segunda-feira, 2 de setembro de 2024

 A PLURALIDADE DAS INTERPRETAÇÕES TEOLÓGICAS GEROU UNIÃO OU DISPERSÃO DA IGREJA DE CRISTO?
 
 
 
INTRODUÇÃO
 

             É notório que o presente momento é de grande turbulência teológico, onde ideologias e novas concepções surgem a cada momento, atacando e afrontando as maneiras tradicionais e ortodoxa de se crer nas doutrinas. Diante dessa conjuntura é preciso que sejamos objetivos quando somos abordados acerca da razão de nossa esperança cristã; por que cremos assim? Qual a nossa concepção de Deus? Qual a cosmovisão em que estamos estribados? Enfim, qual é a definição teológica dos evangélicos em contraste com as demais teologias?  Pois se soubermos distinguir as transformações dais quais realmente se acredita está acontecendo, poderá fazer um trabalho missional sem medo, e ou receio, além de proporcionar uma sã formação doutrinária a este neófito cristão.
Em sua maioria, ao serem abordados acerca da fé que proferem, observa-se uma certa estagnação na forma que se encontra o ensino nas igrejas, aceitam o ensino básico que ocorrem nos cultos, se apostatando no conhecimento, néscios que são tragados por ventos de doutrinas não ortodoxos.   
Visto que Deus fez dos homens os instrumentos imediatos de toda a revelação, a fé evangélica deve ser em parte fundada sobre o testemunho humano. O Antigo e o Novo Testamento foram escritos pelos homens inspirados por Deus, observa-se que uns mais que outros. Desta forma, os homens se julgam capazes de rejeitar alguns dos evangelhos, capítulos ou versículos.
           Com a pluralidade das interpretações teológicas, identifica-se cada indivíduo na parte da doutrina que o favorece, facilita e aprova o que dantes era definido como pecado e agora permitido.
A gênese da doutrina cristã outrora ensinada, tem sido tratada de forma desleixada por alguns e alterada, por outros, o mais sensato seria dizer deturpada ao longo de séculos por concílios, teorias filosóficas, teses, interpretações das doutrinas teológicas de forma pagã e até mesmo as teodiceias do filósofo alemão Leibniz.
A problemática em questão são as consequências, para os doutos e indoutos, que estão em uma constante busca de Deus de forma plena, mas não conseguem em sua maioria, discernir se estão no caminho certo, pelo constante surgimento de novas interpretações doutrinárias e linhas de pensamento.
É neste segmento que desenvolveremos o nosso trabalho, a fim de detectar os entraves teológicos, e superar para defender, e propagar o legítimo sistema teológico, que seria aquele mais próximo nas propostas dos autores apostólicos.
 
 
 
1. DOUTRINA
1.1 Conceituação da Doutrina.
 
Doutrina é definida como um conjunto de princípios que servem de base a um sistema, que pode ser literário, filosófico, político e religioso. Doutrina também pode ser uma fonte do direito.
Doutrina está sempre relacionado à disciplina, a qualquer coisa que seja objeto de ensino, e pode ser propagada de várias maneiras, através de pregações, opinião de pessoas conhecidas, ensinamentos, textos de obras, e até mesmo através da catequese, como uma forma de doutrina da Igreja Católica.
Doutrina também está presente nas ciências jurídicas, onde também é chamada de direito científico, que são estudos desenvolvidos por juristas, com o objetivo de compreender os tópicos relativos ao Direito, como normas e institutos. A definição da palavra doutrina é ampla, desta forma facilita em inúmeros âmbitos a criação de novas correntes doutrinárias. [1]
Na teologia A palavra doutrina se origina do grego: “didache”,[2] que significa ensino ou instrução dos apóstolos. Entendemos que a sã doutrina é a revelação do Eterno Deus por meio das sagradas escrituras e representa o alicerce e o sustentáculo da verdadeira fé cristã.
