam o nome de protestantes, aprovou o decreto imperial contra os anabatistas. E desta vez ninguém protestou.
SEGUNDA GERAÇÃO
O mais notável porta-voz dessa nova geração foi Menno Simons, um sacerdote católico holandês que abraçou o anabatismo em 1536, isto é, no mesmo ano em que foram executados João de Leiden e seus companheiros. Simons se uniu a um grupo de anabatistas holandeses cujo chefe era Obbe Philips, porém logo se destacou entre eles de tal maneira que o grupo recebeu o nome de "menonitas".
Os cristãos, segundo cria Menno Simons, não tinham que prestar juramento algum e, portanto, não poderiam ocupar cargos públicos que requeriam tais juramentos. Porém, tinham que obedecer as autoridades civis em tudo, exceto no que as Escrituras proibiam. O batismo, que Menno praticava jogando água sobre a cabeça, somente seria administrado aos adultos que confessassem a sua fé. Nem esse rito, nem a ceia conferem graça alguma, mas são sinais externos.
COCLUSÃO:
De forma brilhante todos estes movimentos da reforma alcançou de forma madura a construção e  elaboração teológica da fé cristã, retornando principalmente as Escrituras como recurso único e fundamental de toda construção da doutrina cristã.
Não desprezando o que foi elaborado através dos tempos pela igreja, mas sem medo e receio rejeitando oque não concordavam com as Escrituras.
A Teologia Reformada foi o motivo de muitas controvérsias, e posteriormente de dissenções dentro dos reformadores, mas isto foi devido de um grande período de erros, equívocos, que se encontravam no seio da Igreja, que foi se afastando da compreensão dos apóstolos da Igreja sobre a fé cristã.
Hoje muito dos pensamentos, de muitas práticas cristã da nossa Teologia Sistemática protestante é oriunda destes reformadores, e, inclusive nossa hermenêutica aplicada em nossa leitura das Escrituras, são um resgates da reformulação da teologia no período da reforma.









BIBLIOGRAFIA BÁSICA:
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GONZALEZ, Justo L. Uma História do Pensamento Cristão da Reforma Protestante ao Século 20. São Paulo: Cultura Cristã; vol.. 3, 2004.
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TILLICH, Paul. História do Pensamento Cristão. 3. Ed. São Paulo: ASTE, 2004.



[1] Maia, Hermisten Fundamentos da teologia reformada/ Hermisten Maia — São Paulo : Mundo Cristão, 2007.
[2] George, Timothy Teologia dos reformadores; tradução Gérson Dudus e Valéria Fontana. — São Paulo : Vida Nova, 1993.
[3] OLSON, Roger. História da Teologia Cristã; Trdç Gordon Chown, - S. Paulo,  Ed. Vida 2000.
[4] GONZALEZ, Justo L. Uma História do Pensamento Cristão da Reforma Protestante ao Século 20. São Paulo: Cultura Cristã; vol.. 3, 2004.
[5] Hágglund, Bengt. História da Teologia, Ed Concórdia, Porto Alegre, 2003.
[6] TILLICH, Paul. História do Pensamento Cristão. 3. Ed. São Paulo: ASTE, 2004.
[7] GONZALEZ, Justo L. Uma História do Pensamento Cristão da Reforma Protestante ao Século 20. São Paulo: Cultura Cristã; vol.. 3, 2004.
[8] GEORGE, Timothy. Teologia dos Reformadores. São Paulo: Vida Nova, 1994.
[9] LIENHARD, Marc. Martim Lutero: tempo, vida e mensagem. Rio Grande do Sul: Sinodal & IEPG, 1998
[10] LIENHARD, Marc. Martim Lutero: tempo, vida e mensagem. Rio Grande do Sul: Sinodal & IEPG, 1998.
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ENTRE OS REFORMADORES LUTERO, ZWÍNGLIO E CALVINO, CIÊNCIAS DA RELIGIÃO – HISTÓRIA E SOCIEDADE Volume 6 • N. 2 • 2008
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[18] Gonzales , Justo L. . São Paulo: Era dos Reformadores Vl.6 Vida Nova, 1995.

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