 
1.2 A Teologia e a Pluralidade de Interpretação da Doutrina.
               A teologia e a sua pluralidade de interpretação da doutrina, tema deste trabalho no sentido etimológico é "o assunto acerca de Deus",[3] o assunto mais elevado de que é capaz de se ocupar a mente humana, por isto é reconhecida por muitos teólogos como a rainha das ciências[4].
Vários métodos de teologia já propostos como por exemplo os métodos especulativo, racionalista, dogmático e místico, têm conduzido os homens a conclusões contrárias às Escrituras, as que violam também nossa natureza moral. Afinal, a pluralidade de interpretações teológicas gerou união ou divisão da Igreja de Cristo?
               O método teológico nesse processo, requer grande diligência, preocupação e exaustivo trabalho. Os grandes fatos da Bíblia devem ser aceitos conforme se apresentam e a partir deles ser edificado o sistema teológico, a fim de abraçá-los em toda integridade. A Bíblia é para o teólogo o que a natureza é para o cientista: a fonte 
de fatos concretos. O teólogo reverente adota, para averiguar o que a Bíblia ensina, o mesmo método que o filósofo adota para averiguar o que a natureza ensina[5].
               Em busca de respostas as suas indagações, teólogos mergulham em suas teses de interpretações bíblicas, de forma a tornar a sã doutrina em loucura. Ao longo da história do pensamento cristão, observa-se as múltiplas interpretações, trazendo consigo discordâncias de forma tão veemente, que o corpo de membros das congregações, têm-se dividido e dispersado, dando vazão a novas denominações.
              Teólogos em busca do conhecimento se perdem, tentando compreender;
·         As Escrituras, a necessidade dela, a inspiração e veracidade.
·         Deus e a sua existência, natureza, atributos e trindade.
·         Os anjos, Satanás e espíritos maus.
·         O homem, a origem, natureza e imagem de Deus no homem.
·         O pecado, buscam sua origem, natureza e suas consequências.
·         Jesus Cristo, pesquisam sua natureza divina e humana, seus ofícios e obras. 
·         Estudam a expiação no velho e no novo testamento.
·         A salvação, é tema deveras debatido, a natureza da salvação, justificação, regeneração, santificação e segurança acerca do temeroso Apocalipse.
 
2. A EVOLUÇÃO DA PLURALIDADE
               A teologia cristã procura a razão no interior da fé cristã. Segundo a fórmula de Anselmo de Canterbury, a teologia éfides quaerens intellectum ("a fé que procura a inteligência")[6]. Trata-se, pois, de uma tentativa da inteligência racional de abordar a fé por meio das categorias filosóficas (gregas, no início e, posteriormente, modernas). Encontra-se expressa, basicamente, em quatro grandes seções: teologia sistemática, teologia bíblica/teologia exegética, teologia prática, teologia histórica.[7]
Após a reforma protestante, popularmente considerado como tendo começado na Alemanha em 1517, quando Martinho Lutero publicou suas 95 Teses, como uma reação contra abusos na venda de indulgências pela Igreja Católica Romana, que pretendia oferecer remissão de pecado aos seus compradores.[8] No entanto, o termo deriva da carta de protesto dos príncipes luteranos alemães em 1529 contra o édito da Dieta de Speyer, que condena os ensinamentos de Martinho Lutero como heréticos[9].
Embora existissem rupturas anteriores e tentativas de reforma da Igreja Católica Romana - notadamente por Pedro Valdo, John Wycliffe e Jan Hus — somente Lutero conseguiu desencadear um movimento mais amplo, duradouro e moderno.[10] No século XVI o pensamento  de Lutero se espalhou pelo norte da Europa, pincipalmente na Dinamarca, Suécia, Letônia, Estônia e Finlândia.
Já as denominações que seguiram os princípios de Calvino alcançaram parte da Alemanha, Paises Baixo (atual Holanda) Hungria, Escvócia, Suiça e França, pelos reformadores João Calvino, Huldrych Zwingli e John Knox.[11]
A separação política da Igreja da Inglaterra do papa sob o governo do rei Henrique VIII fez surgir o anglicanismo na Inglaterra e no País de Gales, parte do movimento mais amplo da Reforma.[12]
As novas denominações e interpretações teológicas também trouxeram divergências nas novas denominações. Surgindo inúmeros movimentos pós reforma.
2.1 Movimentos Pós Reforma
·         Adventismo.
·         Anglicanismo.
·         Anglo-Catolicismo.
·        Arminianismo (reação ao Calvinismo): soteriologia que afirma que o homem é livre para aceitar ou rejeitar o dom de Deus da salvação; identificado com o teólogo holandês reformista Jacobus Arminius, desenvolvida por Hugo Grotius, defendido pelos Remonstrantes, e popularizado por John Wesley. A doutrina chave das igrejas Anglicanas e Metodistas, adotada por muitos Batistas e alguns Congregacionalistas.[13]
·         Calvinismo: Tipo de soteriologia avançada criada pelo Reformador protestante francês João Calvino, que defende as opiniões de Santo Agostinho sobre a eleição e rejeição; Afirma a Predestinação, a soberania de Deus e a incapacidade do homem para realizar sua própria salvação por acreditar na regeneração;[14]
·         Movimento carismático: Movimento em muitas igrejas protestantes e algumas católicas que enfatiza os dons do Espírito e no contínuo trabalho do Espírito Santo no corpo de Cristo; frequentemente associada ao falar em línguas e a cura divina.[15]
·         Congregacionalismo: Sistema utilizado por Congregacionalistas, Batistas, Pentecostais e igrejas, em que cada congregação se auto-regula e é independente de todos os outros.[16]
·         Contra-Reforma (ou Reforma Católica): A resposta da Igreja Romana Católica a Reforma Protestante.
·         Panenteísmo.
·         Deísmo: A doutrina geral que nenhuma fé é necessária para justificar a existência de Deus e/ou a doutrina de que Deus não intervém nos assuntos terrestres (contrasta com Fideísmo).
·         Dispensacionalismo: Crença hermenêutica bíblico e na filosofia da história que vê o desdobramento histórico em várias dispensações de Deus para a humanidade.
·         Evangelicalismo: Tipicamente conservadora, predominantemente protestante. Prioriza maiormente as perspectivas evangelistas das outras atividades da Igreja acima mencionadas.
·         Fideísmo: A doutrina que a fé é irracional, que a existência de Deus transcende a lógica, e que todos os conhecimentos de Deus funcionam na base da fé (contrasta com o Deísmo).
·         Liberalismo: Crença em interpretar a Bíblia de forma a permitir o máximo de liberdade individual.
·         Metodismo: Forma de funcionamento da igreja e doutrina usada na Igreja Metodista.
·         Modernismo: Crença que a verdade muda, assim a doutrina deve evoluir em função de novas informações ou tendências.
·         Mormonismo: Crença de que o Livro de Mormon e outros volumes literários poderão ser também considerados Escrituras divinas; crença em profetas e apóstolos; considerada como uma doutrina diferente ou pseudo-cristã por algumas outras denominações cristãs; refere-se especialmente às crenças de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.[17]
·         Novo pensamento: Movimento baseado na Inglaterra durante o século 19 que acredita no pensamento positivo. Várias denominações surgiram disso, incluindo a Igreja Unida e a Ciência Religiosa.
·         Anti-conformismo: Advoga a liberdade religiosa; inclui os Metodistas, Batistas, Congregacionalistas e Salvacionistas.
·         Anti-trinitarianismo: Rejeição da doutrina da Trindade.
·         Pentecostalismo: Vide página 11
·         Presbiterianismo: Forma de governança usada nas igrejas Presbiterianas e Reformadas.
·         Puritanismo: Movimento para purificar o Episcopalismo de qualquer aspecto ritual.
·         Supersessionismo: Acredita que a Igreja Cristã, o corpo de cristo, é o único povo eleito de Deus na era da Nova aliança.
·         Restauracionismo: Tentativa de retornar ao modelo de Igreja do Novo Testamento. Em que uma das doutrinas fundamentais considera a idade média como um período conhecido como apostasia, gerando a necessidade de um retorno à real teologia cristã em sua "totalidade" e "pureza" por meio de uma restauração divina da ordem sacerdotal cristã.
·         Tractarianismo: Movimento de Oxford. Levou ao Anglo-Catolicismo.
·         Ultramontanismo: Um movimento do século 19 da Igreja Católica romana para enfatizar a autoridade papal, particularmente durante a Revolução Francesa e a secularização do Estado.
·         Unitarianismo: Rejeita a Trindade e também a divindade de Cristo, com algumas exceções.
·         Universalismo: De várias formas, a crença que todas as pessoas no final serão reconciliadas com Deus. [18]
Pontos distintos de doutrina podem variar desde um pequeno número de proposições simples até uma quantidade numerosa de elementos, dependendo de cada grupo. Alguns grupos são relativamente estáticos, enquanto outros mudaram dramaticamente suas definições ao correr do tempo. Como exemplo, antes do Iluminismo, mestres cristãos que negassem a doutrina da Santíssima Trindade (dogma amplamente sustentado, tratando das relações entre Deus Pai, Deus Filho e o Espírito Santo, formulado, a nível terminológico, a partir de passagens do Novo Testamento ao longo dos quatro primeiros séculos da era cristã) seriam expulsos de suas igrejas e, em alguns casos, exilados ou mesmo destituídos da proteção da lei.
2.2 Novos Segmentos Doutrinários: Fugindo da Ortodoxia 
Atualmente, algumas tradições de fé reivindicam não ser descendentes de nenhum dos grupos históricos, mas não deixam de se considerar cristãos na sua essência 
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (também conhecida como Mórmon), por exemplo, entende a Santíssima Trindade de forma diferente: para eles, o Pai, o Filho e o Espírito Santo são seres distintos entre si. Esta denominação é algumas vezes agrupada entre as igrejas protestantes, embora não se caracterize a si mesma como tal. Sua origem, durante o Segundo Grande Despertamento, foi paralela ao surgimento de inúmeras outras religiões norte-americanas, incluindo os Adventistas e o movimento de restauração. 
Quanto às Testemunhas de Jeová, embora afirmem ser cristãs, também não se consideram parte do protestantismo apesar de alguns críticos as tentarem assim catalogar. Seus adeptos crêem que praticam o cristianismo primitivo e que não são fundamentalistas no sentido em que o termo é comumente usado, mas sim rigorosos no cumprimento do Cristianismo. Aceitam a Jesus como criatura, de natureza divina, seu líder e resgatador, rejeitando a crença na Trindade e ensinando que Cristo é o filho do único Deus Todo Poderoso, Jeová bem como acreditam que o Espírito Santo é a força ativa de Deus, Jeová. 
Outros movimentos deram origem ao Unitarianismo, que renunciou formalmente às suas origens cristãs em 1961 e existe como uma organização religiosa separada. Apesar de sua virtual abstenção de qualquer doutrina formal, no entanto, há unitarianos que se auto-identificam como cristãos, apesar de serem uma minoria
Em 1980 a Igreja Adventista do Sétimo Dia alterou suas crenças fundamentais adicionando a doutrina da Santíssima Trindade como uma crença básica. Essa doutrina era muito combatida pelos pioneiros fundadores dessa denominação. Muitos membros não concordam com a mudança ao tomarem conhecimento da posição dos pioneiros e aqueles que se expressam contrários à mudança são destituídos do rol de membros e vários deles juntam-se aos unitarianos, formando movimentos independentes.
 
2.3 O Pentecostalismo
O pentecostalismo teve 3 ondas (até agora), cada uma delas se distanciando mais da verdade: 
A primeira onda – Pentecostalismo Clássico. Teve início em 1901, quando a sra. Agnes Ozman, nos Estados Unidos, disse ter recebido o batismo do Espírito Santo e falado línguas. A prática foi incorporada ao movimento Holiness. Um outro evento mais conhecido deu-se em 1906, quando se relatou o falar em línguas em uma igreja na rua Azusa (Azusa Street Mission), estado da Califórnia. Desses dois eventos procede a maioria das igrejas pentecostais históricas, como a Assembleia de Deus e a Igreja do Evangelho Quadrangular.[19]
A segunda onda – Pentecostalismo recente ou Renovação Carismática. Semelhantemente ao movimento pentecostal anterior, enfatizou os “dons extraordinários”, com grande ênfase ao “dom de línguas”. A grande diferença é que as linhas denominacionais foram quebradas e a visão doutrinária pentecostal atingiu várias igrejas. O ano de 1960 marca o início desta onda, em uma igreja Episcopal da Califórnia, na qual se observou o falar em línguas. A própria imprensa secular deu destaque ao acontecimento. O movimento, nos Estados Unidos, se espalhou pelas universidades, entre organizações para-eclesiásticas, tais como a ABU. Além de atingir denominações tradicionais, como luteranos, presbiterianos e metodistas, penetrou nos católico-romanos, partindo da universidade de Notre Dame, formando o movimento dos “católicos carismáticos”, que perdura até hoje. A maior característica desse período foi a determinação dos persuadidos pelos ensinamentos pentecostais, a permanecerem nas denominações de origem, “renovando-as”. 
A terceira onda – O movimento de sinais e maravilhas – o Neopentecostalismo 
 A designação “terceira onda” foi cunhada por Peter Wagner, em 1983, um dos proponentes do movimento de crescimento de igrejas. Ele escreveu que as duas primeiras ondas continuavam, mas agora o Espírito estaria vindo em uma “terceira onda” com sinais e maravilhas. Temos aqui, também, o surgimento do movimento Vineyard, que conseguiu adeptos e transformou-se em uma denominação, propagando o que ficou conhecido como “evangelismo do poder” (power evangelism) – o evangelho é propagado e demonstrado por sinais e maravilhas sobrenaturais. O dom de línguas, neste estágio, recebeu uma ênfase menor do que o de “profecias”, curas e realização de efeitos especiais e sobrenaturais – muitas vezes sem razão ou conexão aparente – tais como: quedas, risos, urros, etc. – Outras características são a teologia da prosperidade e/ou as grosseiras aberrações usando algo FÍSICO que vem da superstição pagã e até do demonismo aberto (dentes de ouro; vômito / sopro / cola do Espírito; gargalhada de Toronto; latidos santos; água magnetizada; óleo de Israel; fogueira santa; amuletos, patuás e despachos; etc.).[20]
2.3.1 As Três Ondas Pentecostais no Brasil
A Primeira Onda Pentecostal - No Brasil, o Movimento Pentecostal pode ser dividido em três ondas: começou em 1910 com a fundação da Congregação Cristã no Brasil e as Assembleias de Deus em 1911. Depois, da América, chega a Igreja de Cristo no Brasil (1932, Mossoró, RN) e entra em conflito com as outras duas por defender que o Batismo com o Espírito Santo dava-se no momento da conversão e não com a experiência posterior de falar em línguas. Em seguida, surgiu a Igreja Evangélica do Calvário Pentecostal (1935, Catalão, GO) que depois se funde com a Igreja de Deus de Cleveland, EUA, e se tornou a Igreja de Deus no Brasil. No ano seguinte surgiu a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo (1936, São Paulo, SP) e, três anos depois, de origem americana, a Missão Evangélica Pentecostal do Brasil (1939, Manaus, AM). Novas denominações vão surgindo até 1950. A Primeira Onda Pentecostal, portanto, vai de 1910 a 1950.[21]
A Segunda Onda Pentecostal: Começou em 1950 quando dois missionários da International Church of The Foursquare Gospel vieram ao Brasil e fundaram a Igreja do Evangelho Quadrangular (I.E.Q), construindo um pequeno templo (1951, São João da Boa Vista). Em 1952, a convite do pastor da Igreja Presbiteriana do Cambuci viajaram à capital de São Paulo e realizaram uma cruzada de evangelização e milagres. Em seguida, conseguiram uma tenda de lona no mesmo bairro e, através do rádio, revolucionaram o evangelismo pentecostal, com reuniões em tendas a que compareciam milhares de pessoas. Nascia assim a Cruzada Nacional de Evangelização, com a tenda número 1 percorrendo todas as cidades do estado de SP. Sempre que a tenda se mudava, deixava uma I.E.Q. no local. Desta Igreja surgiram muitas outras denominações como O Brasil para Cristo, a Igreja Pentecostal Deus é Amor, A Casa da Bênção, Igreja Cristã Pentecostal da Bíblia do Brasil, Igreja Pentecostal Unida do Brasil, Ministério Cristo Vive, Igreja Unida, Igreja de Nova Vida e diversas outras. A Segunda Onda Pentecostal vai de 1950 a 1970.[22]
A Terceira Onda Pentecostal: Começou em 1970 e deu origem a um novo ciclo chamado de Neopentecostal (onde Neo quer dizer Novo), por serem mais liberais, pois a maior parte das denominações pentecostais anteriores proibiam, inclusive, ouvir-se rádio ou assistir tv, e eram rígidas com relação a usos e costumes. De 1977 a 1992 surgiram as Igreja Universal do Reino de Deus, fundada pelo Bispo Edir Macedo (1977, Rio de Janeiro), a Igreja Internacional da Graça de Deus, fundada pelo Missionário R. R. Soares, (1980, Rio de Janeiro), a Comunidade Cristã Paz e Vida, fundada pelo Pr Juanribe Pagliarin (1982, São Paulo), Igreja Renascer em Cristo, fundada pelo Apóstolo Estevan Hernandes (1986, São Paulo), Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra, fundada pelo Bispo Robson Rodovalho (1992, Brasília) [23] e Igreja Mundial do Poder de Deus, fundada pelo Apóstolo Valdemiro Santiago (1998, São Paulo). A Terceira Onda Pentecostal está em pleno movimento.
Quase todas as Neopentecostais surgiram por divergências. Ex.: a Universal surgiu por divergência entre Edir Macedo e o Pr McAlister, fundador da Igreja de Nova Vida. As Igrejas da Graça e Mundial por divergência de R.R. Soares e Valdemiro Santiago com Edir Macedo. A Sara Nossa Terra surgiu por divergência entre os Bispos Rodovalho e Cesar Augusto, quando presidiam a Comunidade Evangélica de Goiânia. 
Renovados: Várias denominações passaram a experimentar as manifestações Pentecostais, sendo chamadas de "Renovadas". 
Católicos Carismáticos: Nos anos mais recentes, até a Igreja Católica Apostólica Romana, seja para fazer frente aos Neopentecostais ou como busca por algo maior, deu origem à Renovação Carismática Católica, onde padres tentam pregar e se vestir como pastores, leem a Bíblia, limpam seus templos dos ídolos e oram para curas pela fé. Ocorre que, apesar dessa “renovação”, continuam orando para Maria e colocando-a como medianeira entre Deus e os homens, em oposição à Tm 2:5. [24]
 A Igreja Triunfante: Assim, constatamos em nosso país e no mundo o surgimento continuado e crescente de novos ramos denominacionais, mas o que interessa mesmo é ser membro da Igreja Triunfante – aquela de Cristo, cujas portas do Inferno não prevalecerão contra ela e que subirá como Noiva do Senhor para morar eternamente com Ele (Jo 14:1-3). [25] [26]
 
3. AS CONSEQUÊNCIAS
Diante de todas denominações citadas, observa-se que seguem inúmeras linhas teológicas, em alguns pontos concordam e em maioria discordam, desta forma, acaba-se em algum momento, deparando em estudos com algumas dessas linhas teológicas: Teologia moral, natural, liberal, gnóstica, espiritual, da prosperidade, da libertação, contemporânea, pentecostal, do corpo, da missão integral, reformada, católica, calvinista, cristã Franklin Ferreira, luterana, apofática, arminiana, afrodescendente, agostiniana, batista, feminista, filosófica, humanista, hebraica, interconfessional, judaica, joanina, metodista, medieval, mística, negativa ou  ortodoxa, pastoral, puritana, quântica, relacional, rabínica, tomista, triunfalista, da trindade, universalista, visual, messiânica, kantiana, wesleyana, inclusiva (negros, mulheres e homossexuais), entre outros.
A natureza e o valor da doutrina se foram, saíram do foco, esqueceram a ligação existente entre a teologia e a religião.
Religião origina-se da palavra latina ligare, que significa “ligar”; religião apresenta as atividades que ligam o homem a Deus em determinada relação. A teologia é o conhecimento acerca de Deus. Assim, a religião é a prática, ao passo que a teologia é o conhecimento. A religião e a teologia devem coexistir na verdadeira experiência cristã. Contudo na prática, às vezes elas se encontram de tal maneira distanciadas que é possível ser teólogo sem ser verdadeiramente religioso; por outro lado, a pessoa pode ser verdadeiramente religiosa sem possuir um conhecimento doutrinário sistemático. [27]
Do latim religio, que significa “louvor e reverência aos deuses”. Os etimologistas discutem bastante a respeito sobre a real origem etimológica da palavra “religião”. No entanto, muitos acreditam que tenha surgido a partir da junção do prefixo re, que funciona como um intensificador da palavra que o sucede, neste caso ligare, que significa “unir” ou “atar”. Assim, religare teria o sentido de “ligar novamente”, “voltar a ligar” ou “religar”. Neste caso, o termo era utilizado como um ato de “voltar a unir” o humano com o que era considerado divino.[28] A mensagem de Deus ao teólogo é: “Se sabes estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes”[29] (Jo 13.17); e a mensagem de Deus ao homem espiritual é: “ Procura apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2Tm 2.15). [30]
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Assim como Jeroboão I, a igreja contemporânea diz onde, quando e como Deus deve ser adorado, cada um segundo sua linha teológica, interpretação, posição filosófica e etc, causando conflitos semelhantes existente entre judeus e samaritanos, a origem dos judeus (moradores do reino do sul, de Judá) não se darem com os samaritanos (judeus misturados com outros povos e que habitavam o reino norte) deu-se porque judeus viam os samaritanos como israelitas não puros devido a essa mistura não só de casamentos com pessoas de outras nações como desse culto misto. Cada um crendo e se seguindo seus próprios preceitos, como convém.
1 Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos trabalhosos;2 porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos 3 sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, 4 traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, 5 tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te. 2Timóteo 3.1-5 [31]
           Desta forma, aqueles que congregam em denominações que não são do mesmo seguimento, são considerados pecadores e blasfemos. Se falam em línguas, pulam, batem palmas, se glorificam alto, fazem coreografias ou adoram em ritmos não tradicionais, adquirem o mesmo julgamento, e aqueles que seguem de forma tradicional são cognominados de arcaicos. Com todas as pluralidades teológicas existentes e que estão porvir, com o ser humano e seu antropocentrismo, guarda-se um capítulo, da segunda carta do apóstolo Paulo a Timóteo, como referência de como proceder no presente marasmo de centralidade espiritual.
13 Mas os homens perversos e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados. 14 Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste 15 e que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus. 16 Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, 17 a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.[32] (2 Timóteo 3:12-17) 
Enquanto os homens gloriam-se em suas vãs concepções, segundo os padrões desta era, Deus adverte, na ordem hierárquica Deus é o centro, pois Dele, por Ele e para Ele são todas as coisas (Romanos 11:36).
18Ninguém se engane a si mesmo. Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio. 19 Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito: "Ele apanha os sábios na sua própria astúcia. 20 E outra vez: "O Senhor conhece os pensamentos dos sábios que são vãos".21 Portanto, ninguém se glorie nos homens; porque tudo é vosso:22 seja Paulo, seja Apolo, seja Cefas, seja o mundo, seja a vida, a morte, seja o presente, seja o futuro, tudo é vosso,23 e vós, de Cristo, e Cristo, de Deus.[33] (1 Coríntios 3:18-23)
A genuína igreja de Cristo chora, sofre por viver o evangelho de amor, compaixão e solidariedade. Chora ao ouvir os sermos, pregações, ensinos nas escolas bíblicas de forma a favorecer seus egos gigantescos, igreja que se vê como Maria Madalena “E disseram-lhe eles: Mulher, por que choras? Ela lhes disse: Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram.” (João 20:13)
 Segundo Agostinho, o amor é uma força natural que guia o homem ao seu lugar de repouso, usando, para isso, a sua vontade19. Como ele mesmo diz, “amor meus pondus meum” [34]. Porém, este repouso do homem só é possível com a satisfação de todos os desejos, ou seja, com o direcionamento do seu amor àquilo que o satisfaça inteiramente. Logo, faz-se mister amar não aquilo que é passageiro, mas o que durável, que não passa com o tempo. A verdadeira felicidade só é possível quando depositamos nosso amor naquilo que é eterno, isto é, em Deus, porque não há repouso para o nosso coração a não ser Nele. [35]
 
REFERÊNCIA 
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[2] WEGENAST, K. Ensinar, Instruir, educação, disciplina;in BROWN,Colins. DISCIONÁRIO INTERNACIONAL DE TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO, Vol 2, São Paulo. Ed Vida Nova, 1989 
[3] ROLDÁN, Alberto F. Para que serve a teologia? Curitiba: Descoberta, 2000.
[4] GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 2000
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[14] ELWELL, Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã. 
[15] ELWELL, Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã.
[16] ELWELL, Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã 
[17] ELWELL, Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã. 
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[19] MARIANO, Ricardo. 1999. Neopentecostais: Sociologia do Novo Pentecostalismo do Brasil. São Paulo: Loyola.
[20] MARIANO, Ricardo. Neopentecostais: Sociologia do Novo Pentecostalismo do Brasil. São Paulo: Loyola. 1999 
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[25] ALMEIDA, João Ferreira. Bíblia de Estudo Pentecostal Revista e Corrigida. 1995, p. 1600
[26] COSTA, Luciana Costa História do Pentecostalismo Moderno – As três ondas. Disponível em: http://espacocristaoreformado.blogspot.com/2014/09/historia-do-pentecostalismo-as-tres-ondas.html. Acesso em: novembro de 2018 
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[29] ALMEIDA, João Ferreira. Bíblia de Estudo Pentecostal Revista e Corrigida. 1995.
[30] ALMEIDA, João Ferreira. Bíblia de Estudo Pentecostal Revista e Corrigida. 1995.
[31]. ALMEIDA, João Ferreira. Bíblia de Estudo Pentecostal Revista e Corrigida. 1995.
[32]ALMEIDA, João Ferreira. Bíblia de Estudo Pentecostal Revista e Corrigida. 1995.
[33] ALMEIDA, João Ferreira. Bíblia de Estudo Pentecostal Revista e Corrigida. 1995.
[34] HAGGLUND, Bengt. História da Teologia. Porto Alegre: Concórdia, 1973.
  • [35] HAGGLUND, Bengt. História da Teologia. Porto Alegre: Concórdia, 1973.

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